0.15
Vou começar me desculpando
Eu não estou conseguindo arrumar tempo para escrever DISCOMBOBULATE, por conta de estar em semana de prova na faculdade
Então, essa semana quero terminar um capítulo novo da Olivia e do Carlos, mas, por enquanto, vou acabar postando apenas capítulos já escrito para não deixar vocês em "abstinência"
Espero que ainda gostem tanto dos meus livros
Outra coisa, já peço perdão por esse capítulo
Ele pode acabar sendo um pouco deprimente ou sentimental demais, mas quero deixar claro que é muito importante para o amadurecimento dos dois a seguir
Boa leitura!
Comentem o que acham
ESPANHA
16 DE MAIO DE 2016
Existia uma pequena tensão entre Charlotte e Max desde o pequeno acontecimento do dia anterior. Tendo o Verstappen bebido um pouquinho para mais, ele não chegou a fazer comentário nenhum sobre a situação, apenas venho em completo silêncio para casa, tomou seu banho e deitou na cama como se estivesse sozinho. A belga, de certo modo, o entendeu, indo tirar sua maquiagem e tomando um banho antes de se dirigir a cama.
A relutância estava meio explícita na face do holandês, ao mesmo tempo que gostaria de puxá-la para seus braços, parecia capaz de empurrá-la da cama. Para o bem estar da estudante, acabou entre os braços do piloto, dormindo enquanto sentia os dedos de Max passando entre seus fios de cabelo. Ele acabou demorando mais que o seu normal, soltando suspiros cansados, mas sem conseguir se entregar ao sono.
O Verstappen não conseguia se livrar da imagem de sua garota com um cara a beijando. Era como se seus olhos tivessem decorado a atitude a tal ponto que não tirava de sua mente. Entretanto, mesmo assim, acabou caindo no sono. O cansaço sendo superior a qualquer sentimento raivoso do homem.
De alguma maneira, mesmo tendo chegado tarde, Charlotte estava acordada às oito horas da manhã. Ela não se moveu do lugar onde estava, mexendo na galeria de seu celular e rindo das fotos tiradas na madrugada anterior, quando a mensagem de Isabel chegou.
A belga não fazia ideia de como Isa tinha conseguido seu número. Melhor, fazia uma breve ideia de já ter recebido uma ligação de Carlos. Entretanto, Isa tinha bebido um pouquinho para mais na noite anterior e parecia meio impossível que já estivesse acordada. O próprio Max parecia estar ferrado no sono como se não fosse capaz de acordar nem se tivesse coragem de ficar o chacoalhando.
"Carlos está apagado
Acho que ele não sabe lidar muito bem com álcool
Não faço ideia
Enfim, eu acordei agorinha e lembrei que não bebeu muito ontem
Então, esperando que esteja acordada
O que acha de sairmos?"
Isa não perguntou de Max, como se soubesse da situação que o holandês se encontrava. Charlotte deitou a cabeça para trás, arrastando a bochecha do peito do homem. E o ouvindo apenas ressoar em seu sono.
Max não parecia que poderia acordar a qualquer momento. E ela não queria passar o restante de seu tempo deitada mexendo em sua galeria no celular.
Na verdade, eu não bebi nada
Você passa aqui para me buscar?
Max está dormindo
Não vai poder me levar
"Eu estou no mesmo hotel que você, bobinha
Dormi com Carlos ontem"
No saguão do hotel então?
"Isso
Se quiser, pode chamar a Kelly também
Ontem ela bebeu bastante
Mas ela não tem cara de quem cai fácil..."
Vou mandar mensagem para ela
Daqui meia hora no saguão?
"Para mim, tá ótimo"
Charlotte não mandou mensagens a brasileira, preferindo fazer uma pequena ligação, pensando que provavelmente iria a acordar e ouvir um monte. Mas, ao contrário disso, Kelly pareceu animada em sair. Ao que disse ao telefone, Daniil já havia acordado e não estava em um dos seus melhores humores depois da namorada ter saído após uma discussão. Melhor, saído com seu antigo colega de equipe para comemorar a vitória do cara que pegou seu lugar.
Menos de dez minutos depois, Charlotte estava saindo de toalha do banheiro, caminhando até sua mochila e ficando em dúvida sobre usar uma saia ou calça jeans. Quando escolheu, o jeans fazendo mais sentido, se moveu para a cama.
Ela não poderia sair sem dar uma satisfação.
Bakker passou a mão pelo rosto dorminhoco de Max, existia um óbvio carinho na maneira como pressionou a ponta dos dedos pela face. Então, aproximou seu rosto, tocando com os lábios a bochecha do motorista. Como uma reação natural, o braço do número trinta e três acabou a puxando para a cama. E ela riu, agradecendo ainda não ter colocado o tênis e não ter sujado os lençóis brancos.
— Max... — ela chamou com um sussurro, ele soltando um pequeno barulho de quem estava com dor — Max, eu vou sair com as meninas para conhecer a cidade. Você se importa?
O braço na sua volta se apertou, o corpo da estudante sendo pressionado em cima do colchão, enquanto Max vinha e se acomodava com a face contra seu pescoço.
Ele queria que ela se mantivesse ali.
— Você vai dormir a manhã inteira?
Um aceno suave foi dado, enquanto ele esfregava o nariz contra a pele da garota. Max reparou muito bem no uso de perfume. E não compreendia o motivo de Charlotte precisar sair tão cheirosa se iria com as meninas apenas conhecer a cidade.
— Vai ser apenas nós três. — ela o avisou, pressionando sua boca contra os fios loiros do holandês — Provavelmente vamos voltar antes do meio dia, está cedo ainda.
— Você precisa ir? — a voz saiu rouca, a bebida provavelmente tinha a deixado meio falha.
— Precisar, não preciso.
— Mas você quer ir?
— Estou acordada a mais de uma hora apenas vendo minha galeria... Acho que se eu sair, você pode dormir mais um pouco e aproveitarmos a tarde antes de embarcar com mais calma com seu corpo descansado.
Um sorriso malicioso apareceu na face do holandês ao escutar a proposta da belga. E ela não precisou baixar os olhos para perceber.
— Eu estava pensando em sairmos para algum lugar e não fazer isso que está pensando, Max.
Ela já o avisou, apenas para escutar um choramingo nervoso do piloto. Sua voz tinha saído mais alta do que o sussurro que estavam compartilhando e a mente do homem pareceu se apertar com aquilo. Charlotte passou os dedos de maneira delicada entre os fios loiros novamente, tentando passar algum conforto.
— Mas podemos fazer isso se estiver com vontade e disposição de tarde. — Max sorriu contra seu pescoço, a perna se encaixando entre as da mulher apenas para pressionar seu centro e a fazer choramingar — Posso ir?
— Eu tenho escolha?
— Max...
— Com quem você vai?
— Isa e Kelly.
— Certo. — ele suspirou, afastando-se para que ela pudesse sair da cama — De tarde, eu te pego.
Ele escutou muito bem a risadinha que a sua garota deu ao fim de sua sentença. E ele abriu uma pequena fresta de olhos para vê-la se erguer da cama e colocar seu tênis. Max suspirou, a vendo caminhar pelo quarto e recolher algumas coisas para não deixar espalhadas.
— Schat... — ela se virou rápido ao ouvir o apelido, Max não estava a chamando assim desde o incidente com o beijo na madrugada — Pega o cartão na minha carteira.
— Não precisa.
— Eu quero que você pegue, schat.
Ela não gostava da ideia de andar pela cidade com o cartão de Max dentro de sua bolsa. Fora que ela tinha trazido dinheiro, não era realmente necessário.
— A senha é 1302.
Ele estava embolado nos cobertores antes mesmo de ouvi-la continuar a reclamar, caindo no sono de novo e a deixando levar seu cartão. Charlotte pegou com relutância o objeto e colocou dentro de sua bolsa, dando uma olhada no horário antes de perceber que já devia ter descido.
Bakker se moveu para a porta, a abrindo sem cerimônia alguma e fazendo uma pequena pausa antes de retornar, puxando o cobertor da cabeça do holandês.
— Só usa a droga do cartão.
Ele declarou, o sono falando mais alto, levando um susto quando um tapa foi adicionado a sua cabeça, o fazendo abrir os olhos.
— Só ia avisar que estou saindo, seu grosso!
Charlotte não fazia ideia do motivo para aquilo ter a deixado magoada, mas havia, se afastando do piloto em uma velocidade considerável, mesmo tendo tido uma pequena tonturinha. Mas foi forte, erguendo a cabeça e aguentando firme a vontade de vomitar que subiu por sua garganta.
Max pulou da cama, se sentindo um idiota. Todo seu corpo de repente parecia dolorido e ele queria se arrastar para o colchão novamente, mas não o fez. Agarrando a mulher por trás e precisando usar toda a força que tinha para prendê-la.
— Desculpa, desculpa.
Beijou o ombro da belga, o nariz quase como o de um cachorro se arrastando desde o ombro até a lateral do pescoço de Charlotte. Ela ficou quieta.
— Eu fui idiota, perdão.
— Muito idiota.
— Schat... — existia algo que a puxava para ele, Charlotte não fazia ideia do que era ou o porquê, mas era tão fácil ceder a ele — Sinto muito, me desculpa.
Ela concordou, os olhos fechados, sentindo os braços na sua volta. Talvez ainda se sentisse culpada pelo que ocorreu no dia anterior, mesmo não devendo. Kelly estava certa, Max quem havia cavado sua "cova" ao falar com ela daquela maneira e ainda duvidar de si. Mas, mesmo assim, algo ainda a incomodava.
— As meninas estão me esperando.
Max se sentia um idiota completo.
— Voce pode voltar mais cedo? — ele pediu, beijando a lateral do seu pescoço — Volte para almoçarmos juntos.
Ela concordou, e ele relaxou os braços na sua volta. Charlotte não se virou de primeiro, demorando alguns segundos entre seus braços, antes de se afastar. A belga tinha um sorriso pequeno nos lábios e abanou a mão para ele antes de fechar a porta. E Max não conseguiu parar de pensar o fato de que Charlotte era a pessoa mais doce que ele conhecia.
DE VOLTA AO HOTEL — UM TEMPO DEPOIS
Max tinha retornado a dormir depois da saída da belga, sua cabeça ainda doía e ele esperava que depois do remédio que ingeriu, acordasse melhor. E realmente aconteceu, o que ele agradecia, não sabia se poderia ser a pessoa mais simpática com sua garota se estivesse com a cabeça o matando.
Era por volta das dez e meia, o café fecharia as onze e ele não queria ter que incomodar os outros. Não depois de ter conseguido tirar o atraso do sono. Então, ele correu em escovar os dentes e descer para o saguão, seguindo para a área do restaurante e já vendo o café disposto.
Ele se serviu de um café puro e do que possivelmente seu nutricionista nunca indicaria, mas sua mesa estava cheia de doce e panqueca antes que pudesse pensar melhor. E ele pegou seu celular, sorrindo ao ver a mensagem de Charlotte.
"Estamos parando em mais uma loja
Talvez eu me atrase um pouco"
A mensagem tinha chegado às dez da manhã, a mais de quarenta e cinco minutos. Ele não sabia bem como uma simples loja poderia demorar tanto ao ponto de precisar ser avisado sobre um atraso.
Tudo bem, schat
Acabei de acordar
Estou tomando café
Te espero para irmos almoçar juntos
A hora que chegar
Não precisa se apressar
Ele pareceu satisfeito com a escolha de palavras, mesmo que os dedos tivessem parados no ar, e a barra do teclado ainda disponível. Ele pensou um pouco, antes de mandar.
Só estou com saudades de você
Desculpa por mais cedo de novo
Prometo compensar sendo o mais cavalheiro
"O que umas horas de sono para mais não faz
Não é mesmo?"
Ele sorriu ao ler a mensagem da belga.
Talvez você deva me bater mais vezes
;)
"Isso é sério, Verstappen?
As meninas não param de perguntar o porquê de estar vermelha
O que eu digo?
Meu Deus!!!"
Diga que precisa de um vestido bonito
Porque estou te esperando para sairmos, schat
Max riu ao imaginá-la no meio de uma loja vermelha por sua causa. Ele gostava tanto da sua garota. E precisou sair de sua conversa para procurar um restaurante bom nas redondezas. Talvez devesse pedir ajuda a Carlos, visto que estava "na área" do espanhol.
Quando a cadeira na frente da sua foi arrastada e ele ergueu os olhos do celular, a testa franzida ao ver a pessoa.
— Parabéns pela vitória!
— O que está fazendo aqui? O hotel é só para funcionários da Red Bull e da Toro Rosso.
Ele não pensou se soaria grosseiro ou não. Aquela era a verdade, Christian já havia feito todo um alarde por seu pedido para Charlotte ficar em seu quarto, dirá essa mulher.
— Nossa, Maxie! Bom dia! Estou bem, muito obrigada por perguntar. — ela sorriu de maneira a mostrar todos os dentes da sua boca, e o holandês esperava nunca precisar admitir que ficou tempo demais encarando.
— Bom dia, Francine. — ele usou o nome pela primeira vez, recordando de maneira pouco a vontade da loira e do que poderia acontecer se sua garota o visse sentado junto a ela — Que bom que está bem. Obrigada pelos votos de felicidade, mas gostaria de continuar meu café sem companhia.
— Você parece nervoso. — ela pegou um croissant que Max não lembrava de ter trazido a mesa e tirou um pequeno pedaço, levando a boca — O que foi? A menina que te acompanhava vai ficar bravinha se te ver acompanhado?
Ele se mexeu em cima da cadeira. Se recusando a dizer que sim, nem que não. Francine encostou as costas na cadeira.
— Se bem que ela estava beijando outro ontem.
Max apertou a mandíbula. Não gostando de lembrar disso, nem querendo. Aquilo tinha sido um erro e não voltaria a acontecer.
— Espero que não tenha sido por conta da minha presença.
— Você se dá muitos créditos.
— Eu dou créditos necessários quando tenho razão. — ela levou mais um pedaço de seu croissant a boca, piscando a ele — Vamos lá! Você já foi mais divertido.
— E mais bêbado.
— Detalhes. — Max tomou seu café, declarando a si mesmo que iria terminar aquela caneca e ir embora, não daria ao luxo de fugir daquela mulher. Não a daria esse prazer — Ela parece ser bem nova. Já é maior de idade?
— Sim. — ele respondeu, não gostando de como ela estava tentando insinuar sobre Charlotte ser muito nova.
— Completou esse ano? — ele concordou a contragosto — Quando?
— Por que quer saber?
— Curiosidade. — ela sorriu a ele — Vamos lá, Maxie! Só estou perguntando de sua namoradinha.
— Ela fez dezoito em fevereiro.
— Que dia?
— Treze.
— Dezoito anos, três meses e três dias? — ele concordou — Estou quebrando o conceito de que loiras não são inteligentes.
Max acabou rindo ao ouvi-la.
— Aí está o Maxie que eu conheço.
Ele voltou a ficar sério.
— Qual é? Eu achei que estávamos evoluindo.
— O que está fazendo aqui? — ele sinalizou o hotel — Era para apenas membros das equipes da Red Bull serem hóspedes.
— Depois da corrida foi liberado alguns quartos, visto que alguns funcionários já foram embora.
Max concordou.
— Qual é o nome dela?
— Que?
— Da sua namoradinha, não irei ficar a chamando de "sua namoradinha" para tudo.
— Por que eu falaria dela?
— Porque acho que mereço saber com quem venho te dividindo, não? — ela riu, como se fosse uma piada — Parece até piada, mas não é. Corrida está comigo, corrida está com ela.
— Não irei mais ficar com você. Nem com ninguém além dela.
— Mais? — ela suspendeu a sobrancelha — Quer dizer que não ficará mais com ninguém além dela a partir de agora? Quando começou esse lance de vocês afinal? Porque na China você usou esse mesmo papinho, mas na Rússia estava no meu hotel no final da corrida.
Ele se levantou, não querendo continuar a dar explicações de sua vida para alguém que não precisava, fazendo a loira pegar seu braço.
— Vamos lá! Estamos tendo uma conversa legal aqui. — ela suspirou de uma maneira dramática — Okay! Okay! Não vamos falar sobre "nós" e vamos focar só em você e na sua namoradinha.
— Por que quer tanto falar de Charlotte?
Francine sorriu.
— O nome dela é Charlotte? Charlotte. — ela testou ao repetir o nome, concordando em seguida — Sabe o que significa o nome?
— Mulher livre ou pequena mulher. — ele respondeu, não se sentindo a melhor pessoa ao retornar a sentar — É o feminino de Charles.
— Você tem uma coisa com esses nomes né? Não era o seu rival do karting que tinha o nome Charles?
— Como sabe tanto de mim?
— Você é a sensação do momento, querido. O piloto mais jovem a conseguir uma vitória. — ela mexeu a mão, como se fosse uma baboseira — Todos esses títulos.
— Não parece ligar para isso.
— Eu gosto da mídia que isso gera.
— O que você faz afinal? Está em todas as corridas.
— Sou modelo, filha de modelo, neta de modelo.
— Uma nepobaby com tempo.
— Não muito diferente de você.
Ele ficou sério.
— Só vamos focar na sua garota. — ela retornou o assunto ao ver que não tiraria muito no caminho que tinham seguido — Por que ela ainda não foi apresentada como namorada pelas câmeras do paddock?
— Ela não quer toda essa atenção.
— Por que alguém não iria querer toda essa atenção?
Max imitou a modelo ao encostar as costas na cadeira, pensando em sua garota.
— Não faço ideia.
— Não faz sentido. — ela riu ao falar — Ela é bonita.
— Ela é linda.
— Sim, parece uma boneca.
Max riu ao ouvi-la, os olhos brilhando.
— Sabia que ela disse isso de você? — Francine foi pega de surpresa ao ouvi-lo — Que você parece uma boneca com seus cabelos loiros e olhos azuis.
— Minhas amigas me chamam de "Barbie".
— Você pode ser quem quiser, mas eu ainda prefiro ela.
— E isso é uma disputa desde quando?
— Não é uma disputa.
— Parece uma. A cada GP uma de nós precisa mostrar o seu valor e te conquistar. Ao menos agora sei um pouco sobre ela.
— Se isso fosse uma corrida, você seria aquele carro que consegue ganhar um ou dois GP. Enquanto ela lidera o campeonato de construtores com folga e não da bola para isso.
— Eu sou a Red Bull e ela uma Mercedes?
Max ficou em silêncio, vendo a loira sorrir. E talvez essa fosse uma cena confusa de se explicar. Mas Max embarcou em uma conversa com ela sobre como Charlotte era a Red Bull, porque a Red Bull ultrapassaria o nível da Mercedes agora que ele estava pilotando para eles. E a Francine nem ao menos estava dando bola para isso, ou se importando o suficiente para fazer qualquer pergunta, apenas se manteve com um sorriso de quem estava ouvindo a melhor coisa do mundo e somente o aumentando ainda mais ao ver a grande e poderosa Charlotte na porta do restaurante do hotel.
— Ela é muito bonita né?
Francine o interrompeu, a mão tocando a do piloto. E o Max sorriu, concentrado em lembrar da face da sua garota.
— Oh, sim! Ela é perfeita.
E a loira sabia que tinha conseguido. Não era necessário de muito esforço para conseguir algo, os homens sempre eram muito fáceis de serem manipulados. E as mulheres jovens também, mesmo que se fizessem de espertas, apenas uma mãozinha na hora certa e um sorriso duvidoso e, bum, a dúvida estava plantada.
E Charlotte nunca foi tão rápida em voltar para um quarto e refazer sua mochila. Ela não sabia como conseguir ser tão idiota, mas, naquele instante, se sentia como a pessoa mais ridícula do mundo.
Max vinha com meia dúzia de palavras bonitas, uns pedidos de desculpas esfarrapados e uns carinhos no momento certo. Ela não diria que Max era alguém ruim, mas ele precisava entender o que queria antes de tentar qualquer coisa. E ela não tinha todo esse tempo, nem todo carinho e atenção do mundo que a fizesse ficar ali como uma ameba o vendo pular de mulher para mulher.
O elevador parecia estar mais lento do que descer pelas escadas e Charlotte não fazia ideia do motivo para continuar ali, apertando o botão como se isso fosse acelerar o processo. Todavia, a maneira como seu nariz pinicava e os olhos aguavam a davam uma boa margem de ideia que acabaria chorando a qualquer momento. E o pior era que não tinha ideia do que fazer. Talvez se conseguisse sair daquele maldito hotel, ao sentir o ar diurno entrando por seu nariz, pudesse tirar o celular do bolso e ligar para Kelly. A brasileira e Isabel tinham apenas a deixado na frente e ido almoçar juntas. E ela até mesmo esqueceu suas compras no carro, tendo decido apenas com a bolsa com o "vestido bonito" que Max pediu.
— Hemelen! Wat ben je dom, Charlotte!
Céus! Como você é tão estúpida, Charlotte! E ela estava chorando ao entrar na caixa de metal, se sentindo ridícula por ter ficado com pena de Max depois da situação com Caco. O coitadinho tinha a visto beijando outro cara. Como ela pode ficar com pena dele? Os frutos estavam ali, ela chegando no hotel animada pensando que iriam esquecer aquilo apenas para o encontrar com a mesma mulher de sempre. Era como um pequeno ciclo.
As portas do elevador se abriram uma segunda vez e ela estava pronta para descer sem nem olhar o andar, quando duas pessoas entraram, o mais velho pegando seu braço no processo.
— Tem certeza que vai descer nesse andar, mocinha.
E ela ergueu o rosto, vendo Carlos Sênior sorrindo a ela. E a maneira como a feição animada caiu ao ver sua face a fez agir de maneira muito automática e apenas se abraçar ao pai de Carlos. O piloto de rali se assustou de pronto, mas, mesmo assim, passou os braços na volta da menina. De repente, se sentia como quando Ana ou Blanca tiveram seu coração partido pelos idiotas na adolescência e vinham para seu colo. Ao menos, era o que passava a mente do mais velho ao abraçar Charlotte, considerando aquele choro contra seu peito, a resposta mais viável era pensar que o amigo de Carlos tinha aprontado alguma coisa.
— ¿Qué hago?
O que eu faço? Caco perguntou ao tio, os olhos preocupados em cima da garota. No dia anterior, Charlotte e ele acabaram se beijando por influência de Isabel. A ficante de Carlos revelando que o Verstappen tinha praticamente sentenciado que a Bakker deveria beijar alguém para que seguissem em frente e ele apenas tentou ser alguém solidário... Okay! Ele tinha se oferecido como voluntário depois de uma olhadinha ou outra a mais para a namorada do Verstappen — Mas se o perguntassem, diria que foi uma coisa da amizade. E, naquele momento, Caco não sabia dizer o motivo para sua mente ter entrado em divergência, pois uma parte pequena estava com pena da situação, enquanto outra um pouco mais escondida tinha ficado levemente animado com o fato de Max ter possivelmente quebrado seu coração... Significava que ela estava solteira, não?
— Cinco lobitos — Carlos Sênior começou, sem saber bem como acalmar a situação — Tiene la loba — Caco o olhou sem entender — Cinco lobitos — Charlotte ergueu os olhos, continuando abraçada ao mais velho, curiosa demais com o que ele dizia — Detrás de la escoba...
Charlotte puxou o nariz, o rosto todo vermelho e inchado, e Carlos Sênior sorriu a ela.
— Você quer conversar sobre isso?
Ela negou, se sentindo incapaz de o fazer. E o piloto de rali pensou em passar as mãos por suas costas, apenas para prestar atenção a mochila presa em seus ombros.
— Estava indo embora?
Ela concordou, se sentindo incapaz de falar qualquer coisa.
— O que Max fez?
Ela voltou a chorar, fazendo Caco bater a mão contra seu braço, como se ele fosse culpado por tentar descobrir alguma coisa.
— Caco e eu estamos indo jogar golf. Carlos iria também, mas aquele preguiçoso ainda está dormindo.
Charlotte se manteve em silêncio. Talvez fosse o fato de querer continuar abraçada ao espanhol por todo o tempo que ainda tinha. Era confuso de explicar a maneira como se sentiu protegida ao ver o rosto conhecido de Carlos Sênior. Ela não deveria ter sentido aquilo, o conhecia apenas por causa de Max. E tudo ligado ao Verstappen tendia a decepcionar, mas, mesmo assim, apertou os braços na volta do piloto de rali.
— Você disse que não é boa em golf né?
Ela concordou.
— E você é boa no que?
Caco finalmente apertou o botão do saguão, a vendo puxar o nariz, o rosto enterrado no peito de seu tio.
— ¡Vamos princesa! En qué eres bueno?
Vamos lá, princesa! Você é boa no que? E Charlotte nunca estudou espanhol, nunca se quer tinha tido convívio com o idioma. Então, apenas ergueu o rosto, a face confusa.
— No que você é boa?
As portas do elevador se abriram e ela se sentiu exposta, não deveria estar daquela forma com pessoas que tinha conhecido naquele fim de semana. E ela se afastou, dois passos para trás, a mochila contra a parede do elevador. Os olhos castanhos arregalados e vermelhos, a face corada e inchada, o estômago se revirando.
— Em chorar.
E Charlotte levou ambas as mãos no rosto, tentando se esconder, quando, dessa vez, Caco se aproximou, a puxando para um abraço e deixando a mais nova chorar contra sua camisa. Carlos Sênior encarou seu sobrinho, os olhos estreitos, desconfiado da face corada, negando em seguida.
— Eu sou bom em Golf. — Carlos Sênior a informou, afastando a menina do sobrinho, o lançando uma olhada nada boa por estar se aproveitando da situação — Você é boa em chorar. Então, eu vou jogar Golf com Caco e você vai nos assistir chorando.
— O que?
— Isso mesmo. — ele a puxou para fora do elevador, vendo muito bem quando os olhos da menina seguiram para a área de alimentação, o dando uma boa ideia de quem poderia estar lá — Você vai conosco.
Charlotte não queria ir com eles. Sendo sincera, Charlotte não fazia ideia do que gostaria. Porém, não negaria dizer que gostava da ideia de apenas seguir com aqueles dois e nem fazia sentido, eram dois homens praticamente desconhecidos e sua mãe já havia a explicado de sua maneira que nada de bom poderia vir de dois homens desconhecidos sozinhos com uma garota. E talvez fosse apenas ingenuidade, mas ela apenas seguiu. Ela foi com os dois.
A ESPERA NO HOTEL — PRÓXIMO A HORA DE EMBARQUE
Max estava desesperado, o celular em mãos e mais uma tentativa de ligação para sua garota. Kelly e Isabel presentes em seu quarto, o olhando com uma mistura de pena e ódio. A brasileira admitia que a parte vingativa emanada era sua.
— Como você conseguiu a perder, Max?
— Eu a perdi? — ele apontou para si mesmo — A minha Charlotte estava com vocês!
— Você marcou de almoçar com ela e mesmo depois dela não aparecer desde manhã, você só percebeu que deveria ligar para nós perguntando que horas iríamos chegar as cinco da tarde? — Isa o questionou, os braços cruzados, já haviam tentado ligar para a Charlotte e caído em caixa postal.
— Ela me mandou mensagem dizendo que se atrasaria, que vocês estavam fazendo compras. — ele tentou se justificar.
— E realmente acha que Charlotte preferiria fazer compras a estar com você? — Kelly o perguntou como se fosse burro.
— Eu não faço ideia, Kelly.
— Onde estão as coisas dela afinal?
— É por isso que liguei para vocês. — Max passou a mão pelos cabelos — Eu achei que ela pudesse estar no quarto de uma de vocês se arrumando para sairmos e levou a mochila, mas... mas ela não voltou, ela não deu notícias, ela... ela desapareceu.
Isabel acabou sentindo um pouco de pena ao vê-lo se sentar na ponta da cama, apoiado os cotovelos nos joelhos e o rosto entre as mãos.
— Max, nós vamos encontrar ela.
— E se alguém a sequestrou? — ele já tinha o rosto vermelho — Nós estávamos juntos ontem, alguém mal intencionado pode ter a visto e pensado em fazer alguma coisa com ela.
— Pelo amor de Deus! — Kelly exclamou em português — Ela só deve ter trocado a hora do voo.
— Por que ela trocaria a hora do voo?
— Não sei. Você deve ter aprontado alguma coisa. — Kelly o acusou, cruzando os braços — Não seria a primeira vez que você apronta algo e ela age de uma maneira a te evitar, correto?
— Eu não fiz nada!
— Então me responde como deixamos a Charlotte dentro do hotel toda feliz com a ideia de vocês irem almoçar juntos e agora somos arrastadas para o seu quarto por que ela desapareceu? Me diz.
— Que horas vocês a deixaram no hotel?
— Ué! Você não disse que ficou o dia inteiro esperando ela? — Isa o olhou sem entender — Se ficou o dia inteiro a esperando, como não a viu?
— Eu não sei!
Max gritou, ao mesmo tempo que a porta do quarto foi aberta e ele pulou da cama, todas as suas esperanças expostas no seu rosto, apenas para ser decepcionado pela visão de Carlos. Ele ainda não tinha visto o antigo colega de equipe, na hora que foi atrás de Isa, o espanhol estava tomando banho.
— Cruzes! Que clima de enterro. Quem morreu?
Max voltou a cair na ponta da cama, dessa vez começando a chorar. E Kelly acabou sentindo um pouco da mesma vontade do Verstappen, os olhos preocupados ao pensar onde Charlotte poderia ter se enfiado.
— Cala a boca! — Isa mandou o ficante.
— O que foi? Por que estamos reunidos aqui? — Carlos olhou na volta do quarto sem entender.
— Não percebeu a falta de uma pessoa aqui, inteligência rara? — Kelly o perguntou, deixando a Isa o papel de tentar contornar a situação com Max.
— Não.
— Está faltando a Charlotte, Sainz.
Carlos nem olhou o cômodo em procura da belga ao declarar:
— Claro que a Lotti não vai estar aqui. — Max fungou antes de se erguer, quase derrubando Isa que estava sentada ao seu lado, tentando o consolar.
— Como você tem tanta certeza de que ela não poderia estar aqui?
— Charlotte passou o dia com meu pai e Caco. — ele falou com simplicidade, vendo a feição de Kelly, Isa e Max relaxarem, como se o mundo tivesse voltado a ser colorido — Vocês não viram? Caco até postou uma foto com ela no status.
Max pulou da cama, empurrando o antigo colega de equipe e pegando o seu celular. Ele não seguia o primo de Carlos, mas precisava ver essa foto. Porque Charlotte não o deixava postar uma mísera foto com ele, nem mesmo aparecendo apenas seus cabelos e suas costas, mas estava postando foto com Caco?
— Me mostra agora.
Ele pediu, procurando o nome do primo de Carlos.
— É no perfil fechado.
Carlos o avisou, pegando seu celular de volta e abrindo a conta, um olhar convencido ao abrir o story do Caco e aparecer a imagem de Charlotte com os fones de ouvido e o primo atrás.
— Eles foram jogar golf no clube perto do meio dia, almoçaram por lá e depois meu pai a convidou para irem ao estande de tiro. Caco estava a ensinando, pelo que entendi.
— Você está me dizendo que eu estou procurando a Charlotte desde as duas da tarde, enquanto ela está se divertindo com Caco e seu pai em um clube?
— Isso é mentira. — Kelly apontou — Você só se preocupou agora com a menina. Se estivesse desde as duas a procurando, teria nos chamado antes, Verstappen.
— Isso importa, Piquet? — ele alterou a voz, antes de empurrar o celular no peito de Carlos — Liga para eles agora! Eu quero saber onde minha garota está!
Carlos encarou a mão com o celular em seu peito, um olhar nada boa assumindo sua face ao se voltar para Max. E Isabel não negaria que aquela feição mexia com ela. E Kelly sentiu vontade de rir do Verstappen.
— Acho bom você baixar um pouquinho a bolinha, Max. Você não está falando com aquele seu amiguinho da Bélgica. — Carlos pegou seu celular, empurrando o loiro da sua frente e se movendo para perto de Isa — Só vou ligar para eles, porque minha garota estava preocupada. Não por você.
Max não entendia o motivo dos três estarem o olhando como se tivesse aprontado. Ele não tinha feito nada. Se alguém fez algo foi Charlotte em o abandonar no hotel sem mais nem menos.
— ¿Hola? — Carlos sinalizou para os três ficarem em silêncio — ¿Papá? — ele sorriu contra o celular — Estoy bien, papi. — o ouvindo perguntar se tinha melhorado da dor pela manhã — No, ya no me duele la cabeza, gracias por preguntar. — lembrando o motivo para ter ligado — ¿Dónde estás? Max quiere hablar con Lotti antes de abordar... — ele deu tempo para o mais velho falar — ¿Por qué ella no quiere hablar con él? ¿Tú no sabes? ¡DE ACUERDO! Tú no sabes. Hum... — aparentemente Charlotte não queria ver o holandês nem pintado — Está bien, pero será peor si se ven solos en el aeropuerto, papá. — o piloto de rali confirmou — Bien bien. Lo llevaré allí. Prepara el terreno y mantén alejado a Caco... — o mais velho o contou sobre o claro interesse do primo em dar toda a sua atenção a garota — Sí, noté que él también está interesado. — e ele acabou rindo ao ouvir o pai falando — ¿Como asi? ¿No los dejaste en paz? ¡Buena, papi! Sí. ¡Gracias! ¡Te amo!
Alô? Papai? Estou bem sim, papai. Não, não estou mais com dor de cabeça, obrigada por perguntar. Vocês estão aonde? Max quer falar com a Lotti antes do embarque... Ela não quer falar com ele por quê? Você não sabe? Ok! Você não sabe. Hum... Certo, mas vai ser pior se eles se verem só no aeroporto, pai. Tá, tá. Vou levar ele até aí. Dá uma preparada no terreno e deixa o Caco longe dela... Sim, eu percebi que ele tá interessado também. Como assim? Você não deixou eles sozinhos? Boa, papai! Aham. Obrigada! Amo você! Carlos acabou desligando a chamada com os olhos em cima de Max. Claro que o imbecil tinha feito alguma burrice, era como se ele fosse incapaz de apenas ficar quieto sem aprontar nada. E quem acabava sempre pagando o pato era Charlotte em precisar lidar com tudo.
— Max, eu vou perguntar apenas uma vez. — Carlos suspirou, buscando paciência — O que você fez?
— Eu já disse que não fiz nada! — o holandês gritou, pensando que os três eram idiotas por não entender o básico — Eu passei a porra do dia todo nesse hotel esperando a schat voltar e nada. Nada. N. A. D. A.
Kelly nunca sentiu tanta vontade de socar alguém que soletrava uma palavra até aquele momento. Mas Max conseguia se superar. Cada dia que passava, mais a brasileira sentia que deveria afastar sua amiga do Verstappen e aquilo era muito estranho. Porque Charlotte tinha ocupado um espaço quase adormecido de carinho no coração da Piquet.
— Ela está no hotel com meu pai. — Carlos o informou de má vontade — Mas se chegarmos lá e eu souber que você fez alguma coisa, Max. Você tá ferrado na minha mão.
— Estou com a consciência limpissima.
Isa não tinha tanta certeza assim. Pelo pouco que havia conversado com Charlotte, ela não parecia o tipo de pessoa que se afastava sem motivo nenhum. Alguma coisa Max Verstappen tinha aprontado. E eles iriam descobrir, ele querendo ou não. Seria melhor se apenas admitisse, mais honroso.
PAPAI SAINZ
— Carlos está trazendo, Max.
Carlos Sênior informou a mais nova do grupo, a vendo inchar o lábio inferior para a frente, um pequeno biquinho e o nariz enrugado. Ele riu, apertando o indicador na expressão fechada de sua testa. Charlotte ainda tinha a feição seria, mesmo que tivesse suavizado um pouco.
— Quer me contar o que aconteceu?
Ele estava aproveitando que Caco tinha ido ao banheiro e haviam pausado o jogo de tutti frutti — stop — que começaram a menos de meia hora. Charlotte deu de ombros, de repente se fechando novamente.
— Ele está vindo para cá e só vou poder te ajudar se souber o que aconteceu.
— Não aconteceu nada.
— Você não choraria atoa.
— Eu ando bem chorosa e sentimental ultimamente.
Carlos Sênior acabou lembrando de sua esposa, Reyes era parecida com a jovem. Talvez fosse por isso que se sentia tão responsável por ela. Ou, talvez, fosse porque Charlotte parecia emanar uma energia de quem precisava de cuidado. E ele esperava que se suas filhas expressassem aquele mesmo sentimento, recebessem a mesma atenção.
— Me conta o que aconteceu.
— Não aconteceu nada muito fora do normal. — ela mordeu os lábios ao declarar — Max vai até mim, faz mil promessas e é legal, me dá atenção, mas na primeira oportunidade que tiver, sempre volta para ela.
— Ela...?
— Uma modelo loira bonita. — Ela bufou irritada — Ele sempre faz isso. Acho que é algum tipo de válvula de escape, sabe? — ela sentiu seu nariz incomodando e os olhos começando a produzir as lágrimas — Só que ele sempre diz e me faz acreditar que gosta de mim, mas então ele só... Me deixa insegura.
— Querida, não precisa chorar. — ele sinalizou para Caco sair quando o viu por voltar, tocando o braço da castanha.
— Eu nunca senti isso, sabe? De me sentir insegura comigo mesma, ou ficar me comparando. Mas se ele gosta de mim, por que ele precisa procurar ela? Nós estávamos bem de manhã quando saí, mas quando voltei, lá estava ele com a mesma mulher.
— É sempre a mesma?
— Sim. É como se ele estivesse se dividindo entre nós e... Não parece certo. E quando falei isso, ele disse que não percebe... Mas se ele gosta de mim, ele deveria pensar que isso pode me machucar né? Acho que eu me sentiria melhor se apenas ficasse com uma modelo nova a cada GP e não fosse sempre a mesma boneca loira.
— Eu achei que vocês namoravam.
— É complicado.
— Hija, ou vocês namoram ou vocês não namoram.
— Sábado passado, antes desse, nós não estávamos conversando, porque eu fui no GP da China, mas no GP da Rússia, ele ficou com essa mesma mulher. — ela o contou — Eu não gostei, o bloqueei e disse que não queria mais isso que tínhamos. Já havia conversado em Xangai sobre não querer ficar me sentindo mal com tudo isso, que deveria ser uma coisa fácil e legal. Mas aí ele vai e fica com a loira? Não fazia sentido. Nós ficamos uma semana sem nos falar e ele foi avisado sobre a promoção...
— E eles foram para a Bélgica não? Carlos me contou isso.
— Sim. Eles foram para Maaseik, nós discutimos e ele me pediu em namoro, foi meio louco na hora e acabamos jogando na moeda. Se desse cara, eu namorava ele. Se desse coroa, não. Ou o contrário, não sei bem.
— Deu para vocês namorarem?
— Eu não sei. — ela suspirou — Eu só sei que quando a moeda estava no ar, a única coisa que eu torcia era que fosse um "sim", porque eu gosto dele e queria ele. E quando peguei a moeda, não olhei, apenas o beijei e nós estamos juntos desde lá.
— Namorando?
— Eu não sei. — ela voltou a morder os lábios — Eu sou a garota dele. Mas ele nunca disse que éramos namorados ou algo do tipo, ele só me apresenta como a "garota dele" e pronto.
Carlos Sênior encarou a garota, passando o polegar por sua face e afastando as poucas lágrimas que tinham escorregado. Ele sorriu para ela, tentando passar alguma segurança.
— Eu acho que vocês são jovens demais para toda essa confusão. — ele contou, deixando a mão cair até a dela — E acho que se querem que de certo, precisam sentar e ter uma conversa séria, sem esconder nada. Você não deve se sentir insegura, é uma garota bonita... Sendo sincero, bonita demais para estar triste por conta daquele urubu.
— Não fala assim dele.
— Olha você o defendendo.
Charlotte levou as mãos no rosto.
— Você é uma menina boa, hija. Não acho que ele está fazendo por merecer ter você.
Ela concordou, recebendo um pequeno beijo na testa. Carlos Sênior a deixando sozinha pelo pequeno tempo antes da aparição nervosa de Max com Carlos, Isa e Kelly.
— O que aconteceu?
Kelly perguntou preocupada.
— Pelo que entendi, o Verstappen estava com uma loira.
— Esse filho da puta! — Kelly exclamou em português, não achando as ofensas em inglês boas o suficiente para declarar sua ira.
E Max entrou no quarto que a belga estava, a cabeça cheia. Charlotte ergueu o rosto, a clara feição de quem tinha chorado muito. E ele não sabia se gritava com ela por ter o feito de bobo ou apenas a abraçava.
— Eu fiquei te esperando.
Ele foi o primeiro a falar, a voz falsamente contida. E ela deu de ombros.
— Por que não me disse que iria passar o dia com eles? Eu fiquei preocupado, Charlotte. Achei que pudessem ter te sequestrado, te feito algum mal e...
— Não faça isso. — ela pediu, o interrompendo — Não me faça sentir culpada quando o errado aqui é você.
— Ok! — ele concordou, a feição ficando séria — O que eu fiz? E por que estou sendo acusado quando você foi quem não apareceu para o nosso almoço e sumiu o dia inteiro com os Sainz.
— Você estava com a loira hoje.
— Francine? — ele a encarou confuso. Como Charlotte sabia de Francine?
— O nome dela é Francine?
Ele abriu a boca, a fechando em seguida. Sua mente trabalhando para o dar a resposta que precisava. Charlotte voltou para o hotel pela manhã, foi o que Kelly e Isa disseram, ela tinha entrado e o visto com a Francine. Estava óbvio agora. E no dia anterior, ela já tinha demonstrado sua insatisfação só em os ve-los próximos no bar, mas então ela chega no dia seguinte e os encontra tomando café juntos. Claro que ela estava brava.
— Não aconteceu nada, ela apenas me cumprimentou pela minha primeira vitória e sentou na mesma mesa que eu.
Charlotte reparou como a postura do homem tinha mudado. Da agressividade da sua chegada até estar com os ombros baixos, a postura culpada.
— Max, nós estamos namorando?
Ele foi pego de surpresa com a pergunta.
— Que?
— Estou perguntando se estamos namorando.
— Nós estamos seguindo para esse caminho. — Charlotte acabou soltando uma lufada risonha, meio desdenhosa, sem acreditar e ele tentou remediar — Quer dizer, estamos juntos. Você é a minha garota.
Ela inclinou o corpo para a frente, encostando o rosto contra as mãos, sentindo vontade de vomitar. Não acreditava que aquilo estava acontecendo.
Max piscou, tentando raciocinar como poderia mudar aquilo. Percebendo que estava "cavando sua própria cova". Não sabia se adiantava tentar falar alguma coisa ou se era mais seguro apenas se manter em silêncio.
— Eu não quero que você me procure depois que embarcar hoje.
— O que? — sua voz saiu umas entonações mais alta.
— Eu gosto de você, mas eu gosto mais de mim. — ela declarou a ele, se levantando de onde estava — E você também gosta de mim, mas também gosta mais de si. E você não pensa nas suas ações e me machuca. Não é justo comigo.
— Charlotte, por favor...
— Você disse que seria um erro não tentar. — ela torceu os lábios, desgostosa com estar falando aquilo — Bom, nós tentamos... Bom, eu tentei pelo menos. Estou sem peso nenhum na consciência quanto a isso.
— Você está terminando comigo?
— Me fala com toda sua sinceridade, Max. — ela se aproximou dele, a mão tocando a face do loiro — O que teria para terminarmos?
— Você é minha e eu sou seu.
— Essa é a pior mentira que você já me contou. — ela apertou os lábios, negando em seguida, afastando a vontade de chorar, esperaria para fazer isso quando estivesse no avião e pudesse pegar o leaozinho de dentro da sua mochila, Groom ajudaria mais tarde — Eu deixei o seu cartão em cima da mesa no seu quarto.
Ela se afastou, apenas para Max passar a mão pelos fios loiros, nem mesmo seu inseparável boné estava em sua cabeça. Tudo parecia fora do lugar.
— Schat, vamos conversar por favor.
— Max... — ela pegou sua mochila no chão — Não rola, ok? Tentamos, não deu certo. Passou.
— Mas eu... Nós... Foda-se que demos errado, podemos tentar de novo e...
— E repetir isso mais uma vez? — ela apontou para a volta — Eu estou no quarto de um homem que era um completo estranho até ontem para mim. Eu me senti mais seguro e acolhida com um homem desconhecido, escolhi o seguir a ficar no quarto te esperando para conversarmos, Max. Isso não é saudável. E se ele não fosse alguém bom?
— Schat, eu sinto muito e...
— Eu também sinto muito. — ela o interrompeu — E eu vou repetir o que falei antes a você, foi divertido o que aconteceu entre nós. Eu conheci dois lugares que não imaginava nem em sonho, vivenciei junto contigo sua primeira vitória, nos divertimos juntos não?
Ele concordou.
— Mas se não acabar agora, nós vamos nos machucar e as coisas boas vão ser esquecidas e eu não quero isso. Não quero esquecer que você ergue os ombros ao sorrir... Que você gosta de falar sobre F1, mesmo que eu não entenda... Que você tem essa pintinha no lábio que me faz ter vontade de te beijar a todo momento... Que você gosta de dormir abraçado e com o rosto contra meus cabelos... Que sua cor favorita é azul escura e que tem um boné preferido entre um monte, mas, mesmo assim o joga longe sempre que estou perto, porque ele espeta minha cabeça se nos beijamos... Ou como eu admiro que você seja apaixonado pelo que faz, mesmos regulando de idade comigo... Não acho que queira isso também.
Charlotte deu aquele sorriso, aquele grande e verdadeiro, antes de se aproximar novamente e o beijar. E Max sentiu como se o mundo todo dele estivesse escorregando por entre seus dedos, porque ela parecia ser o mundo dele. E ele queria a manter junto consigo, mas tinha medo que a maneira como ela o olhasse mudasse ao fim de tudo. Ela estava certa. E ele tinha medo de a perder ainda mais.
A fotinho que a Lotti postou com o Caco
Caco e o Carlos Sênior foram tão fofos em ajuda-la nesse capítulo né?
Pobre, Max
Mas ele pediu né?
Apesar da Charlotte ter sido um pouco imatura em não ter ido saber o que estava acontecendo, ela tinha motivos para imaginar o pior
Mas mesmo assim me deu um pouquinho de pena do Max por ter apenas caído no canto da Barbie
Francine agiu na maldade, mas não é totalmente culpada
Como a Charlotte disse, ela só fez isso porque o Max a deu abertura suficiente para isso
A Kelly furiosa com o Max
O Carlos pleno tomando seu banho sabendo que a Lotti estava com os parentes dele, enquanto o Max, Isa e Kelly surtavam no quarto do Verstappen
Aí, aí, aí
Um pequeno melodrama
Mais uma separação
Quem achou que a Lotti agiu certo?
O que acharam do PAPAI Sainz com a Lotti?
O que estão achando?
Espero que tenham gostado
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