Capítulo 3: Parte II
John e June atravessam a rua em frente ao prédio meio abaixados, logo depois de deixarem o porão trancado para trás. June não deseja admitir, mas seu coração está disparado. Depois de toda aquela ação frenética para chegar até ali e entender o que aconteceu na cidade, deixar a segurança é muitas coisas, entre elas, amedrontador.
Ela para logo atrás de John em um beco depois de algumas quadras e ambos se abaixam. John puxa um visor de fibra de vidro da mochila e traça uma rota pela cidade rapidamente em um mapa holográfico. Ele disse que deveriam evitar as vias principais para diminuir as chances de incidência de serem pegos pela vigilância.
Até ali, porém, não encontraram nenhum andróide e viram poucas pessoas, algumas de longe, a maioria escondida dentro de casa.
June olha para trás no beco e então para John que analisa o caminho. Assim que ele faz menção de levantar e continuar, ela coloca a mão em seu ombro. Ele se detém e olha para ela.
— O que foi?
June morde os lábios.
— Temos que fazer um pequeno desvio.
John franze o cenho, confuso.
— O que? Como assim?
— Precisamos passar na casa da minha irmã.
— June...
— Escuta, não diga nada ainda. O desvio é muito pequeno, é no caminho para o Pentágono.
— É muito arriscado, é mais seguro se seguirmos direto.
— Há mais uma coisa que eu não contei.
John a encara, apoiado em um dos joelhos, pegando o movimento da rua com o canto dos olhos. Algumas pessoas se aproximam armadas com tacos e outras "armas" improvisadas. Ele já poderia imaginar, algumas estão tentando arrombar lojas fechadas, as outras, com certeza estariam procurando andróides para destruir. Umas poucas sequer devem acreditar em tudo o que está acontecendo.
— O que não me contou?
— Quando eu falei com Oliver, semanas atrás, eu peguei uma coisa de sua mansão. Um hyperdrive.
— O quê?! — A voz de John se eleva com surpresa. — E você só está me contando isso agora?
— Sim, porque agora você está mais propenso a seguir minha ideia. Parecia ter algo importante nele, mas só pode ser acessado com um tipo de entrada única, ela estava cobrando alguns favores para conseguir acessar. O Pentágono pode ter um terminal para acessá-lo. Pode ser que seja o protocolo para desativar Gênesis...
— Droga, June.
John abaixa a cabeça, na rua, algumas pessoas quebram uma porta e parece encontrar um andróide e algum tipo de agressividade começa. John ajusta seu dispositivo, realmente a casa de Luna fica no caminho e o desvio seria quase imperceptível. June tinha manipulado ele muito bem.
— Certo, vamos passar na casa da sua irmã, pegar o hyperdrive e garantir que ela está segura. Depois vamos direto para...
John para de repente e olha para o alto.
— O que foi? — pergunta June.
Como um reflexo ele a puxa pelo braço a tirando do espaço que estava meio metro para frente. Algo cai pesado no chão do beco, criando rachaduras na pedra. A andróide de cabelos vermelhos encara a dupla, esboçando um sorriso complacente.
— Olá, senhorita Jung, Gênesis deseja sua presença.
O casal vê o ponto por onde vieram se fechar com mais alguns andróides. Alguns têm a aparência ligeiramente humana, apenas com alguns traços robóticos, como um homem sem cabelos e veias de metal vestido como um carteiro. Outro parece maior, quase sem nenhuma pele artificial, talvez usado para construções civis. Mais dois aparecem na saída do beco, um deles sendo um andróide mecânico de olhos vermelhos e braços cilíndricos, com a pintura azul descascada.
— Foi mal, dona, mas a moça já está acompanhada. — John toma a frente e ergue o fuzil, disparando contra a andróide. Rápida, a mulher arobótica abaixa o corpo, desvia e salta para frente. Com seus braços abertos agarra a cintura de John e o leva em um empurrão para fora do beco. Os andróides em uma das pontas mais próximas abrem espaço para que a andróide de cabelos vermelhos bata o corpo de John contra um aeromóvel estacionado. O vidro trinca e a porta amassa, enquanto ele arfa pelo impacto, mesmo com o colete dispersando boa parte do impacto.
— John! — June grita, buscando a pistola na cintura. Para sua infelicidade os andróides de ambas as pontas começam a se aproximar. Ela aponta a pistola e dispara meio em desespero, meio tentando mirar de fato nos inimigos mais próximos.
A pistola cinética dispara pequenos projéteis de força. Alguns acertam os andróides em sua frente, amassando sua lataria e os empurrando para trás. Outros acertam o aeromóvel em que John está sendo pressionado. A andróide em volta de sua cintura desliza o corpo dele mais para baixo até as costelas, apertando-as, tentando vencer a resistência do colete para quebrar seus ossos.
— June... por favor, não atire em mim... — com o tronco acima do corpo da mulher robótica, John aponta o fuzil, disparando projéteis de alto calibre contra os andróides que estavam de costas para ele e indo na direção de June na saída do beco em que estavam.
A munição é de perfuração afiada, eletrizada para causar mais danos a máquinas. Ambos os andróides são alvejados e seus corpos começam a entortar. June aproveita a brecha para passar entre eles, disparando com sua pistola nas costas da mulher robótica, esmagando John com os braços. Os disparos cinéticos não são o bastante para perfurar seu corpo, mas os impactos a empurram e fazem com que solte John.
Os pés do agente encostam no chão novamente e suas pernas estão bambas, mas seus braços ainda têm forças para bater com o cabo da arma contra o rosto daquela andróide de cabelos ruivos. Ele então encaixa um pontapé no centro do tórax robótico e empurra a andróide para trás.
June dá a volta no veículo para o meio da rua, enquanto John rola por cima do aeromóvel para o outro lado. Ele levanta seu fuzil para os andróides que se aproximam pelo outro lado, June está um passo atrás dele, quando um vulto salta rápido em suas costas e o grito de June enche seus ouvidos.
Em choque, John olha rapidamente para o lado. Tem um andróide sobre June, segurando seus braços. De onde... mas quando percebe que era o mesmo andróide que foi atacado pelos civis, é tarde demais. O gigante mecânico de antes, que vinha cortando pelo beco e John julgou ser algum tipo de andróide da construção civil, desfere uma pancada potente contra o aeromóvel. O veículo é arremessado através da rua e se choca contra John, o empurrando através de uma vitrine de uma loja em uma calçada do outro lado.
Enquanto tenta se libertar em vão, os olhos de June se arregalam com a cena.
— John! JOHN?!
É inútil, não há resposta de dentro da loja que acaba de ser destruída por um aeromóvel. June tenta se soltar, mas logo todos os andróides a cercam e a imobilizam por completo, a arrastando de volta à sua divindade, Gênesis.
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