Capítulo 1: A Tempestade
June encara a superfície reflexiva enquanto avalia a própria aparência por longos segundos. Ela primeiro foca nos olhos levemente puxados, uma herança de sua ascendência coreana, os cabelos sedosos e castanhos ondulados, a pele clara e o vestido de veludo negro que cobre seu corpo quase como uma segunda pele, de tão colado que estava. Nada mal, ela pensa.
Aos trinta e cinco anos, é uma mulher de sucesso, uma jornalista renomada do Washington Chronicle, ou pelo menos, é a imagem que consegue passar com maestria. Se parar para pensar sobre todas as vitórias e grandes furos de sua carreira ao longo dos anos, encontraria mais sucessos do que supostos fracassos.
Ela sorri e dá dois toques na superfície em sua frente. O toque é seco, mas quase gelatinoso. A tela ondula como um lago plácido que acabou de ser perturbado e deixa de ser um mero espelho, revelando uma aparência muito mais translúcida, com um leve azul tênue. Os olhos de June percorrem rapidamente os ícones flutuantes na tela e param em um específico, um quadrado de cantos arredondados e amarelados. Ela toca duas vezes com rapidez sobre ele e uma nova janela flutuante abre em um instante.
June leva o polegar direito até os lábios e mordisca a unha um pouco nervosa, enquanto olha a foto de John. Quase não acredita que estava mesmo seguindo o conselho de sua irmã e conhecendo alguém novo. Afasta o dedo da boca e começa a deslizar as fotos para o lado quase fingindo desinteresse, mas a verdade é que estava muito interessada. Ele é bonito, claro..., pensa tentando criar justificativas. Na verdade, ele era mais do que apenas bonito. June admite naquele momento, ao chegar na última foto de perfil, que o rapaz era, realmente, diferente.
Ao longo das últimas semanas eles conversaram por mensagens e então por chamadas de vídeo, e ele tinha conquistado seu interesse. Pelo menos ao ponto de aceitar jantar com ele naquela noite. Ele não morava na cidade e depois de duas desistências e de ela estar quase desistindo, finalmente parecia que tudo daria certo. Pelo menos o fato de finalmente se conhecerem pessoalmente.
Com mais um toque na tela flutuante, June fechou o aplicativo, pensativa. Ela é uma mulher experiente e se tem uma coisa que sabia há muito tempo era que príncipes encantados existem aos montes em aplicativos de relacionamento. Ela afasta os pensamentos por um instante e se distancia, procurando seus pertences, pois John deveria chegar em breve. Confere a pequena bolsa e o conteúdo dentro dela, garantindo que um item importante esteja presente.
Feito isso, apanha o IA-Phone em uma mesa de centro. Trata-se de uma pequena tela de vidro aparente, com as bordas superior e inferior revestidas com uma camada de metal leve. June o segura e pressiona o polegar em um ponto aleatório da tela sem deixar marcar. O vidro acende com informações. Ela confere a hora mais uma vez e aponta o IA-Phone para as janelas, que com um sinal escurecem, ocultando a visão para o lado de fora e vice-versa.
June corre e guarda o IA-Phone na bolsa, afinal, não poderia esquecer. Ela não deixa de pensar que tudo seria mais fácil com um implante neural, no entanto, se lembra que definitivamente não era do mesmo grupo de pessoas que se modifica daquela forma. Ela afasta os pensamentos e pega um estojo de maquiagem, correndo até a tela de antes. Dois toques novamente e ela volta a mostrar seu reflexo. Ela retoca a maquiagem em tons suaves, quando percebe o sinal ondulado na tela. O dedo toca de leve e abre a mensagem.
"Já estou aqui embaixo. Mal posso esperar para te ver".
June solta um sorriso bobo e agradece mentalmente por estar sozinha. Ela, no entanto, não conseguia deixar de ficar impressionada com aquele encontro. John morava em outra cidade e estava ali somente para vê-la. "Desço num instante, ansiosa também", ela responde prontamente com um áudio transcrito.
Ela olha em volta, estalando os dedos pelo nervosismo, tentando perceber se não está se esquecendo de nada. Os dedos dos pés sentem o piso morno e percebe que está descalça. June então corre, calçando um par de sapatos de saltos altos, apanha sua bolsa, com uma última conferência para ter certeza de que tudo está no lugar, olha para o espelho, principalmente para os olhos, sua tática de sedução mais confiável, e ruma para a porta.
June desce a escada de degraus vazados até a entrada da frente, posicionando rapidamente o indicador direito contra um visor lateral, apenas com alguns centímetros de distância. Assim que o sensor detecta sua digital, a porta desliza para o lado e diante dela surge o caminho de pedra colocadas, com um pequeno jardim o ladeando.
A porta fecha em suas costas enquanto caminha até a saída. De onde está já é possível ver John encostado contra o aeromóvel. Nossa, ele é igual às fotos e vídeos, isso é bom, ela pensa enquanto cruza o portão de metal.
John é mais alto que ela e está trajando uma calça preta justa, assim como um blazer. Sua camisa é branca e parece ter sido feita sob medida. A pele é clara e a barba está bem-feita, com os cabelos negros volumosos penteados para trás.
June para diante dele e ambos se abraçam e se cumprimentam com beijos no rosto. Ele sente imediatamente o aroma de seu perfume e parece gostar, quase demorando demais próximo ao seu pescoço. June não gostava de admitir coisas do tipo, mas nota o aroma de seu perfume também, quase se deixando demorar naquele contato.
— Você está linda. — ele diz com um sorriso encantador. Apesar de se afastarem um tanto tímido, afinal, nunca tinham se encontrado antes, John mantém uma postura confiante e galante.
— Você também está muito elegante. — ela diz, entre um sorriso sem jeito.
Ele assente com a cabeça, passando as mãos pelos cabelos e dando passagem a ela. June olha para seu aeromóvel por alguns segundos, flutuando um pouco acima do nível da calçada. Uma luz azul tênue brilha por baixo. O visual é aerodinâmico e a pintura é de um azul-marinho cromado.
John faz um sinal perto da porta do passageiro e ela abre silenciosa para cima. June entra e a porta fecha logo em seguida. Enquanto sua companhia contorna o automóvel, ela sente o conforto do banco de couro claro e sintético. Olha para o painel brilhando um pouco deslumbrada. O veículo é esportivo e com certeza exala cheiro de aeromóvel novo.
June afasta os pensamentos de que ele teria comprado um aeromóvel novo para a ocasião assim que a porta do motorista abre e John se senta ao seu lado. Com os dois fechados ali, uma luz acende, indicando o fechar do cinto de segurança, que desliza da lateral pelo torso de cada um. John posiciona a mão sobre um painel mais baixo e o ronco do motor se faz ouvir, suave, mas potente. O aeromóvel levanta alguns centímetros no ar, mas é quase imperceptível.
— Pronta? — John pergunta a olhando de canto, enquanto conduz o aeromóvel pela rua, até a avenida do outro lado.
— Claro. A pergunta que fica é: para onde o senhor está me levando? Olha, eu ando armada, viu?
John ri, sem tirar os olhos da avenida, por onde outros aeromóveis deslizam.
— Engraçado. — Ele diz, por causa da piada. — Nada demais, apenas um bom restaurante não muito longe daqui.
June assente, deslizando seu olhar de John para o painel, mais precisamente para a tela que exibe o trajeto em um sistema de GPS integrado. Sua atenção então é desviada pelo brilho vermelho e azul constante que aparece acima do aeromóvel. Os vidros abafam os sons, quando uma ambulância e três motos policiais passam como um relâmpago mais acima.
Aeromóveis comuns eram limitados a transitar em baixa altitude, mas veículos essenciais e oficiais podiam usar a média altitude, com a alta altitude reservada para naves dos mais variados tipos. June encara o brilho de urgência se afastar por cima dos aeromóveis e desaparecer em uma esquina, talvez um pouco hipnotizada por aquilo.
— June? Tudo bem?
June pisca algumas vezes e encara John, percebendo que tinha sido levada por seus pensamentos. Ela sorri de volta, de volta à realidade.
— Sim, claro, desculpe.
— Que bom. — ele sorri para ela e faz um sinal na direção de seu lado de passageiro. — Bem, chegamos.
Ela olha para fora e percebe que estão em um pequeno estacionamento pouco iluminado. O local é coberto por um teto vazado de madeira, com algumas flores em cascata. As mesmas flores estão em canteiros em uma parte inferior da estrutura principal do restaurante. John dá a volta no aeromóvel e abre a porta para June, que desce com suavidade.
Ela olha com entusiasmo para o local enquanto acompanha John até a entrada. Ele conversa com a recepcionista.
— Uma reserva no nome de John Lancaster. — ele diz.
O local está vazio, o que faz June se sentir um pouco estranha. Ela sabe que o estabelecimento também deve ser caro. Não apenas pela aparência, mas porque era todo operado por humanos, sem nenhum androide à vista. Poderia parecer estranho, mas aquela era a verdade. Quando tantas coisas eram feitas por androides, os valores se invertiam e a culinária humana se tornava cada vez mais cara.
Ambos se sentam e é entregue a eles o cardápio em uma folha laminada e digital. June se surpreende com a seleção requintada de refeições, enquanto o garçom sai para buscar o pedido de vinho feito por John.
— Nossa, é bastante... sofisticado. Nem sei o que pedir.
John assente ainda com um olhar no cardápio em suas mãos, depois olha para ela.
— Sim, realmente. É uma noite especial. — responde, com um brilho no olhar.
June fica um pouco sem graça e pode jurar que as bochechas enrubescem. Pensa rápido, procurando uma forma de sair da situação.
— Mas então, já veio aqui antes? — ela retribui o olhar cativante.
— Ah, na verdade não. Sempre quis, isso sim, mas nunca tive a oportunidade, estavam sempre lotados e eu moro muito longe.
— É, imagino... — June para e pensa por alguns segundos — E agora estão vazios. É muito egoísta da nossa parte estarmos aqui, jantando enquanto outras pessoas estão tão preocupadas e com medo depois do lançamento das bombas?
John está prestes a responder quando o garçom retorna com a garrafa de vinho e duas taças. Ele começa a falar sobre o vinho, suas particularidades, ano e sabor. O homem é magro, de feições aquilinas, quase parecia arrogante.
— Então, estão prontos para pedir? — ele pergunta, enquanto serve o casal.
— Claro — começa John. — Acho que vou querer a indicação do chef. E você, June, já se decidiu?
— Sim, claro. Acho que vou querer essa salada de batatas cultivadas em baixa gravidade.
— Perfeito. — responde o garçom com um rodopio após anotar os pedidos em um minúsculo IA-Phone.
June o olha ir embora, quando sua atenção é novamente atraída a John.
— Não acho. — ele responde.
— Desculpe? — June pergunta, sem jeito.
— Você perguntou se estávamos errados de estarmos aqui, jantando e nos divertindo com tudo o que está acontecendo. Acho que não. — e sem tirar os olhos dela, bebe mais um gole do vinho.
June sorri sem graça e bebe também. — Sério? — pergunta, tentando umedecer a garganta.
— Sim, ainda podemos estar confusos ou apavorados, mas talvez seja melhor estar aqui em um ambiente agradável do que trancado em casa. Bem, não sei... — ele deu de ombros.
— Não, não. Faz sentido, eu acho. — concordou, deixando a taça na mesa.
Eles riem sem jeito e June se sente confiante em continuar.
— Mas então, me conta alguma coisa nova. Sei que conversamos bastante pelo app, mas a gente nunca sabe tudo sobre alguém, não é? — diz ao beber mais um gole de vinho, mas sem tirar os olhos sedutores de John.
— Bem — ele faz um sinal com a taça na direção dela — eu fechei aquele negócio superimportante que tinha falado para você.
— Com um cliente chamado... Wilson, não é?
— Exatamente. — John responde sorrindo, feliz por ela ter se lembrado de algo que ele disse há mais de um mês.
— Isso é incrível! Quer dizer que agora você é...
— O melhor sócio da Heights Realty, pois é.
June repousa a taça de vinho no tampo da mesa e bate palmas devagar. Logo em seguida se levanta para abraçar John em um genuíno gesto de afeto e parabenização. Ele parece um pouco surpreso com aquela atitude . June se inclina para um abraço rápido, envolvendo-o com apenas um braço, em um gesto meio desajeitado, não muito íntimo. Ela sente o calor dele por um instante antes de recuar com um sorriso tímido.
— Mas e você, como vai o trabalho? Conseguiu aquela entrevista com Oliver Field? — ele pergunta bebericando a taça de vinho novamente.
— Ah, sim e não. — ela solta um riso cansado. — Ele tem cancelado esse encontro várias e várias vezes nos últimos meses. Então sim, na teoria eu consegui um "horário", mas sempre que estou muito perto, a agenda dele muda.
— Nossa, ele deve estar muito ocupado.
— Sim. Digo, mesmo ocupado, ele costumava ter tempo para entrevistas, mas agora, não sei. É só que...
— O quê? Pode falar.
— Nada, é só que tudo isso é muito estranho, sabe? E extraoficialmente? Estou investigando isso por conta própria, digamos que meu editor não concorda absolutamente com minhas suspeitas, tudo isso sobre a Gênesis-X.
— Gênesis-X?
— Há boatos sobre uma nova versão da Gênesis. Além disso, tem todo o problema com as bombas. Não engulo essa história de testes e acidentes. Coincidências assim não acontecem, ou pelo menos não deveriam acontecer quando estamos falando sobre armas de destruição em massa.
John se arruma na cadeira, parecendo ligeiramente interessado. Ou preocupado.
— Você acha que isso tudo tem alguma relação?
— Sim, digo, não. Talvez sim. — admite finalmente. — Eu tenho investigado, reunido provas, só preciso conectar melhor os fatos, isso é, claro, se tiver algo para conectar.
John se encosta no assento, as mãos sobre as pernas.
— Que tipos de provas você tem?
— Notícias, documentos vazados, fotos, gravações de executivos da Éden. A maioria de fontes confiáveis. Então se ele for culpado, espero que seja levado à justiça. Eu sei que muitos acreditam que ele esteja fazendo um bem à humanidade, mas... e se lá no fundo, ele não estiver?
John a encara sério e engole em seco. Então dá um sorriso sem graça.
— Bem, espero que esteja errada.
June sente a expressão séria e preocupada desfazer. O corpo relaxando finalmente.
— Sim, eu também. — ela suspira fundo. — Olha, me desculpa. Não deveria estar ocupando sua noite com isso. Era para ser agradável, não é?
— Sim, mas tudo bem, gosto de ouvi-la falar de algo com tanto afinco assim.
— Mesmo que seja sobre o fim do mundo?
— Mesmo que seja sobre o fim do mundo.
Ela sorri.
— Mas acho que tenho coisas mais interessantes no meu repertório. Então, sobre aquela... — June se detém colocando a mão sobre a bolsa, de onde uma leve melodia e um vibrar suave vem. Ela abre uma fresta grande o bastante apenas para ver o IA-Phone aceso e rejeitar a chamada com um deslizar de dedo.
— Está tudo bem? — pergunta John.
— Sim, é só minha irmã, mas depois eu ligo de... — o IA-Phone mais uma vez volta a acender, vibrando com a mesma melodia.
— Pode atender, não tem problema. — ele diz, com compreensão.
— Não quero estragar a noite.
— Tudo bem, sério, fique à vontade.
June aceita e puxa o IA-Phone junto da bolsa, levantando-se e caminhando até um canto a alguns metros. No entanto, assim que desliza o dedo pela tela, o único som que ouve é um chiado e uma voz de fundo. Na mesa John desce o olhar até a taça de vinho, percebendo que o líquido rubro escuro forma pequenos círculos concêntricos com um tremor leve.
John segura a mesa com suavidade e nota o tremor distante. Seu olhar percorre os arredores, procurando entender se mais alguém tinha percebido. Dois funcionários param, observando por um instante o tremor de pratos em uma mesa. Ele se levanta e caminha até a janela olhando para fora, depois vira o pulso e puxa a manga do blazer, deixando o olhar recair sobre o IA-Watch em seu pulso. Ele arregala os olhos com que vê e recua sem acreditar. Primeiro com passos lentos, mas depois gira o corpo depressa.
— Luna? Lu? O que foi? — de repente, June sente um aperto no braço, não a machuca, mas é firme. A força a está puxando para fora do restaurante. No meio segundo que olha para o lado, vê o rosto de John de perfil. Ele está sério e centrado em frente. — John? O que... O que está fazendo?
— Precisamos sair. Agora.
Todo o restaurante treme de repente, a taça na mesa onde estavam cai, quebra e espalha o restante do vinho pelo piso. Os funcionários se escondem debaixo do balcão, outros correm. June faz menção se abaixar também pelo susto, mas John a puxa para fora.
— O que está acontecendo? — John age rápido na saída do restaurante, parece acessar um dispositivo. June escuta apenas o ronco do motor do aeromóvel, que parece deslizar com autonomia até eles. Seus olhos levantam e vêem o brilho da destruição e a fumaça vindo de algum ponto não muito distante na cidade. Em um momento de confusão, John a induz para dentro do aeromóvel e no instante seguinte está saindo em alta velocidade dali.
— Precisamos chegar rápido na minha casa! — John diz, fazendo uma manobra arriscada de volta à rua.
— Sua casa?! Seu hotel? Você mora em Baltimore, não é?
— Bem, não. Minha casa, eu não moro em Baltimore.
— O que?! Como assim? O que está acontecendo?
— Estamos sob ataque.
— Ataque? — June olha pelo vidro do aeromóvel para trás, na direção da luz da destruição. — É o Pentágono?! Oh, meu Deus. Precisamos voltar, eu preciso buscar minha irmã.
— Infelizmente... — desvia de outro aeromóvel que corria pela pista, quase batendo contra um ônibus. Uma onda tênue de tremor atravessa o aeromóvel. Com um olhar rápido, John vê um brilho no horizonte. — Não temos tempo para isso!
Com um aceno rápido, ele digita algo no painel do aeromóvel, que sobe no ar, lançado acima da pista e dos outros veículos. June solta um gritinho de susto e tudo o que consegue pensar é na irmã, em todos aqueles acontecimentos em sequência e que aquele aeromóvel definitivamente não deveria fazer aquilo, é apenas um carro civil. Ainda assim, ele voa sobre aeromóveis comuns, dividindo espaço com veículos oficiais e de emergência.
Enquanto se segura, June olha — em um momento de cabeça para baixo — John desvia de uma ambulância e de um aerocaminhão dos bombeiros que seguem na direção contrária, até o aeromóvel derrapar para o lado, enquanto desce e bate contra uma mureta de leve. John sai do aeromóvel, gritando para June fazer o mesmo. Ela está um pouco tonta, mas logo sai quando ele abre a porta.
— Quem é você? — ela pergunta, tentando resistir.
— Depois.
— Não, agora! — ela altera a voz, dando um passo para trás.
— Não dá tempo!
John a encara ao lado do que parece um prédio residencial perto de uma porta de metal resistente que levava a um porão. June olha para trás, o tremor cresce aos poucos, assim como o som da devastação. Ela o encara séria e indecisa, então olha para o horizonte preocupada, em todo aquele tremor e a luz do fogo. Engole em seco e entra na abertura do prédio, seu coração lhe dizendo que talvez seja a melhor opção do momento.
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