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Música para ajudar na imersão :)
Já beberam água? Vão se hidratar antes de ler, por favor, não quero causar a falência dos rins de vocês.
Jeon Jungkook
— Vocês poderiam, por favor, parar de discutir? — Jungkook reclamou ao ouvir várias vozes altas no fone do walkie talkie. — Não dá para entender nada, fala um de cada vez.
— O que você está vendo agora? — Namjoon perguntou depois que todas as vozes silenciaram.
— Só um tubo grande com uma grade — Jungkook franziu o nariz e fez uma careta. — E o fedor do esgoto.
— Então você está no lugar certo! Abra a grade e entre — ele disse e Jungkook prendeu a respiração, fazendo o que ele pediu.
Jungkook usou toda a sua força para levantar a grade e a soltou, fazendo um barulho alto ecoar. Assim que estava dentro, ele curvou-se para não bater a cabeça, e sentiu seu estômago embrulhar com o fedor, mas seguiu em frente para sair o mais rápido possível dali. Assim que chegou em um túnel maior, ele pulou do tubo onde estava e aterrissou na água. Ele olhou em volta, vendo apenas um grande canal escuro com poucos feixes de luz ao longe, o escuro no final dos dois lados do túnel era assustador, mas não era hora para ter medo.
— Certo, estou em um túnel, eu acho — Jungkook disse apertando o botão do comunicador que estava em sua cintura, dando alguns passos para frente. — Tem dois caminhos, um para a esquerda e outro para a direita.
— Vá para a esquerda — Namjoon informou e Jungkook assentiu. — Você vai andar por alguns metros, à sua direita vai ter uma porta, tente abri-la, se ela estiver fechada você terá que arrombá-la.
— Certo — Jungkook soltou o botão e deixou o rádio preso em sua cintura.
Ele caminhou para a esquerda como Namjoon havia dito, ligando a lanterna assim que adentrou a escuridão do túnel. Jungkook não viu, nem ouviu nenhum infectado e agradeceu por isso, pois os sons que eles faziam naquele lugar era de arrepiar. Ele apressou um pouco o passo para sair logo daquele lugar e chegou até a porta que Namjoon havia informado. Quando forçou a maçaneta e notou que ela estava trancada ele chutou a porta, mas não adiantou, por isso se afastou, pegou a pistola e atirou na tranca, abrindo-a com mais um chute.
— Namjoon eu entrei — Jungkook pegou o comunicador com a mão esquerda, enquanto a direita segurava a lanterna para olhar em volta. Havia apenas canos e algumas caldeiras. — Mas não tem nada aqui.
— São túneis secretos do exército e do governo, acha mesmo que seria tão fácil de entrar? — Ouviu a voz de Hoseok, que estava rindo.
— A passagem está debaixo de uma caldeira no canto direito da sala, você vai ter que arrastá-la — Namjoon explicou e Jungkook arregalou os olhos.
— Como eu vou arrastar isso?! — Jungkook disse com o comunicador próximo aos lábios, de frente para a caldeira que ficava no canto da sala.
— Ela é falsa, não pesa tanto — Namjoon disse e Jungkook assentiu para o nada antes de deixar o walkie talkie em sua cintura novamente.
Ele caminhou até a caldeira e colocou suas duas mãos nela, arrastando-a com toda sua força para longe de um alçapão. Assim que viu que era o suficiente, ele se abaixou e segurou a alça do alçapão, usando novamente toda a sua força, ele levantou a tampa até que ela encostasse na parede e a deixou lá, havia uma escada de ferro descendo em direção a escuridão e ao olhar para baixo, Jungkook sentiu um arrepio na espinha pela corrente de ar vinda junto de roncos. Não havia luz alguma naquele lugar, apenas barulhos estranhos e ele soube que ali embaixo estava cheio de infectados.
— Namjoon eu consegui abrir, estou ouvindo roncos — Jungkook disse com o comunicador novamente em suas mãos. — Parece ter infectados lá embaixo.
— Boa sorte — Namjoon disse e Jungkook pôde ouvir o silêncio absoluto atrás dele.
Namjoon estava junto a Hoseok e diversas pessoas em vans e carros do exército, apenas esperando que Jungkook concluísse sua parte para que pudessem agir, todos o escutavam para ficarem por dentro do que acontecia dentro dos túneis. O silêncio incomodava o Jeon, principalmente enquanto descia as escadas e sentia o ar frio bater em sua nuca, seu coração pulsava forte contra sua caixa torácica e o medo começava a banhar seus sentidos. Mesmo estando imune, adentrar em um lugar escuro, cheio de infectados não era nada confortável.
Quando seus pés tocaram o chão ele respirou fundo com a lanterna na mão, se preparando para o que iria encontrar quando se virasse. Em um surto de coragem ele o fez e apontou a lanterna para aquele local, vendo dois infectados fardados lhe encarando, o que de início o assustou, mas voltou a respirar fundo e apontar a lanterna para sua esquerda e sua direita. Na esquerda não havia nada, apenas uma parede e do outro lado havia uma porta. Os dois infectados olhavam para ele de maneira fixa, mas não se moviam.
— Eu desci, tem dois infectados fardados aqui dentro — Jungkook disse com o comunicador na mão.
— Tem uma porta à sua direita, certo? — Namjoon perguntou.
— Sim — Respondeu.
— Saia dessa sala e siga à esquerda.
— Ok.
Jungkook caminhou até a porta e viu que a chave estava na fechadura e o trinco aberto. A chave estava manchada de sangue seco, o que o fez olhar para trás e ver que a mão de um dos infectados estava manchada, mostrando que ele estava tentando abri-la antes de morrer. Deixando seus pensamentos para trás, ele girou a chave e abriu a porta, vendo mais um túnel, mas dessa vez sem água, havia algumas lâmpadas apagadas presas nas paredes e teto. Seguiu pelo caminho que Namjoon indicou, contatou ele no rádio para avisar e esperar por mais comandos.
Seguiu assim por vários metros e corredores, vendo vários infectados pelo caminho, alguns parados, outros andando, mas o que apavorou Jungkook foi a sensação de estar sendo observado o tempo todo. Ele conversava com Namjoon e ouvia alguns comentários do pessoal sobre como o subsolo estava, tinha de fato muitos infectados pelo caminho, a maioria fardado mostrando que muitos soldados correram para lá. Jungkook andava atento, passando a lanterna para enxergar melhor por onde passava, evitando olhar para trás.
Ele sabia que a sensação de estar sendo observado era dos infectados parados, o acompanhando com o olhar até perdê-lo de vista, mas aquilo estava começando a incomodá-lo, por isso quando a curiosidade o venceu ele virou-se para trás. A lanterna de início não revelou nada, mas uma movimentação suspeita chamou sua atenção e ele pôde ver uma silhueta se esconder no final do corredor, fugindo da luz da lanterna. Jungkook sentiu seu sangue gelar e seu corpo liberar adrenalina, junto a um tremor intenso que atingiu todo o seu corpo.
— Namjoon acho que tem alguém vivo aqui comigo… — Jungkook disse pegando o rádio rapidamente, ele apertava o botão com certa força por conta do medo.
— Mas como alguém sem estar imune conseguiria ficar ai? — Namjoon demonstrou confusão em sua voz.
— Não sei, eu estava me sentindo observado e quando eu me virei, vi uma silhueta fugindo da luz da minha lanterna — Jungkook ainda apontava a lanterna para o lugar, com medo de se virar e a pessoa pegá-lo por trás, como parecia querer fazer.
— Ele estava te espreitando?
— Pelo o que parecia, sim — Jungkook segurava a lanterna com firmeza. — Eu vou até lá.
— Jungkook não acho que seja uma boa ideia — Namjoon lhe respondeu rapidamente, mas ele não deu ouvidos, apenas colocou o comunicador de volta no cinto. — Jungkook!
Retirando sua pistola do coldre ele a empunhou com firmeza, segurando-a junto a lanterna, caminhou a passos cautelosos até a bifurcação onde viu alguém se esconder, mantendo uma distância segura. Quando chegou até o lugar ele deu um passo rápido, apontando a arma para a pessoa que espreitava seus passos pelas sombras, se assustando ao ver um infectado se encolher assim que a luz o atingiu. Jungkook viu o infectado se afastar de si com a cabeça baixa, o que fez todo seu corpo tremer com a cena.
O cheiro de carne podre estava fraco por conta da distância, mas sabia que vinha dele, quando em um momento de hesitação ele abaixou um pouco a pistola e a lanterna o infectado levantou o olhar, mantendo contato visual consigo de uma maneira intensa. O olhar dele fez seu coração dar um salto no peito, pois ele lhe encarava avidamente e de maneira concentrada, parecendo analisá-lo de onde estava, se aproximando com a cabeça um tanto curvada para o lado. Assustado, Jungkook levantou novamente a arma, o que consequentemente levantou a lanterna também, fazendo o infectado se encolher e recuar novamente. Ouviu Namjoon chamá-lo no rádio, mas não respondeu.
Jungkook não sabia que tipo de infectado era aquele e o que ele iria fazer quando se aproximasse, por isso não demorou em atirar em sua cabeça, antes que se distanciasse ainda mais, fazendo seu corpo desfalecido cair no chão. O barulho alto do tiro pareceu acordar os infectados do lugar, que começaram a rosnar e os berradores a gritarem – da maneira assustadora que faziam. Ainda curioso, ele resolveu se aproximar, cutucando o infectado com o pé antes de virá-lo de barriga para cima, olhando daquela ângulo, ele não era diferente dos infectados que corriam, mas fedia a carniça e o odor estava irritando seu nariz por estar tão perto.
Quando se afastou ele foi com cautela pelo mesmo caminho que viera, olhando para o corpo do infectado no chão, com medo de se virar e ele se levantar, mas após alguns minutos parado, ele não se levantou. Outros infectados vieram até onde estava, mas pararam ao vê-lo, o que foi o contrário daquele infectado que matou, que parecia querer se aproximar de si. Os barulhos dos infectados à sua volta também lhe trouxeram mais dúvidas sobre o ser que estava caído no chão, pois as respirações de todos eram barulhentas.
Por que as dele não?
— Nam? — Jungkook o chamou após guardar a arma e pegar o rádio.
— Não faça isso com a gente Jungkook! Que susto levamos… — Disse junto a um suspiro, mas a linha ficou silenciosa. — O que é esse barulho atrás de você?
— Infectados, vieram correndo para cá depois que eu atirei — disse ainda olhando para o corpo do infectado no chão, com medo de se afastar.
— Atirou no espreitador?
— Atirei.
— Como alguém vivo conseguiu ficar aí? Consigo ouvir o som dos infectados toda vez que você aperta o botão.
— Simples, porque ele era um infectado — a linha ficou muda por alguns segundos.
— Está dizendo que um infectado seguiu você? Te espreitando?
— Sim.
— Ele tentou te atacar?
— Não… Se ele de fato quisesse me atacar, teria feito isso enquanto eu caminhava. Eu não o escutaria se aproximar, ele era silencioso.
— Ele é tipo o berrador? — Namjoon perguntou.
— De aparência sim, como qualquer outro infectado, mas com um cheiro muito forte de carniça e não pareceu gostar da luz da lanterna, se afastava toda vez que eu apontava para ele — Jungkook disse começando a se distanciar, para voltar até onde estava, virando as costas para o corpo ainda no chão. — Ele parecia me analisar, me encarando de forma intensa. Foi assustador, então eu atirei, mas foi mais por um impulso de medo, não parecia que ele iria me atacar, parecia que ele queria me analisar de perto.
— Você ainda está próximo do corpo dele?
— Não, estou seguindo o caminho que você indicou, agora tem mais infectados me encarando — Jungkook dizia olhando em volta, vendo vários infectados observando seus passos. — Não vou perder mais tempo. Quero chegar logo no posto de controle, esse lugar me dá arrepios.
— Tudo bem, quando você chegar na próxima virada me avise, para eu lhe passar as novas coordenadas.
— Certo.
Após andar por mais alguns metros, passar por berradores e corredores, ao qual Jungkook carinhosamente apelidou "os infectados que correm para cima do barulho'', ele finalmente estava próximo à sala de comando, a qual haviam conversado sobre, na reunião. De vez em quando ele informava a situação dos túneis, dizendo onde tinha mais, e onde tinha menos infectados, riu quando Namjoon disse que ainda tinha algumas pessoas céticas quanto à imunidade dele, mas que agora não tinham como duvidar.
— Certo Namjoon, estou na sala — Jungkook disse após adentrar uma sala escura cheia de computadores.
— Tem uma porta à sua frente, não tem?
— Tem.
— Vá até ela, do outro lado da porta fica a sala onde estão os geradores, tente ligar um deles. Eles são bem grandes, assim que ligar, corra para apagar as luzes do lado de fora como conversamos.
— Ok.
Jungkook caminhou até a porta e abriu, vendo quatro geradores parecidos com containers, a sala não era tão grande, havia sido feita sob medida para eles. Caminhou até um deles, abrindo a portinhola que mostrava o painel, ele apertou os botões que havia sido instruído a apertar no refúgio antes de saírem, viu as luzes se acenderem e um barulho alto do motor do gerador em funcionamento. Assim que as luzes foram acesas Jungkook correu até a sala de controle, apertou um botão vermelho e grande à esquerda dele, apagando as luzes do lado de fora da sala.
— Pronto, o gerador está ligado e eu apertei o botão, o que eu faço agora? — Jungkook perguntou com o rádio na mão, vendo os monitores da sala ligarem.
— Agora o Hoseok vai fazer a parte dele, ele vai usar os nossos computadores para acessar os comandos daí. Vou passar o rádio para ele — Namjoon avisou.
— Ok.
— Então, vamos lá Jungkook. Eu vou passar as instruções do que você vai fazer para me dar acesso total daí, ok? — Hoseok perguntou pelo rádio e Jungkook concordou. — Primeiro de tudo, quero que você ligue as câmeras, para que possamos ver você e os túneis. Depois vamos checar se o guardinha do San não viu as luzes acendendo, a partir daí a diversão vai começar.
— Você conseguiu um áudio abaixo de zero decibéis? — Jungkook perguntou curioso.
— Vocês têm o péssimo hábito de me subestimar — Hoseok riu, o que acabou fazendo Jungkook rir também. — Nos próximos vinte minutos, todos os infectados desses túneis, estarão presos no bunker.
(...)
Jungkook agora estava vendo todos os monitores da sala mostrando o sistema de câmeras do subsolo, Hoseok controlava do computador onde estava as imagens, mostrando os infectados correndo em direção ao som, que no momento estava vindo de uma parte em específico do túnel. Tinha mais infectados do que ele imaginava, todos se aglomeravam no local onde o som estava e assim que Hoseok mudou de auto falante, eles correram para onde o som estava saindo, que dessa vez, era na saída dos túneis.
Com os geradores funcionando e fornecendo energia ao painel de controle onde Jungkook estava, eles conseguiram abrir as portas do bunker e ter acesso às câmeras de lá, aos poucos estavam conseguindo atrair os infectados para aquele lugar. Pelas câmeras Jungkook pôde ver e indicar, para pessoas que estavam junto a Namjoon e Hoseok, os berradores, que foram os primeiros a seguir o som e os novos “espreitadores”, que apenas seguiam os infectados. Assim que o som foi colocado, os primeiros a correrem foram os berradores, os corredores logo em seguida, mas os espreitadores permaneceram parados. Eles se mexeram apenas quando viram outros infectados correndo em direção ao som, os seguindo pelo escuro dos túneis, evitando passar por qualquer feixe de luz, Jungkook contou três fora o que matou, eles pareciam conscientes, andavam como se fossem superiores. Quando os alto-falantes dos bunkers começaram a ecoar o som, após atrair a maioria dos infectados deixando apenas alguns desgarrados pelo caminho, todos se aglomeraram dentro do espaço, até mesmo os espreitadores, que caminharam calmamente até o local.
A porta não demorou a ser fechada e todos os infectados que estavam dentro dele, ficaram presos, era hora de agir.
— Vamos ir até você agora, Jungkook. Nos avise onde ficou algum infectado pelas câmeras — Namjoon disse.
— Certo.
A linha ficou muda e Jungkook apenas esperou. O plano agora seria Namjoon e os soldados ir até a sala de controle para encontrá-lo e juntos todos iriam até o guarda de San, a partir dali eles tentariam invadir o lugar sem chamar atenção de ninguém. Iria apenas Jungkook, Namjoon e Hoseok buscar sua família silenciosamente, sem causar uma comoção, mas estavam preparados caso algo desse errado, o plano B já estava armado e pronto para ser usado. Agora era só tomar cuidado para não serem pegos. O objetivo era ser furtivo, entrar e sair sem chamar atenção, sem vestígios e sem mortes.
Enquanto Namjoon e os outros entravam nos túneis e faziam o mesmo caminho que ele havia feito, Jungkook via pelas câmeras onde havia infectados e os avisou pelo rádio, com armas silenciadas eles os eliminavam com eficiência. Seguiu-se assim até que chegaram na sala onde ele estava, todos juntos eles caminharam com Jungkook na frente, para eliminar algum infectado que estivesse escondido, mas não havia mais nenhum. Assim que chegaram no local onde ficava o "pátio" que ligava a fortaleza aos túneis, todos se abaixaram.
— O vidro é espelhado, então não sabemos se o guarda está de pé olhando para cá — Namjoon disse a todos os homens que estavam abaixados atrás dele, sendo escondidos pelo escuro.
— Meu palpite é que ele não está de pé — Jungkook arriscou dizer. — Quando San nos levou até aqui, ele estava sentado em uma cadeira, só se levantou quando chegamos.
— Acha que ele não tem visão dos túneis, estando sentado? — Namjoon perguntou e Jungkook assentiu.
— Ele consegue ver, mas se formos abaixados vamos ser escondidos pelo ponto cego dele, que é a parede embaixo do muro. Ele provavelmente está esperando algum barulho dos infectados, se ficarmos em silêncio ele não irá se levantar para checar.
— Só tem um jeito de testar, não é? — Hoseok disse olhando para Namjoon, que assentiu.
Namjoon e Jungkook foram por um lado com alguns homens e Hoseok foi pelo outro, não foram pelo meio do pátio, fazendo a escuridão dos túneis ao lado, serem sua camuflagem. Quando todos estavam encostados na parede embaixo dos vidros, ficaram quietos. Eles esperaram por alguma reação, mas não havia absolutamente nada, Jungkook com muito cuidado espiou por dentro do portão coberto por um edredom. O guarda estava distraído lendo um livro.
Quando Jungkook avisou a Namjoon ele sinalizou para que todos segurassem suas armas com firmeza, pois iriam usá-las a seu favor, por isso assim que Jungkook se levantou e puxou a coberta para longe do portão o guarda sobressaltou-se. Ele se levantou com pressa, mas levantou as mãos quando Jungkook apontou sua pistola para ele, em seguida todos os soldados que estavam abaixados se levantaram, apontando suas armas para o vidro espelhado. Embora eles não pudessem vê-lo, o guarda via as armas apontadas para ele.
— Abra este portão, em silêncio — Jungkook disse com a voz em um nítido tom de aviso.
O homem assentiu e tremendo, pegou a chave sobre a mesa para abrir o portão, silenciosamente ele colocou a chave na fechadura e a girou, abrindo o portão e dando passagem para eles entrarem. Rapidamente Namjoon e Hoseok entraram e amarraram o homem, para que ele não colocasse o plano todo a perder, todos entraram na salinha e fecharam o portão. Eram dezenas de soldados, aquele espaço ficou claustrofóbico com todos dentro, mas apenas os três iriam sair para buscar a família de Jungkook.
— Nós vamos sair para buscá-los, não abram essa porta de jeito nenhum se não ouvirem a senha que combinamos, entendido? — Namjoon perguntou e todos assentiram.
— Quem trouxe a flare gun? — Hoseok perguntou e uma mulher se aproximou, tirando-a de um compartimento de sua calça. Ele a guardou em um bolso de sua farda.
— Caso ouçam qualquer tiro, podem sair, pois significava que algo deu errado — Namjoon instruiu e todos assentiram. — Certo vamos lá.
Jungkook seguiu Namjoon e Hoseok pela escada, abriram a porta que levava ao subsolo com muito cuidado, observando se havia alguém próximo, quando constataram que não, correram para trás dos alojamentos. Assim que saíram, a porta foi fechada pelos soldados que ficaram para trás. Os três estavam abaixados atrás das instalações e continuaram assim, viram poucas pessoas naquela parte da fortaleza, o que significava que a maioria estava concentrada no centro. Quando chegaram nos fundos de um alojamento, notaram que as pessoas estavam juntas perto de uma mesa grande, estavam jantando.
— Jungkook, onde o San deixou sua família? — Hoseok perguntou baixinho.
— Quando eu saí estavam na despensa — disse olhando em volta e vendo sua mãe junto a Yuna, Jisoo e Sooyeon pegando comida. — Ali! Minha mãe está ali.
— Aquelas três com uma menininha? — Namjoon perguntou e Jungkook assentiu. — Ok, vamos esperar elas terminarem para ver para qual alojamento vão entrar.
E assim foi feito, por sorte elas não ficaram para comer junto às outras pessoas após pegarem o alimento. Caminharam para longe, com cuidado e para não serem vistos, eles andaram por trás das instalações. Quando elas entraram em uma, eles foram rápidos em abrir a porta dos fundos do alojamento e entrar, assim que estava dentro Jungkook viu Mina e Jihoon, alguns guardas e seus avós, todos o encaravam com os olhos assustados. Jungkook sorriu e abriu os braços quando viu sua mãe o encarar, ela parecia em estado de choque, mas não demorou a correr em sua direção, deixando a comida sobre uma das beliches no caminho.
— Ai meu deus! — Ela o apertou em seus braços e Jungkook fez o mesmo, sentindo seu peito se aquecer. Ela soluçou e ele sentiu seus olhos se encherem de água. — Eu achei que você estivesse morto! Como…?
— Eu sou o Batman — disse com os olhos marejados e sua mãe riu antes de abraçá-lo de novo. Seus avós vieram chorando lhe abraçar também.
— Jungkook, não temos muito tempo — Namjoon o avisou e ele assentiu.
— Onde estão os outros? — Jungkook perguntou, vendo que Taehyung e algumas pessoas não estavam ali.
— O Tae está de guarda nos muros, os outros estão comendo do lado de fora — Jisoo informou com um sorriso grande, colocando Yuna no chão, que estava agoniada querendo sair de seu colo.
— Oi, meu amor — Jungkook a pegou nos braços quando a menina pulou em seu colo, abraçando-o com força.
— Eu estava com saudades, Koo — ela disse bem baixinho e Jungkook arregalou os olhos.
— Longa história, Jungkook — Doyeon sorriu fraco. — Em outro momento eu te conto.
— Precisamos ir — Hoseok disse a todos.
— Todos sabem como ir para o subsolo, não é? — Namjoon perguntou e todos assentiram. — Vão para lá pelos fundos dos alojamentos, não deixem ninguém vê-los, meus soldados estarão lá esperando por vocês.
— Depois explicamos melhor — Jungkook disse ao ver os semblantes confusos. — O que importa é que eles vão nos ajudar a sair daqui, então se apressem.
— Eu vou chamar os outros então — Jisoo disse pronta para sair.
— Não chame a atenção de ninguém, tome muito cuidado, por favor! — Namjoon pediu e Jisoo assentiu. — A senha para eles abrirem a porta é “binóculo”. Eles não vão abrir se vocês não disserem isso.
— Vamos aproveitar que todos estão comendo para sair então! — Um dos guardas disse e todos assentiram, pegando suas coisas para saírem.
— Mãe leve a Yuna e vão para o subsolo — Jungkook disse colocando Yuna no chão.
— Tenho que pegar minhas coisas — Doeyon disse olhando para trás, segurando a mão de Yuna.
— Deixa que eu pego, só vá, por favor — Jungkook insistiu e Doyeon assentiu, caminhando com Yuna para a porta por onde haviam entrado.
Todos fizeram o mesmo, pegaram suas coisas às pressas e partiram para fora do alojamento, indo pelas sombras para o subsolo, assim que Jisoo voltou com as pessoas que faltavam, mas disse que não pôde chamar seu irmão, Jungkook garantiu que o levaria e ela saiu junto com o restante das pessoas, deixando apenas Hoseok, Namjoon e ele na sala. Os três foram até as janelas e abriram uma brecha nas persianas para ver a movimentação do lado de fora. Hoseok chamou Namjoon assim que viu em uma das beliches uma mochila, após Jungkook informá-los que provavelmente era de sua mãe, eles abriram para averiguar.
— Jisoo disse que o Taehyung está nos muros, então se Jimin o viu, mandou o sinal, será que ele notou? E se notou, será que entendeu? — Jungkook disse olhando para os dois.
— Se ele não viu, vamos dar um jeito de avisá-lo que estamos aqui, fica tranquilo, o plano está dando certo — Hoseok sorriu, mas Jungkook não teve tempo de respondê-lo.
A porta do alojamento foi aberta de forma abrupta e um homem com um fuzil nas mãos entrou, ele usava um casaco grosso e um gorro, ele havia paralisado na frente da porta olhando para Namjoon e Hoseok, que também ficaram estáticos. Jungkook estava com a vantagem de estar próximo a porta, no ponto cego dele, por isso assim que o homem levantou o fuzil Jungkook acertou um chute na arma, lançando-a para longe. Ele fechou a porta com um empurrão de seu pé, enquanto prendia o pescoço do homem em seus braços, o ouviu ofegar sobre o aperto, antes de uma dor intensa se abater em sua costela, o que o fez gemer dolorido e acabar por afrouxar um pouco o aperto, que o homem não tardou a se livrar. Jungkook sentiu seu braço sendo segurado e seu colarinho também, teve tempo apenas de arregalar os olhos quando soube o que ele faria, pois seu corpo foi lançado para frente e foi derrubado no chão sem qualquer delicadeza. Assim que suas costas colidiram no chão, Jungkook curvou sua coluna por conta da dor intensa que sentia naquela região.
Segundos após o gemido de dor sair de seus lábios, ele sentiu o homem subir em seu corpo com o punho levantado, apenas arregalou os olhos novamente e encarou o homem antes de sentir o impacto em seu rosto para apagá-lo, mas o impacto não veio. Mas assim que seus olhos se conectaram, uma onda tão forte quanto um tsunami, varreu qualquer vestígio de dor ou medo, pois Taehyung lhe encarava com a mesma pavidez que ele, mantendo o contato visual de maneira intensa e surpresa. Mas que não durou muito, pois o corpo dele foi retirado de cima do seu em um solavanco.
— Não machuquem ele! — Jungkook disse rápido para Namjoon e Hoseok, que seguravam Taehyung pelos braços.
— Ele ia te apagar, Jungkook — Hoseok disse confuso e Jungkook apenas mantinha contato visual com Taehyung, que o encarava em choque.
— Ele não vai me machucar, pode soltar ele — Jungkook se aproximou de Taehyung e os dois o soltaram.
— Jungkook…? — Taehyung tocou em seu rosto com as mãos trêmulas, em estado de choque. Jungkook sorriu e segurou em sua mão, que ainda estava sobre sua bochecha.
— Oi Tae — seu sorriso aumentou ainda mais e viu Taehyung soltar sua respiração de maneira entrecortada à sua frente. — Eu disse que eu ia voltar, não disse?
Jungkook via de perto o rosto de Taehyung, que agora não tinha mais nenhum hematoma ou ferida, vendo seus belos olhos castanhos escuros lhe encarando com intensidade antes de ficarem úmidos. Taehyung avançou em sua direção, prendendo-o em seus braços com força e os dois ficaram de joelhos, eles se abraçaram com verdadeira saudade, fungando no ouvido um do outro por finalmente estarem onde queriam, no conforto dos braços de suas paixões. Taehyung apertava seu corpo contra ele, como se fosse desaparecer a qualquer instante e os dois estavam chorando, sem se preocupar com a plateia, apenas apreciando a presença um do outro.
— Eu sabia que você estava vivo, eu sabia! — Taehyung se afastou para encarar seu rosto novamente com um sorriso nos lábios.
— Eu prometi que eu ia voltar para você — sorriu e Taehyung selou seus lábios demoradamente.
— Eu acreditei fielmente nisso — ele sorriu juntando suas testas.
— Desculpa interromper o momento lindo de vocês — Hoseok pigarreou antes de falar. — Mas a gente precisa ir.
— Certo! — Jungkook se levantou e Taehyung fez o mesmo. — Agora que o Tae está aqui, podemos ir, até agora deu tudo certo.
— Então vamos, estão todos no subsolo esperando por nós — Namjoon disse e Hoseok colocou a mochila de sua mãe nas costas.
— Por favor, me diga que não foi vocês que mandaram a mensagem em código morse — Taehyung disse com um olhar preocupado e Namjoon assentiu.
— Fomos nós, Jungkook disse que precisamos avisar você, caso estivesse nos muros — explicou e Taehyung fez uma careta.
— O que foi? — Jungkook perguntou preocupado.
— Temos um problema — Taehyung disse com uma expressão tensa.
— Que problema? — Hoseok perguntou e todos no quarto se assustaram quando a sirene da fortaleza começou a soar, sinalizando que estavam sendo invadidos.
— Esse é o problema — Taehyung suspirou. — Quando eu decifrei a mensagem achei que fossemos ser invadidos, minha família está aqui, então pedi para avisarem ao San e corri para cá.
— Fodeu! E agora? — Hoseok olhou para Namjoon.
— Hora do plano B — Namjoon disse indo até a porta e Hoseok assentiu.
— Que plano B? — Taehyung perguntou enquanto Jungkook o arrastava para fora do alojamento junto com os outros dois.
— O plano era entrarmos e sairmos em silêncio — os dois viram o momento em que Hoseok apontou a flare gun para cima e disparou, lançando o sinalizador para o alto. — Agora é tentar não morrer.
— Legal, gostei desse plano — Taehyung disse irônico.
Jungkook viu as pessoas começarem a correr de um lado para o outro, Namjoon e Hoseok correram em direção ao subsolo, onde os soldados provavelmente estavam saindo para dar suporte a eles, agora era sua vez de agir. Soltou a mão de Taehyung, pedindo para ele segui-lo, vendo-o assentir. Sua parte parecia simples, a distração já havia sido lançada, agora era a hora de abrir caminho para eles. Os guardas de San estavam todos armados, olhando para todos os lados sem saber de fato o que estava acontecendo, ou o que deveriam fazer, pois viram apenas um sinalizador, mas sem sinal de invasores como a sirene indicava, estavam como baratas tontas olhando em volta.
O que era ótimo, suas atenções estavam dentro dos muros.
Assim que escutaram um tiro alto, Jungkook e Taehyung se abaixaram instintivamente, olharam em volta e viram San andando com uma pistola na mão, apontando para o alto no centro da confusão de pessoas, que não tinham para onde correr, pois ao fundo puderam ver os soldados com armas apontadas para elas, junto a Namjoon e Hoseok. As pessoas em cima dos muros apontaram as armas para eles e ficaram daquela forma, todos sobre as miras uns dos outros sem atirar em ninguém. As pessoas agora estavam reunidas no centro da fortaleza, entre o portão e os soldados de Namjoon.
— Taehyung eu vou distraí-los, quero que abra o portão dos fundos da fortaleza enquanto isso — Jungkook disse baixinho, vendo Taehyung franzir o cenho e encará-lo.
— O que? Os infectados podem entrar e matar as pessoas.
— Confia em mim, se der tudo certo ninguém vai morrer. As pessoas que vão entrar limparam a área em volta da fortaleza. — Taehyung o encarou alguns segundos antes de assentir.
Taehyung se afastou de si e correu para trás de um dos alojamentos, enquanto Jungkook ia abaixado até o portão principal da fortaleza, todos estavam concentrados com o que acontecia no centro, até mesmo os guardas que estavam em cima dos portões, por isso sorrateiramente Jungkook caminhou até ele. Ouvia a voz de San e de Namjoon ao longe, era o plano deles, tentar barganhar antes de lutar, para que ninguém saísse ferido daquele lugar. Quando alcançou o portão, olhou para trás para confirmar que ninguém o impediria e o mais silenciosamente possível, abriu as grandes trancas do portão. Ele respirou fundo e o puxou, abrindo uma brecha, vendo que Seokjin e seus homens estavam ali, apenas aguardando. Jungkook sorriu para ele e virou-se de costas.
— San! — Jungkook gritou de onde estava, caminhando até o centro da confusão, vendo as pessoas abrirem caminho, deixando San no centro, entre Namjoon e ele. — Se entregue.
— Olha só, se não é a nossa querida Madalena — San disse com sua voz repleta de sarcasmo. Jungkook viu sua aparência notavelmente abatida e estranhou. — Como conseguiu sobreviver e trazer todos esses amiguinhos?
— Lembra que antes de ir para o subsolo eu te falei que você estava tentando matar sua única chance de sobrevivência? — Disse vendo-o franzir o cenho, tinha certeza Seokjin e todos os seus homens estavam atrás dele, com as armas apontadas para San. — Eu estava dizendo a verdade, eu sobrevivi, pois eu sou imune ao vírus dos infectados.
— Imune…? — Viu ele juntar ainda mais as sobrancelhas e encarar alguém no canto de um alojamento. Jungkook seguiu seu olhar, vendo um garotinho escondido entre as paredes de uma instalação, no escuro. — Igual o Taehyung?
— Foi meu sangue que deu imunidade a ele — respondeu um tanto surpreso por Taehyung ter revelado aquilo a San. Jungkook olhou em volta, para as pessoas que estavam ali. — Podem não acreditar, mas meu sangue pode dar imunidade a vocês, deixá-los iguais a Taehyung, invisíveis ao vírus.
— Mentira — San disse apontando a pistola para seu peito, fazendo todos os soldados atrás de si, mirarem nele.
— San, como você acha que sobrevivemos lá fora com tantas pessoas? Idosos, bebês e crianças? Minha mãe é biomédica, ela fez uma vacina, todos do meu grupo estão imunes — Jungkook insistiu. — Todos esses homens arriscaram a vida deles vindo até aqui para resgatar a minha família, por um pedido meu. Por que fariam isso? Porque a doutora que faz a cura estava aqui, porque eu dei minha palavra que daria meu sangue para proteger a família deles.
— Estamos dispostos a perdoar o que você fez, San — Namjoon disse atrás dele, ganhando sua atenção. — Estamos observando essa fortaleza há três dias, se quiséssemos matar vocês, já teríamos feito isso, queremos convencê-lo a desistir.
— Vem com a gente — Seokjin disse atrás de Jungkook, atraindo a atenção das pessoas. — Temos um lugar seguro, sem muros, com alimentos e com espaço. Ninguém precisa se machucar.
— Você quer um futuro bom para o Jae, San? — A voz de Taehyung soou alta atrás de Namjoon e seus homens, que abriram caminho para ele e os soldados que estavam do lado de fora passarem. San pareceu se afetar com o que ele havia dito. — Pensa que se vier com a gente, você não precisará dar uma faca a seu irmão para ele se proteger, porque não terá necessidade, ele estará seguro dos monstros.
— Todos vocês estarão — Jungkook completou, olhando para o rosto das pessoas à sua volta. — Eu prometo que farei o meu melhor para imunizar a todos, vamos parar de lutar, vamos parar de sobreviver e voltar a viver.
Todos ficaram em silêncio absoluto, com expressões muito confusas em seus rostos e respirações altas, olhavam uns para os outros em dúvida, estava nítido que não sabiam o que pensar ou o que fazer. Enquanto planejavam como iriam invadir a fortaleza no refúgio, Namjoon disse para evitarem matar as pessoas, evitarem matar mais sobreviventes, pois tudo o que tinham naquele momento, era uns aos outros. Jungkook ficou com aquilo na cabeça, se ele tinha o poder de curar as pessoas, ele tinha um propósito e o cumpriria, não desistiria de tentar, mesmo que quebrasse a cara no final, se ele desistisse, quem faria o que ele não fez?
— Vamos, San — Jungkook chamou a atenção dele, que estava distraído olhando para o chão. — Olhe para as pessoas deste lugar, todos constantemente assustados. Eles vão segui-lo se você escolher vir com a gente. Não tem porque lutar mais, não precisa ser o mais forte para sobreviver conosco.
— Eu-
— San — Jinyoung disse dando um passo à frente, ele estava no meio das pessoas, de mãos dadas com outro homem. — Não precisa mais ser o forte e inabalável Choi San, o Jae ficará seguro, não é isso o que você mais preza? A segurança dele?
— Claro que é — ele disse com um tom ofendido.
— Então, não tem porque ficar expondo ele ao perigo, vamos dar um voto de confiança neles… Por favor, só dessa vez, não escute o medo, escute a razão.
Jungkook viu o olhar de San ir em sua direção e depois para Jinyoung, mas voltar para si novamente, parecia estar em um conflito interno.
— Você vai mesmo ajudar a gente? — San perguntou, ele parecia bastante ansioso. — Depois de tudo o que eu fiz?
— Perdoar não é esquecer San, quero deixar claro, eu nunca vou esquecer o que você fez comigo e com Taehyung — disse serio, vendo San engolir em seco. — Mas perdoar é deixar a pessoa tentar se redimir, eu vou dar essa chance a você. Está claro que você está considerando essa ideia por conta de seu irmão, você não confia em nós, mas está fazendo isso pelo bem dele, então para mim está de bom tamanho.
Jungkook foi sincero em suas palavras, ele jamais esqueceria o que San fez com ele e com Taehyung, de que ele tentou matar Jimin, talvez estivesse dando um tiro em seu próprio pé, mas ele iria confiar no olhar assustado que ele deu em direção ao menino escondido entre as instalações. Ele tinha alguém importante e faria de tudo para não perdê-lo, ele confiaria naquele sentimento, confiaria que mesmo após ações tão ruins, as pessoas conseguissem mudar e se redimir. Ele não era deus, não era nenhuma outra divindade, não era melhor que ninguém, por isso não cabia a ele condenar San, que apenas abaixou a arma e a cabeça, assentindo.
Namjoon sorriu de onde estava e pediu aos seus homens para abaixar as armas, igualmente Seokjin e os soldados atrás de si. Jungkook sorriu, viu Jinyoung correr em direção a San e lhe abraçar, sendo retribuído de maneira contida e tímida, viu que San sussurrou algo baixinho em seu ouvido e Jinyoung assentiu com um sorriso emocionado. Jungkook levou seu olhar para Taehyung e viu que ele o encarava com um sorriso orgulhoso nos lábios, todos em volta dos dois pareciam aliviados, mas para os dois existiam apenas eles ali, sorrindo um para o outro de maneira sincera e apaixonada.
— San… — Uma voz sôfrega e baixinha soou um tanto distante.
Quando todos voltaram sua atenção para o garoto, que se escondia entre as instalações, provavelmente Jae, o irmão de San que Taehyung mencionou, estava com uma expressão sofrida, enquanto um infectado segurava seu cabelo e mordia seu ombro com força, a ponto do sangue minar e sujar as roupas do garoto. Jungkook arregalou os olhos quando o infectado largou Jae como se ele não fosse nada e se ergueu, ele vestia roupas brancas, galochas amarelas e tinha um facão em sua mão direita, seu olhar era analítico e desdenhoso. Jae caiu no chão junto a um soluço, enquanto o infectado tentava se esconder nas sombras novamente, dando passos cautelosos para trás.Mas antes que ele pudesse se esconder na escuridão novamente, olhando para todos com o olhar vidrado e penetrante, uma bala atravessou sua cabeça e ele caiu sobre a neve atrás de Jae, que chorava. Jungkook olhou para San, que estava com uma expressão desesperada e com a arma apontada para onde o infectado estava, por conta do frio deu para notar a fumaça saindo do cano da arma. Viu ele correr em direção a seu irmão em prantos e largou a arma ao lado de seu corpo, antes de abraçá-lo, com os joelhos na neve, o soluço que ele deu foi tão alto e quebrado que doeu ouvir.
— Não, não, não, não… O Jae não, o Jae não — San chorou abraçado ao corpo de seu irmão, que chorava em seus braços também. — Por favor, o Jae não!
Seu choro estava alto e ele fazia um carinho nos cabelos de Jae, que agora tinha a face chorosa tomada por veias escuras. Jungkook viu o momento exato em que as veias sumiram por entre os cabelos lisos de Jae e ele desabou nos braços do irmão. San começou a gritar de maneira desesperada, quando o corpo em seus braços começou a tremer. Jungkook, sentindo seu peito apertar, olhou para Taehyung, que tinha a expressão chorosa e olhava para ele de maneira agoniada, em uma comunicação visual os dois caminharam até San, que levantou a arma para os dois.
— FIQUEM LONGE! — Ele gritou por entre o choro e os dois pararam no lugar com as mãos erguidas.
— San ele vai se transformar — Jungkook disse com um bolo na garganta. — Vai infectá-lo.
— NÃO ME IMPORTO! — Soluçou, a arma estava tremula em sua mão, enquanto seu braço abraçava o corpo de Jae. — Não me importo mais…
— Deixa a gente te ajudar — Taehyung tentou barganhar, mas San negou, a arma pendeu para baixo como se pesasse toneladas.
— Vocês vão matá-lo! — Chorou, mas largou a arma no gelo e abraçou o corpo de Jae. — Eu quero ir junto com ele.
— San! — Jinyoung gritou em desespero de onde estava.
Jungkook e Taehyung aproveitaram que ele largou a arma para ir em sua direção, mas Jae já havia aberto os olhos novamente e apenas afundou seus dentes no braço de San, que nem pareceu se importar com a dor, apenas continuou abraçando-o. Quando chegaram até ele não puderam fazer nada, San já havia sido mordido e agora a infecção subia por seu braço, enquanto ele cantarolava baixinho por entre as lágrimas, fazendo carinho nos cabelos, enquanto ninava Jae em seus braços. Jungkook sentiu seus olhos pesados pelas lágrimas, ainda mais com a cena. Seu coração se despedaçou em vários pedaços, San levantou a cabeça para eles, quando as veias alçaram seu maxilar e bochechas.
— Nos enterre juntos, por favor — foi a última coisa que San disse, antes de cair na neve e convulsionar.
Jungkook sentiu um soluço irromper por sua garganta, enquanto via Jae se levantar devagar e encará-los de perto, com o olhar vazio, mas com as bochechas molhadas por conta do choro. Taehyung deu alguns passos até ficar de frente para ele, virou seu corpo com delicadeza e cobriu seus olhos com as mãos, soluçando com as lágrimas banhando sua face. Quando San parou de se mexer, Jungkook foi até ele, que se levantou e o encarou também, com o olhar tão vazio quando de Jae; Jungkook fungou antes de virá-lo e cobrir seus olhos também.
~♥️~
Balinha?
Gente vão beber água pelo amor de deus, nunca pedi nada para vocês...
Sim, eu mudei o nome do "Rastreador" para "Espreitador" porque acho que combinou mais kkkkkk
Preparados para o último capítulo?
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#ZOTAEKOOK
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