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Kim Taehyung

Era difícil ouvir o choro de Doyeon, Taehyung não sabia o que dizer, o que fazer para consolá-la, ou se devia fazer aquilo, pois ela chorava copiosamente na sua frente se comparando ao homem que havia causado toda aquela destruição. Ele não sabia o que pensar sobre isso, ela realmente havia feito coisas chocantes, mas se parar para analisar, ela errou tentando acertar, seria sensato condená-la por erros do passado? Sendo que ela mesma estava se castigando quanto aquilo? Ele não sabia, mas estava vendo a sua frente a mulher que trabalhou com ele há anos, a mulher que colocou a pessoa que ele amava no mundo. Não importou se ela estava errada ou não, tudo o que ele fez foi abraçá-la.

Doyeon chorou ainda mais alto em seus braços, segurando em seu casaco com força e deixando todas as lágrimas acumuladas saírem. Taehyung apenas esperou, enquanto acariciava seus cabelos, ele aguardava seu choro cessar ou diminuir, ela soltava murmúrios e soluços durante o choro como uma criança desamparada pelos pais. Mesmo sendo adulta, mãe e profissional, ela ainda era uma pessoa como qualquer outra, então Taehyung tentou ser empático, ela havia errado, mas vê-la chorar por isso era a prova de que ela se arrependia. Ele daria a chance de ela se redimir, pois não cabia a ele julgar suas ações.

— Está tudo bem, tenho certeza que o Jungkook não te culpa por nada disso. Porque de fato, não foi culpa sua — Taehyung disse com a voz serena, vendo Doyeon se afastar para  limpar as lágrimas.

— Mesmo que eu não tenha sido a causa principal, eu fui a cúmplice — ela disse se recuperando do choro. — Quando Nomin começou com isso anos atrás, eu o ajudei, pesquisamos e descobrimos juntos as doenças originárias do vírus RDC. Que eram a Raiva e a Doença do Desgaste Crônico, que foi o que gerou o nome do vírus e da pesquisa. Eu o ajudei a catalogar, estudar e classificar tudo sobre essas doenças, eu não sei como de fato o vírus foi criado, ou como ele conseguiu fundir as duas. Mesmo eu tendo queimado alguns arquivos e sumido com outros, ele conseguiu causar todo esse estrago.

— Você tentou Doyeon, isso é o que importa.

— Mas não foi o suficiente. Olha o que ele fez, ele causou um genocídio em massa, uma pandemia apocalíptica e a única forma de parar isso é com o sangue de uma só pessoa. E para deixar tudo ainda pior, essa pessoa é meu único filho! Meu filho que eu sequer sei se está vivo, ou caído sem vida em algum lugar daquele subsolo — sua voz embargou novamente.

— Ele está vivo, isso eu posso afirmar com todas as palavras, eu sei disso, eu acredito nisso — Taehyung disse com toda a sua convicção.

— Fico feliz que Jungkook tenha encontrado alguém como você.

— Sendo sincero, eu que agradeço por tê-lo em minha vida. Acho que eu nunca tinha me apaixonado antes, pois nada chega perto do que eu sinto por Jungkook — Taehyung sorriu e Doyeon sorriu junto a ele. — Mas mudando um pouco de assunto… Me explica melhor essa história da Yuna ser vítima de um acidente da corporação?

— A Yuna era filha de uma cientista de nossa corporação, por culpa de uma exposição a bactéria, ela acabou adoecendo. A mãe dela estava estudando essa bactéria sob ordens minhas, quando Yuna começou a apresentar os sintomas, ela tentou fazer com que a corporação pagasse por um acidente de trabalho, mas era expressamente proibida a entrada de crianças no laboratório, justamente para evitar acidentes. Após uma briga na justiça, nossa corporação foi isenta por conta da irresponsabilidade da mãe e porque tem cura para meningite. Ela mesmo havia feito Yuna entrar em contato com a bactéria e conseguimos provar por conta das câmeras de segurança, mas mesmo assim paguei para ela manter sigilo sobre aquilo.

— A mãe da Yuna fez ela adoecer propositalmente? — Taehyung perguntou chocado e Doyeon assentiu.

— Sim, ela queria ganhar dinheiro em cima da gente, mas não conseguiu. Tudo o que ela conseguiu foi quase matar a Yuna, que estava apresentando sintomas severos de Meningite. Naquela época ela tinha apenas quatro anos, era uma garotinha muito falante e alegre, mas depois daquilo ela ficou extremamente abatida e reclusa.

— Tá, mas isso não explica o porquê da sua culpa.

— A bactéria da qual ela havia sido contaminada foi analisada e alterada em laboratório por mim, não era para entrar em contato com nenhum ser humano, apenas os ratos do laboratório. Eu estava tentando alterar a composição da bactéria para tentar descobrir alguma coisa útil para ajudar no tratamento tanto de pessoas quanto de animais, pois mesmo tendo cura, ela ainda mata — Doyeon suspirou. — Yuna teve contato com uma dessas amostras, o que tornou tudo ainda pior, porque Yuna tinha o sistema imunológico frágil porque nasceu de um parto prematuro, então aquela bactéria quase a matou. Mesmo conseguindo salvar a vida dela, por causa das complicações da doença, Yuna teve uma surdez bilateral grave. Ela não escuta quase nada, apenas ruídos muito altos, como explosões e tiros.

— Nossa…

— Se a mãe dela tivesse cuidado da doença no início, talvez Yuna não tivesse tido nenhuma sequela. Mas agora ela é uma garotinha retraída porque não quer interagir com outras crianças, mesmo eu fornecendo a ela todo um acompanhamento profissional de um professor de educação especial… Não adiantou, Yuna aprendeu libras e a ler lábios, mas não quis se relacionar com outras crianças. Quando ela estava com vocês, foi a primeira vez que eu a vi sorrir depois do que aconteceu, então sim, ela sabe falar como qualquer outra criança, mas não gosta de não poder escutar a própria voz.

— Isso também não foi sua culpa Doyeon, você não tem controle sobre as outras pessoas, não se culpe por um erro delas. Mesmo que tenha sido algo feito por você, não foi criado com esse intuito, foi um infeliz acidente — Taehyung disse vendo-a sorrir com os olhos marejados. — Você e o Jungkook tem isso em comum, se culpar ou se sentir mal por coisas que estão além de seu controle. Embora eu ache que carregar a morte do pai seja realmente algo pesado de lidar.

— Eu amei Nomin, amei muito. Mas o que ele fez foi abominável, ele causou uma ameaça tão grande que provavelmente irá trazer a extinção humana, talvez até dos animais, agora que ratos também contraíram o vírus — Doyeon suspirou. — Eu sabia que a morte bateria em sua porta em algum momento, inclusive eu estava me preparando para essa notícia no laboratório. Mas eu esperava que o que faria isso acontecer seria o vírus, não Jungkook.

— Ele com certeza deve ter escutado algo muito ruim dele para ter feito o que ele fez, não o condene por isso, ele se culpa muito pelo acontecido. É mais do que nítido.

— Não o condeno, jamais faria isso. Eu mesma mataria Nomin com minhas próprias mãos se ele tentasse algo contra meu filho novamente, mas acontece que ele o encontrou antes de mim.

— NÃO DEIXA ELE FUGIR! — Escutaram a voz de uma mulher gritar do lado de fora e Taehyung se levantou para ver o que era. Tinha um grupo de pessoas com vassouras e ratoeiras nas mãos.

— O que estão fazendo? — Taehyung perguntou vendo um homem acertar a vassoura no rato várias vezes.

— Depois de conversar com San, eu disse a ele que eu era uma biomédica — Doyeon fez uma careta. — Porque eu estava tentando dizer sobre a infecção pelos ratos e ele não queria me ouvir, então eu tive que provar que entendia do assunto. Enfim, depois que eu contei que a teoria de que os ratos podem transmitir o vírus para nós, eles fizeram uma força tarefa para tirar os ratos da fortaleza.

— Inclusive eu preciso falar com o San sobre isso aqui — Taehyung levantou sua mão esquerda, mostrando a ferida feita pelo infectado. Estava vermelha e um tanto inchada.

— Deixa eu limpar isso antes que infeccione mais e você perca seus dedos — Taehyung a encarou horrorizada e ela riu, caminhando até as coisas de Mina. — Vai doer, vou logo te avisando, vai lavar a mão com sabão e depois vem para cá que eu vou passar álcool.

Taehyung murmurou um xingamento e foi fazer o que Doyeon pediu, pois não adiantava ficar adiando o inevitável, ele e o álcool eram almas gêmeas e o pior de tudo era que não era o álcool que ele gostava de beber. 

Quando já estava liberado por Doyeon, Taehyung caminhou para fora de seu alojamento, indo em direção a sala de San para conversar com ele, precisava saber qual seria a chantagem da vez. Mas enquanto caminhava notou sua mãe e irmã comendo junto com Yuna, resolveu fazer companhia a elas também, pois estava faminto; o que deixaram para ele comer naquele quarto não foi o suficiente, talvez por acharem que ele ia se tornar um dos “monstros”, mas apenas o necessário para ele não morrer de fome. Por isso pegou sua comida sob os olhos assustados e incriminadores das pessoas, ele tentou ignorar e foi se sentar com sua família.

Ele se sentia como se estivesse no laboratório novamente, todos lhe encarando como se ele fosse alguma aberração do circo dos horrores, todos os olhos incisivos não lhe incomodavam, por isso foi fácil ignorar. Quando terminou seu café da manhã que consistia em um pão sovado, leite e alguns biscoitos, ele suspirou aliviado, era pouco, mas o suficiente para aguentarem até a tarde onde seria servido o almoço. Yuna estava sentada em seu colo enquanto sorria para ele. Durante uma de suas saídas, Taehyung achou uma boneca pequenina e acabou pegando para levar para a fortaleza, quando voltou com ela em mãos, foi recebido calorosamente pelos braços pequenos e um sorriso imenso de Yuna ao ver seu presente, pois sua antiga boneca estava muito suja.

— Tae, eu acho que você ganhou um admirador — Sooyeon disse rindo. Taehyung franziu o cenho e olhou em direção onde sua mãe apontava, vendo Jae o encarando sentado nas escadas de um alojamento.

— Ele fica te procurando pelos lugares, é fofo — Jisoo disse rindo.

— Eu vou lá falar com ele — Taehyung se levantou com Yuna no colo e caminhou até Jae, que ajeitou a postura quando notou que ele caminhava em sua direção. Quando ficou a poucos passos de distância, sorriu para ele. — Podemos sentar aqui com você?

— Claro! — disse com um sorriso pequeno. — Quem é ela?

— Yuna, minha filha de consideração — Taehyung disse sorrindo, ajeitando ela em seu colo.

— Oi Yuna! — Jae estendeu sua mão a ela e ela sorriu, aceitando o comprimento e apertando as mãos. Ela fez um gesto com sua mão direita quando desfez o aperto e Jae curvou a cabeça em confusão.

— Ela disse “oi” em língua de sinais — Taehyung sorriu e depois fez uma careta. — Quer dizer, eu acho, não sou fluente em libras, mas acho que ela disse isso. — Riu e Jae o acompanhou.

— Como foi os dois dias preso naquele quarto? — Perguntou com curiosidade explícita na voz.

— Bem entediante, mas suportável graças ao HQ que você deixou para mim na porta, obrigado!

— De nada — Jae sorriu. — Aqui tem uma sala cheia de livros, fica perto do subsolo, escondido atrás de uma porta trancada, lá tem vários livros.

— Você pegou esses quadrinhos lá? — Taehyung perguntou confuso e Jae assentiu. —  Uau, acho que a pessoa que ficava lá dentro também estava entediada com o trabalho dela para trazer quadrinhos para uma base do exército.

— O San nem sonha que eu peguei a chave daquela porta, então não conta para ele, por favor.

— Minha boca é um túmulo.

— Obrigado por salvar minha vida naquele dia — Jae disse olhando para suas mãos juntas. 

— Não fiz nada de mais — Taehyung sorriu docemente para ele.

— O San ia ficar louco sem mim — Jae disse olhando para o chão, esmagando a neve com a sola de seu sapato. —  Ele teve que matar nossos pais, porque eles viraram monstros também. Depois daquilo ele ta meio estranho, parece estar sempre irritado com tudo, mas ele é muito legal. Ele ficou muito tempo no exército, voltou de lá mais rígido depois que o superior dele foi preso por assédio, por isso eu acho que ele tá assim.

— Espera aí — Taehyung disse confuso. — O superior dele foi preso por assédio?

— Sim, eu não sei o que ele fez com meu irmão, mas ele ficou bem mal — Jae olhou para Taehyung, que prestava atenção na conversa. — Meu irmão foi parar no hospital por causa daquele homem, mas ele nunca me falou o que ele fez. Foi por causa daquilo que o homem foi preso.

Taehyung encarou as mãozinhas de Yuna, que fazia penteados no cabelo de sua boneca, alheia ao que falavam. Jae parecia perdido em seus próprios pensamentos, usando a sola de sua bota para amassar a neve e no chão, parecia angustiado com aquilo e Taehyung não quis perguntar mais nada sobre o assunto. Em sua cabeça ele se perguntava se aquele era o motivo de San ser tão avesso ao relacionamento homossexual, por ter algum trauma pessoal envolvendo esse assunto, mas como era tudo baseado em achismos, ele não podia tirar uma conclusão exata e certamente ele não perguntaria sobre aquilo.

Mas se um superior do exército havia sido preso, algo de ruim ele deveria ter feito, por isso suspeitou ser somente “assédio”.

Taehyung afastou seus pensamentos quando Jae voltou a falar com ele, deixando aquele assunto totalmente para trás e o enchendo de perguntas sobre sua imunidade ao vírus, o que claro, fez Taehyung sorrir pela curiosidade. Passaram bastante tempo conversando ali, Yuna estava no chão, fazendo um mini boneco de neve com o gelo acumulado, mas parando de vez em quando porque suas mãos ficavam muito frias e Taehyung as esquentava com as suas. Ficou tão entretido com a histórias de Jae, que nem se tocou do tempo passando, sua mãe chamou Yuna para irem almoçar e levantou-se junto a Jae para fazer o mesmo. Mas foi impedido por San, que apareceu sozinho e com uma arma presa em sua cintura para impedir sua passagem.

— Jae vai almoçar, preciso falar com o Taehyung um pouco — disse com a voz mansa, um tom que Taehyung não estava acostumado a ouvir dele. 

— Tá bom — se afastou acenando para Taehyung. — Tchau, Tae!

— Tchau, Jae! — sorriu acenando para ele também. Quando Jae estava parado na fila do almoço, longe dos dois, Taehyung encarou San. — Hora de conversar?

— Sim — foi tudo o que ele falou antes de virar as costas e começar a caminhar. Taehyung ajeitou seu casaco de frio e colocou suas mãos nos bolsos, antes de ouvir a voz San novamente. — Obrigado por salvar o meu irmão.

— Não fiz nada demais — disse caminhando no encalço de San, que não disse mais nada e nem se virou para se certificar de que estava sendo seguido. Taehyung imaginou que aquele seria o máximo de simpatia que teria dele.

Caminharam até o escritório de San, vendo todos saírem de seus alojamentos para irem almoçar, a fila era grande, pois eram muitas pessoas para pouca comida e ninguém queria ficar sem comer. Taehyung só esperava que sobrasse comida para ele quando a conversa com San acabasse, porque não aguentaria de jeito nenhum esperar pela janta, sendo que o café da manhã em si não havia sido suficiente para suprir sua fome. Quando chegaram ao escritório de San, ele tirou um molho de chaves do bolso e sem demora abriu a porta, mas paralisou no lugar assim que colocou seus pés dentro da sala, curioso Taehyung deu uma espiada e chocou-se com o que viu.

Jinyoung estava aos beijos com outro cara, que Taehyung identificou como um dos responsáveis pela patrulha noturna dos muros. Eles estavam alheios às duas presenças no lugar e a julgar pelo corpo paralisado de San a sua frente, ele não iria reagir, por isso Taehyung pigarreou quando viu que o beijo entre os dois estava esquentando demais. Jinyoung e o cara se afastaram rapidamente, como se seus corpos tivessem levado um choque e seus olhos se arregalaram ao ver San parado na porta. O homem junto de jinyoung rapidamente saiu do escritório, passando pelos dois como uma bala, enquanto San permanecia imóvel na porta, encarando seu hyung, que mordia o lábio inferior nervosamente e juntava suas mãos em frente ao corpo.

— Vocês deveriam estar almoçando… — Jinyoung disse cauteloso, atento às reações de San, que permaneceu em silêncio.

— Viemos conversar em particular — Taehyung respondeu, vendo Jinyoung assentir.

— Há quanto tempo? — San disse de repente.

— San… — Jinyoung fez uma expressão tristonha.

— Só responde hyung, há quanto tempo vocês estão juntos?

— Desde que estávamos em Incheon — disse sincero e Taehyung viu San resfolegar. 

— Estão juntos há tanto tempo e nunca me contaram? Esperaram que eu pegasse vocês no flagra para descobrir? — Seu tom não soou nada além de magoado.

— Porra, San! Você queria que eu fizesse o que? — Jinyoung se alterou e passou as mãos nos cabelos, ele parecia estar tremendo. — Que eu fosse contar para você que eu e o Yugyeom estávamos namorando? Você que sempre foi super homofóbico com todo mundo?

— Eu não…

— Não, San, você iria sim me criticar como fez com todo mundo! Não adianta dizer que não, olha o que você fez com o namorado do Taehyung! — Jinyoung gritou e o coração de Taehyung se apertou com sua fala. San começou a ficar ofegante a sua frente. — Você ridicularizou os dois quando eles disseram que eram namorados, você não consegue conter isso.

— Hyung — San disse com a voz embargada. 

— Você não pode condenar todos os gays pelo comportamento nojento de um, San, como também não pode descontar suas dores em outras pessoas — Jinyoung parecia sem controle, dizendo tudo o que estava entalado em sua garganta. — Eu aturei tantas ofensas suas, tantas palavras horríveis, eu tentei ignorar isso, juro que eu tentei, porque eu sabia que aquele San brincalhão e sorridente estava aí, em algum lugar. Mas não dá mais, eu não vou me afastar do Yugyeom só porque você não consegue conter o seu preconceito.

— O que você quer dizer com isso? — Taehyung podia ver a postura de San decair a cada palavra de Jinyoung. — Você estava só me aturando esse tempo todo? Se te incomodava tanto era só ter me dito! Eu pararia e você sabe disso!

— Não, você não teria parado — disse com os olhos marejados. — Porque você quer que todos fiquem amargurados como você é, que todos tenham um relacionamento abusivo como você teve. Você quer que as pessoas sintam o que você sentiu e desistam de tentar igual você desistiu.

Taehyung prendeu a respiração ao ouvir aquilo, pois foi doloroso até mesmo para ele ouvir. San ficou paralisado ao ouvir aquilo, apenas a sua respiração alterada cortava o silêncio absoluto do lugar. Jinyoung parecia em estado de choque, evidentemente arrependido do que havia acabado de dizer, ele deu um passo em direção aos dois parados na porta e San deu um para trás, batendo suas costas no peito de Taehyung antes de se virar e sair às pressas para longe. Jinyoung passou as mãos no cabelo de forma inquieta, parecia estar tendo alguma crise, pois começou as resfolegar e chorar.

Taehyung permaneceu em silêncio, sem saber se saía, ou se oferecia alguma ajuda, resolveu não dizer nada e sair de lá, pois aquela discussão e o que haviam falado não era de sua conta. Sua mente o amaldiçoava por isso, mas ficou com um pouco de dó de San ao vê-lo sair da sala naquele estado, ele pareceu bem abalado com as coisas que ouviu e teve certeza que naquele momento ele estava chorando em algum lugar. Taehyung caminhou até a fila do almoço em silêncio e comeu igualmente em silêncio, sua cabeça estava a mil pensando na discussão dos dois, não sabia dizer quem estava errado e quem estava certo naquela situação. Por isso permaneceu quieto enquanto fazia sua rotina normalmente.

Durante o dia interagiu com as pessoas de seu grupo e alguns habitantes curiosos da fortaleza, que queriam entender sua imunidade e o porquê de ele ser assim, obviamente ele mentiu dizendo que não sabia. Ficou de guarda no muro como todos os outros dias e ouviu conversas paralelas enquanto estava de vigia, alguns falavam que Jinyoung estava estranho e que San não havia saído de seu alojamento, outros afirmavam que San estava doente e estavam tentando esconder para não levantar fofocas. Taehyung revirou os olhos e continuou com seu trabalho, tentando ignorar os fofoqueiros de plantão.

Estava frio naquela noite, onde ele havia trocado de turno com outra pessoa, pois ele passou seu turno da tarde com sua família antes de ir para a vigília novamente. Naquela noite nevava e ele usava gorro, cachecol e duas meias nos pés para tentar se aquecer, o frio estava deixando seus dedos dormentes e suas bochechas ardidas, mas não podia fazer nada quanto aquilo. O pessoal do turno da noite havia pego um barril e ateado fogo no lixo que havia dentro dele, para fazer uma fogueira improvisada para eles se aquecerem, embora aquilo não fosse o suficiente para mantê-los quentes estava os ajudando a não ter hipotermia. Taehyung agora observava de braços cruzados as nuvens e os pequeninos flocos de neve caindo, conseguia ouvir as pessoas conversando dentro e fora dos alojamentos e ele aproveitou aquela paz. Mas que não durou muito.

— Você tem visto aquele infectado estranho nos três últimos dias? — Jinyoung apareceu ao seu lado de repente. — Disseram que ele não saía do mesmo lugar todas as noites, mas ele não apareceu nos últimos três dias.

— Não reparei nisso, eu estava preso no quarto pelos últimos dois dias, lembra? — Taehyung disse, pegando um rifle de alta precisão e o apoiando no muro, para observar o lugar entre dois muros onde o infectado costumava observar. Mas ele realmente não estava lá.

— É verdade, tinha me esquecido disso — Jinyoung disse vendo-o colocar o rifle de precisão de volta no lugar. — Não vai falar nada sobre o que você ouviu entre o San e eu?

— Você quer que eu fale alguma coisa? — Cruzou os braços, o encarando.

— Eu não sei, queria saber sua opinião, acho que eu fui muito rude com ele. Eu estava com medo que ele me atacasse, então eu ataquei primeiro — suspirou e abaixou a cabeça. — Mas eu fui muito covarde em usar aquilo contra ele. De todas as pessoas desse lugar, apenas eu o conhecia desde antes de entrar no exército, todos aqui são apenas jovens que mal haviam ingressado no alistamento. Então meio que ele só tinha a mim e Jae como apoio...

— Achei pesado o que você disse, mas não é da minha conta — Taehyung deu de ombros. — Não cabe a mim julgar você.

— Mas de qualquer forma, foi pesado, né? Eu estava cansado de esconder que eu gostava do Yugyeom, mas acho que eu acabei me precipitando, o San nunca foi grosso comigo ou com Jae. Acho que eu magoei ele de verdade.

— Onde ele está agora? — Taehyung perguntou após olhar para dentro da fortaleza e não o ver.

— Trancado no alojamento dele com o Jae. Ele vai me evitar agora, vai fingir que não ouviu, nem viu nada e vai me ignorar aqui dentro, ele faz isso quando está chateado. E eu acho que eu fui longe demais, falar sobre homossexualidade causa disforia nele.

— Disforia? O que é isso? — Franziu o cenho confuso.

— Basicamente a homossexualidade causa um gatilho muito forte nele, ele não é homofóbico como eu o acusei, na verdade quando eu o conheci ele era bissexual, mas não assumidamente, você sabe como as pessoas são preconceituosas no exército. Mas por culpa de um cara de lá, ele se tornou o que é hoje, não vou dizer o que o cara fez, mas dá para deduzir pelo o que eu disse hoje né?

— É, dá sim — Taehyung disse vendo um sorriso sem graça surgir nos lábios de Jinyoung.

— O San passou por muita coisa, se ele está assim agora, é por culpa dos outros, mesmo que ele faça coisas horríveis eu nunca o impedi, porque eu sabia que aquilo era consequência das coisas que aconteceram com ele. Não sei se isso é justificativa ou não, mas ele, de verdade, não é aquele monstro que tenta ser.

— Dá para entender um pouco do porque ele é assim, mas isso não vai mudar o fato de que eu o odeio — Taehyung disse com a voz firme e Jinyoung o encarou. — Ele espancou Jungkook, atirou nele e jogou ele no subsolo para morrer. 

— Você o ama muito, não é? Dá para ver do jeito que você fala sobre ele e o quanto fica afetado só de mencioná-lo — Jinyoung sorriu triste. — Eu sinto muito, eu deveria ter impedido.

— Sim, deveria — foi tudo o que Taehyung respondeu.

— Por favor, não conte a ninguém sobre o que você ouviu — disse descruzando os braços e se curvando para Taehyung. — San passa a imagem de chefe inabalável e lidera sobre o ditado “É melhor ser temido, do que amado”. Se souberem o que aconteceu, ele vai perder a confiança de todos aqui e mesmo que tenha feito coisas ruins, ele é um ótimo líder.

— Não vou espalhar, não gosto de fofocas, principalmente se isso vai causar um desconforto na pessoa envolvida — disse soltando um riso nasalado logo em seguida. — Duvido que o San teria essa mesma empatia por mim se a situação fosse inversa.

— Ele só precisa de uma chance Taehyung, ele está cego pelo ódio e pelo luto, mas olhe como ele é quanto está com Jae, aquele é o verdadeiro San — Jinyoung se afastou, descendo dos andaimes que levavam até o topo dos muros.

Taehyung apenas virou para frente, olhando para fora dos muros novamente, pensando nas palavras de Jinyoung e de tudo o que aconteceu nessas últimas semanas. San realmente não implicou tanto com ele quando tiveram de conviver juntos, não implicou com seu grupo, ou causou mais problemas para sua família, contanto que Taehyung cumprisse com sua palavra. Depois que eles chegaram, ninguém mais havia sido jogado no subsolo e mesmo tendo feito isso algumas vezes, as pessoas daquela fortaleza seguiam suas palavras cegamente.

Descendo seu olhar para o chão de terra em volta dos muros Taehyung pôde ver várias valas e algumas cruzes de madeira sobre elas; depois do acidente do cozinheiro com a mordida do rato, os corpos das pessoas mortas foram enterrados do lado de fora. San ajudou a cavar, a carregar e a montar cada uma das cruzes para colocar sobre os túmulos, algumas tinham flores e objetos pendurados, mas o que pareceu acalmar os corações dos habitantes daquele, lugar foi as palavras de consolo de San. Taehyung ainda o odiava, mas concordava com Jinyoung que San era um bom líder.

Distraído com seus próprios pensamentos não notou algo estranho fora dos muros, o que o fez franzir o cenho e pegar novamente o fuzil de precisão e apontar para o alto de um prédio. A fortaleza de Yongin ficava afastada a vários metros das primeiras casas e comércios, havia uma grande estrada de terra, várias valas e armadilhas antes de chegar aos portões, então os prédios ficavam ainda mais longe. Concentrados todos no centro de Yongin, alguns quilômetro de onde estava, mas ainda assim conseguiu ver uma pequena luz branca piscar daquele lugar de maneira contínua. Pela mira do rifle ele viu um refletor piscando e apagando várias vezes.

 —O que é aquilo? — Um homem a alguns passos de distância perguntou parecendo notar aquela luz piscante.

— Parece que alguma luz deu curto no prédio — uma mulher disse frisando um pouco o olhar para tentar enxergar melhor. — Talvez o reflexo da luz da lua em algum vidro.

Mas para Taehyung aquilo não parecia uma luz em curto, pois não havia eletricidade, muito menos o reflexo da luz da lua, que estava encoberta pelas nuvens por conta da neve. Viu que a luz piscava ora rápido, ora lento, até que seus olhos se arregalaram e ele largou o rifle no chão, caminhou até estar na borda da muralha, vendo a neve cobrir o topo do muro deixando-o forrado por ela. Ele encarou a luz piscante e esperou que ela parasse e voltasse a repetir, quando a luz parou por um intervalo maior, ele se preparou, seus dedos foram rápidos em marcar o tempo da luz na neve até a ordem acabar e voltar a se repetir. Taehyung conferiu duas vezes antes de enfim ver o que havia anotado.

... ..- -... ... --- .-.. ---

— O que está fazendo? — O homem se aproximou de Taehyung quando o viu escrever de maneira afoita na neve. Mas não foi respondido, pois Taehyung estava concentrado decifrando aquilo.

— Aquilo não é uma luz quebrada e nem o reflexo da lua — Taehyung disse em estado de euforia. — Precisamos falar com o San agora!

— O que? Por quê?! — Perguntou seguindo Taehyung, que pegou um rifle encostado no muro e correu.

— Aquilo era uma mensagem em código morse — disse descendo as escadas dos andaimes às pressas.

— E o que a mensagem dizia?!

— Subsolo — Taehyung disse paralisando no lugar ao se dar conta de que provavelmente seriam invadidos, mas se realmente eles seriam invadidos, por que os avisaram sobre isso? — Eu preciso ir em outro lugar, ache o San ou o Jinyoung e fale o que eu acabei de te contar.

— Tá bom — ele correu para um lado e Taehyung correu para outro.

Ele precisava ir até sua família e prepará-los para uma possível invasão à fortaleza. Fora os guardas de Doyeon, que eram poucos, eles não saberiam se defender e Taehyung não podia permitir que eles se ferissem. Seus passos eram uma caminhada rápida quando chegou até onde a maioria das pessoas estavam se preparando para jantar, pois não queria criar alarde desnecessariamente, mas assim que chegou em seu alojamento ele não demorou a abrir a porta e entrar. Ele paralisou quando viu dois homens em pé vestidos com roupas camufladas pegando a bolsa de Doyeon, eles olharam para ele de olhos arregalados e Taehyung foi rápido em levantar seu rifle e apontar para os dois, mas foi surpreendido por um chute em sua arma e um mata leão em seu pescoço.

Taehyung soltou um suspiro surpreso e ofegou pelo aperto forte em seu pescoço, por isso não demorou em acertar uma cotovelada forte na costela do homem que lhe segurava e aproveitar seu atordoamento para se livrar do aperto. Taehyung ainda de costas para o homem segurou em seu braço, que antes ele usava para prender seu pescoço, e seu colarinho para tentar derrubá-lo, apoiando o corpo alheio em suas costas. Assim que conseguiu encaixar seu aperto ele curvou suas costas, aplicou força sobre o braço e colarinho, mantendo suas pernas firmes, o corpo do homem ergueu-se do chão e Taehyung derrubou seu corpo com brutalidade.

O homem soltou um gemido dolorido quando suas costas tocaram o chão, o barulho do atrito do corpo no chão do alojamento foi bem alto, tanto que ele curvou as costas por conta da dor. Taehyung sem esperar que ele se recuperasse subiu em seu corpo, erguendo o punho direito enquanto sua mão esquerda segurava o colarinho de sua roupa fardada, pronto para dar o golpe que iria finalizá-lo e encerrar a luta. Mas Taehyung paralisou no lugar com os olhos arregalados, igualmente o homem embaixo de si, mas não teve tempo de acordar de seu transe, pois seu corpo foi segurado e afastado pelos outros dois homens que estavam no lugar.

— Não machuque ele! — O homem que segundos atrás estava embaixo de si gritou para os outros dois. 

— Ele ia te apagar, Jungkook! — um dos homens disse confuso e Taehyung ficou paralisado encarando o homem à sua frente, sem acreditar realmente no que seus olhos estavam vendo.

— Ele não vai me machucar, pode soltar ele — Jungkook se aproximou de Taehyung e os homens o soltaram.

— Jungkook…? — Taehyung tocou em seu rosto com as mãos trêmulas, em estado de choque. Viu o sorriso que tanto amava surgir no rosto jovial de Jungkook e ele segurar em sua mão, que ainda estava sobre sua bochecha.

— Oi, Tae — sorriu, contemplando Taehyung com uma fileira branca de dentes e sua boca formando um coraçãozinho. O coração de Taehyung deu um salto ao reconhecer a pintinha de baixo do lábio inferior. — Eu disse que eu ia voltar, não disse?

~❤️~

Finalmente os Taekook se encontraram!

Nem preciso dizer que as coisas vão piorar né?

Espero que vocês não tenham se apegado muito a alguns personagens  ͡° ͜ʖ ͡°

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