-30
Jeon Jungkook
A dor que sentiu ao ter a bala sendo atravessada em sua carne era mil vezes maior que qualquer outra dor que Jungkook já sentiu, seus olhos marejaram e sua visão pareceu escurecer por alguns instantes. Estava apoiado sobre seu joelho direito, pois sua perna esquerda foi atingida e tudo o que ele queria era que nada encostasse nela. Jimin estava ao seu lado, segurando seu corpo enquanto gritava algo que seus ouvidos não foram capazes de distinguir. Quando ele voltou a abrir os olhos, viu com sua visão embaçada a arma perto de seus pés e tomou ciência do que estava acontecendo.
Sua mente girava em torno da dor pulsante em sua perna, mas sua cabeça ainda conseguia processar o perigo que estavam passando naquele momento. O som ensurdecedor dos tiros devem ter avisado qualquer infectado ocioso que estivesse próximo, sabia que eles viriam correndo em direção a eles. Olhou para baixo, ousando encarar a ferida em sua perna, só para constatar que havia um buraco em sua calça e pele, o sangue saia de sua ferida como a lava saia do vulcão, em uma grande quantidade.
Engolindo toda sua dor ele pegou a pistola que estava próxima a seu pé e tentou se levantar, apenas para chorar ao constatar que não conseguia sequer encostar seu pé no chão. Jimin o ajudou a ficar de pé e se virou de abrupto ao ver um infectado ir em direção a eles. Jungkook mesmo bêbado de dor levantou sua arma e mirou da melhor forma que sua visão permitia, atirou uma, duas vezes até o infectado cair no chão. Ele errou os tiros e teve de usar um terceiro para finalizá-lo, algo que jamais aconteceria se sua cabeça não girasse em torno da dor excruciante que sentia em sua perna.
Ele podia ouvir os gritos de Taehyung atrás dos vidros e de sua família também, Jimin tremia segurando seu braço, apoiando-o em seus ombros. Jungkook virou-se para o vidro, vendo apenas o seu reflexo e as imagens distantes de infectados vindo pelos túneis. Ele engoliu em seco e tirando a coragem do fundo de sua mente ele deu um passo à frente, fraquejando e quase caindo, se não fosse o apoio de Jimin ele certamente estaria no chão naquele momento. Jungkook limpou as lágrimas de seus olhos com a manga de sua blusa e olhou para frente, seu olhar estava determinado, embora houvesse uma centelha de dor entre sua obstinação.
E claro, o sangue escorrendo por sua perna.
— Jimin, você sabe andar pelos túneis? — Disse com os olhos focados a sua frente, atento nos infectados que se aproximavam. Atirou em três deles, não errando a mira dessa vez.
— Jungkook você está sangrando muito...
— Jimin, foca no que eu disse, por favor — tentou dar mais um passo e Jimin o ajudou.
— Não sei andar por eles, apenas sei onde eles irão sair, só os destinos, não as direções.
— Qual é o túnel mais curto?
— Eu não sei... — Jimin mordeu os lábios, ponderando. — O túnel que vai em direção a Suwon deve estar cheio de infectados, porque ele segue até Incheon. Vamos pelo do meio, podemos sair em Osan.
Jungkook assentiu e gemendo de dor caminhou com Jimin em direção ao túnel do meio, ouviram protestos atrás deles, provavelmente de San e seus homens, mas não pararam. A cada passo era uma lágrima e um gemido de Jungkook, que se forçava a caminhar o mais rápido que sua dor o permitia, ou seja, lento. Seus lábios estavam prendendo seu lábio inferior com força, enxergando apenas o escuro ao adentrar o túnel e uma luz bem fraca ao fundo dele. Mas ele não podia confiar em sua visão, pois as lágrimas e a dor a tornavam turva.
— Jungkook não sei o que pretende fazer, mas sabe que nós não temos chances de sobreviver não é? — Jimin perguntou sentindo sua voz embargar. — Os infectados podem vir por trás, você está sangrando muito e já temos seis balas a menos.
— Confia em mim, nós vamos conseguir, não desista agora — disse tentando suportar a dor que a cada passo se tornava maior.
Jungkook continuou a caminhar pelos túneis, eram lentos, por isso levaram alguns longos minutos até verem mais uma divisão de túneis, que por sorte havia placas identificando o destino. Seguiram para cidade mais próxima em direção a Osan, Jimin alertava Jungkook sobre os infectados que vinham por trás e ele os eliminava. Andaram por vários minutos, os túneis eram escuros, poucas luzes se encontravam acesas, o que deixava o lugar com aparência ainda mais assustadora. Jungkook havia derrubado todos os infectados que chegavam até eles, mas em um dado momento Jimin paralisou.
— Droga! — Praguejou baixinho ao ver uma figura parada há alguns metros deles, estava de costas e de frente para uma parede.
— O que foi? — Perguntou no mesmo tom. Sentia-se zonzo.
— Um berrador — Jimin o encarou. — É aquele infectado que eu falei, tem que ser, ele tá apodrecido e parado. Tenho certeza que se ele nos notar irá gritar e atrair um monte de infectados. — Praguejou e começou a resmungar. — Como se os tiros não fossem altos o suficiente...
— Só preciso atirar nele — Jungkook disse com sua visão ficando turva, levantou sua arma, mas sua mão estava vacilante e trêmula, não havia estabilidade alguma.
Pelas contas, eles tinham apenas quatro balas sobrando no pente, até chegarem em seu destino certamente haveriam mais de quatro infectados para abater. Jungkook sabia que Jimin entrou com ele sem qualquer esperança de sobreviver, mas ele não morreria ali, porque ele prometeu que voltaria. Com a arma levantada e apontada, o tiro foi disparado em direção ao berrador, mas por conta de seu mau equilíbrio e visão desfocada o tudo atingiu a parede atrás do infectado. Jimin engasgou ao seu lado quando o infectado despertou e virou-se em direção ao som.
Um grito alto e assustador irrompeu pelo boca daquele ser completamente putrefato e aparentemente cego, pois seus olhos estavam em um cinza incomum e completamente cheio de secreções, parecia muito com a doença catarata. Jimin gritou quando o infectado começou a correr em direção ao som, balançando os braços no ar de maneira desesperada, tentando atingi-los. Mais precisamente, tentando atingir Jimin. Jungkook tentava mirar, mas além de sua vista turva ele não tinha firmeza nas mãos, por isso quando o infectado chegou até eles conseguiu derrubar Jimin e inevitavelmente, Jungkook também.
Jimin gritava sentindo as unhas do infectado arranharem sua pele, tentou se proteger com suas mãos, mas aquilo apenas facilitou o trabalho do infectado, que abriu a boca e avançou para mordê-lo. Jungkook tirou uma força desconhecida para se levantar e levar seu corpo em direção a Jimin, que estava deitado no chão ao seu lado. Um último grito foi solto pelo infectado antes de seus dentes afundarem na pele branca e um grito de dor sair dos lábios de Jungkook, que colocou seu braço no lugar do de Jimin. O infectado paralisou quando seus dentes conseguiram realizar seu propósito, o braço de Jungkook latejava com a dor de mordida.
Jimin observou de olhos arregalados Jungkook levar o cano da arma em direção a cabeça do infectado, mas se impediu quando notou que certamente aquilo espalharia seus restos em cima dos dois. Por isso, antes de atirar ele empurrou seu corpo contra o do berrador, que ainda permanecia completamente parado. Ele não podia correr o risco de respingar o sangue do infectado em Jimin, pois de acordo com sua mãe, isso teria a mesma eficácia de uma mordida caso entrasse em contato com alguma ferida aberta. E graças as unhas do berrador, feridas era o que não faltavam nos braços e rosto de Jimin.
Quando conseguiu tirá-lo de cima do corpo de Jimin e empurrá-lo em direção ao chão, Jungkook usou seu braço que ainda estava nos dentes do infectado para segurá-lo, enquanto se mantinha em cima dele apontando a arma para sua testa, atirando e matando o infectado que agora tinha os miolos espalhados pelo chão. Jungkook se afastou e gemeu de dor, tanto pela mordida quanto pelo ferimento em sua coxa. Ele caiu sentado e encostou suas costas na parede com a feição sofrida.
— Jungkook! — Jimin correu em sua direção com os olhos marejados. — Obrigado por salvar minha vida, mas e agora?! O que eu faço?! Não posso te deixar morrer assim.
— Está tudo bem — Jungkook sorriu pequeno, sua cabeça girava.
— Você está perdendo muito sangue... E foi mordido — Jimin já estava chorando de forma descontrolada. — E eu nem pude fazer nada.
— A mordida não vai funcionar em mim — Jungkook disse levantando o braço e afastando a manga de sua blusa, para que Jimin pudesse ver sua ferida. — Nesse momento o vírus já deveria estar subindo em direção a minha cabeça, mas isso não vai acontecer.
— Mas como... — Jimin perguntou confuso com os olhos fixos na marca da mordida. Pois a infecção levava poucos segundos dependendo da região.
— Essa é a minha vantagem — disse já com os olhos fechados, esperando que Jimin recordasse da conversa que tiveram.
— Jungkook! Jungkook ei! — Jimin deu leves tapinhas no rosto de Jungkook, vendo-o abrir os olhos levemente. — Você não pode desmaiar! Fale comigo, ok?
Jimin abriu seu cinto de forma rápida e desesperada, passando em volta da coxa de Jungkook, que gemeu de dor e deixou as lágrimas escorrerem por seu rosto. Ele gritou de dor quando Jimin apertou com força a fivela do cinto acima de seu machucado, fazendo um torniquete e mantendo-o bem apertado em sua perna, para que parasse um pouco o sangramento. Pelo olhar marejado, Jungkook pôde ver o olhar preocupado de Jimin analisar seu ferimento e soltar um resmungo, certamente aquilo não era um bom sinal. Seus olhos estavam ficando pesados.
— Ei Jungkook, não dorme! — Jimin chamou sua atenção. — Canta alguma coisa pra mim? Qualquer coisa, mas continue falando comigo.
— W-wise men say... — Sua voz soou baixa e quebrada, mas Jimin sorriu e retirou a camiseta que usava. — Only f-fools rush in.
— Isso, continua cantando — disse dobrando sua camisa e colocando sobre o ferimento. Jungkook fez uma careta e mais uma lágrima rolou.
— But I can't help falling in love with you — a voz de Jungkook estava diminuindo consideravelmente e Jimin se apavorou.
— Sei que é difícil, mas vai dar certo tá? Por favor, não para de cantar — Jimin elevou sua perna, deixando-a sobre sua coxa e Jungkook assentiu minimamente.
— Shall I stay? — Jungkook continuou a cantar baixinho.
Jungkook também podia ouvir o som dos infectados ao fundo, que vinham atraídos pelo grito do berrador. Ao abrir minimamente os olhos novamente ele viu Jimin olhar para os lados de maneira desesperada, notou também o olhar dele cair para seu braço machucado, que ainda não havia indícios algum da infecção. Ele continuou a cantar, tendo em mente que precisava ficar acordado, pois tinha que voltar para as pessoas que ele amava. Jimin parecia em pânico, mas algo o fez parar e encarar Jungkook, que ainda cantava baixinho.
— Jungkook, me desculpe, mas isso vai doer um pouco — Jimin disse tirando sua camiseta de cima do ferimento a bala.
— Like a river flows — ele não teve forças sequer para assentir, por isso apenas continuou murmurando as letras da música. Jimin tocou com os dedos em sua ferida e Jungkook derramou mais lágrimas. — S-Surely to the s-sea...
Jungkook observou Jimin passar os dedos sujos de sangue sobre o rosto, voltou os dedos para seu fermento novamente e continuou a passar seu sangue no corpo. A camisa que antes estancava seu sangue agora estava sendo colocada no corpo de Jimin novamente, que continuou a passar o sangue de Jungkook nos braços e pescoço, enquanto ele ainda murmurava a música que Taehyung cantou para ele. Jimin agora encarava o machucado no braço de Jungkook. Ele usou a força para rasgar as mangas da blusa que Jungkook usava, amarrando-as fortemente nos dois ferimentos que ele tinha.
— Darling, so it goes — Jungkook cantou essa parte chorando, pois Jimin o forçou a ficar em pé novamente. — S-some things are m-meant to be...
— Por favor, eu preciso que você me ajude agora — Jimin se abaixou e puxou Jungkook para suas costas.
Ele o ajudou a tomar impulso e subir em suas costas, fazendo-o soltar um resmungo e deitar sua cabeça nos ombros de Jimin, que andava completamente curvado para que suportasse seu peso. Assim que Jungkook voltou a cantar ele ouviu um infectado — muito próximo — que havia acabado de chegar até eles, ainda murmurando a música baixinho ele fechou os olhos, estava fraco demais para sequer entender o que estava acontecendo. Mas sabia que Jimin estava muito consciente, pois sentiu um tremor por todo o corpo alheio quando o infectado ficou a centímetros deles. Por mais atordoado que estivesse, Jungkook conseguiu ouvir os resmungos baixos de Jimin.
“Por favor, por favor, por favor, por favor”.
Jungkook não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo, por isso continuou a cantar e levantou sua cabeça minimamente, a tempo de ver o infectado a centímetros do rosto de Jimin. Viu ele virar o rosto e voltar a caminhar em direção a outro lugar, ouviu um suspiro e Jimin passou a caminhar. Jungkook sentia sua cabeça girar, seus braços estavam fracos até para se segurarem em Jimin, que andava o mais rápido que suas pernas podiam. Em sua cabeça confusa tudo o que se passava era a letra da música do Elvis, que sem notar acabava trocando ou repetindo as letras.
O rosto de Taehyung aparecia às vezes em sua cabeça, a sensação de seus dedos entrelaçados e o sorriso nos lábios de Yuna quando estavam deitados juntos. Nada mais do mundo exterior entrava em seus pensamentos, embora seus lábios ainda se movessem por conta da música, era de forma baixa e confusa. Não viu, não ouviu e não percebeu quando Jimin o chamava, sua voz era um eco longínquo em sua cabeça. Sentiu uma claridade bater em suas pálpebras fechadas, sentiu uma brisa bater em seus fios castanhos grudados na testa.
Jungkook não notou quando a música que cantava passou a ser murmúrios ininteligíveis, sua voz soava tão fraca e confusa que ele mesmo não entendia o que dizia, mas sabia que não podia parar. O eco com a voz de Jimin de vez em quando aparecia em seus pensamentos, praguejando ou falando sozinho, sua cabeça vagava em nada, não sabia que ele estava falando consigo. Sentiu seu corpo sendo deitado em algo, o sentiu chacoalhar e ser erguido de novo, não soube definir se era ao mesmo tempo ou se haviam pausas entre as ações.
Ele não parou de murmurar, pois sabia que precisava dizer algo, que sequer sabia o que era naquele momento. Por que ele estava murmurando mesmo? Aquilo foi como um estalo em sua cabeça, pois como um interruptor ativado, sua mente foi silenciada de forma instantânea. A partir daquele momento, Jungkook não murmurava mais nada, não escutava mais nada, não pensava em mais nada, por que ele sequer estava consciente. Ele não ouviu os gritos e os apelos de Jimin, que o sacudia pedindo aos prantos que voltasse a cantar.
(...)
Seu corpo estava pesado, sua mente clareava aos poucos e sua respiração estava voltando ao normal, sentia-se estranhamente em paz, calmo e com uma sensação de alívio imenso. Seus ouvidos primeiramente captaram os sons ao seu redor, como o barulho da chuva do lado de fora do lugar onde estava deitado e o som não muito distante de infectados. Mas o que mais chamou sua atenção foi a voz melodiosa de Jimin cantando, sua voz era baixinha, como se não quisesse acordá-lo. Jungkook abriu os olhos devagar, vendo Jimin deitado ao seu lado, com o olhar no chão.
Ele estava ainda com o rosto todo sujo com seu sangue e as próprias feridas já haviam coagulado. Com suas pálpebras pesadas, Jungkook tentou olhar em volta, seus olhos cansados e curiosos analisaram o local onde estava. Era um quarto, estava um tanto revirado pôde notar, havia uma janela e cortinas impedindo a chuva que caía do lado de fora entrar. Não havia iluminação fora aquela, o dia chuvoso do lado de fora, por isso o quarto era um ambiente um tanto escuro. Seus olhos se voltaram para Jimin, que ainda cantava baixinho, brincando com o lençol da cama de hospital onde estava deitado.
— Some things are meant to be — ele cantava baixinho, com a cabeça encostada em seu braço.
— Take my hand — cantou igualmente baixinho, sentindo seu corpo mais pesado que uma rocha. Jimin levantou sua cabeça de abrupto, encarando-o de forma fixa antes das lágrimas banharem seus olhos.
— Ai meu Deus! — Jimin sorriu grande por entre as lágrimas, deitando seu rosto no colchão novamente. Ele segurava a mão de Jungkook com firmeza. — Eu achei que você 'tava morto...
— O que houve? — Jungkook perguntou, pois sua mente estava repleta de lembranças embaralhadas. Não tinha forças sequer para se levantar.
— Bom... Aconteceu várias coisas — riu e sentou-se corretamente na cadeira onde estava, ao lado da maca. — Eu usei o seu sangue para me camuflar, era uma teoria, não sabia se daria certo... Mas deu. Eu consegui te carregar até a saída do túnel sem que nenhum infectado tentasse me morder.
Jungkook olhou para seu braço, que agora estava enfaixado.
— Eu cuidei do seu ferimento — Jimin disse olhando na mesma direção que ele, depois o encarou nos olhos. — Já se passaram muitas horas, o dia já amanheceu lá fora... E você não foi infectado. Como pode isso Jungkook?
— É uma longa história —sorriu debilmente.
— Tenho bastante tempo para ouvi-la.
— Quero escutar a sua primeiro, eu não me lembro de nada, desde que eu matei o berrador — Jungkook tinha alguns lapsos de memória, que não conseguia encaixar em nenhum contexto inteligível.
— Bom, depois que saímos dos túneis, caminhei um pouco até chegarmos em uma cidade e quando chegamos eu procurei por algum carro... Quando eu finalmente achei um com gasolina liguei os faróis, coloquei você dentro dele e procurei por algum hospital, farmácia, posto de saúde, ambulância ou qualquer coisa que me ajudasse a te curar. Por sorte, tinha um hospital não muito longe do quarteirão onde estávamos, eu corri para dentro dele a procura de um leito vazio e algo para te levar até ele. O tanto de infectados que tem nesse lugar... Eu juro, eu fiquei com muito medo de eles me pegarem, mas nenhum se mexeu.
— Eu entendo bem essa sensação, da primeira vez eu fiquei em pânico — sorriu quando lembrou-se de como conheceu Yuna.
— Foi assustador, mas era ainda mais assustadora a ideia de você morrer, por isso quando eu achei um quarto e uma maca sem alguém morto em cima eu consegui te trazer para cá — Jimin fungou e limpou seu nariz em um casaco, que ele provavelmente pegou no hospital. — Jungkook eu vou ser sincero... Eu não faço a mínima ideia de como você sobreviveu.
— Por que?
— Você teve um ferimento a bala praticamente a queima roupa, era para sua perna estar estraçalhada — Jimin disse com o cenho franzido. — Você teve uma hemorragia arterial porque o tiro atingiu a artéria aorta, eu precisava fazer urgentemente uma transfusão de sangue, mas eu não fazia a mínima ideia de qual era o seu tipo sanguíneo. Eu não tive tempo de fazer nenhum exame e nenhuma análise, sequer tem energia nesse hospital.
— Você é um médico milagroso — sorriu.
— Não, você é um paciente milagroso — Jimin disse sorrindo também. — Eu precisava remover a bala da sua coxa, precisava limpar e suturar seu ferimento. Eu corri por todos os lados desse hospital a procura de soro e ataduras porque nessa merda desse quarto não tinha nada! Você tinha parado de cantar, suas pupilas estavam dilatando e eu sabia que você estava morrendo. Mas eu não parei, por alguma razão eu continuei, na minha cabeça eu estava operando um cadáver, usando um abajur de pilha para enxergar o que eu estava fazendo.
— Ainda bem que você não parou.
— Por muita sorte, nesse quarto tinha um cilindro de oxigênio e por mais sorte ainda, ele não precisa de energia para te fornecer oxigênio. Depois de colocar você no soro, cuidar do seu ferimento eu fui tratar a mordida do infectado, eu consegui limpar bem com álcool... Agradeça que você estava inconsciente, porque nada do que eu fiz em você teve anestesia.
— Credo — Jungkook disse notando o soro em seu braço direito e mexendo o nariz, sentiu o tubo. — Obrigado Jimin, você salvou a minha vida.
— Você também salvou a minha, não fiz nada de mais — sorriu e Jungkook também sorriu, de maneira um tanto debilitada. — O soro vai te ajudar a repor sua desidratação, também vai ajudar a controlar arritmias cardíacas causadas pela queda na corrente sanguínea, diminuir as sequelas de lesões no cérebro e coração decorrentes da falta de oxigênio produzida pela baixa na circulação. Eu coloquei alguns analgésicos para parar sua dor no soro..
— Você é um anjo, mas eu me sinto meio anestesiado... Não consigo me mexer — disse tentando levantar o braço, em vão, conseguindo apenas se mexer minimamente. — Estou completamente sem forças.
— Eu usei morfina, é um analgésico bem forte, ele acaba te deixando sedado por conta disso — Jimin explicou, mas logo completou. — A hemorragia reduz a quantidade de ferro no corpo, de maneira que a medula óssea não consegue aumentar a produção de novos glóbulos vermelhos para substituir os perdidos. Resumindo, você está fraco e anêmico.
— E como cura isso?
— Para tratar a anemia é necessário aumentar a quantidade de hemoglobina na corrente sanguínea, que é o componente do sangue que carrega o oxigênio para as diferentes partes do corpo — Jimin disse orgulhoso de si mesmo, por saber explicar. — Ou seja, vitaminas, principalmente ferro.
— Estou com fome... — Jungkook disse após a fala dele, lembrando-se que não comia uma refeição decente há dias.
— Sorte que todo hospital tem uma cozinha! — Jimin sorriu grande e Jungkook acabou espelhando seu sorriso. — Vou apenas esperar meu soro acabar e vou lá cozinhar alguma coisa para a gente comer tá? Vou levar uns três dias até achar a cozinha, esse lugar é imenso.
— Não quer ajuda? — Perguntou vendo o soro no braço de Jimin ligado em um pacote pendurado.
— Acho que você não vai ser muito útil viu? — Jimin riu. — Você tá todo quebrado e nada de muito esforço, você ainda está fraco e sua pressão deve estar no pé.
— Nem para te fazer companhia? Não queria ficar sozinho nesse quarto — fez bico.
— Se eu achar uma cadeira de rodas sim, se não, você vai ficar deitadinho aí — fez uma cara séria, como um pai dando um sermão no filho.
— Ok, ok — riu nasalado e viu a feição de Jimin mudar lentamente. — O que foi?
— Por que você é imune aos infectados? — Jimin perguntou o que tanto lhe causava dores de cabeça.
— Não sou imune aos infectados, sou imune aos vírus — explicou suspirando, Jimin o encarava com a sobrancelha esquerda erguida, esperando mais explicações. — Meu pai foi quem criou o vírus.
Os olhos de Jimin se arregalaram de uma forma surreal.
— Seu pai?! Meu Deus como assim!? — Jimin parecia em choque. — Eu sabia que tudo começou aqui, em Incheon...
— Na verdade, o laboratório do meu pai fica em Seul... — Jimin frisou o olhar em sua direção.
— Seu sobrenome é Jeon? — Jungkook assentiu e Jimin pareceu chocado. — Seu pai é dono da Jeon's Corporation?
— Infelizmente sim — suspirou. — Ele e minha mãe administravam e trabalhavam lá há anos.
— E seu pai que criou o vírus? — repetiu incrédulo e Jungkook assentiu novamente. — Mas por que ele faria isso?
— Meu pai era um egoísta que só ligava para o próprio bolso, desce que ele ganhou um prêmio pela descoberta de um vírus anos atrás, ele surtou. Ele ganhou uma boa quantia, que aliás, foi como ele conseguiu fundar a corporação — Jungkook tentou se mexer e ao perceber isso Jimin o ajudou a inclinar a cama manualmente e colocar alguns travesseiros em suas costas. — Minha mãe me contou que no começo não haviam muitos equipamentos ou empregados, mas com o tempo ele conseguiu crescer, fabricando e vendendo remédios e vacinas.
— E nisso tudo, onde entra a sua imunidade ao vírus?
— Meu pai era obcecado por dinheiro, ele queria sempre mais, por isso ele criou esse vírus. O projeto RDC, mas pastas dele estavam escritos seus planos e avanços, ele queria gerar uma epidemia, para vender a cura. Mas de acordo com as anotações dele... Tudo estava um caos, porque ele não conseguia controlar a disseminação do vírus.
— Certamente né? Me perdoa, mas seu pai é muito burro, ele trabalha em qual área?
— Ele é um biomédico formado em microbiologia e especializado em imunologia.
— Nossa, o estudo perfeito para criar uma grande merda — Jimin fez uma careta.
— Sim, mas ele acabou trazendo muitas pessoas para seu plano, como minha mãe e muitos outros funcionários, vários biomédicos de diversas áreas trabalhavam lá. Eu sou uma das cobaias dele.
— Ele usou o próprio filho...?
— Ele me criou com esse intuito, não fui um acidente e muito menos planejado, eu fui criado para ser uma garantia se sucesso para ele — Jimin o encarou horrorizado. — Ele modificou o próprio esperma e inseminou minha mãe com ele, foi assim que eu vim ao mundo.
— Que horror!
— Pois é, meu pai não era o melhor exemplo paterno — riu sem humor.
— Era? — Jimin perguntou cauteloso vendo o olhar de Jungkook abaixar para o lençol e morder os lábios. — Oh, entendo, sinto muito...
— T-tudo bem — sorriu pequeno, sentindo o bolo crescer em sua garganta, seus olhos arderam. Mas infelizmente ele não conseguiu conter as lágrimas, que desceram teimosas por suas bochechas. Ele as secou rapidamente, sorrindo fraco. — Não sei nem porque eu estou chorando... Ele...
— Ei, tá tudo bem, não precisa segurar as lágrimas, chorar faz bem... Na verdade segura, bora pra dentro de novo, lambe! Você não pode perder mais líquidos — Jungkook acabou rindo e secou suas lágrimas. — Desculpa por trazer um tema delicado.
— Tudo bem — sorriu fraco quando terminou de secar suas lágrimas, com muito esforço, aliás, seus braços pesavam mais que duas bigornas. — Um dia eu vou superar isso...
Será que ia mesmo?
— Ok, chega desse papo depressão! — Jimin se levantou. — Vou tirar esse treco do meu braço e procurar uma cadeira de rodas.
— Você vai sair lá fora? — Jungkook perguntou assustado e Jimin assentiu.
— Eu estou cheio de sangue seu no corpo, até as gazes que eu usei para limpar seus cortes eu coloquei no bolso — Jimin tirou as gaze para mostrar que não estava mentindo.
— É por isso que precisamos voltar para a fortaleza em Yongin — Jimin juntou as sobrancelhas.
— Como assim Jungkook? Endoidou? Nós não podemos voltar para lá.
— Mas precisamos!
— Olha eu sei que sua família está lá... Mas não temos nenhuma chance contra eles, entendo que você é imune ao vírus, mas não é à prova de balas — olhou para sua perna, que estava apoiada em um travesseiro, para provar sua constatação.
— Jimin, eu sei que parece loucura, mas Taehyung e eu conversamos sobre isso enquanto você ajudava o comparsa do San — Jungkook foi rápido em explicar. — Você sabe para onde seus amigos poderiam ter ido?
— Provavelmente para a ilha Jebudo, havia um navio da marinha lá... Jungkook o que está pensando?
— Vamos ir encontrá-los, pedir ajuda a eles e ir até Yongin.
— Isso não vai dar certo, não podemos arriscar, entende? Mesmo que seja a sua família, eles também tem família lá... Não vão arriscar perder mais ninguém.
— Você não está entendo Jimin... Junto com a minha família está a minha mãe e a vacina! — Nesse momento Jimin o encarou confuso.
— Vacina?
— Eu fui criado para esse propósito, fornecer imunidade ao vírus... Todos que vieram comigo estão imunes por conta disso, minha mãe também é uma biomédica, ela consegue produzir mais — Jungkook dizia vendo o rosto pasmo de Jimin. — Estávamos indo nos encontrar com vocês por isso, com a ajuda de vocês e suas armas conseguiríamos fornecer mais! Talvez imunizar todos do seu grupo também.
— Jungkook calma que isso é informação demais... — Jimin colocou a mão na cabeça. — Está me dizendo que tem uma vacina, que nos deixa imune assim como você... Que todo o seu grupo está imune e que podem imunizar ainda mais pessoas?
— Sim, é exatamente isso, mas ainda tem mais-
— Meu deus tem mais ainda?
— O Taehyung foi infectado há algumas semanas atrás — Jimin agora o encarava como se ele fosse um lunático. — Estávamos na corporação, tentando achar meus pais e nossa família, que havia se abrigado lá. Mas como esperávamos estava cheio de infectados. Naquele dia eu não sabia que era imune, então eu chorei pensando que meu namorado havia morrido e eu não teria mais ninguém. — Jungkook notou o semblante de Jimin murchar. — Meu pai me encontrou e me contou um monte de mentiras, mas me contou algumas verdades, dentre elas, que eu posso curar um infectado. Usando meu sangue conseguiram curar Taehyung e Yuna, uma garotinha que eu encontrei no estacionamento da corporação.
— Você consegue curar pessoas infectadas...? — Jimin disse baixinho, quase em um sussurro, viu Jungkook assentir e lágrimas banharam seus olhos. — V-você... Ai meu deus, você pode curar o Yoon!
— Quem? — Jungkook franziu o cenho.
— Yoongi! — Jimin sorriu por entre as lágrimas, ele parecia em estado de choque, ficando sério e sorrindo novamente. Até que seus olhos pararam esperançosos em Jungkook. — Eu e ele namorávamos quando tudo aconteceu, estávamos fazendo compras no shopping quando os gritos começaram, um monte de infectados vieram de todos os lados. Ele foi pego, eu só fugi porque foi o último pedido dele... Você pode salvá-lo, não é? Ele está em Goesan, talvez ainda esteja no shopping!
Naquele exato momento Jungkook lembrou-se de onde ele conhecia Jimin.
— Min Yoongi? Um homem de cabelos castanhos escuros... Bem branquinho? — Jimin franziu o cenho e assentiu. Jungkook sentiu seu sangue gelar nas veias, ele nunca havia esquecido o nome dele porque Taehyung de fato ficou muito abalado, foi uma cena difícil de esquecer.
— Você o conhece?
— Jimin... — Jungkook mordeu os lábios, sem saber o que dizer.
— Jungkook o que foi? — Perguntou extremamente confuso com sua reação. — Você o conhecia? Éramos da mesma faculdade? Da sala dele?
— Não, eu não o conhecia... Mas Taehyung e eu passamos por Gosean, fomos ao shopping...
— Você o viu? — Jungkook assentiu, Jimin sorriu, mas seu sorriso logo morreu ao ver a expressão triste no rosto dele. — Por que está me olhando assim?
— Eu sabia que te conhecia de algum lugar... Eu vi Yoongi no shopping, tinha uma foto de vocês na carteira dele — Jungkook começou, com medo da reação de Jimin. — Infelizmente, nem meu sangue é capaz de impedir que o vírus mate o hospedeiro... Se ele tiver um ferimento fatal.
— Ferimento fatal...? Mas ele...
— O encontramos, mas ele tinha um ferimento na cabeça que sangrava muito... Faz semanas que estávamos lá então, acho que infelizmente eu não consigo curá-lo — Jungkook ocultou o fato que Taehyung o matou, iria omitir esse fato dos dois. Não queria entristecer mais Jimin e não queria deixar Taehyung ainda mais atormentado com aquilo.
— A-ah... — Sua voz embargou e Jungkook sentiu seus olhos marejar também.
— Jimin... — Sua voz soou baixinha.
— Está tudo bem Jungkook — ele limpou suas lágrimas e sorriu, um sorriso completamente quebrado. — Eu não tinha esperanças mesmo... Tá tudo bem, eu já aceitei.
Jungkook engoliu a bile e assentiu com os olhos marejados. Ele tocou na mão de Jimin, usando toda sua força para fazer seu braço sedado se mover.
— Me desculpe... Por não poder te ajudar, Jimin — disse com sua voz embargada, pela culpa e pela comoção.
— Está tudo bem — enxugou as lágrimas e deu um sorriso mínimo. — Eu realmente já aceitei, sabe? É que é muito recente ainda, eu só preciso superar. O Yoon certamente não iria querer que eu ficasse chorando por ele.
— Mas é inevitável não é? — Perguntou com o tom manso e Jimin assentiu.
— Eu o amava demais, estávamos juntos desde pequenos, crescemos um ao lado do outro. Foi algo realmente muito repentino que me abalou muito.
— Sendo sincero, eu entendo um pouco a sua dor — Jungkook sorriu mínimo e Jimin o encarou. — Não completamente claro, mas eu achei que Tae tinha morrido também. Você é muito forte Jimin, quando o Tae foi infectado eu entrei em desespero e apontei uma arma para a minha própria cabeça. Porque eu achei que não teria mais ninguém, ele disse “fique vivo” antes de cair e tudo o que eu fiz foi querer acabar com tudo. Então eu te admiro, você é um homem muito forte.
— Não sou — Jimin sorriu pequeno. — Eu apenas aparento ser, eu penso no Yoon todo dia. Não importa quanto tempo se passe, parece que eu nunca vou superar a perda dele.
— Está muito recente... Você não irá esquecê-lo tão fácil e nem deveria, mas também não deve se prender a isso. Se fosse o contrário, você gostaria que ele seguisse em frente não é? — Jimin ponderou. — Tenho certeza que se ele deu a vida por você, era porque ele te amava demais e tinha medo de te perder. Quando a gente ama alguém, quer vê-la feliz... Mesmo que ela não esteja com você.
Jungkook sequer notou que estava divagando em suas próprias palavras, pensando em como elas soaram hipócritas a julgar por suas ações. Havia feito uma promessa a Taehyung no dia em que estavam na pensão em Goesan, mas quando chegou a hora de cumprir sua promessa, Jungkook não a fez. Ele sabia que se ele tivesse cumprido com sua palavra, Taehyung não estaria ao seu lado, sabia que havia feito uma escolha sábia. Mas diversas indagações eram feitas em sua mente, suas palavras soaram certas no momento, mas elas variam de casos e casos, se encaixaria no caso de Jimin?
Quando levantou seu olhar, encontrou os olhos de Jimin vagando por suas mãos juntas, ele parecia completamente perdido em seus próprios pensamentos. Jungkook viu o momento em que ele fungou e levantou a cabeça, ele o encarou e sorriu, o sorriso de agora era mais sincero, algo mais feliz e um tanto afetado. Aquilo trouxe paz para o coração de Jungkook, que ficou feliz, pois mesmo que minimamente ele conseguiu trazer um pouco de tranquilidade à cabeça turbulenta de seu mais novo amigo.
— Eu vou sair para procurar uma cadeira de rodas, não vou demorar — sorriu e Jungkook assentiu vendo ele arrancar o soro de seu braço. — Eu acho.
Jimin caminhou para a porta do quarto e saiu do cômodo, deixando somente Jungkook, o escuro e o barulho da chuva do lado de fora. Era um pouco difícil não pensar nos infectados que ele atirou nos túneis, quando foi que ele ficou tão frio? Ele entendia que era um extinto de sobrevivência, que ele estava protegendo Jimin. Mas lembrava-se perfeitamente de quando um infectado pulou em cima de Taehyung no shopping, que o acertou com o taco de baseball e aquilo o atormentou o dia inteiro.
Agora ele atirava nos infectados sem o mínimo remorso?
No que ele estava se transformando?
Jungkook divagava em suas próprias inseguranças e medos quando Jimin entrou no quarto novamente, dessa vez com um sorriso radiante e uma cadeira de rodas. Jimin deixou a cadeira ao lado da maca e esperou o soro de Jungkook acabar antes de retirar de seu braço, o ajudou a se sentar e passou seus braços por cima dos ombros, para ajudá-lo a se sentar na cadeira. Ele não tinha forças nas pernas, muito menos nos braços, mas Jimin conseguiu colocá-lo na cadeira e sorriu largo. Ele se afastou vendo seu trabalho e colocou as mãos na cintura.
— Para alguém magro você é muito pesado — Jimin riu e Jungkook acabou espelhando seu ato. — Anda comendo chumbo?
— Eu luto artes marciais desde a adolescência e trabalho em uma fazenda, acabou colaborando para me dar um pouco de massa muscular.
— Exibido — Jungkook riu enquanto Jimin manobrava a cadeira para fora da sala.
Jungkook permaneceu calado enquanto observava o hospital onde estavam, estava tudo revirado e bagunçado. Havia muito sangue no chão, o corredor onde estavam ligava a vários quartos, alguns deles vazios e outros com algum infectado. Jungkook sentiu-se triste ao ver um senhor de idade em um dos quartos, ele parecia ser um paciente a julgar pelas roupas e a pulseira em seu pulso, ele olhou para os dois no corredor e voltou a focar sua atenção no chão. Em outro quarto viu uma mulher, ela estava deitada em uma maca e mexeu apenas o pescoço para vê-los.
Jungkook viu o sangue manchando uma certa parte do lençol, onde provavelmente um infectado a mordeu.
Aquilo o deixava muito triste com a situação, várias vidas foram interrompidas e tudo por conta da ganância do ser humano. Jungkook parou de olhar para os quartos quando viu uma infectada grávida parada, sua barriga já estava bem grande, julgava estar de mais ou menos oito há nove meses. Engoliu a bile que subiu por sua garganta, pois naquele momento ele não poderia ajudá-la, não poderia ajudar ninguém naquele hospital.
— Olha ali! — Jimin apontou para uma placa acima deles, mostrando onde ficava o refeitório e os banheiros.
— Você sabe cozinhar? — Jungkook perguntou assim que o Jimin virou o corredor que a placa indicava.
— Ah, dá para sobreviver com o que eu faço — riu e Jungkook acabou rindo. — Vai me dizer que sabe cozinhar também?
— Minha avó me ensinou.
— Nossa garoto você é um nojo — Jungkook gargalhou.
— Mas acho que você vai ser o cozinheiro hoje, meus braços estão moles e eu não tenho forças nem para ficar em pé.
— Então você vai provar do meu tempero e ai de você reclamar das minhas iguarias culinárias.
— Certo Erick Jacquin, tenho certeza que você é uma revelação na cozinha — Jungkook estava sentindo suas bochechas doerem por conta do sorriso que teimava em não sair de seus lábios.
— Sob mezanin? — Jimin imitou o sotaque do Chef Francês.
~❤️~
A partir daqui às coisas começam a desandar um pouco mais :)
Tag da fic #ZOTAEKOOK
Ilusão, doce ilusão. Seria meu sonho?
Já pensou um livro com uma capinha sua sixjoon?
Fontes usadas:
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-do-sangue/anemia/anemia-devido-a-hemorragia-excessiva
https://revistapesquisa.fapesp.br/a-solucao-que-salva/
https://www.tuasaude.com/3-dicas-para-curar-a-anemia/
Reescrito no dia 13/04/2021.
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