Not Today (Japanese version)
O telefone começou a tocar em algum ponto da sala, longe demais para ser atendido rapidamente, alto demais para impedir que Jimin acordasse. Anja abriu um olho e voltou a fechar, sorrindo ao sentir os braços dele ao redor de si. Acabaram dormindo juntos no sofá, aconchegados nos braços um do outro. Podia sentir claramente o cheiro do perfume dele se misturando ao próprio perfume. Acariciou de leve o cabelo dele, ignorando completamente o toque do telefone.
Jimin sorriu com o rosto apoiado nos seios fartos da bailarina, mas não os abriu, afundando mais ainda o rosto naquele colo macio, memorizando todas as nuances de cheiros e toques. Eventualmente o telefone dela parou de tocar, dando lugar aos toques incessantes do telefone dele. Jimin resmungou irritado, mas não moveu um músculo. Foram cinco ligações seguidas até que um dos dois se movesse.
– Não! Fique aqui... por favor. – Anja resmungou quando Jimin tentou sair do sofá. Ele sorriu e voltou a se deitar ao lado dela, dando beijinhos breves em todo pedaço de pele que conseguia alcançar, até chegar à boca e ser impedido por ela. Delicadamente ela cobriu a própria boca, sorrindo por entre os dedos.
Alyona continuou ligando para os dois repetidamente. Não tinha notícias de Anja desde a aparição de Andrey e Jimin havia sumido pouco depois. Tinha certeza de que eles estavam juntos, mas como nenhum dos dois havia dado notícias isso era apenas uma especulação pessoal dela.
– Puta merda, Anja, atende logo esse telefone... – xingou em russo, baixinho.
– Algum sinal? – perguntou Namjoon parando ao lado dela. Como sempre, Alyona sentiu as pernas derreterem um pouco com a presença de seu bias, mas manteve o lado profissional em evidência, balançando a cabeça negativamente. O rapaz decidiu ele mesmo ligar para Jimin. Em algum ponto na sala de reuniões, os outros membros faziam a mesma coisa, cada um com uma preocupação diferente, nenhum deles suspeitando de onde ele poderia estar, ou com quem.
No apartamento, Jimin desejou que o mundo parasse e ele pudesse ficar ali para sempre, aconchegado com Anja, ignorando qualquer outra coisa que não fosse o toque da pele dela na dele. Mas o mundo pedia pelo Jimin do BTS e ele sabia que quanto mais ele demorasse, pior seria. Antes que pudesse dizer qualquer coisa para a bailarina, a campainha tocou.
– Está esperando alguém?
– Deve ser a Alyona, tenho certeza que é ela que está ligando sem parar. – respondeu a ruiva, olhando para o teto. Se fosse mesmo Aly, ela sabia que devia ser problema. A amiga nunca a interrompia quando sabia que podia estar com alguém, e ela tinha certeza que Alyona sabia sobre Jimin estar ali com ela. Sempre sabia de alguma forma o que se passava na vida de Anja.
Por imaginar que fosse Alyona, a bailarina não se moveu. A empresária sabia a senha da porta, não precisava exatamente tocar a campainha para entrar. Cobriu a si mesma e a Jimin e esperou com um sorriso travesso no rosto. Mas a senha da porta não foi colocada e a campainha continuou tocando. Jimin pulou do sofá e vestiu a própria calça, indo até a porta.
– Quem é? – perguntou Anja ao ver que ele olhava para o pequeno monitor que mostrava quem estava do outro lado. Como ele não dizia nada, ela se levantou do sofá, cobrindo o corpo como podia e se sentindo a mulher mais linda do mundo quando Jimin a encarou. Seu sorriso desmanchou ao ver que ele estava sério.
– Quem é? – repetiu a pergunta, dessa vez em russo.
– Sou eu, anjinho.
Ela e Jimin se encararam, em choque. Será que nunca teriam um momento de paz? A bailarina empurrou Jimin para trás da porta, a fim de protegê-lo e a abriu daquele jeito mesmo, com a manta enrolada no corpo nu, queria que aquele cretino visse que ela tinha passado a noite fazendo amor.
– É muita cara de pau você vir até a minha casa, Andrey. – ela falou assim que abriu a porta. Ignorou as flores e o chocolate que ele segurava, só conseguia sentir nojo.
Andrey não ouviu nenhuma palavra do que ela havia dito. Estava concentrado na visão dos ombros nus e do colo quase a mostra por baixo de uma manta que escondia a óbvia nudez da bailarina. Era a primeira vez que a via assim, tão a vontade consigo mesma quando não estava dançando. Estava linda.
– Que bela recepção! – falou impressionado. E então ele viu Jimin saindo por detrás da porta, apenas com uma calça de moletom. Os dois se encararam por um longo tempo, em silêncio, e só interromperam o contato visual quando Anja percebeu que Jimin havia saído do esconderijo.
– Jimi! – ela tentou empurrá-lo de volta para trás da porta, mas Andrey passou rapidamente por ela e entrou no apartamento para ver de perto o que ele achava que estava vendo. Bastou um olhar no sofá para perceber que eles haviam passado a noite juntos. Olhou de volta para Anja, que acabara de fechar a porta, e depois para o coreano e soltou um sorriso sarcástico.
– Como sempre você é muito rápida, não é?
O tom da voz dele fez o sangue de Jimin ferver de raiva. Não precisava saber russo para entender a conotação que o diretor usava. Mas Anja estava a frente dele. Olhava para o ex-noivo com nojo, irritada pela audácia dele de aparecer assim como se ainda tivesse alguma influência na vida e nas escolhas dela.
– O que veio fazer aqui, Andrey?
– Vim tentar uma reconciliação, mas acho que cheguei tarde. Achou um trouxa mais rico que eu, não foi?
Ela ignorou a provocação. Sabia que se caísse nela entraria numa espiral destrutiva que terminaria com ela chorando e Andrey conseguindo exatamente o que queria. Estava cansada de entrar nessa espiral, não conseguia mais se ver sofrendo e sendo feita de idiota por homem nenhum, muito menos aquele.
– O que veio fazer aqui, Andrey? – repetiu a pergunta. Por "aqui" ela queria dizer Seul e sabia que ele havia entendido logo de primeira.
– Bem, vim te contar a novidade, vamos trabalhar juntos. A empresa desse "japinha" aí me contratou para dirigir um espetáculo seu. – falou apontando Jimin com desprezo. – Queria te contar isso com todo o amor e carinho que merece, mas acho que perdi meu momento. Devia ter feito isso no show. – respondeu sarcasticamente.
A conversa não fazia sentido nenhum a Jimin, mas aos poucos ele começava a entender que Andrey estava ali para provocar Anja e ele de alguma forma. Tentou não se irritar com o tom de voz e as expressões faciais que ele usava cada vez que olhava para os dois, mas não conseguia esconder expressivamente. Sua vontade era usar todo e qualquer golpe de luta que soubesse, mas isso também significava um escândalo para ele e o resto do grupo. Tinha que ser cauteloso. Duas pessoas podiam jogar o jogo do sarcasmo e ele era um especialista nisso. Sorriu fingindo animação e foi até o diretor, pegando as flores e o chocolate da mão dele.
– Ah esse filho da puta nos trouxe chocolate! Que gentil da parte dele, não acha?
– Ji-Jimi?
– Pode fazer algumas traduções para mim, noona? – pediu passando uma mão protetoramente pela cintura dela e olhando para o diretor. Ainda exibia seu melhor sorriso, mas ele não lhe chegava aos olhos. – Diz a ele que apesar da empresa nos obrigar a trabalhar juntos, eu nunca mais vou deixar que ele se aproxime de você.
Anja olhou para ele dividida entre ficar em choque e ficar feliz com aquela frase. Decidiu entrar na onda e traduziu apenas uma parte do que o garoto havia dito.
– Ele diz que espera que o espetáculo seja bom o suficiente para nunca mais termos que trabalhar juntos.
– Diz a ele que é exatamente o que eu espero, você e eu vamos voltar juntos para a Rússia.
– Ele acha que vai conseguir me levar de volta para casa. Coitado. – traduziu ela rindo. Jimin riu também, bem alto, jogando a cabeça para trás e fechando os olhos. O fato de não entender o que eles diziam e de presenciar a cumplicidade que compartilhavam depois de terem tido uma noite de sexo irritou Andrey mais do que qualquer outra coisa. E os dois riram mais ainda ao perceber isso.
O diretor fez menção de avançar na direção deles, mas Anja o parou antes que conseguisse. Estava com a perna esticada ao máximo, tocando o pescoço de Andrey com o pé, ameaçadoramente. Ainda não sabia lutar, verdade, mas ele não sabia disso e tinha dançado o suficiente para conseguir fingir que aquela pose de luta era real.
– Se der mais um passo eu te mato. – sibilou.
Andrey levantou os braços, rendido, e sorriu maldoso.
– Vamos ver quem mata quem. – sussurrou com um olhar malicioso para a perna da bailarina e voltando de costas em direção à porta. Depois que ele saiu, tudo o que Anja conseguiu fazer foi se encolher e chorar.
***
– Ele o que?! – Alyona sentia o sangue fervendo em suas veias ao ouvir sobre a visita de Andrey.
Anja finalmente havia aparecido na empresa, duas horas depois de ter atendido ao telefone e ter dito que havia se perdido em Seul depois de ter saído do show. Claro que a amiga não acreditava nessa história, até porque, coincidentemente Jimin apareceu quase no mesmo horário que a bailarina atendeu aos telefonemas. Era tudo muito suspeito. Mas Alyona deixou isso passar quando ouviu sobre a "visita" surpresa de Andrey.
Ela queria esganar aquele cretino com todas as suas forças, mas não podia fazer nada com relação ao contrato, ele era válido. Depois de ler e reler, viu que não tinha cogitado a possibilidade da Big Hit querer sediar um espetáculo onde Anja fosse o centro das atenções e não exatamente o BTS. Mas era uma empresa afinal de contas e ela deveria ter previsto essa possibilidade por Anja Wang ser quem era.
Os olhos da bailarina estavam vermelhos, mas secos. Tinha prometido a si mesma não deixar que Andrey afetasse sua vida nunca mais, e a Jimin que não ia ceder a nenhuma provocação do ex. Mesmo assim estava furiosa, se sentindo incapaz por não poder fugir daquele maldito contrato. De salvadora a empresa tinha se tornado mais um obstáculo entre ela e sua liberdade.
– Anja, mesmo que tenhamos que trabalhar com aquele cretino, eu vou fazer meu melhor para que essa seja a última vez. Prometo. – disse Alyona. Estava determinada a terminar com a sanguessuga nojenta que era aquele cara. – Ele é o diretor, mas vamos montar um espetáculo que foque em você e nos meninos de uma forma tão óbvia que não vai precisar de direção. Topa?
– Você consegue isso?
– Bom, diretora eu nunca fui, mas depois de todos esses anos tocando piano para você e Alex acho que consigo alguma coisa. Tenho uma conhecida que pode montar um roteiro simples e genial, mas precisa confiar em mim e... – e só então ela reparou que estivera conversando em russo todo aquele tempo com todos os meninos presentes. Eles a olhavam de forma interrogativa, alguns revirando os olhos e outros – mais exatamente Seokjin – balançando a cabeça negativamente.
– Desculpe eu...
– Tudo bem, noona, a gente entendeu que você está brava, mas será que dá para traduzir qual a sua ideia? – perguntou Namjoon apoiando os braços na mesa e cruzando os dedos diante do corpo, parecendo o líder que era.
– Minha ideia é minimizar qualquer coisa que aquele cretino... – pigarreou ao ver a cara de espanto de alguns porque estava falando com eles como falava com Anja, como se fossem muito amigos. – Desculpe. – pediu dando um sorriso amarelo e voltando a assumir a expressão séria que tinha quando falava sobre negócios. – Minimizar qualquer coisa que aquele filho de uma boa mãe tentar fazer para prejudicar a Anja ou vocês. Precisamos de um diretor fantasma.
Anja estava de novo perdida nos próprios pensamentos. Apesar de sua ameaça ser meramente ilustrativa, tinha medo de Andrey concretizar a dele. Sabia do que ele era capaz quando se tratava de sua ambição e, no momento, Jimin e ela eram o maior obstáculo entre ele e a montanha de dinheiro que era aquela parceria com a Big Hit.
Os olhares dos dois se encontraram e discretamente Jimin pousou a mão na perna da bailarina sob a mesa. Acariciou de leve, tentando tranquiliza-la, mas querendo muito que aquela reunião terminasse para que pudessem continuar de onde pararam. Não podia e nem queria perder mais nenhum minuto longe dela.
– Eu posso tentar, se quiser... – ouviram alguém dizer.
O silêncio que se instalou na sala era quase palpável. Tinha sido tão baixinho e tão tímido que Alyona não tinha certeza de quem havia dito aquilo, mas Anja olhava diretamente para Jungkook, espantada e admirada com ele mais do que nunca. Ela sorriu para ele, grata. Finalmente ele ia poder mostrar para o mundo exatamente o que ele havia visto no dia do próprio aniversário.
– Quem...?
– Você tem certeza? – perguntou a bailarina, se dirigindo a ele. Só então todo mundo entendeu o que Jungkook havia acabado de oferecer.
– Tenho... acho que consigo. – falou. Ele agora sorria abertamente para Anja. – Posso te filmar, noona?
– Pode. Você pode tudo, Kookie. – respondeu ela sorrindo feliz.
– Está decidido então! – exclamou Alyona, batendo a mão na mesa com força, como se fosse uma juíza definindo a sentença de alguém. Andrey seria descartável e ela ia fazer o possível para que isso acontecesse o mais rápido possível.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro