O Resgate, O Regresso
Os galhos das árvores balançavam com o vento, emitindo um som sussurrante que poderia ser facilmente confundido com vozes distantes. Os adolescentes se reuniram em torno de uma pequena fogueira fora da cabana, os rostos iluminados pelas chamas dançantes. Alex, sempre o mais entusiasmado com aventuras, levantou-se com um livro em mãos.
— Preciso contar algo a vocês — disse ele, sua voz firme, mas carregada de uma emoção que fez com que todos prestassem atenção.
Mark, sentado ao lado de Maya, levantou uma sobrancelha, com uma cara furiosa e perguntou:
— O que foi, Alex? Então você é que vai colocar todas as coisas bem claras, não é? Vai contar toda a verdade a todos sobre o porquê estamos aqui e o porquê da nossa discussão?
Alex ignorou as palavras do amigo. Respirou fundo, abrindo o livro antigo com cuidado.
— Este livro fala sobre a Lenda de ZDONDI e um caçador chamado Simon Jhallen. — Ele fez uma pausa, deixando que os nomes ecoassem na pequena clareira. — Jhallen teve um caso sobrenatural na Ilha Erha. Desde então, eu fiquei obcecado. Eu queria ser como ele, caçar entidades sobrenaturais, entender esses mistérios.
Saraup apresentou uma cara ainda mais preocupada juntamente com Vladik.
Maya, inclinou-se para frente confusa:
— E o que isso tem a ver com a gente?
— Eu estudei muito sobre essas coisas — continuou Alex, ignorando a pergunta de Maya por um momento. — E descobri que nossa cidade, Khedie, tem sua própria história sombria. Alguns nomes, como o seu, Maya, e o seu, Mark, aparecem em relatos antigos sobre eventos sobrenaturais aqui onde mesmo o caçador Jhallen não conseguiu resolver. Eu... eu convenci vocês a virem comigo porque acho que estamos ligados a algo maior.
O silêncio caiu sobre o grupo. Lina, quebrou o silêncio.
— E se for apenas coincidência? E se estivermos apenas procurando problemas onde não há?
Antes que Alex pudesse responder, um barulho distante interrompeu a conversa. Todos se viraram para a direção do som, os corações disparando. Um farfalhar seguido por passos pesados que se aproximavam.
— O que foi isso? — perguntou Vladik, a voz tremendo ligeiramente.
Mark pegou uma lanterna, apontando-a na direção do som.
— Vamos descobrir.
Os adolescentes seguiram em direção ao som, o medo e a excitação se misturando em seus corações. O caminho estava coberto por folhas secas que estalavam sob seus pés, cada ruído parecendo amplificado pela escuridão ao redor.
De repente, eles ouviram vozes familiares.
— São nossos pais! — exclamou Lina, reconhecendo as vozes. — Eles vieram nos procurar!
— Rápido, vamos até eles! — disse Maya, apressando o passo.
Ao encontrarem os pais, a sensação de alívio foi imediata. No entanto, essa sensação durou pouco. Julius, estava sendo carregado pelos pais de Mark e Vladik. Ele estava inconsciente, com um ferimento na cabeça.
— Encontramos ele numa cabana abandonada — disse o pai de Mark, o rosto pálido. — E havia... havia um homem sem cabeça ao lado dele.
Os olhos de Alex se arregalaram.
— O que? Quem fez isso?
O pai de Vladik balançou a cabeça.
— Não sabemos. Precisamos sair daqui agora. Depois termos uma conversa muito séria.
Os adolescentes e os pais começaram a caminhar rapidamente pela floresta, tentando encontrar o caminho de volta. Mas a floresta parecia se fechar ao redor deles, os galhos se entrelaçando como se tivessem vida própria. O vento soprava mais forte, e uma voz assustadora reverberou pelo ar.
— Vocês não vão sair daqui. E se saírem, eu irei com vocês.
Todos pararam, os olhos arregalados de terror.
— Não vamos entrar em pânico. Precisamos continuar andando. — Alex tentou manter a calma.
Mas cada passo parecia mais difícil. A floresta estava viva, as árvores se movendo como se fossem parte de uma entidade maior. Mark segurou a mão de Maya, tentando transmitir alguma sensação de segurança, mas ele próprio estava aterrorizado.
De repente, um galho se soltou, caindo sobre Julius. Vladik gritou, tentando puxá-lo, mas parecia que a floresta estava determinada a mantê-los ali. A voz ecoou novamente, agora mais próxima.
— Vocês despertaram o que estava adormecido. Agora, pagarão o preço.
Alex tentou lembrar de tudo que havia lido.
— Precisamos encontrar uma maneira de apaziguar o espírito. Deve haver algo...
Lina olhou para ele, desesperada.
— E o que fazemos? Como fazemos isso?
Antes que Alex pudesse responder, um brilho estranho apareceu à frente deles. Era uma figura espectral, um homem de 8 caudas vestido de branco, flutuando sobre o chão da floresta.
— Eu sou ZDONDI — disse ele, sua voz etérea. — Vocês entraram no meu domínio.
Mark tentou falar, mas sua voz falhou. Foi Alex quem encontrou forças para responder.
— Não queríamos ofender. Estamos apenas tentando entender.
A figura flutuou mais perto, seus olhos vazios fixos neles.
— Simon Jhallen tentou me caçar. Ele falhou. E vocês, meros mortais, acham que podem me enfrentar?
A tensão aumentava a cada segundo. Maya, sentiu um frio na espinha ao ver a figura espectral se aproximar.
— Não é sobre enfrentá-la — disse Maya com voz trêmula. — Queremos saber o que você deseja. Talvez possamos ajudá-la de alguma forma.
A figura espectral parou por um momento, como se considerasse a proposta.
— Vocês acham que podem apaziguar um espírito antigo como eu? — perguntou ZDONDI, sua voz ecoando com um toque de desprezo. — Prove sua lealdade, liberte-me do meu tormento.
Alex se aproximou, a coragem crescendo dentro dele. — Como fazemos isso?
ZDONDI olhou diretamente nos olhos de Alex, sua expressão insondável.
— Encontre o coração da floresta. Ali está o objeto que me prende a este mundo. Destruam-no, e poderão partir em paz.
Os adolescentes e seus pais se entreolharam, a decisão pesando sobre eles. Mas a alternativa era continuar presos naquela floresta viva, sob o olhar atento de uma entidade sobrenatural.
— Vamos — disse Mark, apertando a mão de Maya com mais força. — Precisamos fazer isso juntos.
A caminhada até o coração da floresta foi longa e extenuante. A sensação de estar sendo observado nunca os abandonou, e a floresta parecia fazer de tudo para impedi-los. Galhos surgiam do nada, raízes se enroscavam em seus pés, e sombras dançavam ao redor deles, como se a própria escuridão estivesse viva.
Finalmente, chegaram a uma clareira. No centro, havia uma árvore antiga, com um brilho sobrenatural emanando de seu tronco. Ao se aproximarem, perceberam um amuleto estranho preso na árvore, pulsando com uma luz fria.
— Esse deve ser o objeto — disse Lina, aproximando-se com cautela.
Antes que alguém pudesse agir, a voz de ZDONDI ecoou novamente.
— Cuidado. Esse amuleto é protegido por antigas maldições. Só aqueles que realmente desejam minha libertação podem tocá-lo.
Alex olhou para os amigos, determinando-se.
— Eu vou fazer isso. Se algo acontecer, vocês corram e saiam daqui.
Ele se aproximou da árvore, sentindo a energia emanando do amuleto. Estendeu a mão, e no momento em que seus dedos tocaram o objeto, uma onda de energia percorreu seu corpo. Gritou de dor, mas não recuou. Com um esforço final, arrancou o amuleto da árvore.
A clareira foi inundada por uma luz intensa, e a figura de ZDONDI apareceu mais uma vez, desta vez com uma expressão de alívio.
— Vocês conseguiram — disse ela, a voz mais suave. — Agora, posso partir.
E com essas palavras, a figura se desfez no ar, deixando apenas um silêncio pacífico na clareira. As árvores ao redor pareceram relaxar, e a sensação de opressão desapareceu.
Os adolescentes e seus pais se entreolharam, o alívio evidente em seus rostos. Julius, que havia recuperado a consciência, sorriu fracamente, mas a dor de cabeça era gritante.
— Vamos voltar para casa — disse ele.
A caminhada de volta foi tranquila, a floresta agora parecia apenas uma floresta comum. Ao saírem da mata, o amanhecer começava a despontar no horizonte, trazendo uma nova esperança com ele.
Finalmente saíram da floresta.
Continua...
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