Eles deixaram a área onde haviam comido e seguiram em direção às partes desconhecidas do edifício, que agora pareciam menos ameaçadoras. A sensação de inquietação, embora não completamente dissipada, foi temporariamente substituída por uma curiosidade genuína.

Ao se afastarem da sala de refeições, foram recebidos por corredores amplos, adornados com luzes suaves que lançavam um brilho cálido nas paredes. O ambiente parecia cuidadosamente projetado para oferecer uma sensação de acolhimento e tranquilidade, quase como se cada detalhe fosse pensado para acalmar as mentes perturbadas dos jovens.

Alex liderou o grupo, com Vladik e Maya ao seu lado, enquanto Julius, Saraup e Lina os seguiam, conversando animadamente sobre as possibilidades de entretenimento. O caminho os conduziu a uma sala com grandes janelas que davam para um jardim interno, onde o verde exuberante das plantas contrastava com o ambiente anteriormente sombrio. O espaço era decorado com sofás confortáveis, mesas de café e uma coleção de livros dispostos em estantes elegantes.

— Uau, isso é incrível! — exclamou Maya, seus olhos brilhando ao ver a biblioteca. — Eu sempre amei ler. Quem diria que encontraríamos um lugar tão agradável aqui?

— É verdade. — concordou Alex, dando um sorriso satisfeito. — Vamos explorar um pouco e ver o que mais este lugar tem a oferecer.

Eles se espalharam pela biblioteca, cada um se perdendo em suas próprias descobertas. Maya se debruçou sobre uma pilha de livros de ficção, enquanto Vladik encontrou uma seleção de romances clássicos. Julius, com seu gosto por enigmas, começou a examinar uma coleção de mistérios.

Enquanto isso, Alex se dirigiu a uma mesa de jogos no canto da sala. Era uma área convidativa, repleta de tabuleiros e peças de jogos diversos. Alex pegou um jogo de xadrez e começou a montar o tabuleiro. A mente inquieta que ele tinha, começava a encontrar um pouco de paz na simplicidade do jogo.

— Alguém aí gosta de jogar xadrez? — perguntou Alex, com um tom que misturava curiosidade e entusiasmo.

— Eu gosto! — Saraup respondeu, se aproximando com um sorriso. — Vamos jogar?

Alex e Saraup começaram uma partida amigável, enquanto os outros continuavam a explorar. A conversa fluía de forma mais leve, com risos e anedotas que ajudavam a desviar a atenção das perguntas sem resposta que ainda pairavam sobre suas cabeças.

Depois de algum tempo, a Dra. Lorena retornou à sala, acompanhada de um assistente que carregava uma bandeja com alguns petiscos e bebidas. Ela se aproximou de Alex e Saraup, observando a partida de xadrez com um sorriso.

— Vejo que vocês encontraram uma forma divertida de passar o tempo. — disse ela, com um tom encorajador. — Como está indo a partida?

— Muito bem, obrigado. — respondeu Alex, olhando para a Dra. Lorena. — A comida estava ótima, e este lugar é realmente incrível. Só nos resta saber mais sobre o que realmente está acontecendo.

Dra. Lorena sorriu, compreendendo a inquietação ainda presente.

— Eu sei que há muitas perguntas sem resposta e compreendo que isso possa ser desconcertante. Estou aqui para ajudar no que for possível. O tratamento que vocês estão recebendo é altamente especializado e, por isso, algumas informações são divulgadas aos poucos. A confiança é essencial neste processo.

O grupo, agora mais relaxado, começou a se agrupar novamente em torno da Dra. Lorena, suas expressões mudando de ansiosas para mais abertas e compreensivas.

— Além do mais, se há algo que possam fazer para tornar sua estadia mais agradável, por favor, me informem. Estamos aqui para garantir que vocês se sintam bem e que o tempo passe de forma mais confortável.

A conversa continuou, com os adolescentes fazendo perguntas sobre as atividades disponíveis e a Dra. Lorena oferecendo informações sobre eventos e áreas do edifício que eles poderiam explorar. Ela falou sobre a existência de uma sala de artes e um centro de atividades físicas, sugerindo que eles pudessem aproveitar essas oportunidades para se manterem ocupados e engajados.

À medida que a noite se aproximava, o grupo se sentia mais à vontade. O ambiente que antes parecia tão intimidador agora era acolhedor, e a Dra. Lorena, com sua presença tranquila e encorajadora, ajudava a dissipar a nuvem de dúvidas e medos que pairava sobre eles.

Os adolescentes encontraram um novo senso de companheirismo enquanto exploravam as instalações, rindo e compartilhando histórias pessoais. As conversas eram acompanhadas de sorrisos e gestos amistosos, e o medo que antes os unia agora estava sendo suavizado pela experiência compartilhada.

Antes de se retirarem para os quartos, Alex parou para olhar o ambiente que começava a se tornar familiar. O lugar ainda era um mistério, mas a sensação de estar em boas mãos e de ter uma perspectiva positiva para o futuro ajudou a transformar a ansiedade em esperança.

— Acho que estamos começando a entender que, mesmo em situações difíceis, é possível encontrar momentos de alegria e conforto — disse Alex, dirigindo-se aos amigos. — Vamos tentar aproveitar o que temos aqui e dar o melhor de nós para superar essa fase.

Os amigos concordaram, compartilhando um sentimento de renovada confiança. À medida que se dirigiam para seus quartos, a sensação de comunidade e apoio mútuo parecia ter se consolidado.

A Dra. Lorena observou de longe, satisfeita ao ver os jovens começando a se adaptar e a encontrar um pouco de normalidade em sua nova realidade. Sabia que o caminho ainda seria longo, mas acreditava que, com o tempo, eles encontrariam não apenas respostas, mas também a força e a resiliência necessárias para enfrentar qualquer desafio que surgisse.

Com um suspiro de alívio, a Dra. Lorena se dirigiu de volta ao seu escritório, pensando em como o dia havia sido produtivo. Havia mais trabalho a fazer e mais palavras a dizer, mas por enquanto, ela estava contente em ver que os adolescentes estavam começando a se sentir mais à vontade. O processo de cura e descoberta era apenas o começo, e ela estava determinada a guiá-los da melhor forma possível.

Ao chegar no seu quarto, Alex pegou no seu enorme livro e abriu numa página que estava escrito "As Lendas mais Crueis".

Continua...