XV: Os amigos pegasus
Juntando minhas forças e meu fôlego depois do cap anterior, ainda... Kkk
O título é ridículo mas surgiu do nada esse capítulo, decidi dar uma pegada cômica aqui...
Espero que gostem!
ABRI MEUS OLHOS depois de um cochilo. Alice estava deitada sobre o meu braço, o seu corpo sob o lençol se aquecia junto ao meu. Toquei seus cabelos negros ainda molhados pela chuva, logo senti seu suspiro antes de abrir os olhos.
Ela ficou me olhando, seus olhos castanhos agora penetravam a minha alma de um jeito diferente, um jeito bom - não me sentia mais julgado ou um completo idiota. Ela sorriu para mim e com a outra mão toquei os seus lábios, a cada instante conferindo se tudo aquilo era real.
- Inacreditável esse momento - indaguei caloroso ao pegar sua mão sobre minha barriga. - O garoto...
- Psiu! - Alice me interrompeu antes de beijar-me - Não diz nada, Yushi.
Aquela foi a primeira vez em que me senti especial, a primeira vez que não sentia o peso nas costas de ser algo que não sou de verdade. Os olhos de Alice me fitando, o cheiro de seu perfume, de seus cabelos, tudo aquilo me fazia feliz, queimava meu corpo com uma chama que nunca iria cessar.
- Você - ela encarou meu rosto e o tocou seus dedos deslizaram por meu rosto e agarrei sua mão beijando-a. - Você é lindo!
O som de sua voz, o seu sussurro, as suas palavras, tudo eram hipnotizantes para mim. Ela me atraía, cada detalhe seu, cada toque me excitava e fazia com que a quisesse por toda a noite.
- Você é... - ergui-me um pouco e encostei na cabeceira da cama, ela logo se levantou também e escorou seu rosto em meu ombro - Incrivelmente atraente!
Alice riu divertidamente. Olhou-me cética e logo depois formou um sorriso malicioso no canto de sua boca.
- O que aconteceu com a "gótica"? - Arqueou uma sobrancelha.
-Digamos que ela caiu no chão junto com o metido, em cima de nossas roupas - disse cínico.
Então nos debruçamos na cama de cabeça para baixo. Passei minhas mãos por seu quadril e ela apertou-as fortemente, passou seus braços em meu pescoço enquanto a ponta de meu nariz tocava seu pescoço.
- Yushi - ela disse quando olhei-a novamente - Deveríamos nos apressar para o jantar.
Ri de sua timidez repentina.
- Eu não tenho fome alguma - balancei minha cabeça e fiz biquinho.
- Ah, é? - Disse perversa antes de puxar meu corpo para mais perto, chegou sua cabeça até e sussurrou em meu ouvido - Eu não tenho pressa, mesmo.
- Que bom! - Exclamou perversa antes de cruzar suas mãos no meu pescoço e puxá-lo para si. - Então eu não preciso sair daqui agora.
Sorri para ela antes de aproveitarmos mais um pouco nossa estadia naquele quarto secreto.
Depois de um beijo à luz do luar, nos separamos quando atravessamos o regato do riacho de Zéfiro. A tarde toda na nossa caverna moderna, e a noite se estendia no céu estrelado. Quase dez da noite e todos os campistas deveriam estar no jantar.
Eu até poderia estar com fome, mas minha alma estava cheia do próprio amor, meu corpo energizado de desejo e paixão. E naquela noite estava mais leve, a minha cama estava mais confortável que o normal e meu sono não foi atrapalhado por nenhum pesadelo.
[...]
- Yushami! Você não vai dizer nada?
- Ahn, Oi?! - Dillan debaixo da árvore me olhou perplexo. - O que você disse?
- Ontem de tarde choveu bastante - me olhou com um olhar detetive - , mas você não foi para o seu chalé.
Não fui, mas achei um lugar mais confortante que meu chalé. Não diria nada a Dillan, meu amigo sabia muito bem curtir com a minha cara ou então dizer as palavras mais chatas de um irmão mais velho "eu estava certo quanto a isso."
- Pelos deuses, Dillan! - Exclamei cinicamente. - Sou filho do deus dos mares. Você acha mesmo que a água me faz mal?
A chuva não me fez mal nem um pouco, não mesmo.
- Você soube dos filhos de Hades?
Tossi falso e receoso.
- O que têm eles? - Perguntei apreensivo.
- Nada! - Notou minha reação misteriosa. - Hanks me disse que o chalé deles será aliado ao nosso no Capture a Bandeira amanhã.
- Legal - respondi sem me preocupar, na verdade, minha cabeça estava nas nuvens.
- Ahn, Yushami?! - Dillan olhou-me espantado - Alice e Trevor humilharam você há dois dias...
E então percebi o quanto eu era idiota. Definitivamente, não importava mais.
- Esquece isso, cara - disse batendo em seu ombro. - Olha, o sol está lindo. Aproveite o dia!
Dillan poderia não ser esperto como um filho de Atena, mas ele sabia que havia algo estranho. Não me importei em ter o chalé de Hades como nosso aliado no próximo jogo de amanhã, e ele sabia que alguma coisa tinha acontecido para a mudança de humor do Sir Thunder.
Um dia comum de verão, ou seja, um dia comum onde meu corpo se atolava na cama e minha mente procrastinar até que caísse no sono.
Atravessando os chalés, meus ouvidos atuaram em contraste com o som que surgia deles. Como todos os dias, os chalés mais silenciosos eram os de Hécate e Hipnos, pois os filhos da deusa da magia gostavam mais de atuar de noite, já os três filhos do deus do sono só se encontravam na própria cama.
Em contraposição, Ares, Hermes e Afrodite eram barulhentos. Gritos e mais gritos pela superlotação de seus números. De Hefesto só barulho de martelos e bigornas, embora de dia estivessem mais presentes na forja.
Passei pelo chalé de Atena, oposto a Ares e ao lado do de Deméter, este oposto ao meu. As crianças da deusa da sabedoria eram muitas, mas civilizadas. A maior parte do tempo se encaixavam em cadeiras confortáveis e se empanturram de livros e mais livros -grande forma de adquirir sabedoria.
E sem muita decoração, mas reservado e pequeno, olhei para o terceiro chalé do campo. Por sinal, o tridente dourado brilhava acima da minha porta, se destacando em meio às paredes sólidas e brancas.
- Yushami Thunder! - Ouço alguém me chamar quando minhas mãos foram na maçaneta.
Eu virei e me deparei com um garoto de cabelos castanhos com cachos bagunçados por folhagens de árvores. A sua pele negra estava destacada devido estar sem camisa, mostrava que o sol não lhe incomodava e que era um admirador do ar livre - talvez porque sua cabeça tinha folhas também - e os olhos castanhos claros outrora lembravam a pigmentação do tronco de uma árvore.
- Olá - suas mãos coçando mostraram seu nervosismo em me ver. - Sou Minniot Greenwood!
- Um prazer, Minniot - tentava lembrar se o conhecia antes. - Ahn, você é filho de quem?
Ele arregalou os olhos tentando distinguir o que eu disse. Riu para mim e depois apontou para o seu quadril, ele era um sátiro.
Agora entendi o porque seus passos pareciam mancos ou de uma garotinha que começava a andar de saltos. Isso não significa nada, os sátiros conseguem correr mais que um meio-sangue quando se tem uma orla de monstros atrás de você.
- Ah, claro - fiquei com vergonha por não ter notado. - Você é um sátiro. Legal!
- Ai cara - ele me olhou com euforia. - Você é mesmo você. Irado!
Tudo bem ser famoso e adorado por todos os outros semideuses, principalmente quando você é - ou era - o mais especial, um dos Três Grandes. Mas o sátiro me deixou desconfortável em vê-lo surpreendido ao me encontrar.
- Desculpe - percebeu meu incômodo e corou as bochechas negras - Na verdade, quando sento à mesa de centro, ouço Hanks e Dioniso falarem muito de você.
Seria difícil achar uma pessoa que não falasse de mim aqui.
- E?! - Poderia parecer ignorante e não dar a mínima, mas era o efeito de não estar na cama.
- Ah... E eu só queria dizer que é uma sorte. - ele fazia com que me sentisse a celebridade mundial encontrando seu fanclub.
Okay! Minniot era o tipo de pessoa que te deixa curioso com palavras sem conclusões. Depois, somente sorria para você com os dentes brancos com pedaços de alumínio ruído e latinha - os sátiros adoram latinhas!
- Eu digo que você tem sorte - percebeu meu olhar confundido. - Ah cara! Você é filho de Poseidon. Membro da Guarda-Herói. E tem uma missão muito foda.
Foda: palavra utilizada para subentender suicida. Eu acabara de conhecê-lo e já sabia de minha missão. Por quanto tempo as coisas permanecem no sigilo aqui?
- Obrigado?! - Me deixou desconfortável. - Agora posso entrar?
Ele riu quando apontei para minha porta.
- Me pediram para te avisar que hoje é seu dia de limpar os estábulos - balançou a cabeça com piedade - Daqui dez minutos os campistas guardam os cavalos. Vai limpar o dormitório dos seus irmãos, cara!
Os cavalos não eram meus irmãos, tecnicamente. Poseidon era o deus dos cavalos, mas nem um pouco eram meus parentes!
- Eu vou estar lá! - Péssima hora para ouvir o papo de um garoto com bunda de bode.
Limpar os estábulos não era tão ruim, quer dizer, não gostava muito de segurar uma pá todo suado e sujo enquanto meus ex-discípulos passavam e me viam naquela situação.
Mas eu fui, me deu saudade de conversar com os únicos seres que realmente me entendiam. Os pegasus e alguns cavalos normais dali eram meus amigos irracionais, mas muito mais racionais que muitos cabeças de vento por aqui e só menos inteligentes que os filhos de Atena.
Atravessei os campos de morango. Os filhos de Demeter faziam um grande trabalho e é claro, os filhos de Dioniso não ficavam para trás - por mais que tivesse um deles que eu não gostasse muito.
Poucos metros adiante, tudo ouvir os relinchos dos equinos que voavam ao céu fito passarinhos fujões com um bocado de pirralhos loucos nas costas.
Olha lá, uma fêmea relinchou para os outros assim quando me avistou. O filho do chefão voltou!
"Olhá lá. O filho do chefão voltou." Ouvi os pensamentos de uma das fêmeas que comia maçã ao meu lado.
Ele é tão desnatural do pai que até os olhos não são os mesmos, um corcel que contava território murmurou logo depois do filho de Apolo pentear suas tranças.
- Bom dia para vocês, meus amigos! - Falei mais alto, mas para os cavalos e todos os campistas me olharam.
- Você por aqui, Yushami?! - Um estúpido filho de Ares me olhou com desdém.
- Vai tomar banho, javali! - Retruquei grosseiramente antes de entrar nos estábulos.
Claro que os serviços pesados ficava para alguém que tinha muita intimidade com os cavalos - imagine Hanks, um centauro dizendo isso. Os outros nem se atreviam a abrir as baías depois de tirarem as celas dos cavalos.
O cheiro era repugnante, se deuses dessem néctar para Pegasus comerem seria menos desagradável. Maçãs não estavam fazendo bem para eles, tampouco nozes ou chocolate azedo - nem sei distinguir o que era aquele outro cheiro.
A primeira baía à minha esquerda, tinha um pegasus de pelagem escura se alimentando de feno e balançando seu rabo. Logo, o equino se virou e sentiu meu cheiro.
Ai meus deuses, ele voltou! Reconheci o tom jovem e rouco que Horset me dizia nos pensamentos.
O cavalo começou a relinchar e euforia acordando todos os outros. Até um campista de Apolo que limpava a pelagem de um no fim do estábulo se assustou.
Cherry, sua égua. O chefezinho tá aqui! O corcel negro alado bateu seus cascos traseiros na baía do seu lado.
- Ei Horset! - Chamei sua atenção e o cavalo me olhou como um cachorrinho chateado com o dono. - Você precisa tratar as garotas bem.
Eu ouvi um relincho, mas bem sabia que era a risada sarcástica da pegasus Cherry.
Ele está certo, Horset! Cherry colocou a cabeça para fora de sua baía e piscou para mim.
A pegasus tinha uma pelagem tão parda que no contraste no sol, quando voava ao alto deixando sua sombra à nós, sua pelagem avermelhada era quase a cor de uma cereja.
- Muito bem meus amigos, preciso limpar a baía de vocês - disse com pêsame, realmente o estômago de meus amigos equinos cabia muita coisa. - Sejam educados!
Ouviu muitos relinchos de todos os animais alados do estábulo.
- Que comecem os jogos! - Esfreguei as mãos tentando achar coragem para começar o trabalho.
Peguei uma pá e balde no canto de um grande fardo de feno enquanto vi os campistas patinando no vento agarrados no torso dos pegasus.
Aqueles patetas são pesados. O corcel alado me disse quando entrei em sua baía. Tínhamos uma ligação psíquica, facilmente percebia minha preocupação com os cavalos nos ares.
- São gordos e tratam vocês como animais! - Reclamei juntando os gêmeos espalhados pelo chão e pedaços de maçã. Logo, surgiu um montinho de massa verde e fétidas. - Eca, Horset! Devia mudar sua dieta, cara.
Ele tem um estômago mal digerido. Cherry opinou com seu focinho na baía do vizinho. "E você cheira a algas com... Algas afrodisíacas?!"
A pá quase caiu da minha mão quando ela me pegou desprevenido. Digamos que animais conseguem sentir o cheiro das nossas emoções através de fatores químicos do nosso corpo, e no caso ela sabia muito bem porque cheirava daquela forma.
- Do que você está falando, Cherry?! - Menti para ela antes de pegar o balde pesado ao lado dos cascos de Horset.
Passei ao seu lado para sair, antes que ele passasse seu focinho próximo ao meu tórax. Saltei para trás quase deixando o balde cair.
Ele cheira a desejo sexual, Cherry! Horset disse mostrando seus dentes para mim, um sorriso um tanto constrangedor.
- Vocês dois, fiquem calados enquanto limpo as merdas fedidas de vocês! - Tentei dizer com raiva, mas soou vergonhoso e constrangido.
Limpei todas as vinte e duas baías dos pegasus, onze de cada lado. Algumas estavam vazias porque seus moradores desfilavam pelos ares com os campistas que se aventuravam nos ares.
Uns me cumprimentaram e outros exibidos só viraram a cara e mostraram a bunda.
Aí chefe! Horset enfiou seu focinho bem na frente quando eu ia para a saída. Os boatos que andam rolando pela natureza sobre você é verdade?
- O que você disse, cavalinho?! - Eu até parecia um doido, encostado na porteira de uma baía conversando com um cavalo. - Vai direto ao ponto!
Sua missão para aquela ilha dos deuses... O cavalo fez uma pausa e começou a se mexer assustado. "Você corre perigo, Yushami!"
Me chamariam de louco se dissesse que um cavalo consegue me dar lições de moral e me alertar do perigo? Pois é, meus amigos não sabem disso.
- Só isso?! Me diga uma coisa que eu não sei. - Passei a mão na sua crina negra e ele virou sua cabeça para mim.
Aí, todos os animais estão falando que o senhor aprontou algumas nos seis meses... Era um cavalo histérico e dramático.
Fala sério! Até um cavalo alado sabia o que eu fiz por seis meses? As fofocas voavam como a rapidez de Zéfiro sobre os ventos, ou até mesmo as mensagens instantâneas da deusa Íris.
- Aprontei nada. Eu só dei uma viajada pelo país para conhecer umas coisas por aí - disse sem formalidades para meu amigo equino.
Só tome cuidado porque as coisas não são mais as mesmas. Ele alertou quando me afastava para a saída.
Aí chefe! Cherry relinchou e virei para trás para ouvi-la. A melhor coisa a se fazer é tomar um banho. Você sabe, feder a peixe e deixar os ferormônios a solta pode atrair muitos alvos.
É sério? Uma pegasus curtia com a minha cara.
"E a garota que libertou suas algas deixa o senhor bastante doido né?" A égua sabia ler minhas emoções. Só tome cuidado porque quando a chama se apaga, nem mesmo a garota pode acender.
🌊🔱🌊
Então, capítulo clichê temos tbm KKKKKK
Bem estranho Yushami conversando com cavalos? Demais! Mas é a vida né... kkkkk
Xoxo. Até o próximo.
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