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XIII: Semideuses delinquentes

Haha! Talvez o título esteja um pouco estranho para vocês, que bom!

Bem... Lendo por aí podem ter percebido o quão chato nosso personagem-título é com mundo que o rodeia.

Pois bem, o mundo não gira em torno do umbigo de Yushami e ele precisava de alguém para dizer isso à ele -mesmo que fosse da pior forma possível.

O SOL FLAMEJANTE curtia com a minha cara. Apolo usava holofotes de raios de sol presos à minha mesa. Uma terça-feira comum e Nelson Hanks decidiu que deveríamos teimar. A comida custou descer a minha garganta de raiva e ódio.

Depois de beber o suco de morango azul - pelo meu louco pedido e paixão por essa cor - , levantei do banco e olhei mais uma vez para o bando de adolescentes famintos e problemáticos.

De todas, Hermes se supera no número de campistas. 25 pirralhos numa mesa de piquenique que poderiam furtar sua carteira sem que ninguém os visse mexer as mãos.

Atena e Ares competiam com o mesmo número, dezenove semideuses em cada chalé.

A décima terceira à vigésima mesa abrigavam os filhos dos deuses menores, na verdade, a décima terceira pertencia ao Hades - não ouse chamá-lo de deus menor.

- Vai ficar parado aí observando ou vai descer à arena? - A voz rude de Airam incomodou meu ouvido.

Olhei para a minha amiga, filha de Atena. O castanho dos olhos de Airam não vinham tampouco de Atena, a deusa tinha olhos cinzentos. Certamente puxou para o pai, que vagamente mencionava ele nas nossas conversas.

- Bom dia, Airam - disse em um tom irônico e peito estufado. - Não sabia que se importa tanto assim comigo...

- Pode ir parando com esse seu papinho egocêntrico - colocou uma mão na cintura e gesticulou um menos com a outra. - Você não mudou nada desde o dia em que sua fama de semideus começou a aumentar!

Bingo! Airam não se negava a falar qualquer coisa que afetasse meu senso rude e medíocre, era a pessoa que poderia chamar de "minha consciência". Minha amiga puxava as rédeas toda vez em que o famosinho aqui tentava sair dos trilhos com ignorância e superioridade.

- Você pode espantar seu núcleo de amigos sendo idiota desse jeito - caçoou dando um tapa no meu ombro direito.

- As filhas de Afrodite adoram meu tom de charlatão e galanteador - não deixar meu ego ser rebaixado era muito difícil quando ela estava por perto.

- Engraçado né?! - Curtiu comigo em um tom ignorante. - Será por que todas as pessoas frívolas e mesquinhas desse acampamento gostam de você?

Ei! Eu entendia muito bem suas insinuações, ainda que indiretamente me chamasse de frívolo. Talvez fugisse um pouquinho do que realmente importava em minha vida - só um pouquinho!

- É melhor nos apressarmos antes que comecem sem nós - disse antes de fugir do assunto puxando o braço dela para fora do pavilhão.

Naquela manhã eu odiava totalmente o sol exagerado queimando a minha pele e a luz incomodando meus olhos. Freneticamente, pensava na insolação que teria no fim do dia.

Depois de passar por sátiros correndo atrás de ninfas, semideuses de Hefesto trabalhando na forja e alguns cavalos alados voando sobre nossas cabeças, chegamos na arena.

Todos vestidos à caráter de batalha, principiante nosso tutor centauro. Hanks vestia uma couraça de couro, uma espada de bronze celestial amarrada no trono de cavalo e um arco e flecha nas costas - centauros são ótimos arqueiros.

- A bela adormecida chegou - Kaique curtiu no seu famoso tom de animador de festas e todos riram.

- É que fiquei esperando o beijo de um príncipe - sorri torto e de sobrancelhas erguidas. - Acordei, e acabei me lembrando que eu era o príncipe!

E o resto de meus amigos riram de minhas piadas sem graça falsamente.

- Sério? Ser um idiota logo cedo? - E a filha de Hades retrucou me olhando sadicamente.

Primeira meta daquela terça-feira: vencer o fim do dia com Alice me fazendo sentir um completo babaca por ser tão metido e excêntrico. Segunda meta: não deixar de fitar os seus olhos mesmo que a odiasse com a minha alma - pelo mesmo motivo da primeira meta.

Eu sei! Yushami Thunder é um tremendo babaca.

- Vamos lá garotos - Hanks indagou - Eu analisei cada golpe de vocês durante anos. Formei duplas para vocês e espero que se encaixem perfeitamente com seu parceiro e oponente.

Que Alice não seja minha dupla, pelo amor dos deuses! Eu pensei retraído quando analisava qual dos meus amigos poderia ser minha dupla.

- Airam eu iria te colocar com Yushami - alternou seu olhar para mim e fiquei com medo de suas escolhas para mim. - Você vai treinar com Kaique hoje. Quero testar a sagacidade de ambos.

Voilà! Dois de meus amigos se foram e só restava Mira e Dillan. Eu não queria lutar com Luara, era minha amiga e a respeitava quase ao ponto de sermos irmãos. Por outro lado, mesmo que tivesse uma ponta de ódio, não queria um duelo com Alice e Trevor - eu não estava com medo.

- Dillan e Luara - Hanks disse. - Vocês dois, cada um filho dos grandes Apolo e Artemis, ambos exímios arqueiros e guerreiros. Quero vê-los em ação.

Luara e Dillan poderiam ser os rostos perfeitos para uma capa de revista famosa. Loiros, olhos claros, corpos perfeitos, até pareciam os gêmeos Ártemis e Apolo. Tão parecidos que até chamaria-os primos de primeiro grau se nossa paternidade divina considerasse o parentesco.

- Mira - esperei que Hanks não sugerisse um filho de Hades, porque sobraria um para ser minha dupla. - Você vai fazer Yushami trabalhar duro para vencer essa luta.

Alice e Trevor seriam uma dupla. Certamente, um combate acirrado onde os dois filhos insanos de Hades provariam que a familiaridade não se conta em um duelo.

- Quero vê-los juntos. -Hanks olhou para os gêmeos góticos que mantinham olhares estreitos e imóveis, tão prudentes como a serpente seduzindo a sua presa - O medo e o recuo não existem para vocês, ainda mais quando usam uma espada. Por que não explorar isso, não é?

Trevor parecia um delinquente no meio de um grupo de jovens que levavam a sério tudo, menos ele. Tinha uma pulseira de couro com o símbolo do infinito, tão escura como o pingente de uma adaga no seu pescoço. A coisa engraçada foi a minha preocupação de quanto tempo levaria para vê-lo com uma tatuagem.

- Vocês partem no sábado, então quero energizá-los com o Capture a Bandeira na sexta - Hanks empolgou-se no tom. - Por isso, preciso do maior esforço de vocês nesse combate. Dividirei-os em duas equipes na sexta!

A parte boa do acampamento eram as noites do Capture a Bandeira. Acreditem, desde que cheguei, nunca perdi uma bandeira. Então daria o melhor de mim nesse duelo até que meu corpo estivesse tão cansado para me pedir recuo.

- Antes - o centauro ergueu o indicador em alerta - , quero dizer que encontrei o barco. Um presente do mensageiro dos deuses para vocês, e é claro que a senhora Atena fez uns upgrades,como se diz na linguagem de vocês, no barco.

Airam fez uma expressão de admiração ao ouvir o nome da mãe. O resto de nós apenas concordou com a cabeça sem nenhuma atenção.

- Mas poderíamos ter usado o meu carro, senhor - Dillan disse em um tom óbvio e excêntrico.

- Seu carro? - E eu dava corda quando a curiosidade queria matar meu gosto.

- Drrr! Aquele automóvel que você chegou aqui na semana passada é uma cópia da carruagem alada do meu pai - Dillan disse tudo isso sem respirar com uma voz orgulhosa e impressionada.

Tudo bem, a maldito carro que me fazia despertar minhas habilidades de acrófobo era do Dillan, justo dele. Já que não queria um consultor para a compra de um carro, decidi guardar meus questionamentos quanto a isso.

- Os ares do oceano efetivamente são perigosos - Nelson explicou. - Além do mais, o oceano é para Yushami como as pistas de corrida são para um piloto.

Com tudo esclarecido, troquei alguns olhares com meus amigos. Todos tensos com a minha missão e que definitivamente poderia não cumprí-la se vacilasse.

- Agora, preciso de vocês oito aqui. - Trotou para trás como um cavalo domado e apontou para o centro do nosso pequeno círculo.

Em passos pesados e trêmulos, o par de pés de cada um estavam sobre a areia quente.

- Guarda-Herói, essa missão define ainda mais o destino que as Moiras têm traçado para você - Hanks estava sério e preocupado. - Por isso, estendam seus anéis e estabeleçam o completo comprometimento com o Olimpo e o Acampamento Meio-Sangue!

Naquele instante senti o peso do anel de prata do meu dedo indicador. O anel da Aliança Sagrada que me fez jurar dar a minha vida aos outros. Erguermos os punhos fechados, nós seis, e o símbolo ômega marcado com bronze celestial brilhou no meio de todos eles.

Luara e Trevor, não sendo da equipe, se aproximaram depois que terminamos. Nós oito enfileirados esperamos Hanks parar de andar de um lado a outro na nossa frente.

- Pois bem - indagou depois de um suspiro profundo. -Airam. Kaique. Se aproximem.

Demos alguns passos para trás e os dois para frente. De frente um para o outro, pude ver meus amigos com expressões frias e intrigantes.

- Você não tem nenhuma arma sagrada, Kaique? - Hanks percebe suas mãos vazias.

- Ahn, não - ele respondeu sem graça. - Bem, é que minha mãe é a deusa da beleza, então me presentear com uma espada..

- Ihh cara! - Trevor caçoou - A lança dessa garota vai te destruir.

Revirei os olhos por sua ironia. Nem eu conseguia ser tão irritante assim.

- Kaique não precisa de uma boa arma para lutar, Trevor! - Retruquei sarcástico. - Além do mais, me pergunto se você é realmente bom quanto me disse...

- Ele é ótimo! - Sua irmã gêmea se intrometeu grosseiramente. - Até melhor que você.

Me olhou com desdém e balancei a cabeça lhe mostrando a língua feito uma criança.

Hanks emprestou a espada de sua bainha para Kaique o qual a pegou com muita facilidade - mais fácil do que a maioria dos guerreiros experientes. O cilindro na mão de Airam era como o meu, logo se transformou na lança dourada reluzente com suas pontas afiadas para fazer de criaturas pedaços gigantes de sujeira nos dentes.

- Guerreiros. Pelo sangue imortal que corre em vossas veias, façam desse treinamento a prova de sua bravura e coragem para salvar aqueles que necessitam - Hanks disse antes de bater o casco dianteiro no chão. - Três. Dois. Um. Comecem!

Airam e Kaique eram amigos desde que o garoto a ajudou com o grego antigo assim que chegou aqui. A intimidade deles era tanta que o filho de Afrodite guardava todos os segredos da amiga. Esse treinamento seria desafiador ao ver os amigos um contra o outro.

A filha de Atena era uma guerreira selvagem, mas era compassiva e piedosa. Seus sentimentos com o garoto iria facilitar para que não fosse um duelo tão insano.

- Quero ver se você vai se sair tão bem quanto eles, Yushi - Alice sussurrou sarcástica à minha direita.

- Então resolveu dirigir sua palavra a mim? - Apontei irônico quando me virei com uma postura completamente narcisista. - Já pensou na minha proposta...

- Oh estúpido, não seja tão pateta! - Ela disse raivosa. - Do jeito que você é, nunca seremos amigos...

- Vocês dois poderiam prestar atenção no combate! -Mira exclamou para nós fazendo o clima acabar.

Com minha atenção de volta à eles, pude ver as estocadas da espada de Kaique na lança dela.

Direita. Esquerda.

Airam inclinara sua lança para cada lado que ele mexia sua lança. E então o ruído de metais se trocando aguçou pela arena.

Estocadas fortes. O filho de Afrodite levou a sério o combate. Seus olhos castanhos eram assustadores quando observava seu oponente feito um animal de caça. A vontade de vitória nutria por cada movimento contra ela, talvez tivesse rezado à deusa Nike antes do combate começar.

Vi a espada do semideus cortar o vento na horizontal rumo a barriga de Airam, o problema é que a sua barriga não estava lá. Afastada para trás, ela o observou antes que desse mais um movimento. Então, o guerreiro levantou sua espada mais uma vez e o pé da garota a chutou como se levanta uma peteca.

Plaft!

A espada dele caiu do nosso lado. Com seus olhos voltados para ela, Airam aproveitou para avançar contra ele.

E aquela foi a primeira vez em toda a minha vida que vi um filho de Afrodite agir como um guerreiro de Ares.

Kaique deu uma cambalhota no ar para trás dela. Desnorteada, procurou-o sem ver que estava atrás. Ele abaixou, arrastou seu pé sobre seus calcanhares e pegou sua lâmina.

Plaft!

Airam caiu feito abóbora amassada no chão.

- Isso sim é divertido - Trevor indagou sarcástico. - Nunca pensei que um filho de Afrodite poderia ser tão... feroz!

Um trovão ribombou no céu claro e sem nuvens.

- Acho que não pode dizer certas ofensas implícitas aos deuses, Trevor - observei trêmulo ao vê-lo afoito.

Kaique ajudou a amiga a se levantar. Ela não se decepcionou com sua ação na batalha, muito pelo contrário, se sentiu orgulhosa pela vitória do amigo.

- Muito bem - Hanks acenou a cabeça satisfeito. - Dillan e Luara, é a vossa vez.

Os dois arautos da anatomia humana perfeita - quando digo perfeito é sem exagero - se posicionaram no centro da arena. Com rostinhos tão limpos e angelicais nunca se imaginaria ser de pessoas tão ferozes e radicais.

Dillan armou seu arco com uma flecha amarelo-brilhante. Luara tinha uma espada simples em mãos, mas algo me dizia que isso não significava nada para saber usá-la.

- Dillan, se lembre que ela tem apenas dezesseis anos - eu observei preocupado feito um irmão adolescente ao garoto. - Se machucá-la, eu me esqueço que você é meu melhor amigo!

- Olha só, Yushami - Luara gesticulou com a mão para que eu parasse. - Nem mesmo você me conhece.

Aquela até seria uma batalha metafórica. De um lado o sol e de outro a lua, pelo menos o filho do deus do sol e a filha da deusa da lua.

A mentalidade de Dillan em batalha era mil coisas diferentes da sua do dia-a-dia. De dia era um homem de vinte anos agindo como um adolescente de quatorze, mas quando seu arco se armava ele parecia um soldado aposentado com todos os seus truques ainda em mente.

- Seu primeiro treinamento, Srta Monroe - Hanks indagou olhando admirado para a menina à sua esquerda. - Não tenho nenhuma dúvida de que, como herdeira da deusa da caça, os seus instintos naturais florescerão.

Eu esperava mesmo por isso, ou meu amigo loiro e delinquente poderia fazer uma de suas flechas mágicas faiscar na couraça de Luara.

- Três. Dois. Um - O centauro contou se afastando dos dois. - Comecem!

Nelson Hanks ficou o tempo todo com os dedos sobre o queixo, com um cotovelo apoiado sobre o braço deitado e num gesto de analista. A típica expressão de quando estudava meus primeiros movimentos em campo.

Luara era miúda e sorrateira, talvez menor que Alice por sua idade. Ela olhou-o com o queixo erguido em relance, uma mulher em batalha, como sua mãe e suas caçadoras.

Dillan passou a mão vaidoso em seu cabelo loiro, depois armou o arco e com um olho fechado mirou na menina.

Três flechadas seguidas e foi a primeira vez em que o garoto estava preocupado com seu alvo. Luara pulou como uma pena ao vento, uma cambalhota para frente e pôs a espada em seu braço esticado com o corpo inclinado para trás.

- Eu não sou um alvo, mas você é a minha caça - Luara disse num tom sombrio e assustador.

O arco do filho de Apolo tinha uma flecha formada. Lançou-a na direção da menina. Deu um giro completo e cortou a flecha de luz fazendo-a desaparecer.

Dillan aproximou-se mais de perto e ela se jogou defronte dele. Usou seu arco como escudo para cada estocada, mas sua desvantagem era que a garota era pequena demais para ser notada tão próxima de seu campo de visão.

Ela se agachou quando se aproximou. Deixou-o chegar e uma cotovelada atingiu sua barriga. Ele agachou pelo impacto, ela aproveitou o peso de seu corpo e o jogou para trás de suas costas.

Dillan caiu no chão quase sem fôlego. Luara Monroe foi a campeã daquele duelo.

- Uau! - Trevor ficou boquiaberto. - Ela é, sem dúvidas, a garota mais foda que eu conheci...

Todos olharam estranhamente para ele.

- Obrigada pelo elogio - Luara deu de ombros com um sorriso torto.

Foi até o loiro no chão e o levantou. Dillan pôs as mãos nas costas gemendo de dor. Definitivamente se tivesse quebrado uma costela lamentaria o resto da semana pelo erro em sua anatomia perfeita.

- Ah... - Luara ergueu o queixo em convencimento. - Desculpe por te derrubar, é que meus instintos floresceram!

Certamente todos pediram a um deus que os ajudasse no campo de batalha. Logicamente, uma garota de dezesseis anos não conseguiria vencer um arqueiro experiente de vinte anos. Isso poderia ser a ajuda divina.

Acho que ali eu era o único descrente que não pedia a ajuda dos deuses com alguma coisa. Sim, sou uma desonra até mesmo como semideus.

- Muito bem, srta Monroe - Hanks indagou com surpresa e admiração. - Uma dica essencial e importante é usar o peso de seu oponente contra ele mesmo.

Então era a minha vez. A pior parte: eu lutaria contra uma mulher que não era semideusa, muito mais poderosa que todos nós juntos. Essa é a hora que eu deveria rezar aos deuses.

- Mira. Yushami - Hanks pronunciou nossos nomes com cautela. - É a vez de vocês.

Naquele dia percebi que ela tinha traços asiáticos de verdade, talvez tenha usado a Névoa para escondê-lo. Seus olhos puxados à sombra de sua maquiagem, tão vermelhos e vivos que lembravam o próprio fogo.

Um vento passou no meio de nós dois. Os cabelos platinados de Mira voaram sobre o seu rosto, seus olhos ficaram entre as franjas me fitando friamente.

- Temos um combate entre um dos Três Grandes e um yokai - Hanks disse como se fosse uma coisa boa. - Quero que usem todas as suas habilidades, inclusive você Mira.

Como é engraçada a vida, não é mesmo? Um filho de Poseidon que tinha habilidades sobre a água e o mar, mas não tinha nenhum perto de mim; e uma mulher que na verdade sempre fora uma raposa tão poderosa que certamente poderia te incinerar vivo. Eu literalmente, estava frito.

- Olhe a aura dela, Alice - o filho de Hades apontou para Mira de olhos arregalados. - Ela é... poderosa!

Os dois viam alguma coisa que não conseguia enxergar. Então uma luz vermelha e laranja quase me cegou quando Mira estava no meio dela.

- Uma kitsune do fogo - Airam disse maravilhada com a aura ao redor da mulher.

Uma aura que a cobria no formato de uma raposa. Tão brilhante que causava agonia em meus olhos. Mira abriu os olhos e pareceu que a aura se erguia.

- Você é filho de um deus, Thunder? - Nunca me chamara tão brava e somente pelo sobrenome. - Me mostre do que você é capaz!

É nesse momento que você sente todo o seu corpo formigar e suas bases quase vacilarem. Pois é, eu estava desse jeito!

A espada na mão da kitsune pegava fogo. Bolhas de chamas saíram em minha direção quando ela se moveu ferozmente para frente.

Não seja um medroso, Yushami. Disse para mim mesmo quando meus olhos se atentaram calmamente nas bolas flamejantes em minha direção. Você não é o mesmo garotinho de antes... NÃO MAIS!

Minha espada tremeu quando a apertei com raiva, rancor e ódio de mim mesmo. Eu a levantei ferozmente quando vi as esferas de fogo bem na minha frente.

Splash!

Aos meus dois lados, pareceram melecas flamejantes no chão.

- A espada dele cortou o fogo - Ouvi o sussurro de Luara. - Como é possível senhor?!

- Sua espada veio do mar, Luara - Hanks lhe disse num tom inspirado. - Além do mais, ele é um semideus. Ele é o semideus!

Eu estava confiante quando olhei o risco do fogo pregado no gume da minha espada. Levantei-a do chão e apontei para a frente. Encarei a mulher com aura de raposa com o olhar mais intimidador que eu tinha.

- Você pegou pesado, Mira. - Tentava me recuperar do seu ataque inesperado. - E eu.. Bem, não posso fazer nada senão retribuir!

O canto de sua boca levantou-se num sorriso malicioso. O sadismo em sua expressão brilhante e seus olhos vermelhos me fizeram saber que nunca se pode confiar em uma raposa.

- Vamos lá, Yushami - Ela disse com um tom ansioso. - Preciso saber se você realmente está pronto...

Eu estou pronto, sempre estive. Meus passos se aceleraram rumo a ela, chutar areia com toda a velocidade que um atleta poderia conseguir.

Quando se é um meio-sangue e você tem déficit de atenção, seus instintos se focam perfeitamente em batalha. No meu caso, tudo girava em câmera lenta a cada passo acelerado que meus pés davam.

Mira me recebeu com uma estocada horizontal. E então com o pescoço inclinado para trás e joelhos no chão, passei por um triz de sua espada que jorrava fogo.

De joelhos no chão, recuperando o fôlego, senti o calor de sua aura flamejante quase queimar os meus pelos.

- Levante, Yushami! - Sua voz alta e aguda se aproximam por trás.

Fiz uma coisa que se autoridades mortais me observarem, seria preso por agressão à mulher. Eu estava em uma batalha, não era momento para pensar, mas para agir.

- Ahh! - O som da minha voz pôde ter sido abafado pelo chão quando o resto do meu corpo estava para cima e meu pé direito acertou o queixo da kitsune.

Mira Flame voou pelo ar como uma peteca e... Impossível! Desafiou a gravidade com um giro mortal antes de cair no chão.

Suas mãos sobre a areia com uma perna toda reta no chão quando a outra tinha o joelho sobre ele a fez parecer um animal analisando a presa antes do ataque.

Tive uma péssima sensação quando vi seus dentes se unirem em um sorriso sádico no canto direito da boca.

Mas então uma sombra escura e volumosa voou por cima de Mira tapando a claridade em minha frente. Não era uma sombra, era Trevor quase caindo com uma adaga apontado para a minha cabeça.

- Que por... - Comecei a praguejar caindo com as nádegas do chão. - Merda! Isso não era um duelo, sr. Hanks?

Não vi para o lado mas ouvi a alta risada do centauro enquanto meus olhos fisgavam Trevor Hyneong caindo do ar.

Meu corpo girou antes que visse sua adega enfiada onde estaria minha bunda.

- Acontece que você não ouviu o começo da conversa - o filho de Hades disse me olhando com desdém.

- Hoje é meu dia de sorte - resmunguei perplexo quando vi Trevor e Mira lado a lado.

Corajosamente, levantei-me e os observei friamente. Hanks me traiu, todos me traíram. Aquele treinamento era especialmente para me matar, e eu tinha uma raposa furiosa e um adolescente com cara de psicopata prontos para me atrocidar.

- Você não é o único aqui que tem truques legais - Trevor disse me fazendo parecer indefeso.

E seus punhos fechados bruscamente tiveram alguma conexão com o solo tremendo nos meus pés. Droga, pensei, achei que Poseidon fosse o deus dos terremotos...

O chão começou a engolir meus pés e Trevor se divertia com isso. A espada de Mira tocou o solo e uma risca flamejante saiu da ponta serpenteando à minha direção.

A lava escorreu sobre meus pés e começou a endurecer. Freneticamente, fitei-os antes de nutrir toda a raiva do mundo.

- Os monstros farão coisas muito piores conosco, Yushi - a voz psicótica de Alice quando me via indefeso surgiu detrás de mim.

A filha de Hades passou os dedos frios da ponta de minha mão a outra que estavam cobertas de areia dura e firme.

Parou em minha frente e pude ver suas íris castanhas curtindo comigo pelo meu estado. Alice parecia satisfeita ao me ver daquele jeito, com meus pés e mãos atados pelas habilidades geocinéticas de seu irmão.

- O que você faria se visse seus amigos morrerem na sua frente, Yushami? - Hanks perguntou retórico ao me olhar desesperado preso pela terra.

- Eu... - disse num tom decepcionado.

Virei a cabeça olhando para Trevor e Mira atentos em mim, mas despreocupados pela presença de Alice.

...não os deixaria morrer, respondi a pergunta de Hanks à mim, eu mataria por eles...

Minha espada sob a areia que prendera a minha mão tremeu quando apertei o punho de coral. Pude sentir a força que nos unia, como o chamado que o mar me fazia.

A ponta de minha arma, no meio da areia que subia dos meus pés e prendia minhas mãos, fizera o chão vibrar.

Senti o meu abdômen se retrair como a pressão da água prestes a explodir. O barulho de conchas do mar veio aos meus ouvidos como se estivesse subaquático.

Sentia a corrente de água que circulava sob a terra. Os lençóis freáticos que atravessavam rumo ao mar, mesmo que estivessem profundos, eram eles que meus instintos chamavam.

Uma explosão de água.

Um turbilhão subiu dos meus pés como se uma serpente de água surgisse me engolindo ao alto. Alice voou com a pressão nos braços dos meus dois oponentes.

Do alto, todos os meus amigos pareciam minúsculos ciscos sobre o solo. Então comecei a cair, mas a água debaixo de meus pés davam me sustentou até o chão.

Não tinha uma gota de água no meu corpo, mas todos na arena estavam encharcados. Eu causara aquela tempestade vinda do solo, eu acabara de arrancar um lençol freático à superfície.

Joguei minha espada na mão, e com as mãos sobre o joelho procurei o meu fôlego que quase se fora com uma vertigem quando meus pés saíram do chão.

- O que foi isso? - Os olhos de Luara brilharam de euforia.

- Yushami Thunder - Nelson Hanks me fitou maravilhado, orgulhoso - , você acaba de convocar a água sob o solo...

- Incrível! -Dillan exclamou.

Eu nunca tinha feito uma coisa assim antes, naquele momento desacreditei que havia causado aquilo. A última vez que fiz algo tão grande foi jogar um rio em uma garota e depois... Esqueça isso, Yushami!

- O treinamento de hoje está encerrado - Hanks bateu os cascos traseiros com força. - Todos para o chuveiro. Nos vemos amanhã na casa grande. Aproveitam a terça-feira!

Eu tinha muito que aproveitar, tanto que passaria o resto da tarde no meu chalé, com as cortinas fechadas e olhando para o teto com desenhos que me lembravam o fundo do oceano.

Meus amigos se foram, quase todos. Os gêmeos de Hades cochichavam alguma coisa que me deixara curioso.

- Ahn, me desculpe pelo... - disse apontando à roupa molhada dos dois.

- Sendo gentil, Yushami? - Trevor ergueu uma sobrancelha para mim.

Ergui o peito e levantei o queixo. Passei a mãos nos meus cabelos lisos e pretos e o respondi:

- É que com aquela sua recepção eu não poderia ficar sem fazer nada - disse num tom falso e desdenhoso.

- Vai tomar um banho, Yushami. - Alice me disse quando puxou o braço do irmão. Por cima do ombro, como sempre fazia, me fitou com seus olhos de serpente e expressão diabólica. - Você fede a peixe!

Depois de passar a tarde na cama, escutei quando a buzina de conchas dizia que o jantar estava pronto. Àquela hora todos subiam a colina até o pavilhão do refeitório, fiz o mesmo só para exercitar minhas pernas que gangrenaram na cama.

As ninfas surgiram com as bandejas repletas de comida. Enchemos nossos pratos e bebíamos taças cheias do que queríamos.

Uma comida apetitosa à luz que a fogueira deixava no pavilhão. Nesses momentos nos sentíamos gratos pelo conforto e lar, o calor da fogueira nos remete ao calor de uma família unida e próspera, graças a essência da deusa Hestia que olhava para nós.

Enquanto garfava o pedaço do bife, minhas engrenagens dentro da cabecinha do semideus perfeito, fugiam da realidade ao lembrar do maldito momento em que quase morri por meus oponentes no duelo.

Soltei o garfo e limpei a testa de suor. Todos tinham problemas e meus surtos de personalidade eram um deles. Deixei que passasse tão barato a vergonha que passei na frente dos meus amigos por um garoto que mal chegara no acampamento, garoto que nem gostava de usar espadas e lutar.

Maldito momento em que pensei, pois Trevor acabava de passar às minhas costas.

Eu me levantei e minha nuca derrubou sua bandeja. Me olhando sem compreensão e estupefato, pude perceber a raiva que franziu sua testa.

- Ops! - Exclamei cínico. - Me desculpe de novo por isso. Não foi a minha intenção...

Todos os campistas me olharam e me senti muito feliz por isso. Lá estava eu, colocando a famosa Lei de Tabelião em prática, pois comigo sim era olho por olho e dente por dente.

- Você... - Trevor, alguns centímetros mais alto que eu, tirava raiva de seus olhos que à noite possuía uma pigmentação preta e não verde. - Você é estúpido, Yushami...

- Haha! - Ri de sua ofensa. - É isso mesmo que você acha de mim? E daí, acha que eu me importo?

A mesa central estava vazia, nenhuma das duas pessoas poderiam reclamar das minhas atitudes. Hanks e Dioniso deveriam estar discutindo algum assunto importante, assim como eu.

- Então é isso mesmo?! - Trevor me encarou. Depois, abriu seus braços rodando e olhando para todo mundo. - Você se sente forte por achar que tem o controle de tudo isso, não é?

- Cala...

- Você é um bosta, Thunder. - Trevor me difamou com todo o ódio que alguém poderia transmitir na voz.

- EU DISSE PARA VOCÊ CALAR A BOCA! - Gritei o mais alto que pude com meu punho em direção a seu rosto.

Dedos largos e frios seguraram o meu braço bem próximo do olho do garoto. Alice surgiu do nada e segurou a minha mão com toda a força que poderia ter.

- Esse é o seu problema... - Ela disse nos meus ouvidos antes de soltar minha mão. Depois fitou cada meio-sangue e ninfa que ali estava. - Yushami Thunder é o problema!

Droga! Eu não poderia fazer nada contra uma garota, nem mesmo contra Alice Hyneong que feria meu ego com tanta intensidade.

- O que você quer, Alice? - Perguntei a ela mexendo a cabeça. - Vai falar para todo mundo o tamanho da minha babaquice? Vai lá, eu não ligo!

Ela então acenou com a cabeça e ergueu uma das sobrancelhas.

- Você liga sim - me desafiou num tom alto. - Embora seja um semideus, você é como todos os outros mortais, fere as pessoas com a única coisa que você consegue: as palavras.

- Eu não aceito que...

- A verdade é que você é tão baixo e inferior - me interrompeu num tom mais alto ainda - , do que qualquer um de nós.

- Ah, é?! - Eu retruquei sádico. - E por que? Por que digo o que realmente penso das pessoas, ou por que consigo me superar mais que qualquer um aqui?

- Cale a boca, Yushami - Alice disse desapontada e furiosa. - Você não passa de um semideus amedrontado que se esconde atrás do ego e de tudo o que você chama de personalidade.

Pensem que nesse momento fiquei completamente envergonhado. Não! Estava completamente desolado e humilhado.

- Por que somos diferentes dele? - Alice perguntou retoricamente se dirigindo a todos os campistas. - Não somos, nenhum de nós é!

- Está muito enganada, queridinha... - Não podia deixar uma garota fazer o que queria comigo. - Eu sou...

- Você é tão insignificante quanto todos nós - ela me interrompeu com um tom sério e febril. - Você é insignificante por achar que os filhos de Afrodite não passam de vaidosos e delicados; por falar que as crianças de Ares são grotescas e uns brutamontes; e até mesmo Hécate... Quem não garante que seus estereótipos só chamaram os seus filhos de bruxos e góticos?

Um trovão ribombou no céu. O nome de tantos deuses numa frase só era devastadoramente perigoso.

- Eu...

- Você é um semideus delinquente - Alice disse ainda mais exaltada. - Assim como nós você tem desvios e falhas. Não está nem um pouco agradecido com o que tem. É um fraco, como nós!

Esculachado, essa era a palavra certa para a minha situação. Sem reação alguma, só e bochechas coradas e corpo trêmulo de raiva e vergonha em uma mistura homogênea, eu pude ver muitos olhares para mim.

Em relance, a maioria dos meio-sangues me desprezaram com seus olhares. Graças a Alice Hyneong, pela primeira vez em seis anos, eu estava no lugar que eu realmente deveria estar: no chão, como todo mundo.

Vergonhosamente, tinha perdido a minha dignidade. Saí correndo do pavilhão sem olhar para trás, lágrimas corriam de meu rosto, lágrimas de pavor e vergonha de mim mesmo.

Então, eis uma coisa que nem mesmo eu sou capaz de dizer: Alice Hyneong me tirou do alto pedestal, me jogou no chão como deveriam ter feito há muito tempo. E eu chorava de raiva, porque ela tinha razão - eu era tão insignificante quanto todas as pessoas que me cercam.

Foi a primeira vez em que eu mesmo senti vergonha do que eu era.

🌊

E eu me empolguei com mais um capítulo grande kkk Mas sempre há um mal necessário, não é mesmo?

Esse foi um dos capítulos que mais gostei de escrever e confesso que doeu até na minha alma ver nosso babaca Yushami quebrando a cara.

Será que agora ele vai deixar de ser babaca e perceber que Alice tem razão?

Hihi... Beijos de algas.

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