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IX: Monstros Interiores

Eu podia ouvir cada pensamento gritante assolando a minha mente quando meu corpo inerte sobre a cama demonstrava o cansaço físico. Lembranças. Malditas lembranças. Elas, vislumbres de meu passado que faziam minha cabeça doer fortemente, o cérebro era uma grande massa que pesava, uma massa cheia de dor. Cheia de medo. Cheia de ódio.

Estava dormindo, eu soube. A mente soube quando tentei abrir meus olhos, não consegui. Estava preso, preso dentro de meus sonhos, do meu passado. A outra parte acordada, quieta e trêmula era a única ponte que me ligava ao mundo real quando as dores pelo corpo intensificavam.

Como espasmos. Como ácido nítrico correndo dentro de minhas veias. Como agulhas ferventes penetrando a pele vagarosamente.

Eu conseguia ouvir. Cada sussurro que chegava aos meus ouvidos. Era como ouvir do outro lado da porta, querendo entrar, mas o peso de minha mente prendia o corpo nos sonhos.

Você consegue sentir, Yushami? Uma voz rouca e familiar penetrou meus ouvidos. Eu queria acordar, pular fora da cama e abrir os olhos para enxergar a pessoa daquela voz, mas não conseguia.

Uma brisa quente passara por mim. Uma sensação estranha tomou o peito, a mente se alertara, sabia que havia algo de errado. A Maldição de Ares, forte como a sede de sangue de um guerreiro, poderosa como o exército grego na Guerra de Tróia.

Pelos deuses! Como uma risada abafada e sádica, a voz chegava aos meus ouvidos. Meu corpo agora remexia sobre os lençóis, tentava livrar-se da sensação ruim. Meus braços mexiam quando o sangue fervente queimava cada músculo que encontrava no caminho ao resto do corpo.

Sinta o ódio que corrompe todos nós, a voz familiar dizia com desejo. Minha mente se forçara para reconhecer, mas se tornava tão distinta quanto o caminho de um labirinto. Somos poderosos com a raiva, o ódio. Jake Heyes não conhece o tamanho de sua força!

Jake Heyes, ouvir a voz dizer aquele nome fazia minhas mãos agarrarem os lençóis com força. Como o gatilho para uma ogiva nuclear dizimar uma nação inteira. O pino da granada que explodiria qualquer coisa quando esta se encontrasse ao solo.

A voz que dizia ao meu ouvido, reconhecível como de alguém presente ao meu cotidiano. Seria o meu próprio subconsciente? Seria o meu cérebro pedindo socorro depois de tantos anos sofrendo nas mãos dele, o nome que ouvia a todo instante, Jake Heyes?

E num instante, meus olhos se abriram para a realidade. Fora da prisão da minha cabeça. Fora de pensamentos torturantes.

Sentei-me na cama, assustado. Olhei ao redor do meu quarto, senti-me observado no instante em que abri os olhos.

Minha mente girava ainda em confusão. A linha dos dedos estava vermelha de tanto pressioná-los com o punho fechado.

No escuro da noite, na brisa fria da madrugada, o passado me encontrou novamente. Cada suspiro, cada intervalo de tempo em que dava para inchar os pulmões e levar o ar para dentro, era o suficiente para me levar de novo aos corredores da escola.

Eu via Jake Heyes com o rosto maléfico para uma criança de dez anos. Via eu mesmo correndo desesperadamente quando o sobrepeso dificultava a minha fuga.

Via o velho Yushami, um garoto medroso, órfão, ingênuo tentando fugir da pessoa que mais odiou durante toda a sua infância.

E era isso que fazia o ódio preencher meu peito como um vento quente que atingia meu corpo, as malditas lembranças de um passado reacendido pelas figuras que o marcaram.

O sangue parecia transformar-se em ácido novamente. Os músculos ardiam, cada vez que minha mente se voltava ao nome Jake, os músculos do meu corpo se contraíam como papel amassado em uma bola.

Era ruim pensar no passado, mas deixar que a raiva me dominasse era uma estranha sensação de alívio. Ainda que parecesse se materializar em dor, contração, chamas, era bom senti-la correr por meu corpo quando parecia uma onda de poder se misturando às células.

Porque eu já não estava mais ali no meu quarto. Na verdade, não me lembro o instante em que saí dali. Só me lembro de estar descendo os pequenos degraus do lado de fora do chalé e descer rumo aos outros.

A luz da lua doía meus olhos. Uma dor de cabeça inquietante quanto àquela que se chegava na manhã de ressaca.
O meu corpo quente tampouco era afetado pelo frio que emergia das águas do lago, atrás da fileira de chalés à minha esquerda.

Meus olhos doíam de sono, outrora as pálpebras se fechavam em intervalos de cinco segundos. Mas o corpo, este não estava nem um pouco cansado.
Era estranho. Como se algo estivesse agarrado a minha cintura. A gravidade me empurrando para frente.

O vento sussurrando frases inaudíveis, mas parte de mim sabia o que queria dizer. Talvez as mesmas palavras que há pouco ouvia da voz misteriosa.
Meus olhos enxergaram o grande chalé rubro a minha frente. O meu interior girou em repulsa ao me lembrar de meus desencontros com alguns filhos de Ares.

O vento quente ultrapassou a brisa da madrugada. A Maldição de Ares se aproximava como o clima de guerra aconchegante que deixava os soldados ainda mais sedentos por sangue.

Eu tinha vontade de matar. De gritar versos de glória e levantar os estandartes em meio aos corpos dos inimigos de batalha. Um discípulo disposto da guerra, da raiva, do ódio. Eu me sentia apenas eu, um Yushami desligado da humanidade e agarrado totalmente ao lado sobre-humano — capaz de usar uma espada contra toda uma orla de monstros.

Estava ali, em frente ao chalé de Ares, um pouco inconsciente pelo efeito que a Maldição estava causando a minha mente. Mas não queria sair dali, não queria me desapegar do efeito que me causava, eu queria sentir mais poder. Mais força. Mais raiva. Eu só queria me sentir potente depois de minhas lembranças passadas trazerem o garoto  fraco e amedrontado de volta.

Meus olhos doeram de novo, de sono. Mas o corpo quente e vibrante poderia sustentar-me, o efeito da maldição tão forte que poderia dar consciência ao corpo sem que precisasse do domínio do cérebro.

O vento sussurrava mais forte agora, como se possuisse uma voz. Uma voz sombria e horripilante. Uma voz gritante em meio ao silêncio e breu da madrugada. Mas num instante o vento cessara, uma brisa quente atingiu meu corpo quando vi…

— O que você está fazendo aqui?! – Gritei ao vê-lo com o corpo encostado sobre a parede do chalé de Ares — O que você está aprontando a essa hora?

Me olhou confuso, como se por um instante estivesse fora de si. Jake não tinha maldade nos olhos naquela noite, porque seus olhos estavam cheios de…

— Você estava fumando, Jake? – Aproximei-me dele. Agarrei a gola de sua camisa, o cheiro oriundo de sua boca incomodou-me, fortemente. — Você sabe que não se pode consumir coisas ilicitas aqui, seu idiota?

Me olhou por longos segundos. A confusão sob suas orbes sumira repentinamente, dando espaço a algo que combinou as íris castanhas por muito tempo. Desgosto, nojo, fúria.

— Solta-me, idiota! – Empurrou-me para trás e se recompôs, respirando fundo e procurando tomar o controle de seu corpo e mente sob o efeito do que usara. — Não se meta onde não foi chamado, Thunder. Saia daqui, está atrapalhando!

— Atrapalhando o quê? – Retruquei possesso de raiva. — Quem está esperando para te dar mais dessa droga, Heyes?

Jake olhou-me, furioso. Seu punho se fechou de repente.

— Isso não é da sua conta – respondeu desdenhoso. — Sempre inconveniente, não é mesmo? Sempre se metendo na vida dos outros. Sempre atrapalhando o triunfo, interferindo as outras crianças de serem privilegiadas pelo orgulho de suas professoras…

Do que diabos ele estava falando? Perguntei-me quando vi o desprezo tomar conta de seu rosto. Jake Heyes estava rancoroso, um tanto como eu. Nós dois à beira do lugar que faria qualquer um que ali chegasse sentir mais raiva do que sempre sentira, de fazer seus sentimentos mais obscuros se tornarem tão presentes quanto o seu desejo de vingança que surgia repentinamente.

— Sempre interferindo de outros serem reconhecidos! – Esbravejou. — Yushami Thunder, aquele que fora o órfão inconveniente atrapalhando o sucesso de seus colegas. Daqueles que compartilhavam da mesma situação…

— Mas que diabos…

— Cale-se! – Suas mãos tocaram meu peito como chumbo e me lançaram para trás — Eu também tinha déficit de atenção, Yushami. Eu também era como você, eu necessitava de ajuda também. Mas não, deram atenção para ele, o garoto que era órfão, que não tinha problemas na secretária como eu tinha.

— Do que você está falando, Jake?

— Eu estou falando do que você me causou, Yushami – respondeu — Do quanto eu fui deixado de lado. Do quanto “o filho rico de Joseph Heyes” era problemático e arrogante, do quanto você precisou de ajuda e eu não tive um pingo de compaixão!

— Que droga, Jake! – Aproximei-me, os passos tão pesados pela raiva que me consumia. — Mas por que me bater, por que me deixar com os olhos roxos? Por que fazer todos os seus amigos me odiarem?

— Porque no fim – ele disse, recuperando o fôlego e a sobriedade que antes fora tirada da substância que ingeriu — , todos deviam saber que você não era mais especial do que qualquer outro. Porque ser órfão não significa que você é incapaz de ter uma vida, Yushami. Porque ser um  gordinho, miope, diagnosticado de TDAH não significava que é mais especial que Jake Heyes!

Nada do que dissesse poderia justificar seus atos, porque nada importava naquele momento. Nada justificava todas as vezes que chorei debaixo do chuveiro em posição fetal, quando o sangue escorria dos hematomas profundos nos braços e rosto. Nada que aquele garoto arrogante dissesse poderia me fazer simpatizar com sua situação, porque eu entendia o que se passava comigo. Eu odiava Jake Heyes, e o sentimento mútuo era a prova de que o passado nunca seria esquecido.

— Então se sentia bem, não é? – Gritei raivoso. — Me ver rastejar pelo chão quando ria com os seus amigos. Ser forte e poderoso, ser perigoso. Nós tínhamos apenas dez anos naquela época, mas desde cedo nunca se preocupou em ser mau e inconsequente, em deixar as pessoas com medo e traumas pelo resto de suas vidas…

— Está me culpando por ter se tornado o garoto que muitos odiaram aqui por muito tempo, Yushami? – Jake Heyes gritou irônico, mas raivoso. — Não, você se tornou isso porque quis. Humilhou as pessoas porque quis. E é por isso que nunca estive errado, Yushami: você não é mais especial que eu!

— Cala a sua boca! – Gritei antes de me aproximar.

Meu punho se fechou em seu rosto. O filho de Hermes caíra no chão quando pela primeira vez, eu acertei um soco.
Pela primeira vez na vida, me senti forte ao vê-lo amedrontado diante do que fizera. Havia dado um soco no rosto daquele que um dia fez eu me sentir fraco, sozinho, medroso.

— Você vai pagar por…

— Eu disse pra calar a boca! – Gritei mais alto quando avancei contra ele. Agarrei a gola de sua camiseta e o levantei.

Ainda estava desnorteado pela reação da substância em seu corpo. Mas, diante do que acontecera, o ódio tomou conta dele, a raiva por ter acertado um soco em sua face, por ter transformado toda a minha fúria de oito anos em um ato impulsivo.

— Muito bom! – Soltou-se de minha mão e afastou. — O filho de Poseidon está soltando toda a sua fúria. Sabe, Yushami, eu acho que a maldição não é uma justificativa para agir tão impulsivamente. Eu tenho certeza que isso é natural de um garoto como você. Impulsivo, arrogante, estúpido.

— Engula… – As suas palavras me causavam fúria, como a contagem regressiva para o lançamento de uma bomba. A contagem para abrir a jaula e deixar a espécime sair livremente pela floresta escura e sombria. — Engula suas palavras, Jake!

— Não, Yushami! – Respondeu, de punho cerrado. — Tem que saber o quanto eu odeio você. Tem que saber o quão idiota…

— Chega! – Avancei contra ele quando os meus ouvidos começaram  a zunir. Era como tentar ouvir alguma coisa depois da explosão de uma granada. Pânico e fúria tomando conta de seu ser.

Caímos no chão quando pulei sobre ele. A sua mão direita se ergueu para me impedir, mas apertei o seu braço e pressionei sobre a grama. O seu punho esquerdo se levantou. Apertei-o de repente antes que se aproximasse ao meu rosto. Ouvi os estalos de seus ossos se quebrando. Cada osso de seu punho se partindo. Um gemido de dor saiu de sua garganta.

Mas não parei. Não conseguia. Minha mente, corrompida e rancorosa, não queria.

As mãos caíram no chão, imobilizadas. A sua cabeça se levantou para acertar a minha. Meu punho direito atingiu o seu queixo.

Nos instantes seguintes, meus punhos acertaram seu rosto repentinamente. Eu estava sendo uma máquina de matar. Estava me tornando um monstro ali, sobre o corpo do garoto que me assolou por toda a vida, mas eu não conseguia parar, parte de mim não queria.

Meus olhos se cansaram, os braços arderam como ácido quando o punho esquerdo acertou o quinto soco contado no rosto dele. Eu contei. Contei os socos prendendo-me à sanidade e à lógica, porque o resto de meu corpo queria movimentar-se rumo a Jake, como a gravidade da Terra sugando qualquer coisa que despencasse para o abismo.

A minha mente dizia para continuar. O subconsciente trazia à tona todas as humilhações que sofri, propositalmente. E a raiva que me consumia, o poder que tomou conta de meu sangue e de minhas células, desprendeu a minha alma da humanidade por um instante.

— Yushami! – Uma voz conhecida soou pelo vento no instante em que minha mão se levantou. Antes que me virasse, minha mão levantada se chocou contra algo.

Virei para trás de repente. Alice segurou o seu ombro fortemente antes de me olhar. São por um momento, me dei conta do que acontecera: a minha mão a acertou enquanto chegava perto o bastante para me tirar de cima do garoto antes que socasse seu rosto novamente.

Enquanto fitava os seus olhos, uma onda de pavor tomou-me. Eu era um monstro. Era mal. Perverso. Inconsequente. Era o mesmo Yushami Thunder que não sabia se controlar…

— Vamos, saia de cima dele! – Dois braços fortes puxaram meus ombros me levantando de cima do filho de Hermes. — Saia de perto dele, Yushami!

Vi Charles me olhar assustado, amedrontado. Logo olhei ao redor, estava cercado por muitos semideuses que continham a mesma expressão no olhar.

— E-Eu…

— Você quase matou ele, Yushami! – Charles retrucou, imparcial. — Olhe para ele. Olhe o sangue que escorre do rosto dele. Olhe os seus punhos, veja o que fez!

Meus olhos se depararam com o corpo inconsciente de Jake no chão. Levantado por dois de seus irmãos, vi o roxo nos seus olhos, o sangue que escorria dos seus braços, o punho quebrado por minha mão.

Está vendo a si mesmo, Thunder. A voz no meu subconsciente, o uivo do vento que passou por nós naquele local, todos diziam quem eu era de verdade. O monstro tomou sua verdadeira forma. Maldição de Ares? Não, é sua própria impulsividade!

Caí de joelhos, minha mente culpando a mim pelo estado em que deixei o meu antigo rival.  Meu corpo agora doendo depois de toda a adrenalina que o preencheu, depois da onda de raiva que eu havia gostado.

— Levem-o para a enfermaria! – A voz de Charles esbravejou como o trovão seguinte no céu  — Voltem para seus chalés. Esse assunto se refere a Yushami Thunder, Jake Heyes e a diretoria desse acampamento…

Abri meus olhos quando o tumulto de pessoas diminuiu nos instantes que seguiram. Havia uma única pessoa que ficara ali além de Charles, a única pessoa que eu teria vergonha de olhar em seu rosto pelo resto da vida: Alice Hyneong, a minha namorada.

Então, eu não sei o que dizer dessa capítulo.

Me doeu a alma escrever esse momento,
embora esteja muito inseguro.

O que vocês acharam?
Como Yushami vai viver a partir de agora?

Espero que tenham gostado. Desculpe-me por qualquer coisa.

Xoxo de algas!

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