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005

A joia Magatama é, para a grande maioria, uma das joias da Coroa Japonesa. Praticamente noventa e oito por cento da humanidade deve pensar assim. E eles não estão errados. A Magatama é uma joia santa do Japão, assim como o espelho Kagami e a espada Kusanagi. Porém, esses três citados, não são meramente joias como a maioria tem em mente. Tanto o espelho quanto a espada, continham quantidades incomensuráveis de magia, e se juntas, poderiam tornar o mais simplório dos homens em um soldado capaz desafiar as leis de vida e morte.

As réplicas das joias da Coroa Japonesa, estavam nos lugares em que você provavelmente vai descobrir fazendo uma rápida pesquisa na internet. Contudo, os artefatos originais, se encontravam muito bem escondidos com um guardião de muita confiança.

A joia Magatama, por exemplo...

— Estava selada dentro do meu corpo — revelou Suny, enquanto Yuna fazia o curativo em seu plexo solar.

— Então, ele...?

— Sim, ele perfurou meu corpo com a mão e a arrancou de dentro de mim... ainda por cima, levou Totsuka.

Era de se admirar, que mesmo com um rombo no meio do corpo, após confrontar o Assassino Intocável, Tetsu Tetsuya, e levar a maior surra que um agente da Mythpool levou e viveu para contar, Suny McSun mal demonstrava fraqueza em sua voz. Ela só aparentava estar um pouco cansada. O que é muito bom para quem estava sangrando até a morte.

Foi tudo muito rápido, mas o que houve foi que Tetsu matou todos os shinigamis rastreadores do ranking mundial. Um de cada vez, em uma sequência que Yuna e eu ouvimos pela voz de Faro de Aquiles. Após meu mestre nos explicar o que ocorreu, ligamos para Suny, para relatar os acontecimentos e confirmar que o Assassino Intocável estava vivo. Porém, a agente deixou de nos responder de repente. Os ruídos que ouvimos em seguida não nos deixaram errar. Suny estava sendo atacada.

Infelizmente, Yuna e eu não fomos rápidos o suficiente.

O Assassino Intocável já havia conseguido o que queria.

— Agora, o que nos resta é encontrá-lo e acabar com a raça dele — falou Yuna.

— Mas primeiro vamos levá-la ao hospital — observei.

— É... isso.

Recapitulando, nossa situação não era a das melhores. Suny estava muito ferida, impossibilitada de lutar ou agir por conta própria. Eu estava com uma mão quebrada e costelas trincadas. Nosso rastreador, Faro de Aquiles, estava morto, e assim não teríamos a localização do Assassino Intocável. Qualquer segunda opção como rastreador sobrenatural estava fora de questão, já que Tetsu acabou com todos. Yamato ainda estava desaparecido, provável que com o assassino. E por último, mas não menos importante, Tetsu estava com a joia Magatama.

Se meu mestre estiver correto em sua teoria e considerando as informações que tenho atualmente, suponho que o Assassino Intocável sobreviveu à explosão na AAA, em Saitama, quando Yoko completou seu plano. Pelas marcas de queimaduras em seu corpo, ele fora rapidamente acertado pela explosão de energia. Escapou com seu teletransporte para algum lugar e, durante quatro meses, arquitetou um novo plano para terminar o que Yoko começou. Abriu uma "nova AAA" e recrutou shinigamis, os oferecendo a evocação do Neutro. Então, ele enviou o Senhor Demagogias para conseguir a joia Magatama, o que acabou dando errado, pois ele foi derrotado por Yuna e pego pela Mythpool. Depois, Tetsu se teletransportou para a verdadeira nova AAA e sequestrou Yamato, que é uma peça fundamental para seu plano. Sexto Sentido estava procurando por Yuna em Dotonbori, também seguindo ordens do Assassino Intocável, mas não deu para o cheiro contra ela. O agente 3k1 foi sequestrado um pouco depois que Yamato, na mesma madrugada. E esse sequestro é a única coisa curiosa no possível plano de Tetsu Tetsuya.

O que aquele cara tinha a ver com a evocação do Neutro?

— Ele era o único que sabia da localização da Magatama — esclareceu Suny. Isso já em um quarto no hospital mais próximo. — E parece que ???? e o Tetsu já se conheciam do passado. É provável que o assassino sabia que ele também guardava a localização com ele.

Sendo assim, 3k1 era o mapa para o tesouro.

— Sim — começou Yuna, enquanto saiamos do hospital —, agora precisamos nos concentrar em encontrar Yamato.

— Já estamos fazendo isso...

— Não, seu pamonha. Estamos pensando de forma incorreta. Se continuarmos seguindo o rastro de um suspeito que pode se teletransportar, nunca vamos salvar Yamato.

— Um suspeito...?

— Isso mesmo. Tetsu é apenas um suspeito. Não o vimos com Yamato ou 3k1, então ele ainda é só um suspeito. Se focarmos nele, só vamos perder tempo. Ele é o menor dos problemas. Se esse Neutro for evocado, estaremos em uma situação sem volta, considerando a historinha para boi dormir que o pedófilo nos contou.

— É... você está certa.

— Ora, ora, seu taradinho, finalmente admitiu que estou sempre certa. Agora só falta admitir que sou a mais bela...

— Não disse "sempre certa", ok? E não começa com esse papinho esquisito de beleza — cortei o assunto pela raiz. — Mas, escuta, ainda há um problema, como vamos encontrar Yamato?

— Vocês não vão! — Meu mestre rugiu para nós, após contarmos o que houve com Suny, sobre o roubo da joia e sobre nossa nova estratégia. Era muito raro ele me enviar um olhar tão voraz e autoritário.

— Como assim? — Questionou Yuna, inclinando o corpo um pouco para frente e batendo as mãos na mesa de meu mestre.

— Garota, agora que ele tem a joia e o híbrido, é o fim. O que nos resta é nos escondermos em algum abrigo subterrâneo e passarmos nossos últimos dias fazendo carinho um no outro!

— Hã?! — Ela abraçou o próprio corpo, dando um passo para trás. — Não vai tocar um dedo em mim, seu pedófilo! Por que não passa seus últimos dias atraindo crianças para um caminhão de sorvete, hein?

— É fácil para você dizer isso, já que consegue transformar água em pedra...

— Pode parar. Não gostei como fez referência aos meus poderes que claramente você inveja...

— Quê?! Inveja?! Não me faça rir, olhos azuis. Eu já derrotei fileiras de deuses e titãs, enquanto subia uma montanha para enfrentar meu pai, que por acaso também era um deus.

— Esse é o roteiro de God of War 3, maníaco do parque...

— Ora, sua...

— Está bom! — Clamei. — Não temos tempo para ficar discutindo quem é o mais pervertido.

— Mas não era esse o assunto...

— Que seja! Temos que achar um jeito de encontrar Yamato o mais rápido possível.

— Espera, você não ouviu que você não vai, Daigo? Está se rebelando contra mim? Seria isso o começo de um motim aqui nessa humilde agência?

— Não estou me rebelando, mestre. Mas precisamos fazer algo. Não podemos esquecer, simplesmente. E temos Yuna do nosso lado, ela consegue vencer o Neutro, se for preciso.

— Consigo?

— Não, não consegue — respondeu meu mestre a ela, e depois voltou a conversa para mim. — Daigo, a garota é bem poderosa, sei muito bem disso, mas, sem os poderes completos, ela vai acabar morrendo. Nós podemos acabar com shinigamis e membros da Yakuza com o pé nas costas, só que, contra uma entidade cósmica, a derrota será certa.

Meu mestre disse aquelas palavras em um tom sério e burocrático que nunca o vi usando antes.

— Yuna — ele continuou —, me desculpe, mas vou ter que pedir que se retire.

— Quê... ah... compreendo. — Ela fez uma rápida reverencia. — Me desculpe se incomodei. — Em seguida, ela deu meia volta, jogando os cabelos como se fosse uma capa, e seguiu na direção da saída.

Nesse curto intervalo de tempo, meu racional e meu emocional, entraram em um pequeno confronto. Uma espécie de cem metros rasos entre os dois, que decidiria qual deles agiria primeiro naquele momento. E, em mais uma de suas raras vitórias, o emocional cruzou a linha antes.

Eu agarrei o braço de Yuna, que parou no meio de uma passada. Ela me olhou por cima do ombro. O agora solitário olho azul-escuro não havia perdido seu brilho precioso.

— Eu... — não sabia o que dizer, na verdade. Talvez a culpa que engoli durante quatro meses, ajudou o meu emocional a vencer os cem metros.

— Foi divertido, seu pamonha. — Ela disse sorrindo. Uma tentativa de sorriso sincero. Depois, soltou seu braço de minha mão e saiu da ACAP.

+++

Três horas se passaram desde que Yuna e eu nos separamos. Eram mais ou menos onze horas da noite, e por algum motivo idiota eu passei aquele tempo todo me distraindo com videogames e conteúdo inútil na internet. Basicamente, eu estava preocupado. Preocupado com a Assassina de Youkais, o que chega a ser imbecil de tão irônico. Eu sabia que Yuna iria continuar a busca, mas sozinha... bem, não é como se ela precisasse de ajuda... entretanto...

Não, não, não. Chega desses pensamentos bobos. Não era eu quem queria distância dela? Pois eu consegui, deveria estar feliz. Mas, espera... eu sou culpado, não sou? Eu a ceguei, tirando parte de seus poderes e acabei destruindo suas memórias. E depois menti para ela. Não só eu, mas... esquece. Mentimos para contê-la, era o melhor para ela. Yuna é uma assassina de sangue frio, corpo frio, poder frio, tudo frio. Daigo, não é só porque passou dois dias com ela, que tudo virou um mar de flores, certo? Não é só porque conviveu com o lado mais humano dela, que ela deixou de ser uma assassina. Ela tentou me matar, ou melhor, ela queria me matar.

Entretanto...

Acho que fui meio egoísta, no final...

Mas, não é só porque ela me amava que eu deveria amá-la de volta. Mesmo se eu tentasse, seria um sentimento implantado, falso. Seria um relacionamento forçado e ela notaria isso com facilidade. Depois ela poderia me matar, ou me fazer morrer, não vejo outro fim plausível.

No hospital, após eu conversar pela suposta última vez com Yuna, Mena se reuniu com Yamato, meu mestre e eu, para explicar a delicada situação da Assassina de Youkais. Ele disse que o psicológico de Yuna estava em cima do muro entre um youkai e um humano. Racionalmente, ela pensa e age como uma humana. Emocionalmente, ela pensa e age como um youkai. Como hanyou, ela normalmente estava em equilíbrio entre seus dois lados. Ela era como um leão e uma raposa. Leão para afugentar os inimigos, raposa para escapar das armadilhas. Porém, Mena temia que seu psicológico pendesse mais para o lado youkai. Ele disse que queria mantê-la mais para o lado humano, onde podia ser controlada. Não entrou em detalhes, mas nos explicou que informações poderiam chocá-la a ponto de afundá-la para o seu selvagem lado youkai.

Quando ele nos esclareceu isso, me lembrei das vezes que Yuna agiu de maneira extremamente feroz e brutal. Um dos momentos foi quando matou sua antiga companheira, Naomi, em poucos segundos e com muita frieza.

— Essa garota é um perigo. Ela não pode ficar à solta por aí, sem supervisão.

Decidido, depois de muito pensamento profundo em minha cabecinha, eu me levantei da cama. Meti um jeans nas pernas e um moletom no torso. Abri a janela do meu quarto e o vento invernal soprou direto em meu peito. Coloquei minha cabeça para fora, olhei para baixo. Mais ou menos oito metros do chão, talvez. Concentrando chi em minhas pernas, seria tranquilo, mesmo com minha mão e costelas danificadas. Os curativos místicos de meu mestre não me deixariam sentir dor.

Então, saltei.

Saindo do recanto do samurai, direto para o asfalto das ruas de Tóquio.

A próxima parada seria Osaka. Para a AAA.

Portanto corri como notícia ruim, dobrando as esquinas da capital japonesa, rumo à estação de Shinjuko. Não poderia perder tempo. Assim que meu mestre notasse minha fuga, ele viria atrás de mim. E quando o assunto é caça ao Daigo, ele costumava usar truques sujos para vencer.

Não vai demorar muito para... bater de cara em alguém?

Quê? Sério?

Caí sentando no chão e levei minha mão a minha testa.

— Nossa, me desculpe, senhora...

— Quem você está chamando de senhora, seu pamonha?

Essa frase feita? Ué? Balancei minha cabeça e olhei para cima. Diante de mim, Yuna Nate estendia sua mão para minha pessoa.

— Qual é o seu nome? — Disse ela em tom dramático.

— Referência a Kimi No Na Wa, é? — Eu apanhei sua mão e ela me ajudou a levantar.

— E onde você estava indo?

— Eu que te pergunto.

— Ah, bem... — ela coçou a bochecha com um dedo e desviou o olhar. — Eu estava indo te chamar... achei que... você fez um pacto comigo, então é um objeto meu até encontrarmos Yamato. Agora, você, estava indo onde?

— Eu... — fui transparente com ela. — Estava indo até você... Yuna.

— Hã...? — Ela corou. Seu rosto branco claramente esquentou. — Seu pamonha, não diga coisas esquisitas do nada...

— Eu só estava preocupado...

— Hmph, não precisa se preocupar comigo. É você quem precisa se cuidar.

— É verdade — sorri, sem graça.

— Bem, agora vamos, seu pamonha. — Ela virou as costas para mim, jogando seus cabelos negros para enfeitar a cena.

— E vamos para onde?

— Para a AAA. Não voltei para lá desde que saí da ACAP, então, vamos para lá, organizar as ideias. Pise onde eu piso.

— Certo, certo.

+++

Mena Kitsune, o Assassino de Dragões. Era, de longe, o mais poderoso e experiente dos assassinos da AAA, tanto os vivos quanto os mortos. Suas habilidades físicas eram tão surreais quanto as de Yuna. Suas técnicas de combate e maestria nas artes marciais, rivalizavam com as de meu mestre, talvez até superassem. Ele era um hanyou. Filho de uma Kitsune, como já diz seu nome, com um humano. Mas, diferente de Yuna, o Assassino de Dragões tinha a capacidade de gerar e manipular o fogo. Era resistente a altas temperaturas. Absorvia chamas de todos os tipos, como as de feitiços ou as de dragões. Também era um assassino de primeira linha, mesmo sem usar seus poderes. E, além disso tudo, voltando a falar de seus poderes sobrenaturais, Mena Kitsune tinha uma das habilidades supremas dentre os hanyou. Ele podia manipular a realidade e criar ilusões.

Tetsu Tetsuya tinha o seu teletransporte. Conseguia se mover no espaço-tempo em um piscar de olhos, podendo até mesmo sair do planeta Terra. Yuna Nate tinha o poder de seus olhos. Conseguia congelar qualquer coisa apenas com o contato visual, fora que seus poderes de gelo não tem um limite, então ela conseguiria congelar tudo até onde sua vista alcança. E Mena Kitsune tinha sua manipulação da realidade e ilusão.

Conhecendo o currículo do Assassino de Dragões, eu devo dizer que não tinha capacidade de gritar alto o suficiente para expressar minha incredibilidade ao ouvir...

— Meu senhor... está morto — disse Ulim. Sangue escorria por entre sua pelagem, em alguns pontos de seu corpo canino. Ele estava deitado de lado próximo a escada que dava acesso ao segundo andar. — Eles... criaram uma divindade...

— U-Ulim — Yuna se aproximou e se ajoelhou diante do cão cansado e ferido. — O que houve... o que está dizendo...?

— Mena... Yuna... ele está morto.

— Não diga besteiras, seu pamonha... isso... não é uma ilusão? — A assassina passou a mão nos pelos escuros do cachorro. Após sentir a maciez daquela pelagem, Yuna soluçou, finalmente se dando conta.

Já eu, abruptamente caí de joelhos. O deus do medo já estava passando sua longa unha pontuda em minhas costas.

— M-Mena, Mena... está morto?

Então, o Neutro... o conceito de morte em forma física... a entidade cósmica...

— Ulim — eu criei forças para começar a falar. — Me diga, vocês acharam Yamato?

— Xangai... — disse ele. — Eu corri até Xangai... meu faro não falha... assim que chegamos perto da fronteira, eu já sabia sua localização. Se... não tivéssemos perdido tempo procurando dentro do Japão...

Ulim era supersônico. Ele conseguia correr mais rápido que o som. E não era simplesmente quebrar a barreira do som em movimentos súbitos como Yuna faz. O canino realmente podia se mover livremente acima da velocidade do som. Para ele, era como se o mundo ao seu redor estivesse em câmera lenta.

— E o que houve? Onde está Yamato? — Pela primeira vez eu via Yuna ansiosa.

— Chegamos tarde... — respondeu o cão. — Yamato estava fazendo parte de um experimento esquisito. Lá estavam o Assassino Intocável e um engenheiro metido a mago. Eu matei o engenheiro, Tetsu fugiu. Já Yamato, estava irreconhecível. Muito poderoso. Mena tentou enfrentá-lo... só consegui salvar uma pessoa naquele lugar...

— Uma pessoa...?

— Sim — a voz veio mais à esquerda, da entrada para a sala de jantar. — E sou muito grato.

Se apoiando na parede e com um copo d'água na mão, o mesmo cara que vimos no campo de golfe e o mesmo que fez Suny sequestrar meu mestre, o agente 3k1, se apresentou todo acabado, com suas vestes pretas rasgadas. Ele não tinha ferimentos graves, só alguns hematomas e arranhões.

Com a presença do agente ali, a conta era fácil de fazer. Claramente, ele também foi sequestrado por Tetsu e estava em Xangai, junto de Yamato. Mas, por quê?

— Eu sabia muito — explicou ele. — Basicamente, o Senhor Demagogias não estava trabalhando para a AAA, ou melhor, para o Tetsu, por escolha própria. Ele foi obrigado. Uma jovem estava presa comigo no esconderijo deles em Xangai. Ela falou ser muito amiga do Demagogias e que se ele conseguisse a joia, ela estaria livre... mas...

3k1 apertou com força a caneca onde Yuna servira chá para ele. Naquela conversa nós já estávamos reunidos na cozinha. Yuna já havia tratado dos ferimentos de Ulim, que agora já conseguia ficar de quatro, como um bom cãozinho.

— Ele a matou, não é? — Indagou a assassina, sem semancol.

— Tsc... — o agente só desviou o olhar. — Era o meu dever ter impedido toda essa tragédia. Eu deveria ter entrado em uma faculdade quando tive a chance.

— Eu não sei o que seu estudo tem a ver — comecei —, mas, segundo meu mestre, esse é o pior cenário possível. Se o Neutro foi evocado, ele...

— Eu conheço a lenda — disse ele. — Trabalho na Mythpool, lembra?

— Ok... não está mais aqui quem falou — e fiquei na minha.

— O pamonha está certo — Ulim se aproximou da mesa redonda. Ignorei o fato dele ter me chamado de pamonha. Era esquisito vindo de alguém do sexo masculino, principalmente se esse alguém é um cão. — Esse é o pior cenário. Considerando a força de Yamato...

— Neutro — corrigi.

— Isso. Considerando a força do Neutro e o que ele fez com Mena... bem, nenhum de nós aqui tem chances contra ele. E quando digo isso, também estou contando com Yuna com seus poderes máximos. É como se ele controlasse o destino das ações de seus adversários para levá-los ao caminho mais rápido para a derrota.

— Igual no filme Premonição? — Falou Yuna.

— Mais ou menos isso.

— Vamos pensar melhor — começou 3k1. — Vamos procurar uma forma de vencê-lo. Digo, precisamos enfraquecê-lo. A joia Magatama parece ser sua fonte de energia. Se conseguirmos arrancá-la dele...

— Isso irá matar Yamato — rosnou Ulim. — Você pode não ter percebido, pois é meramente um humano, mas a joia está acoplada ao cérebro e crânio de Yamato. Se retiramos à força, ele certamente morrerá. Entretanto, a entidade continuará viva em seu corpo sem dono e tomará posse total. Embora não tenha mais a energia necessária para manifestar seus poderes como o Neutro, a entidade ainda poderá usar todas as habilidades de Yamato em um combate, talvez até mais forte.

— Só que aí, Yuna consegue vencê-lo...

— Nesse estado atual, não apostaria nela.

Yuna não negou ou protestou. Estava ouvindo a conversa atenta e plena. Parecia estar sentindo a responsabilidade sendo jogada em suas costas, pouco a pouco.

— Bem, eu...

— E se — o agente me interrompeu —, usarmos o Senhor Demagogias?

— Como assim?

— Quando eu estava interrogando-o, ele me contou um pouco sobre suas habilidades. A que mais me intrigou foi sobre poder mexer com o Efeito Borboleta.

— Traduz, seu pamonha.

— Bem, basicamente ele pode alterar alguma ação no passado, sem mesmo voltar no tempo. Ele, tecnicamente, conseguiria apagar o que aconteceu até o momento escolhido e reescreve-lo.

— Impossível — contestou o canino. — Se ele pudesse fazer algo assim, com certeza seria tão poderoso quanto o Neutro. E ele nunca seria pego por vocês se tivesse essa habilidade.

— Também não acreditei no começo. Mas ele explicou. Disse haver uma condição. Ele disse que não pode fazer isso para si mesmo, só pode realizar o desejo de alguém. Mas, modificar as linhas do tempo é o segundo crime mais grave na lista da Mythpool.

— E qual seria o primeiro? — Perguntei.

— Modificar ou manipular as realidades paralelas.

— Então, a ideia é pedir para o shinigami reescrever o destino? — Yuna parecia pensar profundamente sobre o assunto.

— Se isso for realmente possível — disse Ulim —, vamos deixar isso como medida emergencial. Mesmo sendo um crime, pode ser nossa única salvação. O Demagogias está preso na Mythpool, não irá sair de lá tão facilmente, não é?

— Está preso em uma jaula feita de adamantina, não tem como sair pela força, mesmo para ele — esclareceu 3k1.

— Ótimo. Agora, vamos voltar a pensar em como detê-lo por nós mesmo. Garoto, alguma ideia?

Ele direcionou seus olhos caninos para mim, como se esperasse uma solução extraordinária para a situação.

— Ah... se ele é uma entidade e precisa de um corpo... podemos exorciza-lo e selá-lo em outro lugar.

— Hmph, uma boa ideia — observou Ulim. — Entretanto, o Neutro é uma entidade cósmica, não pode ser selada...

— Mas pode ser exorcizada — disse Yuna. — E se libertarmos a entidade de Yamato e fecharmos seu corpo, a entidade não terá outra opção de receptáculo e tudo voltará ao normal. Só precisamos de um feitiço que bloqueie o corpo de Yamato. Depois nós poderemos retirar a joia de sua cabeça, sem arriscar sua vida.

— Bem, esse é um caminho viável — comentou o cão.

— O pedófilo deve saber alguma técnica de exorcismo, não é?

— É, na verdade, não — respondi. — Ele sempre disse que não somos exorcistas ou algo do tipo. Sabe, nada que lembre um padre para ele está ótimo. Mas, sobre exorcismo, eu sei que não é como os filmes mostram, pelo menos não neste caso.

— Explique-nos.

— Se ele é uma entidade, deve ter os mesmos requisitos de um deus. Podemos ferir seu corpo, só que isso danificaria somente Yamato. Se quisermos ferir o Neutro, vamos precisar de um material místico que possa matar um deus.

— Um material que possa ferir a própria Morte. — Ulim se afastou da mesa e deitou na entrada da cozinha. — Não temos nada desse tipo. Há a espada Kusanagi, só que não sabemos onde ela está, ou quem a guarda...

— Eu sei quem está com ela — ponderou 3k1.

— Ótimo — falei. — Então, solta o verbo.

— Está com um semideus. Filho de Hades. Ele estava preso no Tártaro até o início de 2016.

— E onde está agora?

— Ah... ele sumiu. Basicamente, saiu do planeta.

— Seu pamonha, como ele será útil estando fora do planeta?

— É, eu sei... só me toquei agora.

— Estamos perdidos — choraminguei.

— Não necessariamente — disse o agente. — Eu conheço outra pessoa... e ela tem uma espada.

— E essa está em Marte também? — Murmurou Yuna.

— Não tão longe quanto Marte. Mas, ele mora no Texas, em um trailer...

— O que é isso? — Ulim se espreguiçou. — Primeiro falou de um aliem, depois de um cowboy. Está tentando fazer referência a algum filme?

— Aposto que é Transformers — disse a assassina.

— Olha, eu acho que é alguma animação do Myazaki — comentei.

— Não! Não estou tentando fazer referência nenhuma aqui. O cara que conheço, se chama Jason Drake. Mas a maioria o conhece como o Caçador de Górgonas, embora ele não goste desse apelido...

Yuna mordeu o lábio, segurando o início de uma gargalhada.

— Desculpe — pediu ela —, mas isso é o nome de um livro. Não sabia que a referência era desse nível...

— É sério! Sei que é o nome de um livro, mas Jason Drake existe. Olha — ele retirou o celular do bolso. A tela estava trincada e arranhões cortavam a maça nas costas do aparelho. — Eu tenho o número dele. — Ele nos mostrou a tela do celular, onde estava aberta a lista de contatos. O nome Jason Pé no Saco estava depois de Igor Daniel e antes de Kagune.

— Então ligue para ele, seu pamonha.

— É o que farei. — 3k1 encarou a tela de seu aparelho, começou a discar e... e... ele moveu os olhos para o lado... depois a cabeça, levemente, como se uma mosca zumbisse próxima ao seu ouvido e estivesse incomodando-o.

Em seguida a reação súbita do agente, Yuna farejou o ar... ela estreitou o olho e olhou para esquerda, na direção da janela. O rosnado de Ulim se iniciou quase ao mesmo tempo que a garota virou seu rosto. O cão cerrava os dentes, salivando como se o ódio transbordasse de seu corpo na forma de água.

A caneca sobre a mesa começou a tremer. Seria um terremoto? Algo comum no Japão. Mas, um terremoto não os deixariam alertas dessa maneira... ainda mais, eles, que estão preparados para lidar com coisas um pouco piores do que um abalo sísmico.

— Yuna, por acaso está mexendo com a sua franja?

— Suponho que não — respondeu ela ao agente. Depois, se colocou de pé e se aproximou da janela... engoliu em seco. — Hmph... o Yamato... está com o visual todo rebelde...

Atrás dela, eu, Ulim e 3k1, nos aproximamos para vermos com nossos próprios olhos. Metros à diante da saída oeste da AAA, pairando alto no ar, quase como um verdadeiro deus, Yamato, o Vingador de Vidro, nos lançava um olhar tempestuoso. Acho que chamá-lo pelo nome não era o correto naquela ocasião. Seus cabelos, antes brancos, agora estavam negros. Provavelmente por conta da energia mágica da joia Magatama, os olhos de Yamato estavam verdes, como esmeraldas, rivalizando em beleza com os de Yuna. As vestes negras, como se trajado por sombras, como se trajado com o manto da própria Morte, se destacava mesmo no céu noturno. E, o que mais nos intrigava naquela visão, era a cabeça decapitada de Tetsu na mão direita da entidade.

— Caraca... — estremeci.

Lá em cima, o Neutro sorriu. Ele estendeu a mão livre em nossa direção. Os dedos separados ao máximo. Seus olhos brilharam, cheios de energia. Seus lábios se moveram, como se recitasse um encanto...

— Juntos! — Clamou Yuna.

Nós a obedecemos como cães fieis, sem hesitar. Nos aproximamos dela, quase a abraçando. Ela, então, esticou os braços para frente, como se empurrasse o ar. Um instante depois, o som de madeira e concreto se quebrando soou em nossos ouvidos, ao mesmo tempo que uma grossa redoma de gelo nos envolveu igual a um iglu. Mesmo dentro da proteção gélida, ainda podíamos ouvir ruídos do lado de fora. Parecia muito com a sensação de um tornado devastando tudo, enquanto você está dentro de um abrigo subterrâneo.

— Todo mundo bem? — Perguntou a assassina, que ainda mantinha os braços esticados, provavelmente para manter firme sua defesa de gelo. Ela nos olhou sobre o ombro e nós assentimos positivamente.

— O que quero saber é porque ele veio até nós? — Disse Ulim.

— Eu também. — Yuna baixou os braços e a redoma se desfez pela metade, se tornando uma mera concha de gelo, e nos colocando de volta para a realidade.

Ou melhor, dura realidade.

O casarão onde estávamos reunidos, onde era a nova sede da AAA... fora completamente devastado, e literalmente varrido do mapa. Sem dó. Sem gentileza. O novo QG da Associação de Assassinos Anônimos, teve um fim quase tão desastroso quanto o primeiro. O lugar onde nos encontrávamos agora, era simplesmente um terreno vazio. E, poucos metros à nossa frente, com os pés no chão, a entidade Morte, o Neutro, segurava pelos cabelos a cabeça do Assassino Intocável.

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