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003

Era uma vez, Maçã do Éden, o shinigami número um. Também conhecido pelos adeptos da lenda como Rei dos Shinigamis. Claro, eles não tinham em mente de que aquele rei, na realidade, era uma garota. Uma jovem garota com a pele alva mais encantadora que ficava à mostra quase que por completa, para que todos aqueles que cruzassem com ela, se sentissem extasiados nos momentos finais de suas vidas. Não menos encantador que sua pele, os olhos azul-escuros atraíam as vítimas mais asquerosas, que tentavam correr por suas vidas, tendo o mesmo efeito que o canto de uma sereia.

Lembrando dessa lenda que me fora contada, não me surpreendo com o fato da shinigami ter uma aparência angelical, digo, literalmente. Aquelas asas e "vestimentas". Toda aquela graciosidade e formosura natural. Maçã, mesmo sem os poderes, tinha a postura de um verdadeiro anjo da morte. Ouso dizer que talvez ela apareça das nuvens em um cavalo no Fim dos Dias.

Todavia, sua lenda não se resume apenas a uma descrição corporal.

No Mundo dos Shinigamis, que não está preso à linhas do tempo, em uma data que não há como ser descoberta, uma alma, que não tinha para onde ir ou para onde voltar, mas que também não podia vagar no vazio eterno, brota no único lugar onde seria acolhida. Era uma garota, cuja beleza a fazia parecer fraca e delicada, só que os olhos transbordavam uma sede de sangue que somente foi vista em um certo conde amaldiçoado.

Mas, o que estava havendo ali, questionaram os shinigamis. Por que essa que acaba de nascer onde o sol não toca, não foi reciclada e desfigurada; por que não renasceu horrenda como nós? Por que tão formosa essa shinigami?

A resposta não demorou a ser encontrada.

Pelo cheiro, os shinigamis souberam sua origem durante a vida.

Descobriram que ela não era humana.

Uma alma não humana que se tornara um deus da morte.

Em todas aquelas eras no Mundo dos Shinigamis, essa peculiaridade nunca havia ocorrido. Até porque, a regra era tão clara quanto a primeira nascente d'água: só as almas que não podem ir para o Céu ou para o Inferno, mas também não são vazias para vagar no eterno Limbo, serão tomadas pelas leis da morte como suas vassalas.

Com isso.

Com essa novidade extraordinária, logo o alto escalão daquele reino sobrenatural foi alertado. O mais poderoso até então. O número um, Tesouro Perdido, abriu alas para que pudesse enxergar melhor a nova espécime. E ele logo se apaixonou. Não pela a garota em si, mas pelo quão intrigante ela era. Aliás, mal havia nascido e já era mais bela que a mais bela do mundo dos mortos. Mais graciosa que a número dois, Estrela Celeste.

Essa mesma segunda colocada no ranking, quando viu a graça da garota, decidiu que seria justo executá-la. Já Tesouro Perdido não pensava da mesma forma. O Maior dos Maiores avaliou os atributos da jovem como shinigami e concluiu que, embora tenha a beleza de um membro da Trindade Mortis, sua força como deus da morte é a mesma de um iniciante. Portanto, seria justo que ela tivesse sua liberdade como shinigami, podendo ou não evoluir até fazer jus a sua beleza.

Estrela Celeste não engoliu aquilo.

Disse não confiar na garota por ela não ascender de uma alma humana, que sua evolução poderia ser diferente.

A segunda no ranking afirmou que deixá-la viver seria a causa de um tremendo desequilíbrio das leis da morte.

A praga jogada por Estrela Celeste não surtiu efeito, e com o passar do tempo, Maçã do Éden se alimentou de um número absurdo de almas, até que chegou ao ponto que chegou, ultrapassando e muito o próprio Tesouro Perdido.

Fim.

É assim que reza a lenda.

E foi com base nessa mesma história, sabendo de quão única e inacreditável era a número um no Ranking Mundial de Shinigamis, que eu precisava saber como a deusa da morte perdera os poderes.

Era necessário um interrogatório.

Era preciso colocar as cartas na mesa.

Sendo assim, vamos voltar ao momento em que fugi com Maçã no ombro.

Basicamente, após sair daquela escola, corri com a shinigami até o beco mais próximo. Eu a coloquei de volta ao solo e logo notei sua extrema palidez. Ela estava quase transparente de tão branca. A feição sonolenta e sem força.

— Maçã?

Em resposta ao meu chamado, ela cambaleou e se apoiou em uma das paredes do beco. Depois, inclinou o corpo, levando as mãos aos joelhos. E assim, o icor azul subiu borbulhando por seu corpo, e a shinigami vomitou uma poça de sangue à frente de seus pés.

Sangue azul de deus da morte.

— Você foi ferida?!

— Não... minhas reservas mágicas... acabando... — e ela desabou de joelhos sobre o próprio sangue.

— Maçã! — Eu agachei e a segurei pelos ombros. Seu olhar baixo se ergueu para me observar nos olhos. Seu braço esquerdo se moveu com um certo esforço para que sua mão pequena pudesse acariciar meu rosto. — Isso, seja forte, vou te levar para um lugar seguro.

Seus dedos em meu rosto desceram por meu maxilar.

— Meu... cavaleiro...

— Isso, eu sou Sir Lancelot. — Virei de costas para ela, ainda agachado. — Venha, suba, abrace meu pescoço. A promessa acabou, pode voltar a ser erótica.

— E... ba... — e ela caiu desacordada sobre minhas costas.

Com um pouco de trabalho, agarrei suas pernas atrás do joelho e consegui ajeitá-la em minhas costas. Talvez por sorte, a shinigami conseguiu abraçar meu pescoço antes de desmaiar, o que facilitou as coisas.

De pé no beco, pude escutar os sons do embate na piscina. E sem querer saber qual dos dois adversários iria me caçar após o combate, concentrei chi nas pernas e comecei a correr, sem nenhum destino em mente.

+++

Foi mais ou menos assim que cheguei a um armazém abandonado com a shinigami. Mais ou menos, não, foi praticamente dessa forma. Corria desesperado pelas ruas sinuosas na madrugada de Tóquio, carregando o corpo de uma deusa exibicionista nas costas. E, segundo as leis da minha cidade natal, era para eu ter sido ao menos perseguido por um ou outro oficial da justiça à espreita. Porém, fui cuidadoso em meu trajeto. Claro, quando defini um trajeto.

O armazém para onde corri, era o mesmo local onde a agente 2k9, Suny McSun, levou meu mestre ao sequestrá-lo dias antes, em uma linha do tempo agora esquecida pelo destino.

O lugar continuava idêntico.

Algumas coisas nunca mudam.

— Arf... arf... o que está rolando...?

Após falar sozinho, com cuidado deitei o corpo de Maçã no chão frio. O que foi bastante chato, já que tive de estender suas as asas, com medo de machucá-la de alguma forma.

Naquele estado de sono, o rosto da deusa da morte se mantinha resoluto e bonito, mesmo com o brilho coberto de seu par de safiras.

Particularmente, aquele era seu estado mais belo, sabe, de boca fechada, sem falar nada erótico.

— Mas... só de ficar a olhando, chega a ser terapêutico.

Não sabia se esse feito era causado pela sua beleza ou por ser idêntica a Yuna. Não tinha certeza se o que me fez correr com ela nas costas atrás de um abrigo, era por estar preocupado com ela ou por ela ser idêntica a Yuna. Não era possível, até sua voz era a mesma. Será que...

Meus olhos apontaram para o gorro.

Movido mais pela curiosidade do que pela vontade, minha mão...

— Ah...

Ela estava acordando?

Ela se debateu um pouco, como se estivesse incomodada com a falta de macies do chão duro.

— Maçã...? — Minha mão que se movia até o gorro, recalculou a rota e acabou apanhando os dedos frágeis da shinigami. — Eu estou aqui...

E por que eu estava agindo daquela maneira? Era mais uma questão que martelava minha cabeça.

— Ah... — ela gemeu, abrindo a boca como se buscasse por oxigênio. Respirando com um pequeno chiado, a deusa da morte começou a abrir os olhos. — Coração... — e ela baixou o olhar, ainda fraco, para observar minha mão presa à dela.

— N-Não é o que... — sem mais palavras, soltei sua mão, mas, em resposta, Maçã a moveu e entrelaçou seus dedos nos meus.

— Não solte...

Aquilo era embaraçoso.

O bom é que eu era azul, ela não me veria corar.

— Está encabulado... não é...?

Ela leu minha narração?!

— Quê? Do que está falando? Deve estar delirando pela fraqueza.

E ela sorriu.

— Preciso... de um pouco de sexo...

— Como assim?! Tão gratuito!

— Você até que é bom com a língua... poderia, sabe...

— Não vejo como essas coisas pervertidas irão ajudar em sua recuperação?!

E ela sorriu novamente, desviando o olhar.

— Só estou brincando... é meu coração que está acelerado demais, veja. — Com a mão presa à minha, Maçã a puxou e colocou meus cinco dedos sobre seu seio.

Não tive escapatória, ela foi demasiadamente veloz.

Quando vi e senti, minha mão já apanhava aquela coisa macia e redonda.

— Está sentindo?

— É claro que não! O coração fica no lado esquerdo!

— Ops...

Pervertida! Pervertida! Pervertida! Acabou de voltar do fim e continua pervertida!

— Como pode ser tão tarada, hein?

— Que bom que perguntou, porque sua mão continua agarrada ao meu seio. Ele é gostoso, não?

— Hã? — Então olhei. — Caraca, verdade! Desculpa, desculpa!

— Se estiver se desculpando por não agarrar o outro, ou por ainda não ter me dominado por completo, eu aceitarei. Ou está se desculpando por tirar sua mão agora?

— É assim que me agradece por salvar sua vida?

— Não que você precisasse ter me salvado para ter meu corpo.

— ...

— Agora, vem cá. Pare de esfregar sua mão como se tivesse tocado em algo nojento e me ajude a sentar. — A shinigami estendeu os braços como se pedisse um abraço, abrindo e fechando as mãos para me atrair. — Vamos, Coração. Sou uma garota paraplégica que precisa de ajuda, aproveite para abusar de mim, realizando seu maior fetiche.

— Nojenta! Que tipo de doente você pensa que sou?!

— Não fique aí me olhando, seu pamonha, a menos que vá afastar minhas coxas e aproximar seus lábios dos meus.

— Quieta, por favor... — e enfim a ajudei a erguer o tronco.

Ela estava sentadinha.

Com as pernas ainda esticadas, ela olhou para seus pés e os mexeu, como se brincasse com o ar.

— Que autismo é esse?

— Estou tentando despertar seu fetiche por pés.

— Ora, sua... está bem!

— Hã?

Eu sei que deveria ser o contrário, mas eu separei meus joelhos e sentei sobre as coxas fortes da shinigami. Com certeza, aquela não era uma distância segura. Os olhos azuis da deusa da morte me encaravam cheios de uma expectativa erótica. Minhas mãos foram para seus delicados ombros nus, e já era possível sentir o início de seu fervor corporal.

— Precisamos conversar, mocinha. — Ponderei.

— Ah, entendi. — Ela preparou a voz. — N-Não, moço desconhecido, eu só estou voltando da escola. Por favor, me devolva minhas roupas e me deixe sair desse armazém...

— Como assim?! Isso não é uma fantasia sexual!

— Não...? Estou encenando mal?

— Não é isso, não é isso! — Respirei fundo. — Me escuta, eu preciso saber o que está acontecendo. Não preciso de sexo. Preciso de respostas.

— Coração...?

— Sem joguinhos. Seja honesta comigo. Por que Canídeo Submisso e o Capuz Dourado estão te perseguindo? Como você perdeu sua magia? E por último, mas não menos importante, o que aconteceu nesses últimos quatro meses?

Foram perguntas bem específicas que lancei.

Esperava respostas precisas para definir meu próximo movimento.

Assim, após seu cérebro absorver as questões, Maçã do Éden desviou seus olhos dos meus. Seus dedos tocaram meu abdômen e o pressionaram de leve, indicando para que eu saísse de cima de suas coxas. E foi o que fiz.

— Bem... — ela recolheu as pernas, dobrando os joelhos e depois cruzou os braços sobre eles. Mas não chegou a esconder o rosto. Ela, na verdade, pousou o queixo sobre os antebraços, deixando sua face em ênfase. — Parece que é certo sua perca de memória, então deveria começar contando como nos conhecemos. Porém, acho que é justo, depois de ter se arriscado tanto por mim, você saber o porquê dessa confusão toda.

— Tudo bem — falei. — Vamos começar daí.

Ela assentiu.

— Você conhece minha lenda, não é?

— Sim.

— Uma parte dela é mentira. Uma grande mentira. A maior mentira de todas.

— Que parte... exatamente?

— Estrela Celeste... não errou em sua profecia. A praga que ela lançou fez efeito...

— Como assim? Explique.

— Após todo tempo que precisei para evoluir, eu não cheguei ao nível da Trindade Mortis. Eu não me tornei o shinigami número um. O que aconteceu foi que tomei o primeiro lugar à força. Eu comecei uma rebelião. Isso dividiu o Mundo dos Shinigamis. Basicamente, de um lado estavam os tradicionalistas, que queriam devorar almas e evoluir normalmente; e do outro, estavam os que queriam resolver as coisas de shinigamis para shinigamis. Esse segundo grupo era liderado por mim; o primeiro por Tesouro Perdido.

— Então...

— Eu o matei. Nosso mundo foi dividido definitivamente. Os shinigamis do meu lado são considerados bastardos e não são listados no ranking, mesmo que estejam entre os cem mais fortes, como você, Coração.

— Então, o Ranking Mundial de Shinigamis é falso?

— Não falso. Desatualizado. O ranking considera a quantidade de mana como fator mais importante para categorizar o deus da morte. Dessa forma, mesmo eu não sendo a mais poderosa em matéria de força bruta e experiência, ou mesmo em número de almas devoradas, minha quantidade de mana é a maior de todos os tempos. Esse fator não se aplica só a mim. Outros shinigamis no ranking estão em uma boa posição, mas só contêm uma quantidade elevada de mana ou alguma habilidade mágica muito específica.

Se isso for verdade, isso explicaria o fato do Senhor Demagogias não ser listado no ranking, mesmo sendo poderoso e ainda tendo uma habilidade mágica única. Significa que ele está do lado de Maçã nessa divisão. E tem mais. Tomando essa explicação como base, isso deve explicar como Silêncio Faz Bem, que está em uma posição alta, foi facilmente derrotado por mim e meu mestre. Sim, deve haver alguma verdade nisso.

— Mas, se o que aconteceu foi uma guerra — comecei —, e se você matou Tesouro Perdido, por que a divisão aconteceu?

— Estrela Celeste... dividiu o mundo em dois... literalmente. Do lado deles está a Cidade de Lu, onde fica o Estreito de Azazel, a passagem que liga nosso mundo a este. Sendo assim, os shinigamis do meu lado não podem vir até este mundo.

— Então do que eles se alimentam?

— De outros shinigamis, ora. Como acha que viveu esse tempo todo, Coração?

Estremeci. Ela estava dizendo que eu me alimentei de shinigamis nesse tempo como deus da morte?

— Nós sequestramos shinigamis do lado oposto e nos alimentamos de suas almas — continuou ela. — Dependendo de quantas almas o shinigami devorou, devorá-lo é o equivalente à metade. Ou seja, se ele comeu cinquenta almas, comê-lo vale por vinte e cinco. Além de ser mais rápido do que caçar alma por alma, o alimento ainda pode ser dividido com outros, fortalecendo ainda mais o meu grupo.

Aquela conversa estava começando a me assustar, então lancei:

— Como perdeu seus poderes?

— Ah... isso. Bem, eu fui traída. Um companheiro que queria vir para este mundo, fingiu ser sequestrado e fui salvá-lo na Cidade de Lu. À minha espera estava Estrela Celeste... e... ela arrancou meu coração, fonte de minha magia, e me acorrentou no Monte Yekun.

Ela foi traída por um companheiro...

— Existe outra maneira de sair do Mundo dos Shinigamis, sem ser pelo Estreito?

— Não. Ou melhor, eu consigo se estiver com meus poderes e minha lança. Mas é bastante complicado sair, já que nosso mundo é atemporal. O Estreito de Azazel é uma máquina de tempo e espaço. Antes de virmos para este mundo, nós podemos escolher a data e o local.

— Só que isso não geraria diversos paradoxos?

— A Restrição impede que um shinigami faça algo que altere drasticamente a linha do tempo. É uma força maior que nos leva de volta para nosso mundo. E também, um shinigami só pode voltar no próprio tempo, ou seja, voltar para o passado é voltar para linha temporal onde seu eu humano estava. Nosso trabalho é originalmente coletar almas e levá-las para seu respectivo lugar. Nós começamos a comer almas quando o Inferno ficou lotado. Depois, nós acabamos tornando isso uma competição e a lei do mais forte se instaurou em nosso mundo. O ranking foi criado. Aqueles que comiam mais, tinham mais poder, mesmo não sendo realmente os mais poderosos. Shinigamis como eu foram injustiçados porque comiam menos, mesmo sendo mais valiosos.

Para ser didático, era uma espécie de sistema capitalista opressor, onde a quantidade de almas devoradas era equivalente a quantidade de capital. Contudo, shinigamis mais poderosos por natureza, ou mais talentosos, se sentiram injustiçados e apoiaram Maçã em sua rebelião contra o sistema.

— Mas o sistema de caça, tecnicamente não é uma forma de competição justa baseada na força e habilidade? Os mais fortes, por consequência, conseguem comer mais.

— Isso não durou por muito tempo. Quando nasci naquele mundo, os shinigamis mais altos no ranking usavam os iniciantes para caçar para eles. É cobrado uma parte pelas almas que são caçadas. Cinquenta por cento, para ser exato. Assim os mais fortes poderiam controlar o nível dos outros e mantê-los distante de serem uma ameaça. Passando metade do que consomem para os maiores, eles se tornam mais fortes e os outros evoluem mais lentamente. Portanto, achei justo que as coisas fossem resolvidas com derramamento de sangue. Assim, só os verdadeiramente merecedores continuariam vivos.

Então era isso que se passava lá. Agora, o Mundo dos Shinigamis estava divido em duas formas de governo. Estava acontecendo uma guerra civil.

— Acho que agora quer saber como viemos parar aqui, não é?

— S-Sim... gostaria.

— Você me libertou, Coração. Todos meus companheiros foram mortos quando fui aprisionada e você... foi minha luz. Nós nos escondemos por um tempo, antes de conseguirmos passar pelo Estreito de Azazel, e você comeu um ou outro shinigami para chegar a esse ponto.

— E depois?

— Passamos três meses atrás do meu coração, mas não temos nenhuma pista. Depois mais um mês sendo perseguido por Capuz Dourado. Fora o sexo, claro.

Ela tinha que mencionar o ato do coito.

— Entendo... — falei. — Muita coisa aconteceu.

E o que farei sobre isso tudo? Como agir? Acho que primeiro preciso saber de algo...

— O que você fará?

— Hã?

— O que você fará quando estiver com seus poderes de volta?

— O que eu... tsc, não é obvio? Vou derrubar Estrela Celeste e iniciar uma nova ordem no Mundo dos Shinigamis. Sem desigualdade. Sem assassinatos a humanos pelo poder. O sistema voltará à sua era de ouro, onde só nos alimentávamos de almas em travessia.

— Hmph.

— O que foi? Não vai rir da minha ambição, não é?

— Não, longe disso — eu sorri. — É que seu ideal, é parecido com o de meu mestre. Um mundo onde os shinigamis não matem humanos pelo poder.

— Então, ainda vai me ajudar?

— Bem, já estamos juntos nessa, né. Fazer o quê... ei!

Eu deveria estar esperando que ela usaria seu distúrbio momentâneo de felicidade para abusar de meu corpo. De súbito, ela se jogou contra mim e me abraçou, me derrubando no chão e se esfregando toda contente.

— Coração, estou tão feliz! Vamos encontrar meu coração e você será minha rainha! A Rainha dos Shinigamis!

— Eu não pretendo ocupar esse cargo! Não mesmo!

— Tudo bem! Você pode ser o rei, mas deverá abusar de mim todo dia, sem exceção! Pretendo perder o movimento das pernas cedo!

— Quê?! Deixa de ser doente, garota! A única coisa que quero é te ajudar e viver minha vida nova como um shinigami comum! E aproveitando que estamos na minha fala, pare de se esfregar em mim, está me sufocando!

— Está bem, está bem, vou te soltar! Depois vou me deitar de bruços para que você possa acabar comigo do jeito que você tanto gosta!

— Não, não, não! Não é para isso que quero que me solte... eu só estou realmente morrendo, ficando sem ar! E, além do mais, ainda temos que visitar Yuna...

— Yuna é... — ela parou de se mexer. Com o olhar baixo, afastou seus braços de mim e ergueu o tronco, se sentando em minha cintura com os joelhos no chão. Sua feição alegre se desfez.

— O que foi, Maçã?

— Preciso... eu quero te dizer algo...

— É mais alguma coisa erótica?

— N-Não...

— Então?

— É sobre essa Yuna... eu não posso te levar até ela...

— Que papo estranho é esse? É por causa de suas reservas de magia? Podemos esperar, não tem problema...

— Não... eu...

— Você...?

— Eu não quero que você a veja... não irei levá-lo.

— ...

— Desculpe...

— Espera, isso é sério? Você está falando sério?

— S-Sim... eu não vou levá-lo. Já está decidido...

— Como assim decidido?!

— ...

— Tá, sai de cima de mim!

— Não... não quero que você fuja.

— Quê? Eu não vou fugir! Só quero que...

— Não sairei e não te levarei até essa garota.

Que tipo de tsundere aquela shinigami era, eu não sei. Ela havia dito que me deixaria ver Yuna e, de uma hora para outra, decide não me levar mais. Que seja, sua maluquice não importava. Eu iria tirá-la de cima de mim à força e dar um jeito de ver Yuna, com ou sem ela. Então eu forcei e... e... caramba...

— Que bundinha pesada essa, hein.

— Pois é... — Ela corou mais uma vez. — Mas não é hora para transarmos, estamos conversando sério.

— Agora você decide isso?!

— Isso. Estamos tendo uma discussão de relacionamento.

— Você é meio dodói, né?

— Não é momento para brincadeiras!

— Está bem, então me diga, por que não quer me deixar ver Yuna?

— Não temos mais tempo... eles... agora que eles me encontraram... eu estou com medo! — E assim, ela começou a chorar. — Estou com muito medo. Se eles me encontrarem, vão me prender novamente e vão matar você. Eu não quero perder a única pessoa que tenho! Então... por favor... não me deixe sozinha...

Ela falou do mesmo jeito que Yuna, na vez que dormirmos juntos.

Aquilo amoleceu meu coração.

Não. Para que mentir? Desde a primeira vez que a vi, meu coração já tinha sido amolecido.

— Aaaah, que merda — reclamei. — Tudo bem, tudo bem! Vamos fazer do seu jeito! Vamos recuperar seu coração, primeiro! Mas depois disso vai me levar para ver Yuna, entendeu?!

Ela assentiu em resposta, enxugando as lagrimas com os dedos.

— Você também é a maior medrosa — murmurei e ergui meu tronco, para empurrá-la de cima de meu colo e...

— Obrigada! — Ela me abraçou mais uma vez, nos estatelando de volta no solo. Só que, dessa vez, foi um abraço sincero. Sem esfregação ou insinuações eróticas. Só um abraço sincero de agradecimento.

Sendo assim, não vi mal em abraçá-la, também.

Ah, maldito seja um coração amolecido.

— Sei que será complicado, mas vamos conseguir, Coração.

— Espero... — e então, um lampejo genial. — Maçã, seu coração está aqui no Japão, não é?

— Sim. Certeza. Por quê?

— Acho que sei de alguém que pode nos ajudar.

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