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Vinum: 002

— Olha só que interessante. Duas uvas passas em uma única colheita, mas que ótimo presságio. A garota deve saber o porquê de estar prestes a perder a vida, hoje. Já você, irá morrer por trair a vontade de seus superiores.

Aquele homem estava falando comigo?

Além de destruir a entrada de minha agência, ele ainda começa o capítulo com uma fala toda enigmática como essa, que abusivo. Eu nem tinha superiores. Eu era o único CEO da Agência de Combate Anti-Psicopompos, e era um cargo que eu não estava nem um pouco disposto a renunciar. Aliás, a ACAP é uma companhia de capital fechado, não estamos com nossas ações sendo vendidas em nenhuma bolsa de valores. Sendo assim, do que diabos ele estava falando?

Hmm.

Creio que com o desenrolar da trama, a verdade me será revelada.

Yuna, apesar de não ter mudado sua postura, parecia estar totalmente em guarda contra aquele homenzarrão.

Certo, deixe-me retificar, ele não era tão grande assim. O homem misteriosamente bruto, era um pouco mais alto do que eu, mas seu corpo, especificamente seu tronco, era mais inchado do que o comum. Seus braços tinham a espessura igual a de uma perna forte, e seus ombros eram levantados, quase como arcos. O peitoral era cheio, como se um par de placas de aço estivesse acoplado sob seu tórax. E o abdômen me lembrava uma barra de chocolate com oito blocos de cada lado.

Abaixo da cintura, onde o corpo estava mais próximo dos padrões de uma pessoa que não injeta creatina toda manhã, um short xadrez branco e preto lhe cobria até os joelhos. Enquanto nos pés, chinelos menores do que deveriam ser para seus membros mais inferiores de todo seu corpo.

No quesito de aparência, até que ele não era tão temível. Sua barba era um pouco cheia, cobrindo o redor dos lábios, bochechas e queixo. E seu cabelo acompanhava o volume de sua barba em uma estilosa harmonia. A única coisa que deixava a desejar, em minha humilde opinião, era que tanto sua barba, quanto seu cabelo, eram pintados do mesmo loiro que o meu cabelo era pintado.

— Ele... também usa o Loiro Matinal "para que seus cabelos se tornem raios solares"! É a mesma tinta que eu uso!

— Como é, seu pamonha? Seu cabelo não se tornou loiro natural quando se tornou shinigami?

— Não me ignorem, uvas passas! Tentem entender que estão diante de um deus, agora. Vocês devem se ajoelhar e aceitar o sacrifício.

— Aí, eu até estava a fim de "me ajoelhar" quando cheguei aqui de madrugada, mas o meu shinigami ali está em um relacionamento sério, no momento. E por incrível que pareça, minha época de não respeitar isso já se foi tem uns anos. Aliás, a pergunta que não quer calar; já que chutou uma porta para cima de mim, acredito que devo saber o nome do responsável por isso.

— É claro. Como pude ser tão deselegante. Meu nome é Shesmu, o deus egípcio do vinho e também do sangue. E hoje, tenho a missão de realizar o seu sacrifício, ó, Transgressora da Obra dos Deuses. Eu serei lembrado por impedir a ruína da gestão deste planeta.

— Transgressora? Do que ele está falando, Yuna?

— Eu já não te disse que é uma longa história, seu pamonha? Vamos tentar não perder o foco nessa aura assassina que está sendo emanada contra nós, está bem?

De fato, a atmosfera em volta daquele homem que disse ser um deus egípcio estava começando a exercer uma pressão sufocante, como uma raposa encurralando dois coelhinhos inocentes. No entanto, Yuna poderia até ficar muito bem vestida de coelha, mas não era indefesa como uma. Diferente de minha pessoa, mesmo com um braço não disponível, ela não estremecia diante daquele homem marombado.

Mas que coisa.

Não tinha duas semanas que eu havia redecorado meu escritório e sala de estar.

Phew, mas fazer o quê? Eles não estavam esperando meu consentimento para começarem a se atracar.

E a iniciativa foi do grande homem, avançando contra Yuna com uma destreza maior do que o tamanho de seu corpo deveria deter, e se colocando ante a hanyou com um soco preparado às pressas para o ataque. E igualmente apressado, ele disparou seu punho endereçado para o rostinho angelical de nossa querida Assassina de Youkais. Um golpe direto e seco, violento, como se quisesse acabar com Yuna naquele único movimento. Ele parecia ter colocado bastante esforço naquilo. Contudo, uma ofensiva simples como aquela não seria um desafio para Yuna Nate.

Ao que o punho viajou voraz contra sua face, aquela que detém o título de Assassina de Youkais bloqueou o soco com a palma de sua mão livre, e o som do estalo gerado pela parada brusca do golpe de Shesmu inundou toda minha adorável agência e lar.

— Que tipo de encontro de RPG Maker é esse? — Disse Yuna, observando o homem enquanto segurava seu punho com tranquilidade. — Você arromba a porta, algumas linhas de diálogo expositivo acontecem, e de repente você me ataca, como se já tivéssemos contextualizados em toda a situação. Que tipo de deus é você, hein?

Seja lá o porquê de Yuna estar se preocupando com a forma que o homem invadiu a minha propriedade, Shesmu mal deve ter prestado atenção nas palavras da meio-youkai. Como resposta, ele puxou das costas de seu short uma faca de lâmina curva como uma lua, e desferiu um golpe horizontal na região esquerda do abdômen de Yuna, abaixo de seu braço esquerdo que estava, como sabem, incapaz de defendê-la.

Mesmo nossa querida Assassina de Youkais notando a tempo a lâmina em ataque contra si, e dando um breve salto para trás no intuito de evitar o golpe, sua barriga recebeu um corte ligeiramente fundo, espirrando um pouco de sangue para fora de seu corpo. No entanto, a hemoglobina que pulou do ferimento de Yuna não foi sorvida pela gravidade como geralmente aconteceria. O líquido carmesim ficou parado em pleno ar à frente do grande homem, girando em torno de si mesmo na forma de gotas. E então, como em um passe de mágica, o sangue flutuante se uniu e se transformou em algo parecido com uma pequena broca, que apontou fixamente na direção de Yuna.

— Tsc.

Com um zunido, aquela furadeira feita de sangue voou como uma flecha contra a Assassina de Youkais que, após estalar sua língua como se já soubesse o que estava por vir, reagiu à velocidade daquele projétil de hemoglobina dobrando seus joelhos ao mesmo tempo em que inclinava seu tronco para trás, fazendo com que o sangue perfurante atravessasse a vidraça de minha agência que dava vista para as ruas de Tóquio.

E Yuna ajeitou a postura de seu corpo, com o ferimento em seu abdômen se fechando por completo.

Bem, acho que aquele homem era mesmo o deus egípcio do sangue, embora sua aparência não lembrasse muito a de alguém da África ou do Oriente Médio.

— Entendi, seu pamonha, você é capaz de manipular sangue da forma que quiser. Não é surpreendente considerando seu cargo no panteão dos deuses. Mas, antes de continuarmos, acho que todos gostaríamos de saber o motivo de toda essa violência. Vamos começar explicando esse papo de "sacrifício". A menos que esteja jogando Yu-Gi-Oh, nada de bom vem acompanhado dessa palavra.

— Hmm, quer dizer que não compreendeu ainda o que você se tornou, uva passa? Não entende que o título de Assassina de Youkais ou a alcunha de Cavaleira de Cristal já não são o que representam seu estado atual? Você recebeu do antigo Transgressor da Obra dos Deuses seu título homônimo. E como você agora o carrega, é natural que a Cúpula queira colocar um fim nessa profecia. Antes, com Alighieri, nós não teríamos chances em um corpo de encarnação. Mas contra uma mestiça de youkai e humano, creio que nossas chances sejam maiores.

— E-Espera aí, muita calma nessa hora. O que quer me dizer é que você está vindo atrás de mim porque aquele italiano sem vergonha me passou o título dele? E vocês nem chegaram a considerar que foi da boca para fora?

— Definitivamente, não foi. Você já está marcada. Uma auréola de icor dourado é o que vemos sobre sua cabeça. Está marcada para morrer!

Mais uma vez, a divindade atacou. Só que agora, não foi uma investida, ou um ataque físico. Era uma técnica um pouco diferente. De seu corpo, um aroma curioso começou a transbordar e a perfumar toda Agência de Combate Anti-Psicopompos.

A fragrância era agradável, não nego. Porém, enquanto para mim era só um frescor, o odor pareceu bater diferente em Yuna.

Seus olhos começaram a se esforçar para não fecharem, e suas pernas começaram a estremecer, a fazendo cambalear como se estivesse bastante bêbada.

Àquele momento de fragilidade da hanyou, Shesmu avançou com a intenção clara de golpeá-la com a faca que empunhava. Mas eu não poderia ficar ali, só olhando o desastre eminente acontecer. Como um homem que paga o que deve, e por dever a vida à Yuna por conta de vários momentos nesta minha trajetória como shinigami, eu lancei uma onda de chi em minhas panturrilhas e pés, para que pudesse correr mais rápido do que o vento e fosse capaz de chegar em nossa querida Assassina de Youkais antes da divindade egípcia.

— Não me atrapalhe!

O deus do sangue tentou me golpear com sua faca de lâmina curva para me impedir de chegar em Yuna, mas o impulso que peguei com a onda de chi me safou disso, também.

Eu abracei Yuna, sem pensar duas vezes, e saltei contra minha vidraça, quebrando-a e nos lançando contra o pavimento lá embaixo.

Caí de costas no solo, cuspindo um pouco de sangue azul de deus da morte, mas logo rolei, mantendo a hanyou firmemente agarrada à minha pessoa, até que paramos de rolar ao bater no meio-fio.

E assim se foi toda minha trabalhosa decoração anual.

Se aquele deus não nos matasse, Nuwa iria terminar o serviço por ele.

— Arf... arf...

Com Yuna quase desacordada, abraçada sobre meu corpo, e possesso por adrenalina, eu virei minha cabeça para direcionar meu olhar para o segundo andar do edifício de minha agência, e vi Shesmu se deixar ser tragado pela gravidade, pousando pesadamente no asfalto, próximo ao meio-fio oposto ao nosso.

— Ei, Yuna, não desmaie. Preciso de você aqui. Eu não dou conta de um deus sozinho, não.

— Hmm...? Que sono...

— Ei, deixa disso. Acorda!

— ......

Mas que merda. Ela estava totalmente bêbada, praticamente em estado de perda total. Não iria se erguer só com meu chamado de desespero. Assim, eu a coloquei deitada sobre a calçada, e me coloquei de pé, entre a hanyou e a divindade, tendo de tomar uma decisão que colocaria minha existência em risco.

Eu iria cair no soco com aquela montanha de homem.

Punhos batendo do mesmo modo que se choca duas pedras para se fazer fogo. Braços cruzando-se em X, para canalizar energia. E por fim, postura de karatê para fazer as Auréolas de Midas funcionarem.

Duas auréolas de energia laranja flutuavam ao redor de meu pulso, absorvendo a energia natural que se encontra no ar e convertendo em chi, para me abastecer com um estoque quase infinito de poder.

No entanto, a força e velocidade que o controle de chi me fornecia, mesmo meu corpo tendo as vantagens como um shinigami, não seria o suficiente para enfrentar um ser divino encarnado. Além do mais, com exceção de manipular sangue e daquele aroma que fez Yuna quase entrar em colapso, eu mal tinha noção de suas técnicas e habilidades. Em circunstancias como essa, talvez fosse até mais seguro confrontar a Assassina de Youkais do que o deus. Era um combate quase suicida.

— Se colocará mesmo como escudo dessa Transgressora, uva passa? E ainda me desafia com esses seus punhos de vassalo das leis da morte. Hmph, que triste. No panteão de todas as classes divinas, os shinigamis se encontram em nível operário, e pode-se dizer que vocês são como deuses faxineiros; só servem para colocar o lixo para fora.

— Se com "lixo" você está se referindo aos seres humanos, devo lembrá-lo que são eles que lhe dão a força que tem. Preste respeito.

— Respeito? Não fosse a alienação da humanidade atualmente, eu seria centenas de vezes mais poderoso do que sou agora, e arrancar a cabeça dessa mestiça não seria nenhum problema. Porém, olhe agora. Terei até mesmo que enfrentar um projeto de divindade como você para conseguir fazer o que precisa ser feito.

— Mas por que quer matá-la? O que ela fez?

— Por ora, ainda nada. Mas todos sabemos o que ela é capaz de fazer. Entre os deuses, ela não é conhecida como Cavaleira de Cristal sem ter dado motivos. Ela conseguiu até mesmo enganar a deusa da vitória, recentemente, além de derrotar Virgílio Alighieri, algo que nem mesmo Zeus foi capaz de fazer com seu corpo de encarnação. Alguém com esse talento para o combate, não pode permanecer vivo sob o título de Transgressora da Obra dos Deuses. Qualquer um que for digno de carregar esse título será levado pelas mãos do destino a ser um verdadeiro estorvo para as divindades.

Eu não tinha como discordar dos comentários que o deus fez em relação à Yuna, mas aquela história de Transgressora não estava me convencendo ou justificando as atitudes daquela divindade egípcia. Tecnicamente, ela quer matá-la por um título que deram a ela, sem seu consentimento, e pela existência de chance de que aquela hanyou deitada na calçada pudesse, talvez, se tornar uma genocida de deuses. É isso, é?

Uma punição sem um crime. Isso não é um pouco imoral, não?

De onde esses deuses tiram suas leis? Do Brasil?

— Bem, ô do Egito, eu não sei o quão fã de Minority Report você... vocês são, mas não posso deixar que mate Yuna por conta de uma teoria idiota. Sem querer ser clichê, mas, terá de passar por cima do meu cadáver.

— Hmm... tudo bem, uva passa. Se é assim que deseja.

Às minhas costas, um zunido indicou a veloz aproximação de algo. E antes que pudesse olhar por sobre meu ombro para identificar o que vinha rasgando o ar em minha direção, algo perfurou meu ombro direito, atravessando-o de trás para frente. No chão, diante de meus pés, enfim visualizei tanto a origem do zunido como aquilo que danificou meu ombro. Cravado no asfalto, uma broca feita de sangue.

A mesma pequena broca que atacou Yuna lá na agência e que passou por minha vidraça.

Ela não havia se desfeito ou algo do tipo.

Isso também fazia parte da habilidade daquela divindade. Ele não somente manipulava sangue, ele também o solidificava. E se eu parar para pensar além, é bem provável que ele também seja capaz de gaseificá-lo.

Pelo menos, o ferimento que a broca causou em meu ombro não é muito significante. Mas é esquisito a sensação de ardência e peso...

— Urgh!

Mas o quê?! Que dormência repentina é essa?

Um ferimento desse, igual a como se eu tivesse sido alvejado por um disparo de revolver, já deveria ter se regenerado sem muita dificuldade. Porém, por algum motivo, ele permanece aberto, a ponto de meu sangue azul de deus da morte começar a vazar por ele. Algo está impedindo minhas células de agirem nessa região, mas não parece ser magia.

— Parece que já está começando a entender, não é, shinigami? Mas, mesmo que compreenda, já não há nada que possa fazer.

— Tsc, não sei do que está falando, mas... hã?

Meu braço?

Não, é só o meu ombro.

Meu ombro está agindo por conta própria! E está dificultando bastante a movimentação do restante de meu braço direito.

Com aquela pressão sendo exercida de dentro em meu ombro, eu não conseguia manter o controle de meu chi naquele membro que estava sendo prejudicado, e não demorou para que a Auréola de Midas desaparecesse de meu pulso direito.

Aquilo era ruim.

Embora não estivesse dominando um membro de meu corpo de forma total, o controle da região que ele tinha era bastante influente nas ações de meu braço, o que quase o tornava incapacitado.

Eu teria de enfrentá-lo só com o braço esquerdo e tentar sobreviver até Yuna despertar.

Mais importante do que isso, precisava não ser pego novamente por aquela broca de sangue, para que outra área de meu corpo não fosse manipulada.

E falando no diabo, dessa vez, o zunido que a rotação fez no solo me alertou antes que o projétil de hemoglobina se lançasse em ataque mais uma vez contra mim, agora vindo de baixo em uma linha reta, na intenção de perfurar minha cabeça. No entanto, reclinei meu torso em tempo, me safando facilmente daquela nova ofensiva.

Mas não parava por aí.

Shesmu não dependia só de sua manipulação de sangue, afinal.

Aproveitando que desviei meu olhar dele por um segundo, o deus egípcio iniciou sua investida, cruzando a rua com passadas largas como as de um avestruz. Ele veio de punho armado para um soco, e descarregou seu golpe assim que a distância se tornou adequada. Contudo, ainda que meu braço destro não estivesse em boas condições de uso, meu braço canhoto mantinha sua Auréola em seu pulso e estava pronto para a ação. Mas não era com força bruta que pretendia me defender de força bruta.

Ao que o deus desferiu seu soco, eu sacrifiquei a energia de minha Auréola de Midas restante para evocar uma cabeça de leão feita de puro chi. E colocando-a de encontro com o punho de Shesmu, seu antebraço foi abocanhado pelas presas do rei da selva.

— Argh! Maldição!

E a divindade abriu sua guarda graças ao meu movimento.

Eu não poderia perder aquela oportunidade de afastá-lo dali.

Com a mesma mão esquerda, concentrando chi em minha palma, eu golpeei o plexo solar do corpo do deus, o lançando com toda força para trás, e fazendo seu corpo destruir a fachada de uma loja de roupas que ficava no térreo do prédio da ACAP.

Feliz por ter ganhado mais tempo contra Shesmu; triste por ter mais uma dívida para pagar.

Mas minhas ambiguidades emocionais não importavam, naquela situação.

— Hmm... arf...

— Y-Yuna?

— Caramba, seu pamonha... o que você colocou naquele chá, hein?

— Não tem chá. O deus egípcio quem fez isso com você. Aparentemente, ele consegue exalar um odor atordoante bastante poderoso. Daí você quase desmaiou e eu tive de te salvar. A propósito, isso paga uma parte de minhas dívidas com você, não acha?

— Hmph, uma pequena parte. — Respondeu ela, esfregando os olhos e erguendo o torso. — De qualquer jeito, ainda está em dívida e ainda precisa me levar ao Mundo dos Shinigamis. Não conseguirá fugir disso, está bem? Agora, me ajude a levantar.

Ela estendeu a mão para mim, e eu a ajudei.

Ora, não sou um selvagem.

Se colocando de pé, nossa querida Assassina de Youkais estava de volta ao jogo. E aparentemente em excelentes condições, com exceção de seu braço queimado, claro. Ela chacoalhou sua perna direita e depois sua perna esquerda, antes de estalar seu pescoço o inclinando de um lado para o outro. Após isso, deu três passos despreocupados que a colocaram de volta na linha de frente do confronto.

— E aí, descobriu algo além da questão da fragrância sobre os poderes dele?

— O sangue. O sangue que ele manipula pode ser solidificado ou gaseificado, e ele pode alterar os estados da matéria tão simplesmente como consegue controlar o sangue pelo ar. Mas, o problema mesmo está em quando se é alvejado pelo sangue. A área da ferida é controlada por ele, e mesmo se for um pequeno ferimento, dependendo do local, se tornará algo bem chato.

— Hmm, isso é perigoso, admito. Mas não é um grande problema se prestarmos atenção. Não sei se notou, mas o projétil que ele criou com meu sangue, depois de disparado, só pode se mover em linha reta e na mesma velocidade. Provavelmente, é necessário que encontre com algo e tenha a continuidade de seu movimento cessado para que um novo ataque aconteça. Da primeira vez, eu desviei do sangue que atravessou sua vidraça. O mais logico a se deduzir é que a pequena broca atingiu o concreto do edifício atrás de nós e parou, dando um segundo ataque para Shesmu.

— E nesse ataque ele me acertou no ombro. Depois, o projétil se cravou no chão, mas voltou a me atacar, mais uma vez em uma linha reta, dessa vez subindo.

— E se você for bom em geometria, seu pamonha, entende que a inclinação diagonal que o sangue subiu deve tê-lo feito se crava na parede do prédio de novo.

— Ou seja...

Um quarto ataque estava para acontecer. E seria pelas nossas costas, como foi da vez que acertou meu ombro. Com isso em mente, eu rapidamente conjurei um cilindro de chi em minha mão esquerda e girei meus calcanhares no momento exato que um novo zunido indicava uma nova aproximação do projétil.

Não deu outra, a broca foi capturada.

Assim que ela adentrou meu cilindro de energia mística, o efeito mágico dela foi automaticamente anulado. Desse modo, como uma consequência surpreendente, apesar de agradável, o ferimento de meu ombro se curou.

A magia não vinha do deus egípcio, mas sim, do próprio projétil de sangue.

— Entendi. As ordens são dadas por Shesmu, mas o sangue age por sua própria magia.

— Hmm? Quer dizer que ele usa a magia contida no sangue que manipula, e não a dele mesmo? Entendi, é quase como controlar um carrinho de brinquedo movido por pilhas palito. Mas, será que isso tem algo a ver com o efeito que seu aroma causou em mim?

— Como assim, Yuna?

— Você não foi afetado pelo odor. Eu sim. E como ele manipulou só o meu sangue, talvez tenha alguma ligação.

— Não. Não sei. Acredito que eu não tenha sido afetado por, querendo ou não, ser um deus também. O meu sangue é azul, e quando ele escorreu de meu ferimento no ombro, Shesmu não o manipulou. Talvez ele não possa controlar sangue azul. Se o controle do sangue fosse um fator para que o aroma fizesse efeito, ele teria tentado controlar meu sangue também, para que assim pudesse se livrar de mim mais rapidamente. Ele não parecesse estar pegando leve.

— Só que ele está. Eles sempre estão. Para os deuses, se esforçar para ter algo é um ato de vergonha. A vitória sempre deve ser incontestável para eles. Não os julgo sobre essa forma de pensar. Eu também sou assim, no final das contas. Ah, aí vem ele.

Eu gosto de acreditar que meu golpe com a palma da mão na divindade não foi tão efetivo assim, mas, pelo tempo que ele demorou para se reapresentar de dentro daquela loja de roupas, era difícil manter esse pensamento como verossímil.

Porém, sua demora tinha um motivo real.

Ao que ele saiu pelo espaço criado por conta da vitrine destruída, logo atrás dele, quatro faixas de sangue flutuaram espiralando em torno de si mesmas e pararam em pleno ar ao redor do deus. As moldando com a força de sua mente, as faixas de hemoglobina se solidificaram na forma de quatro lanças carmesins.

— E-Ele... matou as funcionárias da loja... desgraçado!

— Relaxa as batatas aí, seu pamonha. Não deixe as emoções falarem por você em um combate. Não estrague uma de suas poucas atuações louváveis com um acesso de raiva por causa da vida de algumas figurantes.

— Tsc.

— Eu assumirei daqui. Você já fez o bastante, por hoje.

— Por hoje?

— Modo de falar, você entendeu.

— Vocês dois, uvas passas, parem de tagarelar! Não ajam como se eu não estivesse aqui. Entendam de uma vez que a morte da Transgressora é necessária para que este planeta se mantenha nos eixos.

— A única coisa que vai sair do eixo é essa sua cara barbada, seu pamonha. Eu já entendi como funciona sua técnica de manipulação de sangue e adianto que um ataque como o que planeja é inútil.

— Não me subestime, uva passa!

Cerrando os dentes após vociferar aquelas palavras, Shesmu fez com que seu quarteto de lanças sanguíneas voasse em linha reta na direção de Yuna, levemente inclinadas para o centro uma da outra, traçando uma rota que faria as quatro se cravarem um pouco abaixo do peito da Assassina de Youkais. No entanto, mesmo com toda a velocidade e precisão que foram disparadas, as lanças não chegariam sequer a estremecer a postura da hanyou.

Centímetros diante de Yuna Nate, aquelas armas de sangue solidificado foram barradas em pleno ar, como se encontrassem um obstáculo invisível as separando de seu objetivo. E, de fato, era exatamente o que havia ali. À frente de nossa querida Assassina de Youkais, uma parede fina de gelo translucido foi evocada por ela para que lhe servisse de proteção para a ofensiva da divindade. Embora fosse fina, a resistência da parede gélida foi o bastante para travar as quatro lanças em si, deixando-as praticamente inutilizáveis considerando as condições de movimento da técnica de Shesmu.

— Eu te falei, não falei? Eu te disse que é inútil. Por que vocês nunca me escutam quando digo que é inútil.

— Hmph, e eu te disse para não me subestimar, não foi? Acha que o sangue em meu controle é tão limitado a ponto de ser parado com um truque barato? Agora vocês verão... não. Não, não, não. Não pode ser, preciso de mais tempo.

— Hmm? Como é?

Por algum motivo desconhecido, o deus egípcio começou a agir estranho no meio de sua sentença, olhando de um lado para o outro como se estivesse respondendo a pessoas ao redor dele. Ele pedia mais tempo, e rangia os dentes, mostrando-se claramente apreensivo. Então, depois de conversar sozinho, ele olhou as próprias mãos, cerrando os dentes, e as lanças de sangue cravadas na parede de gelo de Yuna se desfizeram em sangue comum, que logo se esparramou no asfalto.

Não demorou para que Yuna visse ali uma oportunidade de ataque. Passando por sua defesa de gelo como se intangibilidade fizesse parte de seus poderes, ela partiu para cima do deus e saltou para que caísse em uma voadora como a ferroada de uma vespa. Porém, a divindade reagiu de maneira inusitada.

Como um dragão cuspindo chamas infernais, Shesmu liberou uma rajada de óleo que subiu do fundo de sua garganta e acertou Yuna em cheio com uma pressão maior do que a de uma mangueira do corpo de bombeiros.

A hanyou foi empurrada para trás, caindo e rolando no solo, até que parou próximo aos meus pés. Enquanto o deus egípcio limpou sua boca com as costas de sua mão e... começou a correr de nós?

Sem piadas aqui.

Ele simplesmente bateu em retirada, virando a primeira esquina e desaparecendo de meu campo de visão.

— O que raios aconteceu aqui e agora?

Era tudo um grande mistério. E eu estava no meio disso tudo.

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