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Locus: 002

— Ei, velha senhora, você está aí! Ei, ei, está simulando demência, é? Onde você está?

Com um misto de delicadeza e firmeza, Ieda batia na porta da humilde residência com as costas de seu punho. Ela olhava de um lado para o outro de vez em quando como se quisesse ver pelo minúsculo vão das laterais da entrada e às vezes aproximava o olho do olho-mágico.

É claro que, como lobo, líder de alcateia, eu não deixaria esse início de capítulo ficar sem uma contextualização adequada, o que me obriga a latir uma explicação da situação.

Dia 2 de novembro, às seis horas da tarde.

Ieda e eu estávamos a caminho da Estação Kurama, que fica a mais ou menos sete quilômetros da ACSI, a pedido de Yuna, que nos deu duas escolhas simples: ficar e continuar ajudando na mudança, ou, ir até a Estação Kurama e derrubar a barreira para ela.

Diante dessas opções, tanto a guria-aranha quanto eu fomos rápidos no gatilho em decidir o que fazer pelo o que restou do dia. E como se nossas mentes estivessem em perfeito sincronismo, um sonoro sim foi lançado para a segunda opção.

Desse modo, estávamos nós dois ali, no meio do percurso para nosso objetivo, à frente de uma humilde residência de Quioto, onde a aprendiz da Assassina de Youkais disse que precisava fazer uma parada por volta das seis horas da tarde.

Não a questionei quanto a esse desvio de caminho, já que a própria guria disse que desfazer uma barreira não seria um problema para Ieda e que não demoraria muito para que o serviço fosse finalizado. Então, não me senti um shikigami irresponsável por recalcular minha rota por alguns minutos.

— Guria, não precisa fazer tanto barulho. Seja lá quem você veio visitar não deve estar em casa. Contente-se com isso e vamos embora.

— Eu não posso, Ulim-senpai. Marquei com ela às seis horas e acho que ela não teria muitos lugares para ir. Ela é bem idosa.

— Você e Yuna não deviam falar dessa forma ao se referirem a vanguarda de nosso país. Sei que as duas têm juventude eterna por conta de suas ascendentes youkais, mas isso não lhes dá direito de desdenhar da idade avançada das pessoas comuns. Não que eu me importe, é claro. Só digo por questões de ética.

— Hmm, está simulando demência, é? Você também não irá envelhecer, não é verdade?

— Sim, é verídico. Porém, meu corpo é um receptáculo e será preservado pela minha mana até que eu seja morto ou que meu contrato acabe. O que vier primeiro.

— Mas para seu contrato acabar, Yuna-senpai teria que ser morta. Significa que enquanto ela estiver viva, você permanecerá assim, o que pode ser considerado como uma forma de juventude eterna também, não acha?

— Hmph, vamos concordar e discordar, guria. De todo modo, voltando ao que interessa, vamos desistir dessa sua visita ou encontro e vamos prosseguir com nosso objetivo principal. Você já deu sorte dessa missão acontecer porque acredito que Yuna dificilmente te liberaria daquela mudança toda para fazer uma visita a alguém.

— Eu não tinha planejado vir aqui antes da senpai nos mandar em missão. Não me viu mandando mensagens um pouco antes de sairmos?

— "Um pouco antes de sairmos"? Guria, essa pessoa ao menos respondeu confirmando o encontro?

— Bem, ela visualizou as mensagens. Como não negou, julguei que fosse uma confirmativa.

— Phew, fascinante dedução.

No entanto, para quebrar minha ideia de que Ieda havia se equivocado tremendamente, a porta na qual ela tanto batia segundos antes, emitiu um breve ruído e teve sua maçaneta mexida, o que advertia sobre a abertura da entrada residencial.

Com um suave rangido a porta foi puxada para dentro e, não querendo usar das palavras da guria-aranha, uma velha senhora se apresentou para nós no interior da residência.

— Oh, velha senhora, estava simulando demência, é? Já são seis e dois agora. Você se atrasou.

— Me perdoe, minha criança, é que hoje foi um dia um pouco agitado. Mas entrem, vão pegar um resfriado aí fora. Seu cachorro também é bem-vindo.

— Sou um lobo, líder de alcateia, senhora. Mas agradeço a hospitalidade.

Sem pressa nenhuma, Ieda adentrou a residência e eu fui logo atrás dela, fazendo o favor de fechar a porta com minhas patas traseiras e cauda.

Lá dentro, não pude evitar meus olhos caninos de observar ao redor. Aparentemente, aquele lugar não era somente uma casa, mas também, um comércio clandestino.

Uma loja de antiguidades.

Vários nichos e prateleiras em todas as paredes deixavam à mostra diversos objetos exotéricos que, pelo cheiro que minhas narinas absorviam discretamente, tinham facilmente mais de cinquenta anos.

— Afinal, guria, o que viemos fazer aqui?

— Eu posso responder a essa pergunta pela jovem, grande líder de alcateia.

— Pode só me chamar de Ulim, senhora. E também pode responder pela guria, se quiser.

— Bem, essa jovem aqui está atrás de alguns ingredientes para ocultismo e alquimia que somente este antiquário pode oferecer. Ela está esperando há semanas, e esses dias o artefato finalmente chegou.

— Hmm, um artefato. E que tipo de artefato seria esse?

— É um ingrediente imprescindível para realizar uma transmutação que venho calculando já faz bastante tempo, Ulim-senpai. Para ser mais específica, faz mais de três anos que trabalho nesse projeto pessoal. Desde a crise espiritual em 2019, depois que fiz o remédio para o senhor shinigami manter sua aparência de quando era humano.

— Mas não foi essa minha pergunta, guria. O que é o tal item que aguardou por tanto tempo?

Sem nenhuma resposta verbal da parte de Ieda, a senhora de idade avançada se mexeu e foi para trás de um balcão em seu estabelecimento e aparentemente também casa, agachando no local e ocultando sua imagem de nossas vistas por conta de sua pequena estatura. O som de caixas sendo movidas e abertas empurrou o silêncio que se instaurou com a guria-aranha ignorando minha última questão. Segundos depois, a senhora reergueu seu corpo, fazendo seu busto reaparecer acima da linha do balcão à nossa frente.

Ela então ergueu seu braço, nos revelando uma... clavícula?

Mas que tipo de ingrediente bizarro é esse?

— Oh, é isso mesmo, velha senhora. Obrigada. Achei que estivesse simulando demência quando disse que conseguiria, mas parece que me enganei. É exatamente isso que eu preciso para progredir com minhas pesquisas.

Ieda se aproximou animada do balcão com passos largos e apanhou da posse da senhora o fragmento de estrutura óssea que ela segurava.

Após observar atentamente cada detalhe do osso, ela lançou sua questão.

— E qual é o preço, velha senhora? Quanto vou ter de pagar por este artefato precioso?

Para aqueles que não sabem, a guria-aranha não é somente uma híbrida de humano e youkai com o cabelo cor-de-rosa, ela também é uma grande estudiosa em química e alquimia, embora não seja reconhecida por nenhuma organização. No entanto, dentre seus feitos provenientes de seus conhecimentos científicos, estão o remédio que trouxe a aparência do guri-shinigami ao que era quando humano, e também uma espécie de veneno capaz de paralisar o fluxo de mana de alguém como fez com Yuna quando elas se conheceram. Ela é até mesmo capaz de agilizar a recuperação dos efeitos colaterais de uma forma escura como o Modo Morgana.

Assim como a guria, sua aprendiz está muito além de ser só um rostinho bonito.

— Hmm, acho que... duzentos mil ienes estão de bom tamanho, minha jovem.

— D-Duzentos mil ienes?! Está simulando demência, é? Eu não tenho essa quantia agora. Não é possível fazer um desconto ou algo do tipo?

— Oh, minha jovem, mas é claro que eu já apliquei um desconto para você, de trinta por cento, aliás. Se quiser este osso, terá de pagar ao menos os duzentos mil. Não aceitarei menos do que esse valor. Até porque, minha jovem, os custos que tive para que este artefato chegasse até aqui não foram pequenos, e eles precisam ser ao menos cobertos pelo o que eu lucrar com isto. É uma lógica simples, não concorda?

Hmph, a senhora de idade avançada é um dos mestres do capitalismo, aparentemente.

Vamos ver como a guria-aranha vai sair dessa. Ela passou parte de sua adolescência como uma ladra, mas pegar e sair correndo não é o seu estilo, e ela também é muito inocente para agir dessa maneira. Quando ela vivia como ladra, era uma questão de sobrevivência, já que não tinha o que comer. Mas agora, as circunstâncias de sua vida são diferentes.

— Ah, mas que coisa. Não esperava que fosse sair tão caro. Hmm. Bem, não me resta outra opção senão usar minha carta secreta.

Ieda mexeu em um dos bolsos de seu short de baseball que utilizava e puxou de dentro dele um cartão púrpuro com um chip no meio, o erguendo ao lado de seu rosto como se estivesse em um duelo de Yu-Gi-Oh.

— Eu irei pagar com cartão de crédito, velha senhora!

— Excelente, minha jovem, excelente!

Hmm, isso é um desfecho, de certa forma, feliz para a curta, porém emocionante, missão secundária em que a guria-aranha me envolveu naquele final de tarde. Contudo, algo de errado não estava certo ali. Eu poderia estar caninamente enganado, mas, se bem me lembro, Ieda Arakune não tinha nenhum cartão de crédito.

Phew, francamente.

— Guria, não faça mais nenhum movimento brusco! É uma ordem!

— Hã?! O que foi, Ulim-senpai? Você nos assustou, sabia?

— É você quem está me assustando aqui, guria? Não percebe as consequências do que está tentando fazer? Esse cartão de crédito, ele é da Yuna, não é?

— É, sim. É o cartão da Yuna-senpai. Por quê?

— Você ainda pergunta? Sua senpai só usa a função crédito em emergências muito grandes, o que significa que ela nunca usa. Se você pegou esse cartão e vai passar uma compra no crédito, é possível que Yuna seja notificada e isso não será nada bom.

— Mas, Ulim-senpai, nós estamos indo fazer uma missão que será remunerada e isso irá nos dar o dinheiro para pagar o saldo do cartão. É matemática simples, não precisa simular demência e se preocupar.

— Mas é exatamente com essa lógica que me preocupo, guria. Se usarmos o dinheiro da missão para pagarmos a dívida do cartão, não sobrará dinheiro para pagar despesas importantes.

— Mas este osso é muito importante para minha pesquisa e se não comprá-lo agora e for juntar o dinheiro para comprar depois, talvez alguém acabe comprando nesse meio-tempo. É uma oportunidade única.

— Phew, guria, eu entendo que deve ser difícil adiar um sonho por conta de dinheiro, mas esses são os autos e baixos da vida adulta nesta sociedade formada pelos... hmm?

Bip, bip.

— G-Guria, você passou o cartão enquanto eu iniciava meu discurso?! Não deveria ter feito isso!

Francamente, Ieda raramente me decepciona no quesito responsabilidade financeira, o que é totalmente diferente de Yuna. Só que, dessa vez, a guria-aranha foi totalmente tragada pela emoção, fazendo com que fosse impossível salvá-la desse delírio de consumo.

— Está simulando demência, Ulim-senpai? Yuna-senpai irá entender que foi tudo pelo bem da ciência.

— ......

Era difícil acreditar que um argumento como "foi tudo pelo bem da ciência" iria ser efetivo contra uma hanyou que tem como hobby estudar sobre artes das trevas, mas já não havia nada que eu pudesse fazer sobre aquilo.

O que está feito, está feito.

Para ser sincero com vocês, eu não me importaria com o que a guria-aranha realizou se eu não estivesse junto a ela no desvio de rota de nossa verdadeira missão. Mas, como a situação era o exato oposto, meu verdadeiro medo era que a culpa do que Ieda fez acabasse sendo distorcida e caindo sobre mim.

Era isso o que eu realmente temia.

— Certo, guria, agora que já fez o que tinha de fazer aqui, vamos voltar logo para nossa missão. Mais do que nunca precisamos completá-la, dada as circunstâncias monetárias atuais.

A guria-aranha assentiu e guardou tanto o cartão de crédito quanto a clavícula em seus bolsos do short, antes de se curvar para agradecer a senhora de idade avançada.

— Eu quem agradeço, minha jovem, você é uma cliente e tanto. Espero que volte mais vezes. E peço desculpas por demorar para atendê-la na porta, é que um homem muito misterioso passou por aqui hoje e uma sensação ruim me deixou bastante pensativa. Acabei caindo no sono com isso. Sabe, não tenho mais idade para ficar perdida em devaneios, entende?

— Ah, sim, compreendo completamente, velha senhora. Qualquer esforço mental, por mais simples que seja, deve ser muito pesado para a senhora, já que você é bastante velha mesmo.

Essa guria não tem o mínimo de semancol?!

Acho melhor eu desviar esse diálogo um pouco.

— A propósito, senhora de idade avançada, o que tinha de misterioso nesse homem que passou por aqui mais cedo? Não sei se ficou sabendo, mas uma barreira foi erguida ao redor de todo Monte Kurama hoje à tarde.

— Ah, já fiquei sabendo da notícia que a estação estava interditada, mas não sabia que era por conta de uma barreira mística. Pensei que um grupo de crianças havia se jogado nos trilhos.

— Não estamos em Suicide Club, senhora. Mas, enquanto ao homem...

— Claro, o homem. Durante a tarde, um homem muito elegante apareceu por aqui perguntando se eu tinha algumas ervas entre outros produtos medicinais, e eu os mostrei a ele. Ele selecionou algumas plantas das que apresentei e depois começou a observar ao redor de minha loja. Sua aura era pesada, em uma mistura esquisita de respeito e medo. De repente, ao que me virei para colocar as ervas em uma sacola e voltei a observá-lo, uma katana prateada simplesmente estava na mão dele. E era linda. Um artefato que parecia ser a alma de um deus cristalizada. Ou, de um demônio. Só de olhar para aquela lâmina, meu corpo ficou sonolento, tanto que mal me lembro se ele pagou pelas ervas ou não.

A senhora de idade avançada, possivelmente, havia acabado de nos relatar um roubo muito bem realizado, mas disse o que disse praticamente com um sorriso em seu rosto enrugado.

— E como ele era? Você se lembra?

— Hmm, ele era um pouco alto, cabelo claro, bastante claro, mas não me lembro da cor exatamente. Seus olhos também eram claros e... frios. É difícil me recordar, na verdade. Minhas lembranças estão nevoadas.

— Hmph, não precisa se esforçar tanto, senhora de idade avançada, você não tem mais saúde para isso. De qualquer forma, era só uma curiosidade, obrigado por responder. Vamos, guria, temos uma missão e já enrolamos demais.

Sem mais nada para absorver ou conquistar nesse objetivo secundário em que Ieda nos colocou, a guria-aranha montou em minhas costas caninas e assim pude acelerar para longe dali.

Latindo de maneira sincera, eu poderia ter seguido pela mesma rota que nos levou para a loja de antiguidades para chegar à Estação Kurama, o que certamente seria mais rápido, mas, por algum motivo inexplicável, eu automaticamente retornei pelo caminho de que viemos e retomei a rota principal que estava acostumado a seguir quando precisava ir para a estação. E apesar de apressar Ieda anteriormente, eu não cheguei a me locomover com dez por cento de minha velocidade máxima.

Mesmo com a dívida desnecessária que a guria-aranha gerou no cartão de Yuna, eu não sentia de fato que estávamos lidando com um grande problema ali.

Depois de voltar a conviver por mais de dois anos com nossa querida Assassina de Youkais, eu conseguia ser otimista em relação a muitas reações exageradas que ela teria no passado, quando éramos parte da Elite da AAA.

Atualmente, em meio a sua personalidade excêntrica, eu conseguia ver uma mulher madura e com um forte senso de responsabilidade.

Yuna, Ieda e eu passamos por bastante coisas juntos desde que aquele mágico de circo foi desta para uma melhor, e já não seria possível não chamar a Agência de Combate Sobrenatural e Inteligência de lar.

Hmph, acho que estou ficando um pouco sentimental com minha convivência com as duas, afinal.

Enfim.

A missão é o assunto principal aqui.

No entanto, nós ainda fizemos uma parada extra antes de nosso destino final.

— Certo, guria, eu até entendo que quisesse ir ao banheiro, mas... por que raios comprou um milkshake? Não estamos aqui à passeio, não se lembra?

— Ora, Ulim-senpai, está simulando demência, é? Achei que você, mais do que nenhum outro, quisesse se afastar daquela mudança toda que Yuna-senpai está fazendo e sair para tomar um pouco de ar. Toma, aqui, o seu é o de morango.

A guria-aranha me respondeu à frente de uma loja de conveniência ao lado de um posto de gasolina e praticamente a uns três minutos da Estação Kurama, onde ela me fez parar dizendo estar precisando tirar a água do joelho.

De fato, eu não esperava que ela fosse comprar um par de milkshake a tão poucos metros de nosso verdadeiro objetivo. Porém, o sabor morango sempre foi o meu favorito, e não iria recusar prontamente aquela bebida láctea que deve ter sido preparada com tanto carinho e atenção.

Assim, quando Ieda terminou sua frase e se agachou para pousar o copo de milkshake diante de meu focinho, um comando foi enviado de meu cérebro ao meu corpo para fingir que a Estação Kurama não estava logo ali do lado. E também para ignorar a massa de energia mágica que a cobria sem nenhuma brecha.

E o cérebro de Ieda também parecia ter feito o mesmo. Ela deu um passo por cima de meu corpo deitado e se acomodou no banco que a loja disponibilizava para um descanso em uma tarde ensolarada. Cenário esse que, definitivamente, não era o que pairava sobre nós naquele momento.

Era praticamente seis e meia da tarde e o sol já havia praticamente se posto por completo, dando início ao horário noturno na antiga capital.

— O que está pensando, Ulim-senpai? Está com algum tipo de pressentimento ou está só vendo algum espirito perambulante?

— Hmm, acha que estou preocupado com essa barreira, guria, é isso? Saiba que já enfrentei coisas muito piores sozinho quando trabalhava com meu mestre na AAA. Quebrar uma barreira mágica pode ser feito de duas maneiras bem simples: ou com um feitiço ou com a força bruta. E para ser honesto, eu já quebrei inúmeras barreiras desse tipo somente com meu latido.

— Está simulando demência, é? Você diz como se seu latido estivesse no mesmo nível de um latido de bulldog. Se não estou enganada, senpai, o ecoar de sua voz dispara uma onda sonora que é capaz de derrubar um helicóptero na primeira tentativa, é quase como um tiro de bazuca, ou até mais destrutivo. Comparado a isso, quebrar uma barreira latindo não é tão difícil assim. Aliás, se alguma barreira fosse resistente o suficiente para resistir a um míssil à queima-roupa, nós certamente estaríamos lidando com um problema bem sério.

— Hmph, com certeza. Mas acredito que não seja nada demais. Mesmo que o ex-agente tivesse pedido para Yuna fazer o serviço, se ela confiou a você, não precisamos nos preocupar com nada.

— Ei, não tente sair dessa, senpai. Ela confiou a nós dois, não se esqueça. E não entendi o que quis dizer com "se ela confiou a você". Saiba que também sou capaz de quebrar uma barreira com força bruta, mas dependendo da dimensão do perímetro controlado, usar da força não a desativaria, só abriria um pequeno buraco. Talvez seja exatamente por isso que nós dois estamos aqui. Se a barreira cobre todo o redor do Monte Kurama, mesmo se uníssemos nossas forças, só iriamos abrir uma passagem nela. Vamos ter de usar um feitiço.

— Não seja tão ingênua, Ieda. Nós estamos aqui porque Yuna prefere mudar os móveis de lugar do que ver se o mundo pode possivelmente estar acabando. Bem, o importante é que vamos resolver isso logo e que demos um descanso de verdade de toda aquela mudança.

Eu pressionei delicadamente meus lábios caninos no canudo de papel do copo de milkshake e sorvi a bebida láctea por dois deliciosos segundos. E nessa fração de tempo, eu não pude deixar minha curiosidade escapar.

— Escuta, guria, você poderia me dizer o porquê pagou tão caro em um pedaço de osso que veio de algum lugar? Não que eu me importe, mas é que não consigo ver sentido nisso.

— Hmm. — Ela afastou o canudo de seus lábios rosados. — Eu já disse, não disse? Preciso para completar meu projeto pessoal. Por acaso estava simulando demência quando falei?

— Isso eu já entendi, guria. O que não entendo é que tipo de projeto pessoal necessita de um pedaço de osso que, aparentemente, é tão específico. O que ele tem de tão especial?

— É que... esse osso não é de uma pessoa qualquer. Ele é parte da estrutura óssea de um antigo xamã que corrompeu sua alma com magia negra e foi capaz de extrair suas doenças psicológicas em forma de criaturas poderosas. Contudo, essas criaturas se voltaram contra ele, e o mesmo se viu na necessidade de selá-las de volta em seu próprio corpo, colocando cada uma em uma parte específica de seu esqueleto. Dizem que a clavícula representa a esquizofrenia dele e que o feitiço de selamento que ele colocou em cada parte não pode ser quebrado se todas não estiverem juntas. No entanto, esse osso é uma fonte de mana muito poderosa e serve como núcleo mágico para praticamente tudo.

— Entendo. Um pedaço do esqueleto de um xamã lhe será útil para alguma criação mirabolante. Mas, e o que pretende criar para ter um núcleo tão potente?

— Isso já é segredo, Ulim-senpai. Nem mesmo Yuna-senpai sabe do que meu projeto se trata. Mas pode ficar tranquilo, eu tenho tudo sob controle.

E ela sorriu, antes de voltar a tomar seu milkshake de baunilha.

Hmm.

Eu creio que não havia nada com o que se preocupar quanto a esse projeto de ciências da guria-aranha. Ela nunca causou algum problema com suas ideias no campo da química e da alquimia, ou mesmo com seus projetos que precisavam de algum voluntário. Bem, pelo menos, não nos dois anos em que estivesse dividindo o mesmo teto com ela.

Acho que minha desconfiança canina só estava equivocada ali.

Já com aquela barreira... por algum motivo...

— Certo, guria, eu já terminei aqui. Agora, vamos. Nosso objetivo está logo adiante.

— Hmm? Mas você tomou tudo muito rápido. Está simulando demência, é? Um milkshake deve ser saboreado a cada gole. E eu ainda não acabei de tomar o meu.

De fato, ingeri aquela bebida láctea mais rápido do que de costume. Deve ser porque comecei a pensar demais sobre esse pedaço de osso que Ieda adquiriu.

Que seja, não era o importante naquele momento.

— Não temos esse tempo todo, guria. Eu gostaria de ter saboreado melhor o milkshake, mas igualada a minha vontade de me refrescar com líquidos açucarados, está minha vontade de terminar essa missão que nos foi dada. E também, você pode quebrar a barreira com o copo em uma mão, não pode?

— Oh, verdade. Então, acho melhor terminarmos com isso.

Após olhar para o seu copo enquanto aceitava o que eu acabara de lhe dizer, a guria-aranha se levantou do banco e mexeu seus ombros, antes de estalar seu pescoço inclinando sua cabeça da esquerda para a direita.

E eu também me ergui, voltando a me equilibrar sobre minhas quatro patas caninas.

— Se agilizarmos, Ulim-senpai, acho que conseguimos passar em algum lugar para comer.

— É uma fascinante sugestão, guria.

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