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Ignis: 001

— Ei, ei, seu pamonha, será que é possível ir um pouco mais rápido? Sinto que estamos perdendo tempo, neste ritmo. Depois de uma pequena distância percorrida, parece que nosso objetivo fica cada vez mais longe. E acredito que minha sensação deveria ser contrária a essa. Para você, subir esta montanha deveria demorar um minuto ou dois.

Certo, Yuna tinha total razão sobre eu estar demorando muito mais do que o comum para chegar do pé ao maior templo do Monte Kurama, onde nosso adversário se encontrava. E não há vergonha alguma para um lobo, líder de alcateia, como eu, admitir essa minha diferença de tempo em um circuito já conhecido, visto que havia uma causa externa para minha terrível lentidão.

A barreira mística que envolvia todo o Monte, conforme era adentrada, mais pesada se tornava.

Após passarmos pelos primeiros santuários e templos, rumo ao alto da montanha, os efeitos daquele perímetro controlado aumentaram exponencialmente.

Eu era capaz de manter uma boa velocidade, mas nada além das cem milhas por hora.

Onde estávamos? Bem, apesar de já ter sido dito, a guria e eu estávamos subindo o sinuoso caminho no Monte Kurama até o famigerado Diamond Floor, onde um homem chamado Virgílio Alighieri aguardava pacientemente por alguma coisa. O semideus, filho de Hades, deus grego do submundo, há dias tinha erguido uma barreira ao redor do Monte Kurama e colocou como cães de guarda deuses secundários encarnados, cujas almas estavam sob total controle do mestiço de deus e humano. Um de seus capangas foi derrotado por Yuna e, horas antes daquela escalada na montanha, duas divindades destruíram por completo a ACSI, Agência de Combate Sobrenatural e Inteligência, o que deixou nossa querida Assassina de Youkais bastante magoada, se é que posso usar esse termo mais sutil.

Agora, com uma forte motivação ardendo em seu peito, a guria, montada em minhas costas caninas, avançava vingativa contra a causa raiz de toda aquela situação.

Contudo, as coisas começaram a se tornar mais complicadas após os primeiros santuários e templos, mais próximos ao pé do monte. E não estou me referindo somente ao peso do perímetro controlado sobre meu corpo e meu fluxo de magia.

— Eu estou tentando, guria, mas não consigo acelerar mais do que isso. Porém, também notei que o caminho aparenta estar mais distante do que realmente é. Não considero que seja um exagero meu dizer que o espaço está sendo manipulado de alguma forma.

— De fato, não é exagero algum. Nós estamos avançando, sim, mas é como se a cada dez passos, nós recuássemos dois ou três. E graças aos efeitos da barreira, isso está tomando bastante tempo nosso.

— Talvez se nós...

— Não, cuidado! Pare!

E eu não seria capaz de pensar duas vezes antes de obedecer à advertência de nossa querida Assassina de Youkais e frear bruscamente na terra, deslizando minhas quatro patas no solo e virando de lado para que meu corpo não avançasse mais um centímetro sequer. Além de Yuna, meus instintos também me alertavam de algo.

— O que foi, guria? Eu não sinto cheiro de nada além das árvores e da magia da barreira.

— Deve ser porque o que está nos observando não tenha algo como um odor próprio. Ou melhor, "aqueles" que estão de olho em nós já fazem alguns metros.

— Hmm, o que está tentando dizer é...

— Exatamente.

Do alto das árvores, camuflados entre as folhas e galhos, três criaturas sombrias saltaram contra mim e Yuna, só que atacando especificamente a Assassina de Youkais sobre minhas costas, a agarrando e a derrubando de cima de mim, antes de capotarem e rolarem na terra da montanha com ela.

Ao que seus corpos pararam de rolar no solo, pude visualizar com clareza quem eram aqueles ofensores de nossa subida pelo Monte Kurama. Agarrados ao formoso corpo de Yuna como se fossem uma camisa de força, três homens de corpos brilhantes com seus rostos cobertos por máscaras de Tengu, se voltaram em minha direção.

Eram humanos normais?

Não, impossível. Seus corpos nus eram brilhantes como se fossem moldados por chamas azuladas e a força e destreza que eles detinham não era possível para nenhum humano comum alcançar só com treinamento.

A julgar pelo corpo, pelas máscaras, pelo local onde estávamos e pelas capacidades de nosso adversário, aquele trio só poderia ser três almas de Tengus que deviam vigiar a montanha, santuários e os templos.

— Idiotas. Acham que três de vocês vão conseguir me impedir de alguma coisa?

A guria iniciou o processo para se colocar de pé, e por mais que os youkais falecidos tentassem subjuga-la, eles pareciam não serem capaz de conter sua força física. Ela já estava quase para esticar suas pernas e começar a carregar o trio em seus braços, sem muitas dificuldades. Porém, surgindo inesperadamente em teletransportes esfumaçados, um novo grupo de Tengu se jogou contra nossa querida Assassina de Youkais, fazendo-a cair de joelhos e logo ser coberta por aqueles onze homens de corpos flamejantes.

Onze Homens e Um Segredo, seria o nome do filme se estivéssemos brincando de mímica. Tenho certeza de que iria acertar.

Mas não era hora para pensar nisso. Yuna estava em maus lençóis.

Só que não por muito tempo.

Os Tengus que se amontoavam sobre seu corpo a cercavam por todos os lados, de forma que não era possível enxergá-la por nenhum canto. Eles a forçavam para baixo, com muito esforço para que ela se mantivesse imóvel sob seus corpos. No entanto, mesmo que em onze contra um, os youkais não deveriam subestimar aquela que detém justamente o título que eles mais deveriam temer.

— É inútil, seus pamonhas!

E com essa ênfase na inutilidade daquele ato de força bruta do grupo de Tengus, o amontoado de youkais foi desfeito de uma vez, com nove deles sendo lançados para trás, e os outros dois ainda agarrados aos braços da guria, que havia se colocado de pé com uma aura gélida ao seu redor.

Movendo seus dois braços, Yuna jogou a dupla de Tengus remanescentes contra as árvores, e eles se desfizeram em fagulhas azuladas, com suas máscaras caindo vazias no chão.

— O que são eles, guria? Não são de verdade, são?

— Eles são reanimações espirituais, uma forma curiosa de necromancia. As almas dos Tengus que há séculos aqui viviam foram materializadas com magia, acopladas em suas máscaras. O mais provável é que suas almas adormeciam em suas máscaras e Alighieri os evocou e os controlou a partir disso. É certo de que ele precisa de mais tempo para seja lá o que ele está planejando. Mesmo assim, precisamos ser rápidos aqui.

Eu não discordava sobre nos apressarmos em subir aquela montanha e acabar com nosso adversário da forma mais rápida possível. Todavia, ainda restavam nove youkais reanimados para darmos conta, e considerando a classe sobrenatural do Tengu, nove deles seria algo complicado de se lidar para quem tem pressa com a situação.

— Não se preocupe, Ulim, essa forma de necromancia é bastante ineficaz. Não é como se a materialização fosse um novo corpo perfeito, como é com os shinigamis, por exemplo. É só olhar atentamente, e verá que sua visão pode atravessar os corpos luminosos de cada um deles. E embora eles consigam exercer a mesma força, velocidade, e usar os mesmos poderes de quando eram vivos, a fragilidade de seus corpos é muito maior do que deveria, sendo que até um impacto bobo como se chocar contra o tronco de uma árvore pode retorná-los ao descanso eterno.

Ao finalizar sua explicação sobre a magia que trouxera os espíritos antigos do Monte Kurama de volta à vida, nossa querida Assassina de Youkais deslizou os pés na terra, para reposicionar suas pernas, e com agilidade pincelou o ar com as mãos, para reposicionar seus braços, no que resultou em sua postura sendo alterada para o modo de combate.

E os youkais revividos rodeavam a guria como tubarões famintos rondando um pequeno barco à deriva na imensidão do mar.

Nove contra um. Acho que era justo para o lado dos Tengus.

Eles não deveriam ser os mais fortes da espécie, afinal.

De todo modo, sete dos youkais avançaram juntos, mas com uma pequena diferença de tempo entre eles. Mais especificamente, eles se moveram em duas duplas e um trio, onde a primeira dupla foi de frente para a Assassina de Youkais, o que não seria considerado uma boa ideia por muitos especialistas.

Armando seus punhos para o lançamento de seus golpes vorazes contra Yuna, a dupla de Tengus foi pega de surpresa pelo mesmo tipo de golpe que eles estavam na intenção de aplicar. No fragmento de segundo em que a guarda dos youkais se manteve aberta por conta do preparo de seus socos, a guria moveu seus punhos com uma tenebrosa destreza, acertando primeiro um soco seco no tórax do Tengu à sua esquerda, e na sequência um soco meteórico lançado como um foguete contra a máscara do youkai reanimado à sua direita.

O primeiro a ser alvejado travou, como se tivesse colidido com uma parede invisível, e logo se desfez em fagulhas azuis. Já o segundo, golpeado na altura de sua boca, foi arremessado pela potência do punho de Yuna na direção de onde eu me encontrava, mas, felizmente, seu corpo também se desfez em fagulhas antes de chegar até mim, e sua máscara passou girando por cima de minha cabeça.

Cinco contra um, agora. Contudo, a segunda dupla estava mais antecipada em sua ofensiva do que o trio restante. Eles surgiram ante a guria com seus teletransportes esfumaçados, em uma tentativa de surpreendê-la. No entanto, Yuna foi treinada em artes marciais por Tetsu Tetsuya, o Assassino Intocável, e filho do último Tengu vivo após a Segunda Guerra Mundial. A guria sabia exatamente como a mentalidade básica de batalha desses youkais funcionava. Assim, ao que a dupla apareceu ante a si, ela deu um preciso passo para trás, se esquivando dos chutes cruzados que os dois Tengus desferiram. E ela mal precisou ajeitar sua pose para abatê-los com seu contragolpe. Yuna simplesmente se lançou em um chute parafuso contra os youkais, os acertando na altura de seus rostos e retirando suas máscaras de seus corpos brilhantes, os fazendo sumirem em mais fagulhas azuladas.

Seus pés retornaram ao solo com estabilidade envoltos em seus tênis de basquete, e sua postura se alterou para a do ocidental boxe americano.

Seus olhos azul-escuros por trás de seus punhos chamavam os três youkais remanescentes para o combate.

E eles não hesitaram em responder a esse chamado.

O trio de Tengus partiu para cima de Yuna, convicto de que conseguiria derrotá-la em poucos movimentos. Mas, se de dois em dois a dificuldade para a guria sequer existiu, contra três, o resultado não teria como ser muito diferente, teria?

Os três youkais reanimados se aproximaram o suficiente para que seus golpes ferissem o corpo da Assassina de Youkais, só que havia algo que distanciava aqueles espíritos materializados de Yuna Nate.

Eles precisavam ser mais rápidos.

Eles precisavam ser muito mais rápidos do que o auge de seus esforços conseguiria alcançar.

Quando o trio de youkais cogitou desferir seus golpes contra Yuna, a guria disparou uma manada de incontáveis socos que, sem nenhum resquício de esforço, ultrapassavam a velocidade do som em uma constância impressionante. Os punhos de nossa querida Assassina de Youkais fizeram jus ao seu honrado título e atropelaram os Tengus por dois ou três segundos, fazendo seus corpos de energia se desfazerem em fagulhas como se bonecos de areia tivessem sido fuzilados pelos tiros de uma submetralhadora.

As máscaras deles caíram no chão, agora sem donos, e confirmando a vitória veloz de Yuna sobre os youkais, já que os outros dois que não atacaram, tomaram a decisão mais pragmática e fugiram após a segunda dupla ser derrotada, se desfazendo enquanto corriam.

Ou talvez, estivéssemos precipitados quanto a isso...

— Guria, acima!

— Hmm?

Tarde demais. Ali, ela seria pega de surpresa e não havia como eu ajudar.

No que as sinapses da guria processaram meu alerta, dois novos Tengus, esses um pouco menores do que os anteriores, como se fossem crianças, se agarraram um em cada braço de Yuna com seus braços e pernas, como se fossem um par de coalas.

— Ei, seus esquisitos, me soltem... hã?!

Aqueles dois eram kamikazes.

Atracados aos braços de Yuna, os dois pequenos youkais reanimados aumentaram o brilho de seu corpo exponencialmente e então explodiram ao mesmo tempo, engolindo a guria em uma redoma mística de chamas azuladas, e causando um enorme sopro de ar por conta da explosão sincronizada, erguendo poeira do solo sagrado do Monte Kurama.

Poeira sagrada, se me permitem chamá-la dessa maneira.

E quando o manto de poeira baixou, acompanhado do cessar gradativo das chamas azuis da explosão, o corpo da guria me foi reapresentado, só que agora, sem aquela pose de vitória e soberba que mantinha segundos antes. Ela estava com sua postura bastante torta, naquele momento. O queixo baixo, assim como o seu olhar. Os braços moles, literalmente pendurados nos ombros, e as pernas desajeitadas, sem muita firmeza. Suas roupas estavam intactas, o que não era uma surpresa para mim, já que eu sabia muito bem de qual material seu uniforme era produzido. Por outro lado, a pele de seu corpo não parecia estar passando muito bem. Como se fosse feita de porcelana, rachaduras desenhavam por sobre suas canelas e coxas, da mesma forma que em seus antebraços, ombros e em seu rosto. Por um breve momento, eu julguei que ela estivesse morta. Ela parecia uma boneca de vidro trincada e sem o brilho da vida. Contudo, instantes depois de meus olhos caninos captarem profundamente aquela imagem, a pele de Yuna começou a se despedaçar e a revelar uma nova por baixo. Isso fez com que ela retomasse a vontade de se mover, a qual aparentava ter perdido, e assim, finalmente, ajeitou sua pose, levando uma mão até sua nuca enquanto os pedaços de pele caíam de sua face e se esfarelavam em neve ao chegar ao chão.

— Inacreditável, seu pamonha. Se não fosse minha sobrepeliz de gelo para me proteger da pressão causada pela explosão, é bem provável que eu estaria sem meus dois braços, agora. E o estrago seria irrecuperável, mesmo com meus poderes estando no nível que estão atualmente. Sinceramente, os truques desse semideus estrangeiro estão começando a me deixar estressada, e eu não gosto disso.

— Tem certeza que está bem, guria? Você recebeu praticamente todo o impacto diretamente.

— Saudável como um cavalo, Império das Pulgas. Sabia que seria uma boa ideia criar uma segunda pele de gelo para o caso de um ataque surpresa. Eu só não esperava que fosse algo desse porte, porque o choque da explosão a destruiu completamente.

— Hmph, isso é ótimo, considerando que está bem. Só espero que não me chame dessa forma novamente. Eu nunca esqueço um acordo importante.

A guria caminhou para se reaproximar de mim, ao que eu tentava lembrá-la sobre termos deixado aquele apelido no passado. E, encerrando seus passos ao meu lado, ela levou as mãos para sua cintura e olhou rapidamente de um lado para o outro, como se procurasse por algo.

— Sua memória não é das mais confiáveis, seu pamonha. Acho que, de nós dois aqui, não deveríamos colocar nossa fé em sua capacidade de memorização para relembrar de qualquer coisa já acordada entre nós. A propósito, o que viemos mesmo fazer aqui? Ah, temos que chegar ao Diamond Floor, me lembrei.

— Muito engraçado, guria, você se tornou esse tipo de piadista agora. Hmph, fascinante.

— Ei, não, eu sempre fui uma pessoa de muito bom humor. E não é só porque estamos subindo uma montanha sagrada para bater em um filho bastardo de deus grego, que eu irei me tornar uma pessoa ranzinza. Na verdade, esta situação toda me deixa animada. Tem mais de um ano que um evento dessa magnitude não me acontecia.

— Nosso diálogo já está se tornando expositivo demais, isso sim. Vamos. Suba de volta em minhas costas e vamos voltar ao que interessa.

— Hmm, parece que não sou a única animada com tudo isso, afinal. Você também estava pedindo por uma missão emocionante em que nossas vidas corressem perigo de uma maneira desafiadora, não é?

— Hmm, quem sabe?

— Pois sinto desapontá-lo, seu pamonha, nós ainda temos companhia por aqui. Só que esse, não seria agradável se nos pegasse de surpresa.

— De quem você está...?

Eu não fui capaz de completar minha questão, embora, creio eu, que as quatro pequenas palavras que lati eram o bastante para compreender minha dúvida. Todavia, não foi nossa querida Assassina de Youkais quem me entregou a resposta. Eu nem ao menos fui respondido com palavras, mas, sim, com um baque.

Mais ao nosso lado, uma fissura surgiu no meio do ar com um som parecido com o de vidro se quebrando. A princípio, estranhei imensamente, mas logo notei que tanto em nosso lado direito como em nosso esquerdo, uma fina e translucida parede de cristal nos protegia pelos flancos. E aquela fissura que apareceu em uma delas, era justamente um ataque inimigo sendo barrado com sucesso pelo gelo transparente de Yuna Nate.

— Eu criei essas paredes de gelo no momento em que olhei de um lado para o outro, como se procurasse por alguém. Mas, em verdade, eu já tinha uma certa noção de onde ele se encontrava. Essa outra parece foi mais por precaução do que qualquer coisa. Elas são finas como um livro de cinquenta páginas, no entanto, resistentes como uma placa de aço. E o melhor é que são praticamente invisíveis à distância. Agora, sem mais desse joguinho de esconde-esconde, eu sei que está aí, Zelo, apareça.

Como resposta ao chamado da guria, a parede de cristal que já havia recebido uma rachadura, recebeu diversas mais, estilhaçando-se e se transformando em flocos de neve brilhantes, que simplesmente passaram por nós, deixando-nos a sós com nosso maior obstáculo em nossa subida ao Monte Kurama.

Se apresentando por entre as árvores, surgindo como se saísse de uma dimensão paralela de dentro de um dos troncos, o deus grego da rivalidade, Zelo, se colocou frente a frente comigo, e com a Assassina de Youkais.

Suas roupas, se é que posso assim chamar, consistiam somente em uma calça preta rasgada de um joelho até próximo ao tornozelo, já que seus pés estavam descalços e seu torso estava nu. Sua aparência era a mesma da primeira vez que nos encontramos, quando estava em missão com Ieda, o que dava a entender que seu corpo de encarnação se mantinha em bom estado.

Pelo menos, olhando por aquele ângulo, a encarnação parecia ter se recuperado bem.

A divindade, que dias antes havia sido derrotada por Yuna, retornava a nos encontrar para um novo duelo.

Uma revanche, como esperado da personificação da rivalidade.

— É uma surpresa adocicada lhe encontrar por aqui, Yuna Nate. Significa que meus irmãos realmente voltaram para o Elísio. Uma pena. Acredito que eles fizeram o melhor que podiam para colocá-la no seu devido lugar.

— Não comece com essa bravata, seu pamonha. Vocês destruíram minha casa e me retiraram o que poderia ser uma noite de sono. Eu estou tão furiosa que mal consigo deixar transparecer. Sendo assim, vamos deixar de eira nem beira e me leve logo ao topo desta montanha. O que eu tenho que resolver não diz respeito a você.

— Não, não, não. Não é assim que funcionará, minha criança adocicada. Meu mestre me deu esta segunda chance e vou usá-la para vingar meus irmãos com tudo o que ainda me resta. E não somente isso. Eu também irei descontar o que fez comigo dias atrás. Você... me humilhou.

— Olha, eu não vejo dessa forma. Você quem veio para cima de mim com tudo, para começo de conversa. E, se bem me lembro, eu deixei você continuar vivendo essa sua vida artificial manipulada por uma técnica barata de manipulação espiritual. Você deveria me agradecer.

— Agradecer? Agradecer a você? Hmph, não me faça rir, adocicada. O que você fez, me deixar viver, não foi nada além de um erro. É por isso que agora eu estou aqui, pronto para castigá-la, do jeito que você merece.

Zelo literalmente deixou sua ira transbordar de sua boca em forma de espuma, após aquelas palavras.

Decerto que o deus estava descontente com aquela que detém o título de Assassina de Youkais.

— Oh, por favor, Vossa Divindade, seja gentil com meu pequeno corpinho branco, por favor. Meus seios ainda têm muito que se desenvolver, então não os agarre com tanta força.

— Guria! Não é o momento para falas com sentidos eróticos!

— Ah, não? E o que mais "castigar" quer dizer, então? Nunca me ensinaram nenhum outro contexto.

— Existem vários outros!

— Ei, vocês dois, não me ignorem. Eu sou um deus! Deveriam se ajoelhar!

— Hmm? Como é? — E a atenção da guria, que brevemente havia se voltado para mim, retornou para a divindade, só que agora, de maneira fria, mesmo que estivesse segurando seus seios com ambas as mãos. — Eu não sei se ouvi direito, seu pamonha. Você disse que deveríamos nos ajoelhar, é isso?

— Hmph, pois parece que você me ouviu muito bem, afinal. Foi exatamente o que disse. Deveriam se ajoelhar. Por quê? Isso te ofende de alguma maneira?

Se a ofendia de alguma maneira? Como lobo, líder de alcateia, e também como inugami, e consequentemente um shikigami, particularmente, eu não me sentiria ofendido com nada do que aquele deus menor disse ou deixou de dizer. Contudo, para Yuna, a ideia de se colocar de joelhos perante a um deus, ou a qualquer outro, por livre e espontânea vontade ou por motivo de força maior, era uma ideia completamente abominável para a filha da Mulher da Neve.

— Tudo bem, eu aceito seu desafio, seu pamonha. Você veio de muito longe para simplesmente parar por aqui, não é? Vamos ver o quão mais longe você consegue chegar.

E ela deu dois passos à frente, convidativa para um novo embate contra o deus grego da rivalidade.

— Ótimo, perfeito. Esta sensação adocicada que corre por meu corpo agora, enquanto olho para você, um belo pedaço de carne mortal preparado para sofrer com o descarregar de meu rancor... qual deveria ser o nome para isso?

— Você só está excitado, seu pamonha, é comum em dez dentre dez homens que me veem passando por perto. Mas, sobre eu ser um "pedaço de carne mortal", acho que não sou mais tão mortal como pensa. A menos que esteja se referindo ao outro sentido da palavra, como em Mortal Kombat...

— Calada. Não me trate como se eu não fosse uma ameaça!

Certo, a batalha, por fim, estava para começar.

Como não era surpresa nenhuma para mim, Zelo foi quem deu as cartas primeiro. Esticando os dedos de suas mãos para o chão, juntamente com seus dois braços, o deus os moveu de baixo para cima de modo irregular, embora preciso e veloz, dando um passo para trás como alguém que é pego pela força de recuo de uma espingarda.

Era aquele o seu primeiro ataque, lâminas geradas a partir de manipulação do vácuo. Basicamente, a divindade pode isolar o vácuo com movimentos de seu corpo, criando uma espécie de objetos invisíveis dos quais ele pode impulsionar livremente no ar.

Todavia, mesmo que a eficácia de sua habilidade seja grande, a guria já conhecia os truques do deus, e não teve nenhum problema para se defender daquele par de lâminas não visíveis, meramente gerando diante de si uma parede fina de gelo, que recebeu fissuras ao que o ataque de Zelo a alcançou.

Para ser sincero, a parede translucida de Yuna se estilhaçou no segundo seguinte que recebeu o golpe de vácuo. Porém, seus estilhaços que se transformaram em neve, não sumiram simplesmente ao chegar ao solo.

Eles se espalharam.

Os flocos de neve se espalharam com um sopro frio, e logo, do céu, somente na região onde o duelo acontecia, uma humilde nevasca teve seu início.

Não demorou para que a terra e os galhos das árvores ao redor fossem cobertos por aquela poeira albina.

— O que está fazendo, adocicada? Acha que a mudança de clima pode me fazer algum efeito?

— Sinceramente, acho que sim. Você não deixa transparecer, mas sei que não consegue mais usar sua forma divina. Depois das sequelas que certamente ficaram após nosso primeiro confronto, se você se transformar, seu corpo de encarnação morrerá antes de conseguir realizar um primeiro movimento. Sabendo disso, eu decidi testar o quão resistente esse seu corpo é em relação ao frio. Em um raio de sessenta metros, como pode ver, estamos dentro de uma terrível nevasca invernal.

— Tsc... é um teste de resistência, é?

— Não exatamente, seu pamonha. É mais uma bomba relógio.

— Bomba?

— Exato. O ar frio que seu corpo respira agora, não é oxigênio comum. Há uma propriedade mágica nele que resfria seu fluxo de mana a cada segundo. Ou seja, quanto mais você respirar, mais rápido ficará sem magia, e mais rápido não terá como manter seu corpo de encarnação aquecido, o deixando morrer por congelamento interno. É claro que, há sempre a opção de deixar de respirar e morrer sem oxigênio. A escolha é sua.

— Quer dizer que... ora, sua... como ousa armar essa coisa adocicada para mim?! Eu vou acabar com você antes de qualquer coisa!

Assim, o deus investiu, se lançando colérico contra nossa querida Assassina de Youkais. E ele aparentava estar bastante determinado em sua ofensiva corporal, de modo que a guria se viu em necessidade de reagir, para que ele não se aproximasse tanto.

Ela estendeu o braço na direção de Zelo em ataque, e em um passe de mágica, de sua mão com os dedos esticados para o alto, uma ventania foi disparada contra a divindade, o golpeando como se ele tivesse ido de encontro a um trem-bala, interrompendo sua investida e o fazendo deslizar para trás sobre a neve.

— M-Merda... sinto meu corpo... pesado. Meus ossos estão sofrendo com o frio.

— Pois é, gastando magia demais, não acha? Eu diria para você desistir, Zelo, mas sei que vai tentar lutar mesmo já sabendo que não pode vencer. De certa forma, eu admiro isso, e também já fiz o mesmo.

— N-Não acredito. Você é realmente mais adocicada do que pensei. Acho que meu mestre... pode estar com problemas.

O tempo do deus em sua encarnação já estava para acabar. Com seu corpo perdendo as forças para se manter de pé, ele caiu de joelhos na neve, e instintivamente abraçou o próprio torso nu.

— Não... não, adocicada. Ainda há alguém da família. Minha irmã. Ela não é como nós três. Ela não pode ser vencida.

— Eu não pretendo vencê-la, seu pamonha. Meu objetivo lá em cima é somente Alighieri.

— Hmph, então é melhor... pensar em um bom plano.

De joelhos afundados na neve ao chão, e com os ombros caídos como se carregassem um planeta sobre eles, o deus grego da rivalidade começou a se desintegrar em luz, como se milhares de vagalumes fossem responsáveis por dar forma ao seu corpo.

Seus olhos se fecharam, e o ruído quase inaudível de sua respiração se encerrou, antes de seu tronco se desfazer em pontos luminosos de uma só vez.

— Eu não planejo vencer, Zelo. Este é o meu verdadeiro plano, e é o melhor que pude fazer.

Depois de suas considerações finais enquanto as pequenas luzes subiam ao céu, como se acompanhassem o sol, que já estava para nascer, Yuna subiu de volta em minhas costas caninas e nós retornamos a seguir nosso curso naquela montanha sagrada.

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