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001

— Ei, parece que o senhor shinigami finalmente despertou, não é? Espero que esteja se sentindo melhor da pancada.

Meus olhos haviam acabado de abrir e minha visão ainda turva estava se adaptando a luminosidade daquele lugar. A voz que parecia ter se dirigido à minha pessoa não indicava exatamente a sua origem, o que me fez pensar que estava com algum tipo de alucinação. E então, eu esfreguei meus olhos com os punhos e pisquei duas vezes com firmeza para lubrificar meus globos oculares de deus da morte...

Hmm...

Aparentemente, eu ainda era um shinigami. Eu sentia isso, e era um sentimento inegável. Era minha natureza, agora.

Porém, ao que minha visão se estabilizou e pude enxergar com clareza minhas mãos... elas haviam voltado ao normal.

Minha pele, meu corpo, havia voltado a ser um humano.

Eu havia voltado a ser um humano.

Espera, eu havia voltado a ser um humano?

Foi esse o pensamento incrédulo que passou de uma ponta a outra de minha mente confusa, enquanto me observava sentado em uma cama macia no reflexo de um grande espelho estrategicamente posicionado para aquele tipo de situação.

Afinal, do fundo do meu coração, eu ainda me sentia um shinigami.

— O que foi, está simulando demência, é? Não se lembrava mais de como era ver sua própria imagem no espelho?

De onde essa voz...?

— Aaaaaah!

— Não precisa gritar, senhor shinigami. Ninguém irá escutá-lo aqui. O som não passa de dentro para fora, mas é possível escutar o que vem de fora para dentro.

No alto, ao canto direito daquele quarto onde eu me encontrava minutos antes adormecido, uma garota estava grudada como uma aranha na parede. Literalmente como uma aranha. De suas costas, quatro grandes patas aracnídeas brotavam da base de sua coluna como asas abertas em X. A ponta de cada pata mutante era como uma afiada lâmina dourada, enquanto o restante de cada membro era de um marrom-avermelhado. As patas a seguravam na parede com suas lâminas cravadas nela, o que deixava seu corpo pendurado de uma maneira bastante esquisita. Tirando isso, a garota era surpreendentemente bonita. Seu cabelo cor de rosa era quase tão chamativo quanto os membros de aranha saindo de suas costas. Os olhos eram castanhos, e ela tinha uma ponte de sardas cruzando sobre seu nariz. Ela vestia uma camiseta de basebol e um short preto muito curto. Nos pés, um par de tênis de basquete e meias que cobriam metade de suas canelas.

— Você se assustou comigo, senhor shinigami? Ou estava só simulando demência?

— É claro que me assustei. Olhe... essas coisas... você está grudada na parede.

— Hmm, "essas coisas"? São minhas patas, ora. Nunca viu patas de aranhas? Por acaso o senhor tem medo de aranhas? Minha senpai disse que você era corajoso embora irresponsável e um pouco burro.

— Certo, muita informação. Phew. Onde eu estou e quem é você?

Ao meu questionamento simples, a garota inclinou a cabeça levemente para o lado e piscou duas vezes seus olhos. Suas patas aracnídeas se despregaram da parede e como um gato ela pousou suave e de pé em solo firme. Seus membros de aranha foram sorvidos pelo seu cóccix como macarrão instantâneo, e com sua imagem menos ameaçadora, ela se aproximou da cama.

— Você também é um homem? Mesmo sendo um shinigami, você é um homem?

— Hã? O que essa pergunta tem a ver com o que perguntei a você?

— Minha senpai disse para tomar muito cuidado com todos os homens. Eles são perigosos para minha inocência.

Bem, se tornou delicado responder com sinceridade após essa declaração.

Se eu dissesse prontamente que sim, talvez ela colocasse suas patas de aranha para fora novamente e me aniquilasse como se eu fosse uma mosca irritante.

Assim, eu lhe dei a resposta que julguei ser mais segura.

— É, shinigamis não têm sexo, não somos criaturas vivas. Então, acho que não sou homem nem mulher.

— Algo como Pablo Vittar, é?

— Eu não faço ideia de quem esteja falando, mas imagino que Pablo seja um homem, não?

— A menos que esteja simulando demência, você ficaria surpreso, senhor shinigami.

Por que eu ficaria surpreso? Pablo é referência a alguém masculino, não é?

E qual é o negócio dessa garota com questionar minha sanidade mental a cada dez palavras?

— Mas se você não é um homem, acho que posso tocá-lo sem pedir autorização.

— Oe? C-Como assim?

Sem resposta verbal, a garota subiu de quatro na cama e engatinhou para bem perto de meu corpo indefeso. E ela começou a me cheirar. Começando pelo pescoço, descendo para o braço e abdômen. Então ela retornou para meu pescoço, subiu para meu rosto e...

— Ei!

Ela lambeu minha bochecha?

Estaria ela simulando demência?

Oh, não, fui contaminado!

— Fui eu quem fiz isso com você?

— Isso o quê?

— Eu quem devolvi sua aparência humana. Eu criei o soro que permite isso. Minha senpai disse que, por ora, é somente uma forma de disfarce, mas logo trabalharei em uma versão definitiva.

— Por ora, é? Afinal, quem é essa sua senpai de quem tanto fala?

— Está simulando demência, é? Só pode ser a melhor e incontestável Assassina de Youkais, Yuna Nate. Eu sei que a conhecesse.

Ah, pelas barbas do profeta.

Eu a encontrei, depois de tanto tempo.

Ou melhor, ela me encontrou, depois de tanto tempo.

— Hmm, você quer vê-la, senhor shinigami?

Sem palavras, eu somente respondi positivamente com um aceno de cabeça. E à minha resposta, a garota de cabelo cor de rosa se moveu para fora da cama. Passando os dedos em seu curto cabelo colorido, ela me encarou e estendeu sua mão livre para mim.

— Precisa de ajuda para levantar?

— Ah... não, eu consigo sozinho.

— Certo. Cuidado para não se perder.

Me perder?

Assim que me levantei daquela cama e saí pela porta daquele quarto, a advertência da garota-aranha me pareceu um tanto equivocada e até desrespeitosa. Não havia como se perder naquele lugar. Qualquer ser vivo em plenas condições mentais conseguiria se locomover facilmente naquela residência. Para fora do quarto havia apenas uma passarela e uma escadaria que levava ao andar térreo. À esquerda havia outra entrada para outro cômodo, possivelmente outro quarto, mas não era algo como um caminho sem volta para que eu pudesse tomar cuidado com me perder ali.

— Senpai, ele acordou!

Descendo os degraus a garota avisou de meu despertar e eu a continuei seguindo cegamente. A verdade é que eu não estava totalmente despertado de meu descanso, por mais longo que ele tenha sido.

Quando meus pés descalços tocaram o solo do térreo, meus olhos automaticamente se encontraram com os dela.

Como se atraídos por uma força magnética, meu olhar focalizou naqueles olhos azul-escuros como um par de safiras.

Era ela, era realmente ela.

Era Yuna Nate ali, a poucos passos de mim.

Eu não consegui pronunciar nenhuma palavra. Afinal, depois de descobrir que ela matou meu mestre, meus sentimentos se tornaram confusos.

— O que foi, seu pamonha? Por acaso Ieda arrancou sua língua? Ou está perplexo demais ao ver minha beleza depois de todo esse tempo?

— Ele não tentou me beijar, Yuna-senpai, então não precisei cortar a língua dele fora como me instruiu.

— Fez bem, Ieda. E ele não lhe tocou em nenhum ponto do corpo?

— Não. Ele se mostrou bastante inofensivo, para ser sincera.

— Ótimo. Parece que sua natureza não mudou, mesmo depois de se tornar um deus da morte, não é?

Elas vão ficar me diminuindo e eu não irei fala nada, é?

Espere, existem coisas mais importantes do que dar uma resposta à altura para essas duas.

— E-Em que dia e ano nós estamos, Yuna?

— Então, não se recorda mesmo, seu pamonha? Interessante. Isso confirma minha teoria.

— Teoria?

— Sim, foi o que eu disse. Teoria.

— E que teoria é essa? Do que estamos falando, Yuna?

Aquela que carrega o título de Assassina de Youkais estava sentada sobre a borda de uma mesa que se localizava um pouco mais ao fundo e centro da sala. Ela balançava sutilmente suas pernas lisas e fortes, cujos pés estavam calçando um par de tênis de basquete como de praxe. No torso, um longo uniforme amarelo também de basquete, e também como de praxe, chegava até a metade de suas coxas com seu tamanho. No braço esquerdo, diferente do que eu me lembrava, não havia nenhuma luva, e sim um manguito roxo que ia de seu pulso até metade de seu bíceps. Na cabeça, seu famigerado gorro cinza se mantinha invicto como melhor acessório em seu visual.

— Você foi amaldiçoado, seu pamonha. Uma maldição que divide sua personalidade principal em outras duas personalidades. No seu caso só são duas, claro. Essa maldição é um transtorno de personalidade místico e praticamente gera uma nova versão de você. Para sua sorte, eu já lidei com isso.

— Já lidou? Então, resolva meu problema. Qual a solução?

— Não está claro? O melhor jeito de se livrar de uma maldição é passando-a para outra pessoa. E já temos o alvo perfeito para isso. Você é nosso trunfo, agora.

— Que seria?

— Ora, sua queridíssima shinigami, Maçã do Éden. Com sua mente fragmentada, podemos fazê-la abrir o Mundo dos Shinigamis.

— Isso nunca funcionará, vira-latas.

Repentinamente, do canto daquilo que parecia ser a harmonia entre uma sala de estar e um escritório, uma voz rouca que não me trouxe memorias tão nostálgicas empurrou aquelas palavras no ar.

Definitivamente, ele não estava ali quando desci.

E definitivamente, eu sabia de quem se tratava.

O homem que carrega o título de Assassino Intocável, responsável pela invocação do Neutro antes da alteração na linha temporal.

Nesta realidade, diretamente responsável pela morte de meu mestre.

— Tsc, perdeu alguma coisa aqui, plebeu?

— T-Tetsu?! Certo, o que está acontecendo aqui? E em que dia e ano nós estamos?!

— Ele nos salvou, seu pamonha. Está do nosso lado, por enquanto. Se ele não houvesse nos encontrado ontem, Ieda não conseguiria nos trazer de volta para cá.

Ieda? Claro. Deve ser o nome da garota de cabelo cor de rosa.

É um bonito nome.

— E estamos em agosto. 13 de agosto de 2019.

Agosto?!

Caramba, significa que já se passaram um pouco mais de dois meses desde a última vez que despertei. Se a teoria de Yuna estiver correta, minha outra personalidade assumiu o controle de meu corpo todas as vezes que fiquei em hibernação. E, uma nova pergunta importante me surgiu agora: o que essa outra personalidade realizou durante todo esse tempo que passei adormecido?

Da última vez que acordei, eu me deparei com Maçã do Éden e me lembro de estar fora do Japão. Mas agora, estou aqui, com Yuna, Tetsu, e uma garota-aranha. O que ocorreu de junho para cá que me trouxe de volta ao meu país de origem?

— Diga alguma coisa, seu pamonha. Claramente que você está bastante confuso sobre tudo. É provável que suas personalidades não compartilhem das mesmas memórias, então é plausível estar se sentindo perdido. Aproveite que estou de bom humor e pergunte o que gostaria de saber?

— ......

Ela está diferente. Não em sua aparência, isso parece não ter sofrido modificações. Mas sua personalidade. Ou melhor, alguns detalhes de sua personalidade. Diferente do passado onde ela interagia comigo como se um enorme peso estivesse sobre suas costas, Yuna parece mais leve ao falar comigo. É como se a paixão que ela sentia por mim a limitasse antigamente, e agora, em uma era onde essa paixão provavelmente se esvaiu, as limitações se dissolveram junto.

Era como se eu fosse apenas um colega de equipe para ela.

Talvez seus ideais tenham mudado com o tempo.

Essa garota de cabelo colorido mora aqui com ela? Ela a chama de senpai e há dois quartos na casa. Será que Yuna acabou se tornando alguém acolhedora e protetora... como meu mestre era?

— C-Como eu vim parar aqui? Eu estava fora do país. O que essa outra personalidade realizou?

Yuna, que mantinha as mãos na borda da mesa, reclinou um pouco seu corpo e inclinou um pouco a cabeça para o lado, fugindo seu olhar por um momento de minha pessoa. Ela não demorou a retornar a mira de seu par de safiras contra mim.

— Hmm... resumindo, você passou todo esse tempo se alimentando de outros shinigamis em uma busca internacional atrás de mim. Você tentou me matar. Buscava vingança pelo...

Meu mestre.

Ela matou meu mestre.

Nesse momento, eu hesitei. Senti meu sangue esquentar, mas hesitei.

Desviar meu olhar foi minha única atitude inofensiva que cogitei naquele momento. E foi o que fiz.

Eu, Daigo Kazuo, aquele que preferiu morrer para consertar o que causou com o destino da Assassina de Youkais, não tinha o mínimo de sentimento de vingança contra Yuna Nate. Contudo, para Coração de Escorpião, que foi morto pela Assassina de Youkais, condenado a viver como shinigami e que teve seu mestre morto pela mesma que o assassinou, mas que disse que o amava...

Eu não o culpo por estar um pouco desgostoso com tudo isso.

— Eu sinto muito, seu pamonha. As circunstâncias...

— Gostaria de não falar sobre isso, Yuna. Parece que não é o nosso problema no momento. Eu sei o que está acontecendo. Sei do Mundo dos Shinigamis e do que Maçã do Éden está realizando. E confesso, eu... a ajudei a encontrar seu coração, a fonte de sua magia, e restaurar seus poderes. Não é surpresa eu ser o único poupado dos deuses da morte.

— Está simulando demência, é? Não foi por isso que ela lhe poupou, senhor shinigami. Ela o ama incondicionalmente. E ela é a reencarnação da senpai como shinigami.

— Ieda, eu já ia chegar nessa parte!

— Ah... foi mal.

— Isso é sério?! Por isso são tão semelhantes! Mas... como chegaram a essa conclusão?

— Ieda fez alguns estudos. Ela é bem esperta, seu pamonha. Anteontem, quando a enfrentei no centro de Quioto, minha queria kouhai apanhou uma pena que se soltou de suas asas.

— Eu fiz um teste de DNA e retirei as partes que a fazem ser uma deusa da morte, senhor shinigami. A compatibilidade é única e incontestável. Elas são a mesma pessoa.

— Mas eu refutei isso. Por dois motivos. Primeiro, só humanos que não podem ir para o Céu ou para o Inferno são elegíveis a se tornarem shinigamis. Segundo, mesmo se outras espécies fossem elegíveis, eu precisaria estar morta para que Maçã do Éden nascesse. Dito isso, eu não acredito totalmente que Maçã e eu sejamos a mesma. Então...

Yuna interrompeu lentamente sua fala, criando uma brecha para que alguém dissesse algo. E esse alguém seria eu. Ela estava esperando por alguma explicação minha, pelo meu ponto de vista sobre essa nova teoria jogada na mesa.

Bem, Yuna estava correta. Não havia como Maçã existir com ela viva e ela nem mesmo era humana para ser elegível a se tornar um shinigami.

Mas espere... pode haver uma falha em um desses dois pontos.

Especificamente o segundo.

Anos atrás, enquanto eu ajudava Maçã a encontrar seu coração, ela me disse que o Mundo dos Shinigamis era atemporal, desconexo das linhas do tempo, e que o Estreito de Azazel permitia que um shinigami viajasse a qualquer ponto de sua própria linha do tempo, ou seja, a linha do tempo de quem ele foi em vida.

Se Maçã e Yuna coexistem na mesma linha temporal, isso não significa que Yuna deva estar morta para que Maçã seja real. O Rei dos Shinigamis pode ter vindo do futuro.

O Mundo dos Shinigamis tem seu próprio tempo. Se Yuna, por exemplo, morrer cinco anos no futuro, Maçã nascerá e poderá voltar para qualquer momento de sua própria linha do tempo, incluindo cinco anos antes de sua morte. Mesmo sem saber quem foi em vida, ela tem acesso a isso, o que torna possível que Maçã e Yuna sejam a mesma pessoa.

Não...

Meu pensamento está correto, mas Maçã não veio do futuro.

Eu sei um ponto da linha do tempo em que Yuna morreu e não é algo que ainda acontecerá.

No final de 2017, Yuna morreu enfrentando o Neutro no Estádio de Yokohama.

Eu sei, Senhor Demagogias realizou a fatídica alteração temporal, mas ele não criou uma nova linha do tempo, e sim, uma rota alternativa de um ponto X, que foi minha batalha contra Yuna após a explosão da AAA em Saitama. Por isso, depois daquilo, eu não fui lançado ao passado, somente apareci diretamente no meu novo presente, consequente de meu desejo.

Quando Yuna morreu contra o Neutro, de alguma forma que ainda não consigo explicar, sua alma não foi levada para o Inferno ou para o Limbo, um dos dois lugares possíveis para a alma de uma hanyou ir. Sua alma foi para o Mundo dos Shinigamis e se desenvolveu lá.

Maçã provavelmente viajou para diversos pontos do tempo, principalmente para o passado, para que conseguisse tamanho status no Ranking Mundial de Shinigamis.

Pode parecer meio conspiratório, mas essa linha de raciocínio é possível e faria total sentido, considerando não só a aparência de Maçã, mas como seu elemento mágico, o gelo. Quando ela conseguiu retomar seu coração, a fonte de sua mana, Maçã enfrentou Capuz Dourado e utilizou de poderes de gelo idênticos aos de Yuna contra ele.

É, só pode ser...

— A garota está certa, Yuna.

— Hã? Como?

— Ela está certa, sim. Pode não parecer plausível, e você pode pensar que estou delirando, mas Maçã e você são as mesmas pessoas.

— ......

O silêncio da Assassina de Youkais era mais que o suficiente para eu compreender que ela gostaria de uma explicação mais aprofundada.

— Yuna, você morreu, mas não aqui, nesta linha do tempo. Digo, você morreu nesta linha do tempo, mas em uma rota alternativa que foi modificada por mim e pelo Senhor Demagogias. Quando o tempo foi manipulado, eu simplesmente acordei sendo um shinigami e com Maçã ao meu lado em busca de seu coração. Isso porque Senhor Demagogias não viaja no tempo, ele só modifica uma pequena coisa no passado que faz toda a diferença. No meu caso, foi nossa batalha. De onde eu vim, Yuna, em nosso combate em Saitama eu usei uma lâmina de chi e a ceguei de um dos olhos, danificando também suas memórias. Você esqueceu de praticamente tudo, e não conseguia usar seus poderes plenamente. Graças a essa desvantagem nós não conseguimos impedir Tetsu de evocar o Neutro, o shinigami acima dos shinigamis. Esse mesmo Neutro matou a todos no planeta incluindo você. Então, eu modifiquei a linha do tempo.

— Tsc, vira-lata, está me dizendo que essa shinigami nasceu de uma Yuna de outra dimensão? E como tem acesso a esta realidade?

— O Mundo dos Shinigamis é atemporal. Cada shinigami só pode viajar em sua própria linha do tempo, e como esta linha é uma rota alternativa da linha dela, ela consegue acessar livremente esta realidade.

Yuna não disse uma palavra. Ela somente absorvia as informações na mesma velocidade em que eu estava lançando.

— Senhor shinigami, deve haver alguma verdade nisso. Realmente o Mundo dos Shinigamis é atemporal, então seria possível viajar no tempo graças ao Estreito de Azazel.

— Exatamente, garota-aranha. Esse é o ponto.

E minha atenção retornou para Yuna.

Ela se mantinha em absoluto silêncio.

Resoluta, como uma estátua de uma divindade.

Ela se pôs de pé, descendo de sua mesa, e deu um desengonçado passo para frente. Então, ela cambaleou, levando a mão para sua testa.

— Senpai?

— Eu estou bem. Só estou... pensando. Phew. Acabei absorvendo muita informação de uma vez. Basicamente, seu pamonha, você está dizendo que veio de outra dimensão?

— Não. Eu sou desta dimensão, mas de uma linha temporal diferente. É complicado explicar em palavras, mas... você assistiu àquele filme dos X-Men? Dias de um Futuro Esquecido?

— Sim. É o não tão ruim da trilogia.

— E você lembra que a consciência do Wolverine é enviada para o passado, e no final ele retorna para um futuro modificado, mas mantem todas as memorias da viagem que ele fez e do futuro que ele modificou?

— É, sim. Acho que você soltou um grande spoiler para Ieda, mas me recordo, sim.

— Ótimo. Porque é praticamente isso o que aconteceu. Minha consciência foi trazida do futuro desastroso para o futuro modificado. As minhas memorias do que aconteceu entre nossa luta e o final de dezembro de 2017 são as que eu vivi até o passado ser modificado. A partir de então, eu já estava neste corpo de shinigami do eu que foi morto por você por conta do desejo que fiz para o Senhor Demagogias.

— Hmm, eu entendi. Mas quem é esse Senhor Demagogias?

— É o shinigami que alterou o passado!

— Isso é ótimo. Aí está nossa solução. Vamos encontrar esse Senhor Demagogias e fazê-lo alterar o passado para impedir Maçã de reaver seu coração e pegar a minha lança. Onde o encontramos, seu pamonha?

— Ele... morreu. Tecnicamente, ele deixou de ser shinigami quando alterou o passado, mas foi morto por Maçã, de qualquer forma. Então...

— Hmph, você sempre tem ideia idiotas, hein.

— Mas a ideia foi sua!

— Você quem começou a falar sobre viagem no tempo. Achei que estivesse tentando nos dar alguma luz.

— Eu estava revelando detalhes importantes!

— Detalhes desnecessários, seu pamonha. Ainda não sabemos como iremos fazer para abrir o Mundo dos Shinigamis e derrotar Maçã do Éden. Estamos no ponto de partida e nosso prazo está acabando.

— Prazo? Que prazo?

— Sua cabeça está à prêmio, plebeu. Maçã do Éden deu um prazo de 72 horas para que Yuna o levasse até ela no Mundo dos Shinigamis à salvo de Zeus, que deu o mesmo prazo para Yuna abrir o Mundo dos Shinigamis e acabar com todo esse caos aí fora.

— Z-Zeus! Desde quando vocês estão envolvidos com divindades?! Em que tipo de situação estamos neste exato momento?!

— Não se preocupe, senhor shinigami. Yuna-senpai irá protegê-lo de Zeus e não irá lhe entregar para Maçã.

— Estou preocupado com o que Zeus quer comigo.

— Ele quer seu corpo, seu pamonha. Como último shinigami na Terra ele queria lhe usar para criar shinigamis artificiais e resolver esta crise espiritual de uma vez. Porém, eu discordo que essa ideia tenha alguma chance de dar certo. Algo como um shinigami artificial poderia ser muito bem usado como uma arma de guerra e acabaria deixando as coisas piores do que já estão. Por isso, eu o capturei e por isso está aqui. O que também significa que estamos quites sobre essa história de alterar o passado para me salvar.

Agora, eu quem havia absorvido muita informação.

Zeus está atrás de mim para criar shinigamis artificiais. Maçã do Éden quer me levar para o Mundo dos Shinigamis. E Yuna, de repente, desenvolveu um pensamento social e agiu em prol do bem da humanidade.

Era difícil acreditar que fiquei só dois meses desacordado.

— A propósito, seu pamonha, você sabe quem é o mensageiro que Maçã enviou para Terra? Ela disse que ele é o único que consegue ir para o Mundo dos Shinigamis trancafiado, além dela.

— Mensageiro? Eu... não sei.

— Tsc, você é inútil.

— Por que me desvalorizar dessa maneira?!

Sem mais palavras, Yuna virou as costas para mim e saltou por cima de sua mesa com um movimento acrobático, caindo certeiramente sentada em sua confortável cadeira. Seus seios saltitaram sob aquele chamativo tecido amarelo, o que tornou tudo mais difícil de se ignorar.

— Hmm.

— ......

— Estava olhando pros meus peitos, seu pamonha?

— N-Não, claro que não. Esse tecido amarelo é chamativo, só isso.

— Você olhou quando eles balançaram, admita. Culpar a cor do meu uniforme é infantil.

Eu aprendi muitas coisas com meu mestre desde que o conheci, e um dos ensinamentos dele para mim foi: quando você mentir, minta até o final. Insista com sua vida, mesmo que todas as evidências... não, mesmo que todas as provas apontem para você, continue mentindo.

E eu estava disposto a seguir veementemente esse ensinamento.

— Eu não estava olhando para esses... pedaços de carne.

— Você olhou agora. Acabou de olhar.

— S-Sim, mas é porque eu estava indicando... com os olhos.

— Será que se eu fizer assim meus "pedaços de carne" ficam mais suculentos para você, seu taradinho.

Com "assim" ela quis dizer pressionar os seios com os braços para enfatiza-los. Foi isso que ela realizou naquele momento. As laterais de seus peitos começaram a transbordar pelos buracos dos braços de seu uniforme.

Mas eu não cairia em um truque tão ordinário como esse.

Contendo-me ao extremo e além, eu virei o rosto, desviando meu olhar totalmente daquelas duas esferas de tentação carnal.

— Ei, vira-latas, devemos manter o foco. Não sabemos quem é o mensageiro e também não sabemos derrotar aquela shinigami. A lança, Gungnir, ela não tem nenhuma fraqueza?

— Nenhuma conhecida pelo homem — respondeu Yuna.

— Mas a lança também é sua. Se apanhá-la em batalha...

— Não adiantaria. Eu conseguiria me abastecer com a magia que corre por Gungnir, mas os efeitos negativos da magia não afetam a mim e provavelmente também não a ela. Se realmente formos a mesma pessoa, a lança só serviria como uma arma simples em combate. Para ser sincera, a grande vantagem de Maçã é sua absurda quantidade de magia acumulada e sua fadiga ilimitada por ser, mesmo que em uma classe operaria, uma divindade. Ela também tem habilidades magicas como teletransporte e mover objetos com a mente. Além disso...

— Senpai...

— Oe?

O tom aflito de Ieda, acomodada no sofá embaixo da escada, levou a atenção de todos nós para ela. A garota-aranha, vagarosamente, se levantou do sofá e voltou seu olhar na direção da porta de entrada. Como uma fera acuada, ela libertou suas patas aracnídeas de seus cóccix que apontaram para o mesmo ponto que seus olhos.

— Tem alguém la fora, senpai. E não é humano, yurei, e muito menos um shinigami. Meus instintos dizem... que é um shikigami.

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