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- Eu não acredito que vai começar a chover.
A voz arrastada de Bianca veio acompanhada de uma garoa fina, Verônica bufou impaciente e continuou a caminhar sem ter forças para falar algo à loira, já Charlotte abriu um sorriso ao ver Henry tentar olhar para o céu para analisar o clima sem ter as gotas caindo em seus olhos. Os quatro caminhavam cansados, doloridos e irritados em direção ao centro de Swellview, sair do galpão foi fácil o problema em questão era não ter nenhum meio de transporte por perto para levá-los até seu destino.
Henry sugeriu que ligassem para alguém, mas Charlotte o lembrou que seus celulares haviam sido tomados no início de tudo, também poderiam ligar para a Caverna man através do relógio, mas o mesmo havia sido danificado durante a luta. Em resumo, estavam sem meios de contato com qualquer um que pudesse ajudar, se encontravam passando por uma região bastante perigosa da cidade e cansados de mais para correr caso necessitassem.
- O que vamos fazer? Eu não aguento mais andar. - Bianca afirmou, parando em frente à um ponto de ônibus e se sentando em um banco sujo.
Henry percebeu que ela não deveria mesmo conseguir mais andar já que nem havia olhado para o lugar onde estava sentada, mas ele também não se encontrava em sua melhor condição e suas costelas doíam como o inferno. Levou a mão ao local tentando não gemer quando o tocou, recebeu um olhar preocupado de Charlotte e tentou abrir um sorriso despreocupado, mas tudo o que conseguiu produzir foi uma careta de dor.
- Tudo bem, vamos parar um pouco para pensar em uma solução.
A Bolton propôs não tendo discordância, então se aproximou de Henry e passou um braço por sua cintura o ajudando a sentar ao lado de Bianca.
- Eu estou bem. - tentou fazê-la acreditar, mas o olhar duro que ela o lançou o fez ficar calado.
- Só fique quieto enquanto penso em algo. - pediu, passando a mão pelos fios claros dele em um carinho antes de se afastar para falar com Verônica.
A garota olhava ao redor tentando procurar uma saída para eles e também uma resposta para seu dilema. Eles estavam bem, ela estava bem, poderia ir embora e os deixar ali, sempre se virou sozinha e naquele momento também não seria diferente. Tudo o que precisava fazer era dar as costas e ir embora, sabia que eles não a impediriam, porém quando percebeu Charlotte caminhando em sua direção e olhou além dela para os outros dois que estavam sentados com expressões exaustas, soube que não poderia deixá-los na mão logo ali, não quando estavam tão perto de acabar com o imbecil do palhaço de gelo. Pelo visto ela tinha uma coração mesmo. Bianca idiota. Pensou irritada antes de soltar um suspiro frustrado.
- O que vamos fazer? - perguntou à Charlotte, pelo pouco tempo que estavam juntas pôde perceber que ela sempre sabia o que fazer.
- Eu não sei. - respondeu impaciente a surpreendendo. - Eu não faço a menor ideia de como vamos chegar lá. O Henry está com dor, tenho medo dele ter quebrado uma costela, e a Bianca parece a um passo de desmaiar. Você e eu também não estamos nos nossos melhores momentos.
- Infelizmente tenho que concordar. - analisou o próprio corpo ignorando o pescoço dolorido.
Charlotte sentia como se tivesse sido atropelada, cada pedacinho de seu corpo doía, mas não poderia focar nisso pois precisava pensar em algo para tirá-los dali. Percebeu que Verônica encarava um bar mais pro fim da rua, o local era iluminado por um poste que refletia uma luz amarela triste e na entrada do local estavam estacionadas quatro motocicletas que de longe elas não conseguiam ver o estado. Virou o rosto para encontrar a garota a encarando com um sorriso astuto no rosto, entendeu na hora o que ela estava pensando.
- Já andou antes?
Charlotte balançou levemente a cabeça antes de responder, aquilo iria contra o que ela acreditava, mas no momento não possuía outra opção.
- Poucas vezes, mas casos extremos.
- Exigem medidas inteligentes. - Verônica completou em um tom animado.
A Page não conseguiu segurar o riso, a garota claramente adorava uma confusão. As duas então caminharam em direção à Henry e Bianca, Charlotte se aproximou do Hart que estirou a mão para ela.
- Verônica teve uma ideia e acho que é nossa melhor chance.
- Que ideia? - Henry indagou, olhando curioso para as duas.
- Que seja uma que não nos faça ser presos depois disso. - Bianca pediu, se irritando quando Verônica começou a rir.
- Vai dar tudo certo. Só precisamos que vocês estejam preparados para uma possível fuga.
Após a fala de Charlotte, Henry a encarou meio desconfiado, mas viu a determinação nos olhos dela e assentiu rapidamente. Ele seria estúpido se não confiasse em Charlotte. Bianca vendo que não tinha escolha também apoiou sem bem saber ao certo qual era o plano. Rapidamente Charlotte e Verônica se separaram dos dois e começaram a caminhar em direção ao bar.
- Ainda sinto que é perigoso.
A voz de Bianca não tirou a atenção de Henry que observava as outras duas se afastarem, olhava ao redor a procura de alguma ameaça, principalmente uma que pudesse machucar Charlotte.
- E tudo o que passamos por hoje não foi?
- Touché, garoto perigo.
Virou-se rapidamente, seus olhos brilhando em apreensão, mas Bianca somente riu e cruzou os braços ao se encostar no banco, mas logo se afastando enojada quando sentiu algo grudento em suas costas.
- Do que você me chamou?
- Não se preocupe. - pediu sincera, vendo o quão nervoso ele estava. - E você não sabe sussurrar. "Hora da bolha"? Sério?
- Bianca, por tudo o que passamos-
- Não precisa fazer discurso, eu só juntei dois mais dois e vamos falar a verdade, meia máscara não é realmente um grande disfarce. Sabe, vocês poderiam investir em algo que cobrisse o rosto todo ou em um modulador de voz. - aconselhou, não percebendo a leve impaciência dele. - Se bem que quando namoramos eu nem percebi, mas isso não vem o caso. O que eu tô tentando dizer é que não vou falar nada, nadinha, prometo. - levantou dois dedos da mão esquerda e a direita foi ao seu coração em uma promessa de escoteiro.
Henry abriu a boca para falar algo, mas o som barulhento de motos o interrompeu, ao olhar na direção do som viu Verônica e Charlotte se aproximarem cada uma em uma moto grande e escura cheia de adesivos estranhos. Pararam à frente deles e Verônica logo começou a falar em uma animação que não combinava em nada com o momento.
- Nós íamos fazer ligação direta, no caso só pra você saber, sua namorada é extremamente foda. - afirmou, olhando para ele que concordou enquanto subia na garupa da moto que Charlotte pilotava. - No fim nem precisamos porque estava tendo uma reunião de amantes de coala e eu sou um membro bastante participativo, não fazia a mínima ideia de que tinha um clube aqui e essa foi uma informação super útil. - garantiu, ignorando o olhar descrente de Bianca e começando a ligar a moto novamente.
- O ponto é que eles quiseram ajudar quando ela disse que era um membro e mostrou a carteira para comprovar. - Charlotte informou, acelerando para acompanhar a outra. - Eles nem perguntaram para que queríamos, só precisamos prometer devolver elas inteiras.
- A Charlotte nem precisou abrir a boca para garantir mais porque eles disseram que ela tem uma cara confiável! - Verônica teve que gritar para que fosse ouvida. - A sua namorada é tão incrível, Hart! Tô com um crush imenso nela!
- Verônica! - Bianca gritou indignada, beliscando a outra na barriga. - Tenha modos!
- Então para de me beliscar, que inferno!
- Temos que marcar algo com elas depois. - Henry falou, abraçando Charlotte pela cintura e aproveitando o vento em seu rosto.
- Para escutar gritos a noite toda? - indagou irônica ouvindo as duas discutirem um pouco mais a frente.
- Elas até que são divertidas. - defendeu, rindo por saber que ela deveria estar fazendo uma careta contrariada. - Mas a Verônica tem razão, minha namorada é incrível.
- Bom pra você. - resmungou, mas era inegável o sorriso em um sua voz.
O Hart riu pois sabia que ela não iria admitir que estavam realmente namorando até quando quisesse fazer isso por conta própria, era bom focar em outra coisa que não fosse as pessoas congeladas que encontravam pelo caminho ou os monstros de gelo que se faziam mais presentes a cada metro que se aproximavam do centro da cidade. Os dois esperavam que Ray estivesse bem e aguentasse mais um pouco, teriam que ser rápidos para conseguir ajudar seus amigos e precisavam que eles também estivessem procurando uma forma de os ajudar.
Xxx
Esse demorou, mas aqui está, meus amores
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