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•013

Sou despertada do meu sono naturalmente, não sabia que horas eram, mas pelo horário no qual fui dormir ontem, julgava ser tarde.

A enorme cortina em meu quarto começou a se abrir assim que comecei a me mexer na cama, e eu me preparei para a voz robótica que viria a seguir.

"Bom dia, Kelly. Ou melhor, boa tarde. Pepper teve uma emergência no trabalho e teve que sair bem cedo, porém te deixou um abraço. Não se esqueça da sua consulta com o doutor Hazel hoje, daqui algumas horas. Mando preparar um café ou você prefere pular direto para o almoço?"

Soltei um bocejo com a expressão confusa e cansada. Não tinha nem acabado de acordar ainda e Jarvis já vinha me bombardeando de informações rápido demais para a minha mente lerda processar.

-Mmn, porque não me acordou mais cedo?- questiono enquanto me espreguiçava na cama.

"Foi dormir muito tarde ontem, achei melhor te deixar acordar sozinha."

Murmurei um agradecimento para Jarvis e me sento na cama, ouvindo minhas costas estalarem e minha cabeça pesar. Os sintomas da insônia começam a se mostrarem presentes e isso me desanima, pelo lado bom, terminei de ler o livro essa madrugada.

Peguei meu celular, conferindo as horas e sorri ao notar as notificações de mensagem da Cléo e Pepper.

-Respondendo sua pergunta anterior, acho que prefiro pular direto para o almoço.- Digo para Jarvis em meio a um bocejo.

"Perfeito, Kelly."

Antes de sair da cama, eu respondi as mensagens da Pepper onde ela perguntava como eu estava, e as mensagens da Cléo, que eram mais como algumas frases motivacionais sobre o assunto de ontem.

Antes de sair do quarto fiz minha higiene matinal, tomei meus remédios, cuidei das minhas cicatrizes que estavam quase totalmente fechadas, e por último, coloquei um conjunto de moletom fino, perfeito para ficar em casa.

Quando cheguei na cozinha, Martha estava tirando algo do forno.

-Uh, olá?- Cumprimento timidamente enquanto me sentava à mesa.

-Oh, olá Kelly.- sorriu revelando suas marquinhas de expressão nos olhos.- O almoço está praticamente pronto, espero que goste de costela assada.

-Isso parece ótimo, obrigada.- sorrio e passo a encarar minhas próprias mãos enquanto ela prepara a mesa.- Quer ajuda?

-Não, não.- nega rapidamente.- só falta colocar a mesa de qualquer forma.

-Ok...- Murmurei me sentindo um pouco envergonhada por estar sentada enquanto ela faz tudo.

Como sempre a mesa estava farta, a carne foi posta no centro enquanto os acompanhamentos ao redor da carne. Sempre me pergunto para que tudo isso, até porque quando eu não estou comendo sozinha, estou comendo apenas com Tony e Pepper.

Parte de mim se sentia feliz por ver uma mesa assim praticamente somente para mim, algo que nunca na minha vida, pensei que teria, e tinha a outra parte que não ficava nada feliz e dizia que uma mesa assim era um convite enorme para uma pessoa gorda como eu sair do controle. Essa última parte eu fazia questão de não ouvir.

-Deseja mais alguma coisa, Kelly?

Meu olhar se volta rapidamente para Martha, que se encontrava na posição de prontidão ao meu lado. Pelo visto já tinha terminado o seu trabalho, e eu nem notei.

-Não, obrigada, Martha.- sorri gentilmente.

A empregada acena com a cabeça sorrindo docemente, antes de se virar para fazer suas tarefas.

Quando ela saiu, passei o olhar para a mesa repleta. Porém apenas um assento ali estava ocupado, o meu. Pelo visto estaria sozinha de novo.

Coloco a comida no meu prato, tento controlar minha vontade e olho grande, então arrumo apenas o necessário para mim.

Assim que eu começo a comer, penso no orfanato, eu sei que é errado sentir falta de um lugar no qual muitos dariam a vida para sair, porém não posso evitar de sentir falta de ficar cercada de meninas o tempo todo.

Chega a ser engraçado, antes eu amaldiçoava por não ter um segundo sozinha, e hoje eu estava aqui, querendo companhia.

Por conta disso, talvez a escola não fosse tão ruim, estaria cercada de pessoas da minha idade novamente. Ao mesmo tempo que achava isso bom, eu também achava isso ruim, às vezes é como se eu estivesse em uma corda bamba de sentimentos contraditórios.

Solto um suspiro desanimado com as ondas de sentimentos conflitantes. Meu terapeuta lidaria com esses sentimentos mais tarde.

-Cheguei atrasado para o almoço?

Minha cabeça se vira rapidamente em direção a voz masculina, por conta do susto que tomei ao ser tirada tão rápido dos meus pensamentos.

-Oh, não queria ter te assustado.- Tony diz com cautela.

-Tudo bem, eu estava bastante distraída.- dou de ombros.

Tony se aproxima lentamente e se senta à minha frente na mesa.

-Então... como você está?- ele pergunta em seu tom de voz calmo.

Acabo o encarando de sobrancelhas erguidas, não importa quantas vezes a gente converse, sempre vai ser uma surpresa ter ele puxando assunto comigo.

-Eu... eu estou bem...- respondo em um tom de voz calmo.

-Hum... isso bom.- ele desvia seu olhar de mim para o próprio prato e eu acabo fazendo o mesmo encarando minha comida quase intocada.- Bem... e como ficou com o assunto da escola?

O olho pelo canto do olho e relaxei ao ver que seu olhar estava ocupado pelo o que ele se servia na mesa.

-Vou confessar que o assunto mexeu comigo mais do que eu esperava...- solto um suspiro ao lembrar do meu desabafo com a Cléo.- ainda mais por eu ainda não querer ficar em um lugar cheio de gente, mas entendo que isso é para o meu bem, e pode ser bom para mim.

-Que bom que você entende isso, Kelly, todos aqui pensam somente no seu bem.- ele diz com um sorriso singelo e com brilho nos olhos.

Pude ver que ele estava genuinamente feliz e aliviado com a minha passividade ao assunto, e isso fez com que meu próprio sorriso surgisse.

-Você vai gostar da escola, Pepper pediu seu histórico escolar do orfanato por conta da sua nova escola, acabei dando uma olhada, e posso te dizer com certeza que aquela escola vai valorizar toda sua inteligência.- Ele sorri orgulhoso enquanto diz olhando para mim com um certo brilho nos olhos.

Isso fez com que meu próprio sorriso surgisse com um leve rubor na minha bochecha. Ele parecia genuinamente feliz pelas minhas notas altas e isso fez algo dentro de mim querer alcançar notas ainda maiores.

Desviei meus olhos para meu prato e remexi minha comida, ainda sem graça pela sua fala.

-A escola... ela é particular não é?- acabei fazendo a pergunta que me incomodava. Tony não me respondeu, apenas franziu as sobrancelhas levemente.- Ela é muito cara?- Pergunto novamente me sentindo nervosa.

Tony tinha as sobrancelhas franzidas, mas não parecia com raiva nem nada, mesmo assim fiquei apreensiva.

-Não se preocupe com isso.- ele responde de forma desdenhosa na qual faz com que eu me sinta culpada.- Não é tão cara assim, pode ter certeza de que não vou sentir nenhuma falta do dinheiro.

Ele parecia contrariado sobre eu estar falando sobre isso, mas mesmo com medo de deixar ele bravo, não gostava da ideia dele gastando tanto comigo.

Pepper já me disse para não pensar muito nisso porque qualquer dinheiro que ele gastasse comigo seria muito menos do que ele gastava em festas, mas era quase impossível não me sentir um incômodo toda vez que a minha presença nesta casa gerava custos.

-Se a escola disponibilizar bolsas posso tentar concorrer, tenho certeza que consigo a porcentagem máxima...- proponho de forma relutante, porém descida.

Tony para o garfo a caminho da boca e me olha surpreso.

-Você disse que tem certeza que consegue a porcentagem máxima?

Estremeço um pouco e desvio o olhar pensando que ele estava zombando de mim, mas sua sobrancelha arqueada só demonstrava surpresa. Por esse motivo, olho novamente e respiro fundo antes de acenar com a cabeça de forma confiante.

Eu era insegura sobre muitas coisas, meu corpo, meus sentimentos, minhas ações, eu também podia ser emocionalmente instável e ter um olhar bastante melancólico. Mas se tinha uma coisa na qual eu tinha confiança, era meu cérebro, eu não era inteligente ao nível Stark, ainda, porém minha inteligência era uma coisa que eu me orgulhava bastante.

Está certo que por conta de tudo que aconteceu estou sem estudar a um tempinho, mas se ele me disser que posso tentar a bolsa, vou passar o dia todo estudando, embora sei que meu cérebro não me desapontaria.

Posso ver que lentamente, Tony abre um enorme sorriso.

-Olha, eu não duvido nadinha de você.- ele aponta ainda sorridente.- aposto que você não só tiraria a nota máxima, como também seria a garota exemplo de todas as matérias.

Sorrio sem graça enquanto tento não corar muito com as palavras de apoio na qual nunca tinha ouvido antes, não direcionadas para mim.

-E como você pode ter tanta certeza disso?- sorrio enquanto ergo uma sobrancelha.

-Ora! Porque você é uma Stark.

Ele diz aquilo bem humorado, porém meu sorriso foi desmanchado pela sensação de cobrança.

O trauma paterno não me deixava pensar muito sobre o fato de ser filha e nem sobre eu ser uma Stark. Mas agora ele citou isso e a realidade caiu como um elefante em cima de mim, ele tinha expectativas em mim por carregar seu sangue, e se eu não conseguir suprir suas expectativas? E se eu for uma... decepção?...

Respira Kelly, respira!

Tony coça a garganta nervosamente, provavelmente percebendo a aura pesada que começou a me circular.

-De... de qualquer forma, não precisa concorrer a bolsa, vamos deixar isso para quem realmente não pode pagar, ok?

Levo meu olhar até ele, me sentindo ainda mais nervosa.

-Ok...- Murmurei encarando meu prato quase intocado. Meu estômago embrulha e minha mente se divide em descontar esses sentimentos invasivos na comida e me isolar completamente.

Obviamente não iria descontar tudo na comida, não na frente dele. Então me levanto calmamente da mesa. Meu prato ainda estava cheio e eu estava odiando me sentir aquelas personagens que saem com a mesa cheia.

-Já terminei meu prato, licença.- digo, e sem dar tempo para que ele tenha qualquer reação, saio marchando em direção ao meu quarto.

Não me orgulho da minha reação, ainda mais porque estávamos tendo umas das poucas conversas que temos e minha única reação foi sair daquele jeito, porém precisava organizar meus pensamentos ainda mais hoje que eu veria meu terapeuta. Só espero não ter deixado Tony zangado ou algo do tipo.

Confiro o horário no meu celular, falta um bom tempo para o Doutor Hazel chegar, mas eu não planejava fazer nada até lá, de qualquer forma, duvido que meus pensamentos deixariam eu fazer qualquer outra coisa.

-Jarvis, pode mandar o doutor Hazel direto para cá quando ele chegar?- Pedi assim que chego em meu quarto.

"Perfeitamente Kelly."

Murmurei um agradecimento enquanto me sento em uma das poltronas roxas que tinha em meu quarto, tinha outra poltrona de frente para a minha e imaginei que seria um ótimo lugar para terapia já que tem um ar familiar para isso.

Muita coisa aconteceu desde a última consulta, tirando aquela vez que ele estava aqui e eu estava mal demais para falar alguma coisa com ele.

Embora ele tenha sido paciente aquele dia, eu sabia que ele queria falar sobre minha tentativa de suicídio e tudo o que aconteceu depois daquilo, saber disso me deixava nervosa, eu não fazia a mínima ideia de como começar o assunto ou falar o que tinha que falar.

Como eu falaria sobre minha tentativa de suicídio e tudo que eu senti naquele dia? Como pôr em palavras todas as montanhas russas de sentimentos que senti durante a semana?

Se tudo que se passa pela minha cabeça fosse materializado, apareceria um ninho de fios embolados e cheios de nó no meu colo. Não bastasse a minha mente ter pensamentos intrusivos a qualquer hora agora eu tinha que lidar com tudo que aconteceu comigo nessa última semana.

Solto um suspiro pesado antes de balança a cabeça negativamente.

Não importa meus pensamentos confusos, o doutor Hazel saberia como decifrá-los, ele sempre sabe, e logo em seguida de decifrá-los ele me lançaria uma lição de moral extremamente realista e sincera na qual me faria pensar por horas.

Era isso. Eu só tinha que relaxar e deixar as palavras saírem da minha boca. Não é como se mais alguém fosse ouvir, não é?

Bem, tinha o Jarvis, ele estava em todos os lugares dessa casa, não é como se eu não confiasse nele, mas Tony e Pepper comentaram várias vezes sobre o horário em que durmo, e eles não poderiam saber disso a menos que alguém tenha contado para eles.

-Jarvis?- chamo percebendo que minha voz soou alto demais, por conta da pequena indignação e desconfiança que me deu por eu ter acabado de perceber que tinha alguém me vigiando vinte e quatro horas por dia e que podia saber todos os meus segredos.

"Kelly."

Jarvis responde com sua costumeira entonação robótica.

-Jarvis... você... você está sempre me vigiando?- a pergunta acabou saindo de forma vacilante.

"Sim, afinal sou uma IA criada pelo senhor Stark para proteger e servir a todos nesta casa, por isso, meus códigos de comando permitem que eu esteja em todos os lugares, tendo acesso a tudo e todos para que a minha função venha a ser cumprida da melhor forma."

-Unh uau.- Murmurei com o cenho franzido sem saber ao certo o que achar disso.- Então você está sempre ouvindo o que digo ou vendo o que faço?

"Sim, tenho todas as suas falas e ações arquivadas."

Solto um suspiro desanimado com isso. É como se um stalker estivesse esfregando na minha cara que me persegue e eu não posso fazer nada quanto a isso.

"Essa informação está incomodando você."

Ele não perguntou, mas mesmo diante de uma afirmação, me vi negando.

"Eu sei que te incomoda. Mas se isso te ajuda, nem mesmo o senhor Stark pode acessar suas imagens, elas são guardadas e criptografadas por mim, que tenho permissão para revelar apenas em casos no qual sua vida dependa de tal imagem."

Fico uns bons segundos processando a informação que foi dada, e de fato, isso foi útil para me acalmar.

-Tudo bem, Jarvis.- digo sorrindo.- Obrigado por sempre estar de olho em mim então.

"De nada, embora seu agradecimento ainda soe incerto."

-Bem, é que... hum, eu meio que não gosto da ideia de alguém ouvindo minha terapia, mas eu entendo a sua função, de qualquer forma, vou me acostumar com isso.

"É compreensível, essa questão pode ser resolvida."

-Como?- Ergo uma sobrancelha quando a resposta não vem.- Jarvis?

Acho estranho a falta de resposta, imagino que alguém tenha o chamado em outro lugar da casa ou coisa do tipo, então nem me preocupo muito.

Dessa vez eu me preocupo em não me perder em meus pensamentos, então começo a mexer no celular, respondendo alegremente as mensagens de algumas meninas do orfanato que pegaram meu contato com a Cléo.

-Toc, Toc.- a voz soou junto com as batidas na porta. Levo meu olhar até Tony que estava apenas com metade do corpo para dentro do quarto.- posso entrar?

-Ah claro, claro.- Digo prontamente me ajeitando na poltrona.

Tony entra no quarto de forma cautelosa, deixando a porta atrás dele aberta.

Achei confuso ele ter pedido permissão para entrar em um quarto da própria casa, mas admirei sua intenção.

Tony se sentou na poltrona à minha frente e me encara por alguns segundos, o suficiente para que eu me tocasse que era a primeira vez que ele estava no meu quarto junto comigo.

-Bem, Jarvis me contou que você não se sente confortável com a ideia dele estar escutando sua terapia.- conta sem tirar seu olhar de mim.

Minhas bochechas ficaram quentes ao pensar no quanto Jarvis podia ser fofoqueiro.

-Hun... eu...

-Tudo bem, Kelly.- Tony me corta antes que eu dissesse mais alguma coisa.- Quero que saiba que esse é um ambiente seguro para você, ninguém aqui vai te julgar se você disser que alguma coisa não está indo bem para você.

Meu rosto fica ainda mais quente com as palavras dele.

Sem dizer nada ele me estende um tablet que eu nem percebi que ele segurava e peguei sem entender o motivo daquilo.

-Esse tablet controla o Jarvis e tudo que ele tem acesso.- ele começa a explicar e eu levo meu olhar ao objeto eletrônico, admirada.

-Incrível.- Murmurei encarando os códigos presentes na tela.

-Eu sei, eu que fiz.- Ele conta sorridente e isso arranca um riso meu.- Estou te dando isso porque caso você queira, pode desligar Jarvis do seu quarto durante a terapia, apenas apertando esse botão.- indica o botão na tela.

-Serio?- ergo as sobrancelhas surpresa.

-Claro que sim, entendo o quão importante é estar em um ambiente confortável na terapia.- ele sorri gentilmente.- Eu gostaria que você o ligasse depois, sei que pode ser difícil, ainda mais para uma adolescente, ter sempre alguém vigiando, mas é para seu bem.

-Não se preocupe, gosto de ter alguém apagando a luz assim que me deito.- Ele solta uma risada com isso e se levanta da poltrona.

-Então, depois que você terminar a terapia, pode devolver o tablet na oficina?

-Claro.- respondo sorrindo.

Tony abre seu sorriso e se aproxima ainda mais de mim, ele estende sua mão para mim, pensava que era para o soquinho costumeiro que trocamos, mas meu cérebro mal processa quando ele estica seu indicador e toca a ponta do meu nariz levemente, como um ato comum de carinho.

-Combinado então.- se despede após o breve toque antes de sair do quarto.

Ele tinha deixado a porta aberta quando saiu e eu fiquei encarando aquele local ainda surpresa.

Lentamente levei a mão até meu nariz, onde ele tinha tocado e fico levemente surpresa quando percebi que não senti nada, foi um toque que eu não esperava, e que eu não permiti, porém não senti medo ou qualquer sentimento que sentia antes.

Talvez eu e eles estejamos evoluindo, e eu não esteja percebendo por estar focada demais na minha própria mente.

Pelo o que parece, fiquei um bom tempo encarando o nada, pensando em tudo e nada ao mesmo tempo, já que Jarvis me deu um susto assim que sua voz surgiu pelo ar.

"O doutor Hazel está vindo até você."

-Oh, sim, certo.- soltei o ar com um leve nervosismo.- Você não vai ficar triste se eu te desligar temporariamente, certo?

"Sou apenas uma inteligência artificial, não possuo nenhum sentimento, então respondendo sua pergunta, não."

-Ok né.- murmurei revirando os olhos, onde eu estava com a cabeça para perguntar uma coisa dessas.- Até depois, Jarvis.

"Até, Kelly."

É a última coisa que ele diz antes que eu aperte o botão, desligando Jarvis do quarto.

Logo em seguida a figura bem trajada do meu terapeuta entra no meu quarto fechando a porta atrás de si.

Ele anda calmamente em minha direção com seu olhar clínico em mim, aposto que me analisando de cima a baixo. Não deixo de fazer o mesmo, olhando de cima a baixo noto que ele não mudou nada, para falar a verdade nem sei porquê mudaria, já que não faz tanto tempo assim que nos vimos.

-Boa tarde, Kelly.- Ele cumprimenta assim que se senta na poltrona à minha frente.- Vejo que está bem melhor desde a última vez.

Ele não olhou para mim enquanto falava aquilo, ele estava ocupado demais organizando suas coisas. Mas mesmo sem seus olhos em mim, eu sabia que estava sendo analisada. Ao mesmo tempo em que eu tinha saudades desse olhar clínico, eu também não tinha nenhuma saudades.

Me ajeito no meu assento tentando parecer normal e calma, mas não consigo, ainda mais quando ele termina de organizar suas coisas, e coloca o temporizador por uma hora, e fixa seu olhar clínico em mim enquanto segurava sua prancheta.

Mordo os lábios, nervosa, a terapia acabou de começar, mesmo assim não tinha nenhuma palavra pronta na minha cabeça.

Posso notar um suspiro sair de seus lábios ao ver que eu não falaria nada.

-Como tem sido sua semana?- Ele começa o assunto com sua voz paciente e monótona. Senti falta disso.- Cléo disse que vocês estão conversando, fico feliz que tenha seguido o meu conselho.

-Me faz bem conversar com a Cléo... no entanto, estou normal.- respondo hesitante, apesar de saber que essa última resposta era a resposta errada para qualquer pergunta que ele me fizesse.

Observo, nervosa, ele anotar algo em sua prancheta antes de ter seu olhar devolvido a mim com uma sobrancelha erguida.

-Quer falar a verdade agora ou...

Soltei uma lufada de ar pesada, interrompendo sua fala, e minha boca começou a se mexer sem que eu tivesse controle.

-Tudo está acontecendo muito rápido na minha vida, e é como se eu reagisse a isso de uma maneira que a minha mente não concorda. Desde que sai da minha crise depressiva as coisas começaram a dar certo para mim, e a forma com que isso acontece me deixa muito insegura, tenho muitos pensamentos intrusivos e esses pensamentos sempre dizem que alguma coisa está errada, vai dar errado, ou que eu sou uma completa negação. Eu comecei a enfrentar meus medos, eu comecei a tentar pensar positivo e posso ver o avanço nisso, mas toda vez que avanço, minha mente coloca ainda mais peso em mim. Coisas boas vem acontecendo comigo, até o Tony vem sendo legal comigo, mas a ansiedade me persegue, eu fico sentindo como se eu não merecesse nada disso, e como se eu tivesse ocupando o lugar de uma garota que merecia tudo isso, que queria tudo isso, e me sinto ainda mais culpada por estar gostando de evoluir. Entende? É tudo tão... tão...

Finalmente faço uma pausa na minha fala ao perceber que a minha voz estava trêmula e meus olhos estavam embaçados pelas lágrimas.

O doutor parecia me encarar com um olhar ligeiramente surpreso. E a única atitude que ele tomou naquele momento foi parar o temporizador. E antes que eu conseguisse sequer pensar no que aquilo significa, ele murmura algo como "isso vai demorar".

-Primeiramente, fico feliz que você tenha se permitido desabafar.- Diz com um suave sorriso nos lábios.- Segundamente, vamos por partes, vamos entrar em um consenso aqui, ok?

Aceno positivamente e me obrigo a relaxar diante da voz monótona do doutor que começou a guiar a terapia.

Começamos literalmente do começo, falamos sobre minha saída do orfanato, e a minha chegada aqui. Falamos da minha primeira tentativa de comunicação com o Tony e tudo que eu senti e como isso me levou a tentativa de suicídio.

Passamos um bom tempo falando dos dias em que fiquei depressiva, conversamos sobre tudo que se passou pela minha cabeça e tudo que senti.

Depois, analisamos os dias em que finalmente saí do quarto, contei para o doutor todas as interações que eu tive com o Tony, contei como ele vem conversando comigo e vem sempre sendo paciente, falei sobre como eu e Pepper nos damos bem e falei sobre o dia de compras, sessões de filmes e tudo o que eu senti com as experiências que eu tive nesses dias.

Com isso, o doutor me fez ver o quanto evoluí com as pessoas ao meu redor, e não só com as pessoas, mas comigo mesmo.

Também conversamos sobre todos os meus sentimentos e pensamentos que me rondavam.

Já tínhamos conversado antes sobre minha ideia de estar roubando a vida de outra pessoa, mas ele me fez entender que eu não tinha sequer pedido para ter essa vida, eu ganhei essa vida, assim como todos ganham a vida assim que nascem, então tinha fundamento nenhum eu me sinto culpada por viver.

Não tem nada de errado em evoluir, é assim que a humanidade funciona, sempre em constante evolução, e gostar disso era natural. A minha evolução é uma cura pessoal, então seria agradável e eu tinha todo o direito de aproveitar as boas sensações que isso me oferecia.

A parte mais difícil nessa terapia foi quando o Dr. Hazel me pediu para listar a diferença entre meu avô e o Tony, voltar até essa parte do meu passado era torturante, mas isso me fez perceber que Tony era completamente diferente daquele homem, apesar do primeiro contato desastroso, ele vem se mostrando paciente e compreensivo, não tinha motivo nenhum para que eu ficasse insegura sobre ele.

O assunto da escola foi tocado, e uma breve palestra sobre como ter amigos e viver em sociedade pode me fazer bem foi feita. Fui aconselhada a ser receptiva com as pessoas, porém sempre me manter atenta, eu não podia ser passiva e tinha que me impor sempre que necessário. Não falamos muito sobre isso, embora Hazel tenha me aconselhado a escrever um diário sobre meus dias na escola para que eu trouxesse isso para a terapia.

Fui encorajada pelo terapeuta a deixar as coisas fluírem, no meu tempo, óbvio. E essa ideia me pareceu bastante convincente quando ele me disse que o esforço não é tão necessário quando as coisas fluem, e se caso eu veja que estão fluindo rápido demais, e só eu puxar o freio e não ter pressa, afinal evolução é evolução, não importa o ritmo.

Essa motivação funcionou muito bem para mim.

Não deixamos nenhum assunto de fora, falamos até dos meus remédios e ele faria uma nova receita para o remédio de insônia, inclusive queria que eu passasse em outros médicos para ver minha questão alimentar e física, na qual não estava nenhum pouco preparada para isso, mas entendia que isso era parte do meu processo.

Me senti como se o Dr. Hazel tivesse pegado o ninho de fios embolados e cheios de nós, e lentamente ele estava desembaraçando cada fio junto comigo, ele achava nós que eu nem sabia que existia e os soltava trazendo uma sensação leve e reconfortante.

Depois desse dia, eu nunca mais duvidaria do poder de uma terapia.

Não sei quanto tempo se passou, só sei que percebi que não havia mais nada para ser falado quando ficamos quase cinco minutos em silêncio.

-Vou confessar, não esperava sua sinceridade hoje.- Hazel murmurou enquanto analisava sua prancheta.- geralmente você sempre desvia o assunto e enrola para falar dos problemas, essa mudança de comportamento significa uma grande mudança, e mesmo que não pareça, seus pensamentos e sentimentos estão mudando, isso é bom, Kelly.

-Agora eu sei que isso está me fazendo bem.- Murmuro me sentindo leve depois de toda a conversa.- continuarei assim doutor.

Ele sorriu abertamente com a minha frase, provavelmente orgulhoso.

-Bem, como tarefa para essa semana, eu gostaria de que começasse a escrever seu diário, sempre escreva ao fim do dia, e coloque todos os pensamentos e sentimentos possível no papel.- ele explica calmamente.- e que também se deixe fluir, pode usar como um mantra, sim? "Deixar fluir".

-Deixar fluir.- Repito com o mesmo tom calmo que ele, e recebo um sorriso de incentivo por conta disso.

-Exatamente, estou orgulhoso de você.

Meu rosto se esquenta rapidamente e meu coração falha uma batida, obviamente estava emocionada com isso.

-Obrigada... eu... eu queria agradecer seu marido, foi ele que me salvou aquele dia, não é?- ele acena positivamente atento a minha fala.- eu devo ter dito algumas coisas para ele... enfim, só queria me desculpar e agradecê-lo.

-Tudo bem, levarei seu agradecimento até ele, embora eu tenha certeza de que ele dispensará isso.

-Hum, tudo bem eu ficar com a jaqueta do FBI que ele colocou em mim então?

Ele solta um riso com a minha pergunta.

-Imaginei que iria querer isso.- É a única coisa que ele diz, então tomo isso como um sim.

-Bem, sem mais delongas, estou colocando um fim a sessão de hoje.- Ele começa a arrumar suas coisas.- Você tem meu contato, então espero que você me ligue antes de tomar qualquer decisão que envolva por sua vida em risco, certo?

-Anotado.- Murmuro enquanto ele se levantava pronto para sair.

Trocamos uma breve despedida e o assisto sair do meu quarto com a mesma postura que usou para entrar.

Assim que estou devidamente sozinha, pego o tablet e aperto o botão novamente, trazendo Jarvis de volta ao meu quarto.

"Como foi a terapia, Kelly?"

É a primeira coisa que ele diz e eu sorrio com isso.

-Foi proveitosa.

"Fico feliz."

Saio do meu quarto e desço as escadas com um sorriso suave nos lábios, tinha certeza que apartir de hoje, meus pensamentos serão outros.

Assim que terminou de descer as escadas posso ouvir a voz de Pepper vindo em direção a cozinha, penso em ir até lá para cumprimenta-la, porém a voz do meu terapeuta aparece em seguida, então eu me dirijo até as escadas que levam a oficina, supondo que Pepper e o Dr. Hazel estavam conversando sobre minhas idas ao médico, e eu não tinha vontade nenhuma de participar dessa conversa.

Assim que avistei a oficina, notei a porta de vidro aberto, enquanto eu entrava no local de forma cautelosa, espanto todos os pensamentos e lembranças sobre a primeira vez que estive aqui. Tony não vai mais me tratar daquele jeito.

O ambiente continha uma música baixa, mais meus passos foram abafados pelo som do martelo batendo no metal que Tony acertando.

Chego a abrir a boca para chamar a atenção, mas meu olhar é desviando para um holograma em cima da mesa, parecia ser uma armadura como a dele, porém possuía algumas abertura onde continha vários canos de disparo.

Uma de minhas mão quase toca o holograma de tamanha curiosidade, porém sou parada por uma tosse força que me faz tomar um leve susto por tem sido pega no flagra.

Sinto minhas bochechas ficarem vermelha e solto um sorriso sem graça para o adulto que me olhava com um sorriso e sobrancelha erguida.

-Hum, oi... vim te entregar isso.- Estendo o tablet de forma acanhada para Tony que se aproxima legeiramente para pegá-lo.

-Ah, agradeço.- diz com um leve sorriso.- Comigo foi a terapia? Vocês demoraram.

Encolhi rapidamente os ombros diante do seu comentário.

-Tinhamos muita coisa para falar... me sinto bem melhor de qualquer forma.

-Imagino, bom saber disso.- sorri levemente antes de suspirar.- Olha, sobre aquilo que eu disse na cozinha...

-Oh, tudo bem...

-Não, não, eu só não quero que você pense que estou te pressionando a alguma coisa, longe disso.

-Eu entendo, obrigada por esclarecer isso de qualquer forma.- Tomo coragem não sei de onde e estico meu braço tocando sua mão com um aperto suave.- Agradeço por tudo, inclusive por estar tentando melhorar por mim, sei que não é fácil.

Tony parecia realmente surpreso por ter minha mão segurando a sua por um longo período de tempo, mas rapidamente ele devolve o aperto suavemente e posso ver seus olhos lacrimejar por alguma razão.

-Eu que tenho que te agradecer, Kelly, essa mudança pode ter começado por sua causa, mas surpreendentemente, eu consigo tirar proveito disso.

Solto um riso por conta de sua fala e desgrudo nossas mãos.

-Mudar é bom.- Concluí em um murmuro que fez ele acenar positivamente.- Bem, Pepper chegou, vou lá ficar com ela.- digo após ver que não tínhamos mais assunto.

-Espera.- chama a minha atenção antes que eu me vire para sair.- eu vou sair para encontrar um amigo, quer vir junto?

O encaro ligeiramente surpresa pelo convite, embora confesse que fiquei tentada a aceitar, sair com ele sozinha para conhecer um amigo dele, era um paço que eu não estava preparada para dar.

-Agradeço, mas não quero sair hoje.- tento fazer essa negativa soar gentil.

-Oh entendo... bem eu tenho alguns minutos até lá, e você pareceu bem interessada nisso.- ele aponta para o holograma.- Quer ouvir sobre?

Posso apostar que meus olhos estavam brilhando, porém ponderei a ideia por alguns segundos, ficar sozinha na oficina com ele por algum tempo, ouvindo sobre suas invenções era sim uma coisa que eu estava preparada, era uma coisa na qual o Dr. Hazel apoiaria.

-Claro.- aceito com um enorme sorriso.

Tony abre seu próprio enorme sorriso antes de clicar em algo em seu holograma fazendo ele se espandir em vários pedaços 3D por toda a oficina.

A felicidade mal coube em seu peito quando a garota tomou a iniciativa de um toque demorado, depois, seu coração de ferro quase se quebra de alívio quando sua filha aceitou passar um tempo consigo na oficina.

E aqueles minutos com a garota, Tony não trocaria por nenhum dinheiro no mundo. Até porque era impossível colocar preço no brilho dos olhos da menina que olhava tudo que lhe mostrava com admiração.

Tony se sentiu sortudo por ter esse tempo com ela, por ter a atenção dela em si e por poder se aproximar dela de uma forma que não a fez fujir.

Ele mostrou para a garota, algumas peças no holograma, deixando-a tocar em tudo que queria enquanto explicava em termos leigos o que estava fazendo ali. Embora aquilo não fosse realmente uma aula, Tony nunca imaginou que ensinar algo para uma filha podia trazer tanta satisfação e sentimento de importância.

Embora aquele momento estivesse sendo uma maravilha, Tony não pode ficar com ela por muito tempo, afinal iria encontar um amigo. Mas tinha certeza de que mesmo não durando muito, aquele momento estaria gravado em sua mente como o melhor momento de sua vida.

Tony e Kelly andaram lado a lado para fora da oficina até Pepper, que estava na cozinha estourando pipoca enquanto cantarolava.

-Pepper!- Kelly chama a atenção da mulher que vira seu olhar rapidamente até a menina que a surpreende com um abraço.- está me acostumando mal, sabia que já me acostumei com você me acordando?

A ruiva solta uma risada divertida com a fala da adolescente e deixa um leve beijo na testa da garota.

-Desculpe estar te estragando, querida.- Kelly solta uma risada com isso e Pepper a olha orgulhosa.- espero que Tony não esteja te estragando e te mimando com toda a tecnologia da oficina.- joga um olhar cortante para o homem que levanta os braços em rendição.

-Foi muito divertido, gostei de ficar lá com ele.- Kelly responde de forma distraída olhando para a panela de pipoca sem se dar conta de que fez dois corações adultos quase se dereterem.

-Ouviu isso?- Tony não resiste a uma pequena provocação em Pepper.- Ela disse que gostou de ficar comigo, ela deve achar que ficar com você é no máximo agradável.

Pepper ergue uma sobrancelha para Tony que dá de ombros provocante.

-Vamos ver se ela vai continuar achando no máximo agradável quando ver que preparei a sala de cinema para gente.- comenta chamando a atenção dos olhos brilhantes de Kelly para ela.

-Sério?- Ela pergunta em expectativa.

-Completamente, porque não vai escolhendo o filme?- propõe para a garota que solta um grande sorriso antes de se despedir rapidamente dos adultos e marchar alegremente até a sala de cinema.

Quando devidamente sozinhos, Tony vai até Pepper, que ainda estourava pipoca, e a abraçar por trás com um sorriso divertido.

-Ela disse que gostou de ficar comigo.-murmura contra o pescoço da noiva.- Eu sou demais.

-Tá legal, pai do ano.- a ruiva se vira sarcástica.- Falou da visita à escola amanhã?

-Não...- nega com um suspiro.- não tive a oportunidade.

-Tudo bem.- Pepper murmura pensando em como contar aquilo para a menina.- depois da visita na escola, vou passar em especialista em comportamento alimentar com ela.

-Porque?- franze as sobrancelhas diante da nova informação.

-O Dr. Hazel disse que os problemas alimentares dela podem se agravar com a ida a escola por conta da ansiedade.- Pepper comenta com um suspiro distante.- ele acha que algum tipo de atividade física pode ser útil para desviar a atenção dela da alimentação, mas não sei se ela vai se sentir confortável com isso.

-Volta a fita.- Tony pede ainda confuso.- Ela tem problemas alimentares?

Pepper franze a sobrancelha o encarando.

-Sim?- ergue uma sobrancelha para o questionamento do noivo.- Dr. Hazel chegou a comentar isso indiretamente quando falou da forma dela de descontar os sentimentos.

-Mas ela come tão... normal.- murmura se sentindo praticamente um idiota por não ter notado antes.

-Claro que ela come normal Tony, o descontrole alimentar costuma ser ocasionado por sentimentos ou coisa do tipo, ela não teve motivos o suficiente para se descontrolar assim ainda.- explicar calmamente.- e vamos cuidadar para que isso não ocorra, não é?

Tony acena positivamente pensando na menina agora. Seu descontrole com álcool deve ter passado genéticamente para a garota como descontrole com comida.

-Não tem outro lugar para estar?- Pepper pergunta tirando Tony de seus pensamentos.

-Sim, já estou indo.- diz deixando um leve selinho na mulher.

-Escuta Tony, eu sei o que está fazendo com Rhodes, não vou te proibir disso. Mas mantenha esse assunto fora dessa casa e principalmente, longe da Kelly, ainda mais agora, que estamos indo tão bem no processo de cura emocional dela.

-Esse era meu objetivo desde o princípio, querida.- Tony afirma jogando uma piscadela para a ruiva que acena negativa sorrindo pequeno.

-Não demore!- Quese grita, pois o homem já estava bem distante dela.

Tony marcou de encontrar Rhodes na lanchonete de sempre, e não precisou olhar muito em volta para notar seu amigo sentado em uma mesa redonda.

Assim que se jogou na cadeira de frente a Rhodes, recebeu um olhar questionador e assistiu o amigo olhando para todos os lados.

-Cade ela?

-Oi pra você também, estou ótimo, e você?

-Sem brincadeira Tony, você disse que ia trazer ela.- O general aponta um dedo acusador.

-Não, eu disse que iria perguntar se ela queria vir, mas ela disse que não, então...- deu de ombros diante do olhar acusador do melhor amigo.- de qualquer forma, o que vamos tratar aqui não é da conta dela.

Rhodes solto um suspiro pesado enquanto solta um envelope marrom sobre a mesa.

-Sério Tony, a Nath me encheu de mensagem jogando na minha cara que conheceu a minha sobrinha antes de mim, como deixou isso acontecer Tony!?

O Stark solta um bufo enquanto abre o envelope, ouvindo as lamentações do outro.

-A Kelly estava mal, e era fã da Nath, mas elas não chegaram a conversar de verdade.- tenta tranquilizar.- então ninguém roubou sua vez, seu chorão.

Rhodes joga um bufo divertido e se escora na cadeira relaxado.

-Você vai ver Tony, vou ser o tio favorito da Kelly, vou estragar aquela garota de tanto mimar ela.

-Boa sorte com isso.- murmura enquanto tira os papéis do envelope.- ela não queria nem que eu pagasse a escola dela.

-Isso é compreensível pelo passado dela, mas não se preocupe, vou mudar isso rapidinho.- sorri vitorioso antes de ficar em silêncio para que Tony lesse os papéis.

Eram documentos sobre os avós da Kelly. Recentemente, tudo que a garota passou começou a rondar sua mente de um jeito avassalador. Ele só queria ter certeza que os culpados estariam cumprindo sua sua pena devidamente.

De acordo com os documentos, a avó tinha sido presa por ser cúmplice dos maltratos, mas foi solta cinco meses depois, ela acabou vindo a falecer por problemas no coração a três anos atrás. Já o avô, o autor dos maus tratos teve sua sentença declarada por oito anos mas podia ser adia por bom comportamento.

O Stark solta um grunhido raivoso por pensar que o homem que tocou a sua filha de uma forma que ela nunca deveria ter sido tocada, iria ser solto em pouco tempo.

Com um suspiro, Tony guarda os papéis no envelope e os devolve para o amigo.

-Garanta que ele passe o resto dos seus dias na cadeia.

-Imaginei que diria isso, já está sendo feito.- Comenta com um sorriso convencido.

-Otimo.- Afirma antes de pedir um hambúrguer para a garçonete que passava perto da mesa.

-Sabe Tony, naquele dia, quando me ligou falando que tinha uma filha e como você a espantou em menos de vinte e quatro horas com ela, eu pensei, "caramba, eu vou ter que salvar essa garota."- Rhodes se inclina em direção ao amigo.- Mas agora, meu amigo, você me surpreendeu, está até fazendo terapia.- solta uma risada fazendo Tony revirar os olhos.

-Sabia que ia me encher por conta disso.- aponta o dedo para o amigo.- minha terapeuta vai ficar sabendo disso.

Isso arranca outra risada de Rhodes.

-Oh, por favor, isso já é demais.- comenta bem humorado.- Em todo caso, quero ver a Kelly o quanto antes, pelo menos antes da Nath.

-Mas o que é isso? Vocês estão competindo pela minha filha?- ergue uma sobrancelha sarcástico.

-O cargo de tio preferido está em jogo aqui Tony, não vou perder esse posto para aquela espiã russa.

Tony quase solta uma gargalhada.

-Olha, eu não quero escolher um lado...

-Como assim não quer escolher um lado!? Você tem que ficar do meu lado!

-A questão é que a Kelly é fã da Natasha, isso é praticamente uma luta perdida.

-Está duvidando de mim? Não acredito que realmente está duvidando de mim!

-Só citei fatos.

Diante do clima leve, os dois amigos de longa data passaram horas conversando, tendo como o assunto principal, sua filha, que tinha acabado de virar seu assunto preferido.

Tony só voltou para casa assim que escureceu, prometendo, antes de sair da lanchonete, chamar Rhodes para um jantar antes que os outros vingadores tivessem a chance de chegar perto da garota.

-Cadê todo mundo, Jarvis?- Tony pergunta assim que chega em casa.

"Na sala de cinema, senhor Stark."

Com um bocejo, Tony sobe as escadas e marcha até a sala de cinema.

Assim que abre a porta da sala, Tony pôde ver claramente o filme Anabelle passando na enorme tela e vê perfeitamente a silhueta das meninas sentadas na fileira do meio.

Se aproximando lentamente para não atrapalhar, a figura das mulheres aparecem e pode notar ambas dormindo. Kelly encostada no ombros de Pepper enquanto a ruiva tinha sua cabeça jogada para trás, ambas com baldes de pipoca nós braços e um cobertor em volta de seus corpos.

Soltando um sorriso pela cena adorável, Tony se próxima e se aconchega do outro lado de Pepper, que se meche levemente ao sentir a aproximação do homem.

A ruiva abre brevemente os olhos e troca um leve sorriso com o noivo.

-Não acredito que ela te fez assistir anabelle.- sussurra para que a garota não acorde com sua voz.

-Logo depois de piscose e o silêncio dos inocentes.- sussurra em um tom risonho.-Essa garotas tem gostos peculiares, tinha que ser sua filha.

-Minha filha.- Tony murmura contente enquanto fechava os olhos junto com Pepper.

Ela era sua filha, sua. E podia descansar agora sabendo que o passado dela não voltaria para machuca-la.

Cuidaria para que nada mais pudesse machuca-la.

Oi oi gente.

Mais um capítulo para vocês e esse foi bem sentimental em.

Espero que tenham gostado, porque deu trabalho, valorizem a autora aqui gente kkk e caso tenham gostado comentem e dêem estrelinha.

Desculpem os erros de escrita, eles serão corrigidos em breve.

Amo vocês e até o próximo~

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