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•009

Acordo sozinha e me espreguicei sentindo meu corpo todo estralar. A quanto tempo eu não saio da cama?

Essa pergunta gera lembranças, lembranças sobre ontem. A viúva negra esteve realmente em meu quarto? Aquilo foi real?

Meu coração começa a disparar rapidamente de
medo e pavor ao pensar que eu estava em um estado depressivo forte demais para chegar a alucinar.

"Perdão Kelly, sei que disse para não incomodá-la. Mas você está tendo um ataque de pânico, devo chamar ajuda?"

A voz do Jarvis ecoa por todo lado e eu fecho os olhos tentando afastar meus pensamentos.

-N-não é necessário...- Murmurei ofegante.

O peso da culpa volta a me atormentar sobre eu ter sido tão grossa com Jarvis aquele dia, por algum motivo eu sentia que ele gostava de mim, mesmo sendo apenas uma IA.

-Jarvis... me desculpe sobre aquele dia, eu não queria ter sido grossa com você.- peço com um tom choroso, eu me sentia mal por tudo que fiz esse dias.

"Não há nada para se desculpar Kelly, todos nesta casa sabem pelo que passa e não nos ressentimos com sua atitude, apenas ficamos preocupados, é como a senhorita Romanoff disse: Tem pessoas aqui que querem cuidar de você."

Peraí, Senhorita Romanoff? A viúva negra realmente esteve aqui?

Acabo soltando uma risada de alívio por perceber que não estava ficando louca, porém logo fiquei pensativa por lembrar das palavras dela.

-Você realmente acha que eles se importam comigo?- Mesmo que eu estivesse incluindo todos na minha fala, eu me referia apenas a uma pessoa, e Jarvis entendeu isso.

"Em todos esses dias em que esteve de cama, o senhor Stark esteve na sua porta 35 vezes ao todo, e sempre perguntava por você."

Puxo o ar surpresa, chego a achar que ele estava mentindo, mas Jarvis não teria motivo nenhum pra isso.

-Então porque ele não veio falar comigo?

"Ele não é bom com palavras, como pode notar. Tony Stark tem muitos traumas e medos, ele está tentando melhorar por você, apesar de não ter coragem de te dirigir a palavra."

Acabei soltando uma risada, Tony Stark com medo? Porém Jarvis disse que ele estava tentando melhorar por mim.

-Isso é verdade?- sussurro sentindo meu coração pesar. Porque a notícia de um pai tentando fazer algo por mim me choca tanto?

"Não diga a ele o que eu te disse, mas ele começou a fazer terapia."

Novamente fico surpresa, eu não sabia o que achar sobre isso. Eu me sentia tão confusa agora, ao mesmo tempo em que eu queria me aproximar novamente eu o queria o mais longe possível.

-Eu não sei o que fazer...- acabo pensando em voz alta.

"Acho que sair da cama e tomar um banho depois de quatro dias seria o ideal para começar."

Quatro dias? Não podia dizer que estava surpresa, já passei por mais dias do que isso.

-Eu... eu tô com medo, Jarvis, e se eu estiver incomodando ele? Ou, ou pior, se ele me bater por conta disso...?- acabei desabafando em meio a uma lufada de choro.

A verdade era que eu me sentia um estorvo para o Tony, e eu não queria de jeito nenhum me aproximar dele por pensar que estava atrapalhando sua vida.

"Por favor, não pense assim Kelly, Tony nunca faria nada com você."

Lágrimas começam a sair dos meus olhos e eu as seco rapidamente.

"Sei que pode ser difícil, mas tente enfrentar seu medo aos poucos."

Enfrentar meu medo aos poucos?

Essa frase acabou se juntando com a lembrança da minha conversa com o doutor Hazel sobre enfrentar meus medos.

Enfrentar os medos é importante, mas eu não precisava fazer isso de uma vez. Se eu caminhasse um passo por dia, talvez eu chegasse a algum lugar.

Quer dizer, eu não esperava ter uma relação de pai e filha com o Tony, mas eu queria poder pelo menos ficar de boa no mesmo cômodo que ele sem me sentir mal. E se Jarvis estivesse falando a verdade, ele também estaria tentando melhorar.

-Eu... eu quero tentar...- começo a dizer pensativa, eu merecia ser feliz e viver em paz, como meu terapeuta disse, ainda estou viva, então continuaria tentando.

"Fico feliz em ouvir isso Kelly, tem um filme que diz "continue a nadar, continue a nadar."

Acabo soltando uma risada por ele ter usado a voz da Dory enquanto falava as frase do filme.

-Jarvis, abra a janela!- Peço em um tom decidido.

Eu sabia que não seria fácil, mas eu tentaria, eu continuaria a nadar.

Jarvis abre as cortinas e a janela, e eu tenho que fechar os olhos por conta da claridade que eu já tinha desacostumado.

Me levanto da cama com certa dificuldade, eu sentia meu corpo todo doendo. Rumei para o banheiro e assim que chego lá a banheira começa a se encher sozinha, nem me assustei por já saber o que era que estava fazendo isso.

Um nicho se abre na parede ao lado da banheira, e eu vejo ali produtos para banhos no qual nunca nem mesmo pensaria em comprar dia.

Tiro a roupa que estava usando e entro na banheira que já tinha acabado de encher.

Acabo soltando um suspiro ao sentir o quão boa a água estava. Acabei colocando alguns produtos na água a deixando azul e cheirosa.

Durante o banho, acabei pensando muito na viúva negra, sentia um misto de sentimentos quanto a isso. Mas as palavras dela me ajudaram a tentar melhorar.

Terminei o banho, que foi bem demorado por sinal, e já estava me sentindo bem melhor, não sei se foi os produtos para cabelos que custavam os olhos da cara ou os produtos para pele importados, mas eu me sentia outra pessoa depois de sair da banheira.

Às vezes eu ficava impressionada sobre como um banho é capaz de deixar uma pessoa bem melhor.

Enrolei uma toalha em volta do corpo e esvazio a banheira antes de ir para o closet.

Ao chegar lá vou em direção a penteadeira, eu tinha notado a escova ali em cima e planejava passar pelo menos um pente, já que eu não tinha creme para pentear.

"Que tipo de penteado gostaria de fazer, Kelly?"

Jarvis fala e no mesmo instante o espelho se move mostrando ali vários produtos para fazer penteados, além de ter uma tela tipo tablet que mostrava vários vídeos de tutoriais para penteado.

Fico olhando aquilo estática, até porque eu nunca teria imaginado que veria algo assim.

Completamente sem graça, peguei apenas um creme de pentear.

-Vou ficar no básico do básico hoje.- o espelho volta para o lugar voltando a tapar o compartimento.

Eu ainda me sentia mal por usar as coisas dessa casa, a última coisa que eu queria era Pepper pensando que eu era interesseira.

Assim que termino de pentear meu cabelo, levo uma mecha até a altura do meu nariz e constato que meu cabelo nunca esteve tão cheiroso e bem cuidado como hoje.

Saio da penteadeira e solto um suspiro desanimado ao ver as poucas roupas em um espaço tão grande, eu não era nem louca de pedir mais roupas, então teria que viver com elas.

Acabo vestindo uma calça jeans e uma camiseta que continha a imagem do Homem de Ferro. Eu tinha ganhado ela de uma das garotas mais velhas, era uma época em que eu era fã de todos os vingadores e nem mesmo sonhava que justo o Tony Stark seria o meu pai.

Penso em trocar ela por vergonha de ser vista por ele com essa camiseta, mas ela era uma das únicas de manga curta e eu estava com calor.

Ao pensar um pouco melhor descido mesmo trocar de blusa, coloco uma blusa vermelha, ela era tão velha a ponto de ter alguns pequenos rasgos nela, mas eu não tinha o direito de me importar com isso.

Saio do closet e dou de cara com uma mulher terminando de arrumar a minha cama.

Ela usava um macacão preto e tinha um avental branco amarrado na cintura. Era umas das empregadas que Pepper tinha falado.

Assim que ela me nota para imediatamente o que estava fazendo e fica ereta com as mãos a frente do corpo.

-Eu troquei seus lençóis e passei um pano, a senhorita gostaria de mais alguma coisa?- pergunta prestativa.

Noto um pequeno crachá perto do seu ombro direito e apertando um pouco os olhos posso ler seu nome: Martha.

-Obrigada, Martha. Não preciso de mais nada.- sorrio gentil para a mulher.- e pode me chamar de Kelly, por favor.

Ela parece me encarar surpresa.

-Como quiser, Kelly.- solta um pequeno sorriso.- me chame se precisar de qualquer coisa.- acena levemente com a cabeça antes de sair.

Assisto ela indo embora imaginando o tanto de coisa que ela tinha para fazer nessa mansão enorme.

Olho para os meus pulsos e solto um suspiro, esse tempo todo sem cuidar dos cortes, é um milagre não ter inflamado. Pessoa a pomada cuidadosamente e decido ficar sem as faixas por um tempo e resolvi beber meus remédios também.

Eu estava me sentindo fraca e tonta, a falta de comida já dava seus sintomas, mesmo assim, sair do quarto parecia ser uma ideia ruim para mim.

Acabo ficando um tempo encarando a porta do meu quarto, tentando tomar coragem para sair.

Fecho os olhos, conto até dez, e abro os olhos novamente, e quando eu os abro posso notar pontinhos azuis no chão formando um caminho até o lado de fora. Eu sorri sabendo que aquela era a forma de Javis de dizer que estava comigo.

Me sentindo mais encorajada, sigo os pontinhos saindo do quarto. Eu andava de forma cautelosa pela casa, eu ainda me sentia estranha nela.

Quando chego na cozinha me deparo com uma cena que faz meu coração se apertar. Pepper estava sentada no balcão da mesa americana, ela tinha seu rosto apoiado na mão enquanto lia alguma coisa seu semblante estava cansado e eu podia notar olheiras embaixo dos seus olhos. Saber que eu podia ser a causa disso, fazia eu me sentir tão mal.

-Oi...- digo em um tom baixo, mas isso foi o suficiente para chamar a atenção da mulher.

O olhar da ruiva vira rapidamente para mim e eu quase me encolho quando ela levanta de onde estava sentada.

Noto sua expressão relaxar, e um sorriso de alívio surge em seus lábios.

-Kelly.- murmura enquanto caminha até mim apressada e me prende em um abraço forte.- estou tão feliz em ver você, meu bem.

Passo meus braços em volta dela aceitando o carinho e devolvendo o abraço. Eu me sentia tão querida nos braços dela, sentia um sentimento que nunca senti na vida e isso fez meus olhos se encherem de lágrimas.

-Me desculpa.- minha voz sai baixa e trêmula em meio ao pedido.

-Ah meu bem, não se desculpe.- tira os braços de redor de mim apenas para segurar meu rosto.- Você não tem culpa de nada, ouviu bem?

Aceno positivamente me sentindo muito emocionada. Pepper também parecia bastante emocionada apesar do sorriso enorme nos lábios.

-Você deve estar faminta não é, está tão pálida.- diz me analisando, seu sorriso sumiu para dar lugar a preocupação.

-Realmente estou com um pouco de fome.- Murmuro me afastando um pouco dela.

-Sente-se meu bem, vou preparar algo para você.- me guiou até onde estava sentada.

-Não precisa, posso preparar algo para mim.- tentei negar, mas ela é insistente e acabo me sentando onde ela pediu.

Pepper parecia fazer um sanduíche, e eu a observava enquanto isso.

Ela estava me tratando tão bem, estava sendo tão boa para mim, eu não fazia ideia do motivo disso, mas ficava cada vez mais difícil não me apegar a ela.

-Espero que goste.- a ruiva põe um sanduíche bastante recheado com patê de frango e queijo na minha frente com um suco de laranja.

-Parece muito bom, obrigada.- sorrio para ela que devolve o sorriso.

Encaro o lanche um pouco apreensiva, eu costumo exagerar bastante depois de uma crise e um dos meus maiores medos nesta casa era esvaziar a geladeira deles.

Calma Kelly, coma devagar, mastigue bem e não vai precisar de mais de um para te satisfazer.

Peguei o sanduíche e dei uma pequena mordida tentando não parecer esfomeada.

Pepper estava ao meu lado, ela tinha empurrado sua cadeira para mais perto de mim, perto o suficiente para nossos braços se tocarem a cada movimento, ela se distrai lendo um relatório, provavelmente coisas da empresa.

-Quer mais?- ela pergunta assim que terminei meu lanche.

Eu queria mais, porém não podia, então neguei com a cabeça enquanto tentava lhe lançar um sorriso convincente.

-Certo, como você está se sentindo?- ela pergunta e percebo que ela se referia a tudo.

-Pra ser sincera, não quero pensar no que eu estou sentindo agora...- Murmurei desviando o olhar.- só quero pensar que logo logo vou estar melhor do que nunca.

Pepper sorri e surpreendentemente me dá um beijo na testa.

-Qualquer coisa que eu puder fazer para que se sinta bem é só falar, não exite ok?

-Ok.- Solto um sorriso bobo pela sensação que senti com sua receptividade.- Ah, e obrigada por ter chamado a viúva negra ontem...

-Fico feliz que tenha gostado, querida, mas não fui eu que chamei.- ela sorri enquanto fala e eu acabo arregalando os olhos.

Porque Tony faria isso por mim?

Pepper me chamou para ver um filme com ela. Eu achei bom ela estar me chamando para fazer as coisas, porque provavelmente eu não teria coragem de fazer nada e iria direto para o meu quarto. E eu precisava distrair um pouco.

Assistimos filmes bem "menininhas", nada de filmes com energia triste, e entendia o porque, vimos meninas malvadas, legalmente loira e estávamos começando as patricinhas de Beverly Hills.

Esse tempo em que eu estava passando com ela foi legal, Pepper gostava bastante de fazer alguns comentários durante o filme e eu não reclamaria, gosto da animação dela.

-Peps você sabe onde está o...

Olhamos em direção a quem falava e vimos o Tony parado na entrada da sala, ele parecia surpreso.

Eu imediatamente fiquei apreensiva, eu ainda não estava pronta pra isso, bastou só eu olhar na cara dele para descobrir esse fato.

Calma, se acalma, tá tudo bem, é só não sair correndo.

-O que, Tony?- Pepper chama a sua atenção que parece o acordar de um transe.

-Hum, deixa pra lá.- seus olhos saem dela e se voltam para mim rapidamente.- Kelly, fico feliz em ver você.

Ok, aquela frase me pegou de surpresa, eu não estava preparada para receptividade vindo dele.

Como fiquei sem resposta apenas desviei o olhar e dei levemente de ombros.

Pepper se aproximando ainda mais de mim, percebendo meu nervosismo, e eu não exitei em esconder meu rosto no ombro dela me sentindo pequena e constrangida diante dessa situação.

-O que estão assistindo?- tiro a cabeça do ombro da Pepper e o assisto vir até o sofá e se sentar do outro lado dela.

-As patricinhas de Beverly Hills.- conta sorrindo, Pepper parecia estar feliz por ele ter se juntado a nós.

E eu não devia estar com medo ou coisa do tipo, quer dizer, ele acabou de dizer e estava feliz em me ver, e também chamou a viúva negra ontem. Esse tipo de coisa era o suficiente para uma segunda chance de reaproximação, não é?

O clima acabou ficando meio estranho, durante o filme Pepper me deixou ficar encostada nela, o que foi bom para acalmar meus nervos. A ruiva continuou fazendo seus comentários durante o filme e isso me deixou a vontade para fazer os meus também, até Tony teve participação, na maioria das vezes reclamando sobre as decisões das protagonistas.

Foi o momento mais "família" que eu tive em toda a minha vida.

O filme acabou e eu me desencostei dela me espreguiçando um pouco.

-Está com fome querida? Já é hora do jantar.- Pepper perguntou mexendo em seu celular.

Soltei um murmuro positivo enquanto observava as imagens das capas de vários filmes passarem já que o controle estava na mão do Tony e ele estava escolhendo um filme.

-Vou pedir sushi, pode ser?- vira seu olhar para mim e acenei positivamente.- Ótimo.- se levanta de onde estava sentada e eu desespero.

Ela vai sair e me deixar sozinha? Com o Tony? Ah não, eu não estava preparada para isso.

-Ajude o Tony a escolher um filme, nada de filmes onde naves caem no espaço.- lança um faço olhar cortante para Tony que levanta as mãos em sinal de rendição, antes que a ruiva saia da sala.

Traidora! Me deixou aqui sozinha.

Fixo meu olhar em qualquer coisa que não seja o homem mais velho, desde a minha tentativa de aproximação, não trocamos nenhuma palavra um com o outro, e sinceramente não sei se era isso que eu queria, mesmo sabendo que ele estava tentando melhorar por mim.

-Kelly?

Fico tensa, ele estava a uma distância considerável de mim, mesmo assim era como se sua voz ecoasse alta e rente ao meu ouvido, trazendo péssimas lembranças.

-Kelly?- chama novamente e dessa vez eu o olho, rapidamente, pois senti meus olhos se encherem de lágrimas e eu não queria chorar.

Olho em direção ao chão, mas solto um murmuro sinalizando que estava ouvindo.

Posso ouvir um suspiro pesado saindo dele, porém logo ele começa a falar.

-Eu quero me desculpar pelo que eu disse aquele dia, nunca foi minha intenção te deixar daquele jeito...

Fico ainda mais tensa pelo pedido de desculpas, isso mexeu comigo de uma maneira bastante abalável. Eu queria acreditar que esse pedido era sincero, porém ainda tinha medo de ser machucada por ele.

-Porque... porque você falou comigo daquele jeito?- consigo tomar fôlego para fazer a pergunta, mas não gostei de como minha voz soou sofrida.

Olho para ele procurando a resposta em seu rosto. Ele parece contrariado e coça a barba de um jeito incomodado.

-Me desculpe.- peço rapidamente e desvio o olhar com medo de ter irritado ele.

-Falhar como pai, é umas das maldições dos Stark.- ele começa a falar e isso atrai meu olhar novamente.- não peça desculpas, a culpa é totalmente minha, desde o começo de tudo, a culpa sempre foi minha.

Posso notar o quanto isso afetava ele, e começo a me sentir culpada pelo simples fato de ter nascido, não era para eu estar aqui.

-Escuta, isso é... é difícil para mim...- tenta gesticular.- eu quero me aproximar de você, juro que sim, quero te conhecer melhor e recuperar todo o tempo perdido! Mas... eu...

Ele tinha uma expressão sofrida enquanto falava, dava para ver o quanto aquilo era difícil para ele, desde formar a palavra em seu cérebro a fazê-la sair de sua boca.

-Eu sou um idiota, e segundo minha terapeuta, eu tenho uma bagagem de traumas não resolvidos.- confessa e solta um suspiro que parece ser de alívio.- Eu estou dando o melhor de mim para mudar, te garanto que aquele tipo de coisa nunca mais vai acontecer e quero te pedir uma última chance.

Eu o encarava nos olhos, meu coração palpitava e meus olhos se encheram de lágrimas. Eu podia sentir a verdade em cada palavra dele, e isso fez algo se acender dentro de mim, algo que eu não tinha a muito tempo, esperança. Agora eu entendia sobre o poder da verdade, que o doutor Hazel sempre falava.

Acabo soltando um sorriso, um sorriso verdadeiro. Limpo rapidamente a lágrima que escorreu.

-Eu... eu aprecio seus esforços, de verdade.- digo de forma tímida e relutante.- Mas eu também tenho uma bagagem de traumas não resolvidos, então se importa se... se formos devagar?

Olho para ele em expectativa e amoleci de alívio ao ver um sorriso surgindo em seus lábios.

-Devagar e sempre, não é?- estende sua mão fechada para mim de forma lentanta.

Apreciei o ato que deixou claro que sua intenção não era me bater.

Estendo meu punho fechado para ele também e conecto o breve soquinho. Esse foi nosso primeiro contato, e diferente do que eu achava, eu não estava incomodada com isso.

-Já escolheram o filme?- Pepper aparece sorridente com uma sacola nas mãos.

-Ainda não.- Tony murmura pegando de volta o controle da TV ao mesmo tempo em que Pepper volta a se sentar entre a gente.

Tony ia passando os filmes enquanto Pepper ia distribuindo as bandejinhas de plástico com os sushis.

-Espero que goste.- Pepper entrega o meu e eu agradeço sorridente.

Eu dificilmente não gostaria.

-Podemos ver esse?- pergunto quando Tony passa por um filme que chama a minha atenção.- psicopata americano.- confirmo quando eles olham para mim confusos.

Apesar da cara de Pepper dizer que ela não gostava desse tipo de filme, ela fez questão de confirmar e dizer que Tony poderia colocá-lo. Não foi preciso dizer mais nada para ele, que colocou o filme sorridente e murmurou algo sobre não querer outro filme de menininha.

O jantar ocorreu bem, fingi não notar que no meu prato tinha mais peixe do que nos deles e fiquei entretida com o filme, que era ótimo inclusive.

O filme acabou e posso ouvir um bocejo alto dos adultos ao meu lado. Era compreensível, já era noite, porém eu não estava com nenhum pouco de sono.

Pepper começa a juntar as coisas do jantar e ao tentar ajudá-la ele nega e diz que eu deveria ir para a cama.

-É que... eu não estou com sono, teria problema se eu ficasse mais um pouco?- odiei me sentir invasiva com essa pergunta, mas tudo que eu poderia receber era um não.

Diferente do que eu imaginava, Pepper abre um sorriso doce.

-Claro que pode querida, só não vá dormir muito tarde, ok?- se aproxima me dando um beijo na testa.

-Ok!- digo contente para a mulher que me lança uma piscada antes de se virar para sumir de vista.

-Enfim...- Tony pigarreia e me entrega o controle da tv.- boa noite, Kelly.

Ele se aproxima, e fico incomodada com isso então me afasto. Me repreendo no mesmo segundo, eu ainda não estava pronta para ter contato com ele, mas sua intenção era boa então porque não...

-Tudo bem, eu entendo.- ele diz, fazendo meus pensamentos intrusivos se afastarem.- Um dia a gente chega no abraço, não é?- pisca para mim enquanto estende o punho fechado.

Sorridente, estendo o meu também e trocamos um soquinho rápido. Estava feliz por ele ter me entendido.

Logo ele também some de vista, me deixando completamente sozinha na sala.

Um documentário sobre assassinos em série chamou a minha atenção, e eu vejo ele até meia noite, onde eu decido me deitar para não acordar tarde.

Quando chego no meu quarto, solto um suspiro, eu ainda estava mentalmente cansada, porém sem nenhum pingo de sono.

Lembro do meu celular e solto um gemido de frustração por ele ter parado de funcionar completamente. Pelo menos já tinha uma desculpa para usar o que a Pepper arranjou para mim sem parecer interesseira.

Um pouco hesitante, pego o celular novinho em folha e o analiso. Era muito mais caro do que tudo que tenho, teria que tomar o dobro de cuidado com ele.

Ligo o celular e começo a mexer nele, o configurando ao meu gosto. Até que me lembro do papel com o número da Cléo, não sabia se ela ainda estava acordada mas não custava nada mandar uma mensagem para salvar o número dele.

You:
Hey Cléo, Kelly aqui.

Para a minha surpresa a resposta não demorou muito.

Cléo:
Kelly!!
Que bom que me chamou!
Queria muito ter notícias suas!
Cheguei a perguntar para o doutor Hazel, mas ele não me deu muitos detalhes.
Como você tá?
Tudo bem?
Já pediu um carro pro seu pai?

As mensagens chegaram uma atrás da outras, conseguia até imaginar ela escrevendo tudo em um só fôlego.

You:
Estou bem apesar de ter acontecido umas coisas meio...
Enfim, eu e Tony não tivemos um bom primeiro contato, na verdade ele despertou um gatilho em mim na primeira vez que nos vimos.

Cléo:
Sinto muito:(

You:
Bom, já passou.
Hoje ele disse que estava tentando melhorar
por mim sabe...
Estamos tentando ter uma boa relação agora.

Cléo:
Isso é ótimo.
Logo logo vocês estarão tendo uma relação invejável de pai e filha!

You:
Não sei se um dia chegaremos a esse ponto.
Mas admiro muito a sua positividade.

Cléo:
Tente ser positiva também!
Não é fácil sempre ter que pensar positivo, mas é melhor do que sofrer com pensamentos pessimistas.

You:
Tem razão.
Vou tentar ser mais positiva o possível.

Cléo responde as mensagens com vários emojis fofos e eu não prendo um sorriso com isso. Eu ainda me martirizava por ter sido colega de quarto dela durante dois anos e nunca ter tentado uma aproximação, acabei perdendo dois anos de uma amizade que poderia ter feito muito bem para mim.

Em todo caso, agora eu e ela nos comunicamos muito bem, não é atoa que fiquei até tarde com ela no telefone antes do meu sono finalmente vencer a batalha.



Beberam água hoje?

Mais um capítulo aqui para vocês!

Sentiram a vibe mais leve? Pois bem, a evolução da nossa personagem está acontecendo, glória!

Finalmente a Kelly saiu daquela crise depressiva e teve até uma interação com o Tony.

Desculpem os erros se tiver, sem tempo para dar uma boa revisada.

Até o próximo com mais emoções.~

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