Domingo era o dia preferido de Pepper Potts, era um dia em que não precisava se preocupar tanto com a empresa e poderia acordar um pouco mais tarde para fazer sua caminhada matinal junto com seu noivo que tinha a terrível mania de ficar horas e horas trancado na oficina.

Mas como nem todos os domingos podem ser bons, a senhorita Potts teve que fazer sua caminhada matinal sozinha enquanto Tony ficava trancado na oficina, pois segundo o que ele disse:"estou trabalhando em algo incrível que não pode esperar."

Ao chegar em casa depois da sua caminhada, comprimentou Happy rapidamente e pegou as cartas e correspondências do dia às levando junto de si pra dentro de casa.

-Jarvis! O Tony já tomou café?-pergunta assim que pisa dentro da mansão.

"Ainda não, senhorita Potts."

-Então diga ao Tony que se ele não estiver aqui em menos de um minuto vou arrastá-lo pelas bolas.

"Agora mesmo."

A ruiva caminha despreocupada em direção a cozinha, deixando as correspondências na mesa para olhar assim que pegasse sua xícara de café.

-Olha só quem resolveu aparecer para o café.- diz sorridente assim que ouve passos apressados atrás de si.

-Tive escolha?- o homem pergunta com seu típico tom sarcástico.

A ruiva apenas ri do noivo recebendo um olhar falso de indignação e logo após lhe dá um beijo casto como comprimento.

Assim que sua xícara de café está em mãos, a ruiva passa a analisar as correspondências vendo se alguma era relacionada à compra de ferro recente. Mas após passar alguns papéis nada interessantes, um chama a atenção.

Remetente: Orfanato Santa Madrinha.

Curiosa para saber o porquê de uma correspondência vir de um orfanato ela o abre imediatamente.

Ao desdobrar o envelope encontra dois papéis grampeados. E o que ela lê no primeiro papel não poderia ser mais chocante.

"Teste de paternidade: POSITIVO.

DNA de Kelly Torres Compatível com Anthony Edward Stark."

Ela olha o papel, estática. No papel de trás havia uma cópia da ficha do orfanato no qual continha algumas informações da garota, inclusive uma foto, e ao notar uma certa semelhança entre ela e Tony seus olhos ficam ainda mais arregalados.

-O que foi peps?- Tony perguntou ao notar a expressão da mulher.- Teste de gravidez?- pergunta em tom zombeteiro.

Ainda estática a mulher estende os papéis para ele, que os pega com um olhar interrogativo.

Ao ler o que está escrito seus olhos se arregalam e sua expressão fica igual ao da mulher ruiva a sua frente.

-Você tem uma filha.- Potts é a primeira a quebrar o silêncio.

-Isso... isso é...- Tony tenta dizer enquanto revezava seu olhar entre o teste positivo e a ficha da garota.- isso não é possível.

-Sinceramente Tony, impossível não é, né?!- diz em um tom raivoso.

-Mas eu sempre me cuidei, eu sempre...

-Precisamos entrar em contato com o orfanato!- Pepper declara sem dar atenção ao que o noivo diz.

-Não Pepper, ela não é minha filha!- diz jogando o papel de lado com raiva.- Não é possível que ela seja minha, porra, eu não quero uma filha!

-O teste está aí, a ficha está aí, olha pra garota Tony! Ela é sua filha!- Potts diz levantando seu tom com ele.

-Esse teste obviamente é falso! Não tem como eles terem o meu DNA.- argumenta sobrepondo a voz da mulher.

-Esse exame foi feito naquele laboratório no qual te atenderam da última vez, pode conferir!- a ruiva diz no mesmo tom, vendo Tony levar seus olhos ao papel e sua expressão ficar ainda mais irritada.- Você não pode negar isso Tony!

Tony suspira em uma tentativa de conter os nervos, mas falha miserável ao jogar a xícara de café na parede mais próxima, fazendo com que o ato assustasse sua noiva.

-Tony...- Pepper chama cautelosa.- A menina está em um orfanato, você é tudo que ela tem. Sei que ser pai não é o que você queria agora, ainda mais de uma adolescente, mas você não pode fugir da responsabilidade, isso não é certo.- diz em um tom baixo e sensível, tentando fazer com que ele se acalme.

O Stark absorve as palavras de Pepper e sem dizer mais nada ele pega os papéis e sai da cozinha deixando a ruiva para trás.

-Jarvis! Tudo sobre Kelly Torres.- Tony pede assim que pisa na oficina.

Apesar de ter a ficha da garota em mãos, confiava muito mais em sua tecnologia que era capaz de hackear qualquer informação.

"Kelly Torres é filha da modelo latina Mariana Torres, pai não encontrado. Quem fez seu registro de nascimento foram seus avós Augusto e Maria Torres, no qual ficaram com a garota por sete anos até que a mãe da mesma a colocou em um orfanato que é onde ela vive até hoje, atualmente com seus 15 anos."

A voz mecânica de Jarvis ecoa enquanto mostra vários registos em holograma.

-Mariana Torres...- Tony testa o nome em sua voz, basta isso para que se lembre perfeitamente da mulher.- Droga!

Anos atrás, estava em sua fase de pegar o máximo de mulher que conseguia, e quando viu Mariana naquela festa, usando um vestido colado que realçava todas as suas curvas que tinha de sobra, não conseguiu se segurar, ficou louco pela mulher. Eles passaram uma semana inteira juntos em Cuba, que era onde a mulher morava.

Depois disso ela apareceu grávida, ele se ofereceu para pagar o aborto e uma quantia alta para que ela nunca mais falasse disso, não era a primeira vez que fazia isso e todas antes dela aceitaram o dinheiro. Porém a mulher disse que poderia muito bem abortar sem a ajuda dele, e que não precisaria se preocupar porque ele nunca mais teria que saber da vida dela.

Ele só não imaginava que a mulher iria ter a criança e a esconderia dele por 15 anos.

-Mais que inferno!- diz em um suspiro alto jogando a cabeça para trás em sua cadeira.- Devia ter conferido...- suspira novamente se arrependendo do passado.

O homem volta a olhar a ficha da garota, a foto era um pouco antiga, ela parecia ter 12 anos.

O Stark queria dizer que aquela não era sua filha, mas se lembra de ter feito sexo com a mãe dela sem camisinha, várias vezes inclusive, a idade da garota batia, o teste de DNA deu positivo e olhando bem pra garota, mesmo que se parecesse mais com a mãe, ela tinha algumas de suas características.

-Onde Pepper está?- Stark perguntou alto o suficiente para que Jarvis soubesse que era com ele.

"Ainda na cozinha, em uma ligação com o orfanato Santa Madrinha. Quer que eu a chame?"

-Quero que me diga o número de Mariana Torres.- sua noiva estava resolvendo a situação de sua filha e ele iria se resolver com a mãe dela. Precisava de respostas.

Segundos depois, Jarvis diz o número para Stark que o anota rapidamente em seu celular, após alguns segundos chamando a ligação é atendida.

-¿Diga?- uma voz em espanhol familiar comprimenta.-¿Quién habla?

-Uma filha Mariana? Sério isso?- Questiona tentando conter sua raiva.

-Stark.- diz com a mesma calma em que atendeu a ligação.- esperava nunca mais ouvir sua voz.

-Você disse que iria abortar! E o que acontece? 15 anos depois me aparece uma menina!- sua irritação era quase palpável.

-No dije que iría abortar, dije que poderia abortar sem sua ayuda.- seu sotaque forte e sua voz calma causavam ainda mais raiva no Stark.

-Eu não estou brincando Mariana!

-Está bien, yo ya abortar, mas meus pais são muito conservadores, me encheram o saco, então tive a criança e dei para eles cuidarem.- explica com uma voz que parecia ser pesarosa.

-E porque ela está em um orfanato agora?- Questiona fazendo com que a mulher do outro lado da chamada soltasse um suspiro triste.

-Yo no queria lá criança, e não poderia deixar mais com meus pais, eles não a tratavam bien, então a tirei de Cuba e a levei para Califórnia, para o melhor orfanato que conhecia, posso ser uma hija de puta, mas não soy um monstro, então a deixei lá, foi melhor assim.

-Porque não me contou?- apesar de ainda estar bravo, seu tom de voz era calmo, queria manter a paciência, pois tinha muitas perguntas.

-Tú nem querías una hija, iria fazer o quê?- perguntou sarcástica.

-Eu tinha o direito de saber!

-Ahora tu sabe, vai fazer o quê?- volta a perguntar no mesmo tom, porém a demora por uma resposta faz com que ela solte uma risada nasal.- você vendia armas, era peligroso, arrogante e um tremendo cafajeste, você mesmo se ofereceu para pagar o aborto da criança, pensa bem, o que iria fazer con la chica?

Naquela época Tony Stark era tudo o que ela disse e mais um pouco, queria dizer que faria sua parte como pai, mas provavelmente seria um pai ausente que tentaria preencher sua ausência com dinheiro e presentes, ou seja, não seria um bom pai, o que faria a garota o odiar ou coisa do tipo.

Após longos segundos de falta de resposta a mulher toma a palavra novamente.

-Olha, sou uma mulher muito ocupada, não me interessa o que iria ou o que irá fazer, nem mesmo como descobriu que ela existe, só não me encha mais com esse assunto!- após dizer isso ela desliga a chamada sem deixar espaço para que o homem responda.

Tony fica ainda mais revoltado com essa situação ainda mais por não ter suas perguntas mentais respondidas, e desconta sua raiva em seu telefone, o jogando contra a parede mais próxima, fazendo com que o aparelho se quebre e em vários pedaços.

Ao se recompor, ele nota em um reflexo Pepper escorada no batente da porta com os braços cruzados.

-Preciso de um celular novo.- diz sem dar muita atenção para a mulher, voltando a mexer no que estava trabalhando mais cedo.

-Entrei em contato com o orfanato, marquei a visita para amanhã.- conta enquanto se aproximava do noivo.- era com a mãe da Kelly que estava falando né?

-Sim.- admite em meio a um suspiro.- ela nunca quis a menina, e pra falar a verdade também não quero.

-Tony!- Pepper o repreende.- Você é o pai dela.

-Pai é quem cria Pepper, e eu nunca conheci ela, nunca estive com ela em momento algum! E ela nem deve saber que eu sou o pai dela, sinto que é bem melhor assim, eu seria péssimo pra ela.- desabafa diante da pressão que sentiu derrepente.- pra ser sincero eu fiquei puto com a Mariana por ter escondido ela de mim, mas ela fez isso com razão, eu seria um péssimo pai e não sei se seria um pai melhor agora, acho que é melhor que ela continue lá.

-Não diga isso, você não sabe o que é ficar em um orfanato, apenas esperando a maioridade para te jogarem no mundo, completamente sozinha.- o repreendeu novamente.- Ainda dá tempo de conhecer ela Tony, dá tempo de você participar da vida dela, ela tem apenas 15 anos, você pode ter deixado de viver as primeiras conquistas, mas ela ainda está começando a vida, faça parte disso!

-Não sei Pepper, eu não estou pronto...

-Eu te conheço Tony, confie em mim quando digo que você seria um ótimo pai.

-Eu vou tentar, ok?- diz se dando por vencido, arrancando um sorriso mínimo da noiva.

Aquilo não era exatamente a resposta que queria, mas Pepper deixaria passar por enquanto, sabia que era o máximo que tiraria de Tony, e não a nada que o tempo não resolva.

-Vou arrumar o quarto para ela, espero que ela goste de roxo.- Pepper muda o assunto mais animada agora.- Quer participar desse momento?

-Não, tenho trabalho para fazer.- nega voltado para o que estava fazendo antes.

A ruiva resolve deixá-lo sozinho por um tempo. Sabia que Tony precisava organizar seus pensamentos e que estava nervoso com tudo aquilo, até porque não é todo dia que se descobre pai de uma adolescente.

Tony era uma boa pessoa, mesmo que não estivesse pronto ele tentaria, e isso bastava para fazer o coração de Pepper ficar mais calmo.