🄾🄽🄴
Nesse mundo, não existe vítima e agressor, somente vítimas. O mundo em que vivemos se resume em vítimas vítimas e vítimas agressores. Os agressores também serão vítimas, independente da situação, haverá sempre alguém para torná-lo 'vítima', e é nesse tipo de ação que geramos a sociedade é para os grandes. Não importa que tipo de agressor você seja, se tiver influência, você será uma vítima. Nosso planeta agora é assim, criando regras em cima de custos financeiros, trazendo a glória para os grandes e a derrota para os menores. Não existe Davi e Golias, há somente Golias. Talvez a sociedade deve ter se acostumado a esse tipo de situação, por isso não lutamos contra, ou somente somos forçados a permanecer calados? Talvez sejamos assim mesmo, já ouviu falar que não existe mais pessoas inteiras? Antigamente, quando alguém fazia algo ruim, aquela pessoa era somente má e acabou-se, pronto, esse era seu decreto. Sem mais, nem menos. Hoje em dia uma pessoa não é má, ela é quebrada. Não existe mais pessoas inteiras, todos tem algo que nos faz ser maus e não é por isso que sejamos realmente o vilão. Certo?;
Vocês ainda acham que existe alguém inteiro com intenções maléficas? Acham que existe alguém inteiro? É difícil saber das intenções do mundo agora, tudo parece tão incerto. Segundo a lei de Darwin, devemos nos adaptar ao ambiente para sobreviver. Os fracos morrerá, e os fortes sobreviverá. Estamos em uma selva, uma verdadeira selva. Voltamos para a era das cavernas? Talvez sim, mas agora estamos conscientes. Para aqueles que não tem forças para enfrentar essa gigante selva arrebatadora, eu aconselho a se levantar, não há protetores nesse mundo, você é a sua própria proteção. Pisar, ou deixar pisar em você. Aqui vocês irão acompanhar como eu fui pisada, como eu deixei pisarem em mim... as vezes, não temos escolhas, ou temos? Quem devemos culpar? O mundo, ou a nós mesmos? Espero que saibam à resposta.
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⎯ Lee Chaeryeong ⎯ Minha mãe bate pela terceira vez na porta ⎯, já não avisarei mais, se levante logo, está atrasada!.
Finalmente decido abrir os olhos, relutante. Me levanto devagar, sentindo o cansaço e o sono pesarem sobre o meu corpo. Caminho cambaleando até o banheiro, me encaro no espelho vendo uma versão derrotada de mim, a de sempre.
Meus cabelos castanhos ruivos bagunçados ⎯ De alguma forma, nasci ruiva. A única da família a conseguir isso. ⎯ Os olhos, bochechas e lábios inchados, meu pijama de cerejas rosa claro com manchas de chocolate. Eu pareço um porco que foi atacado por 50 abelhas.
Retiro toda a roupa e amarro o cabelo, ligando o chuveiro sinto a água gelada cair sobre o meu corpo fazendo meu abdômen arder. Ao encará-lo, avisto o bendito hematoma. Aquilo me fazia lembrar do ocorrido de ontem, o que acontece sempre, todos os dias, todas as horas, todos os minutos e todos os segundos. Se eu não estou cansada disso? Sim, estou, quem não estaria. Mas o que eu deveria fazer, se até falar me dói.
Depois do banho visto o uniforme da escola e após pentear o cabelo eu o faço permanecer amarrado. Pego minha mochila e vou até a cozinha.
⎯ Terminei. ⎯ aviso aos meus pais já comendo na mesa junto de meu irmão.
⎯ Finalmente, pensei que iria apodrecer dormindo naquele quarto. ⎯ Hwichan fala intrometido como sempre.
⎯ Você não é diferente no seu quarto.
⎯ Sou sim meu anjo, eu trabalho! ⎯ Ele fala com orgulho, já que depois de anos conseguiu um emprego.
⎯ Eita CEO de empresa. ⎯ Ele revira os olhos. ⎯ Baixa a bola caixa de supermercado.
⎯ Esses anos todos criando, trocando a frauda, fazendo a mamadeira...⎯ Ele fala a mesma frase de forma dramática como sempre.
⎯ Eu já vou se não irei me atrasar. ⎯ Bebo um pouco de água.
⎯ Atrasada você já está. ⎯ Belisco o braço do meu irmão mais velho como punição pelo seu comentário e saio correndo para fora.
Hoje é mais um dia, mais um dia de... dor. Ao pisar do lado de fora da casa, meu rosto se fecha de uma vez e uma lágrima ameaça cair. Está tudo bem Chaeryeong, você consegue, só mais um dia, só mais um dia.
Como sempre o ônibus estava lotado, mas pelo menos ninguém peidou e eu não entrarei na escola fedendo a cigarro axila a semanas sem saber o que é um desodorante ou água com sabonete.
Já é um bom começo de dia.
Mesmo já sabendo o que me espera.
Ao parar em frente a aquele meu presídio particular, eu respiro fundo, juntando todo o ar em que podia. Senti meus ossos travarem e pontadas em meu corpo, logo um pequeno enjoo. Talvez meu corpo esteja me alertando. Se seu corpo faz esses tipos de coisas em lugares sem você entender, fuja.
Caminho a passoa lentos e hesitantes, o corredor estava cheio, como sempre. Risadas, falas altas, sussurros, sapatos gritantes, respiração, perfume, tudo adentrou minha mente, respiração, oufato e visão naquele momento. Era uma perfeita combinação da morte. Aquilo tudo me faziam querer colocar todos os meus órgãos para fora.
Ao abrir o meu armário vejo uma montanha de lixo cair dele. E mais uma vez... folhas, terra, copos descartáveis, um líquido verde não identificável, casca de banana, resto de maçã... quanta coisa dessa vez. Retiro o que restava dos meus livros para aquele dia e suspiro. Mais um dia Chaeryeong, mais um dia.
Adentro minha sala e logo avisto Jung Dajeong, a única que teve coragem de se aproximar de mim, sem medo de ser afetada.
A loira é muito expressiva e extremamente fofa, com um sorriso de Coelho, covinhas e eye smile. Uma completa apaixonada por estampa xadrez.
Ao me ver ela acena rapidamente.
⎯ Bom dia! ⎯ Ela abri os braços em total felicidade. Como ela consegue?.
⎯ Oi. ⎯ Falo calma sentando a sua frente.
⎯ Adivinha! ⎯ Ela puxa minha cadeira para mais perto.
⎯ Qual é a fofoca? ⎯ esqueci de avisar que ela é uma completa fofoqueira.
⎯ Ei! Eu não sou fofoqueira, sou coletora de informações. ⎯ Finjo interesse ⎯ Vamos para o assunto que importa: Chegará um novato!.
⎯ Novato? No meio do ano?.
⎯ Sim! Será que ele é bonito? É alto? Tem covinhas? É loiro também?.
⎯ Você não era apaixonada pelo Chu Jimin? Aliás, acabou de descrever ele. Menos na parte do "alto".⎯ Ela suspira.
⎯ Sonhar é de graça. ⎯ Ela se desbrucha em sua cadeira.
Logo a nossa professora de Coreano Jihyo entra na sala acompanhada de um garoto realmente alto e bonito, mas não era louro e sim moreno e parecia não ter covinhas.
⎯ Turma, esse é Nishimura Riki, ele veio do Japão recentemente para morar aqui. Por favor, o recebam bem. ⎯ A professora aponta para as duas cadeiras vazias, uma ao meu lado e a outra do lado de Dajeong que no caso sentava atrás de mim.
Ao se aproximar mais Dajeong acena animada para ele como se o conhecesse, ele mesmo confuso acena de volta e senta ao meu lado.
⎯ Você o conhece? ⎯ Sussurro para ela.
⎯ Não. ⎯ Ela da uma pequena risada.
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Ocorreu tudo bem, até agora. Nos sentamos em uma mesa em que Dajeong havia encontrado mas ao nos sentarmos todos que haviam lá saíram. Dajeong fez careta para eles e começou a comer. Eu particularmente não gostava daquilo, eu odiava. Sabia que Dajeong gosta de fazer várias amizades e de ter muitos amigos mas por minha causa... todos se afastam dela. Imagino se ela não tivesse virado minha amiga naquele dia, ela estaria melhor.
⎯ O novato é tão fofo, como será ele falando em Japonês?. ⎯ dou de ombros, pensativa. ⎯ Ali está ele, vou chamá-lo para ele sentar com a gente.
⎯ Daj-... ⎯ Tento impedi-la mas já era tarde demais, ela já havia gritado por ele e ele estava vindo. Mais um não...
⎯ Oi! Riki, certo?.
⎯ Sim, mas pode me chamar de Ni-ki, bem mais fácil. ⎯ Ele fala simpático.
⎯ Que legal! Eu me chamo Dajeong mas todos me chama de uleoso. ⎯ Ele faz careta estranhando.
⎯ Uleoso? O que é isso?.
⎯ Urso. É que é meu animal preferido e eu sou como um Urso! ⎯ Ela infla suas bochechas ao falar urso.
⎯ Ah sim ⎯ ele sorri desajeitado.
⎯ E essa é Chaeryeong, ela é quietinha assim mesmo, não ligue.
⎯ Seu cabelo é muito bonito. ⎯ Forço um sorriso.
⎯ Não é mesmo!? Ela foi a única da família a nascer com esse cabelo, bem coisa de dorama. ⎯ Ele balança a cabeça chocado.
⎯ Eu preciso ir ao banheiro. ⎯ me levanto rapidamente e começo a andar em passos largos.
Não é que eu não estava gostando da conversa ⎯ A da qual eu não participei ⎯ é que eu havia avistado quem não deveria, e ela havia me notado também.
Ao entrar no banheiro vou para a última cabine e me tranco lá dentro. Me segurando nas paredes em cima do vaso sanitário.
Escuto a porta abrir com força, como se quase tivesse sido arrancada. Essa ação violenta, so pode ser ela. Droga.
Passos fortes e rápidos adentraram o lugar, três pares de pés, todos vindo em minha direção. Aos poucos, cada porta de cada cabine era escancarada, a procura de algo. Ou melhor, eu.
Naquele momento já estava soando frio, meu coração quase saindo pela boca, um nó em minha garganta e as benditas lágrimas. Por que diabos não consigo ficar sem chorar um segundo!?
Sinto como se minha pressão estivesse baixa, como se a pressão do ar estivesse tentando me explodir. Meu corpo estava quente, minha visão embaçada, minhas pernas trêmulas. Minha mente so fazia repetir a mesma palavra "socorro".
Quando acho que chegaria em mim, meus olhos já fechados prontos para receber qualquer ataque, elas param. Uma voz soa alto e eu não pude entender direito, logo passos rápidos foram sumindo. Deixo a respiração em que estava segurando se soltar. E lentamente vou abrindo a porta, volto a respirar novamente assim que vejo o local vazio.
Vou até à pia e lavo meu rosto. Tudo bem Chaeryeong, passou, não aconteceu nada, não aconteceu nada. Tento parar os tic-tac do meu corpo para que eu possa andar para fora.
Dajeong manda uma mensagem avisando que estava na sala pois já ia tocar. Respiro fundo mais uma vez e caminho até a sala, olhando todo o lugar com atenção.
O resto do dia foi tranquilo e agradeço muito por isso. Fiquei preocupada em ver seus rostos? Fiquei. Mas não podia demonstrar na frente de Dajeong e principalmente de Ni-ki, são inocentes demais para saber de tais coisas.
Me despeço dos dois e vou para casa mas antes passo no banheiro, preciso trocar meu absorvente. Infelizmente mulheres tem que passar por isso.
O troco tranquilamente mas escuto o trinco da porta do cubículo em que estava fechar, por um momento meu corpo para mas logo percebo o que está acontecendo ao escutar a risada de Yujin. Meu corpo inteiro arrepia e meus olhos ardem.
⎯ Desculpa, não sabia que tinha alguém. ⎯ sua voz saia provocante. ⎯ Não consegui te dizer hoje mas sabia que está cada vez mais feia? Não? Ainda bem que agora sabe. Sabe Chaery querida, existe plásticas, por que não tenta? Sua gorda imunda.
Minhas pernas começam a tremer e meu coração acelerar, um líquido é jogado por cima da porta em mim. Por um momento pensei que seria água mas o cheiro forte de álcool preencheu todo o local. Droga, é Soju.
Escuto os passos e risadas sumirem. Elas me deixaram aqui. Todo o meu corpo tremia e eu não parava de chorar, tentava me controlar mas não conseguia, meu corpo estava fora de controle.
Batia forte na porta mas não conseguia abrir. O que eu faço? O que eu faço?.
Pego meu celular e ligo para o meu irmão mas ele não atende. Não posso ligar para Dajeong, não posso. Para quem eu posso pedir ajuda?!.
Tento me controlar e pensar melhor. Subo em cima do sanitário e tento passar por cima da porta. O resultado foi uma queda muito bonita, mas pelo menos consegui sair
⎯ com o pé dolorido mas consegui.
Abro a porta e vou caminhando em passos lento por conta da dor até a saída da escola. Ao sair percebo que já estava anoitecendo. Chegarei bem tarde em casa.
Enquanto mancava pelo caminho a noite ia caindo e a minha vontade de chorar aumentando. Tudo bem Chaeryeong, você consegue.
Ao entrar em um local vazio me sinto observada mas não podia aumentar os passos. Pego meu celular e ligo mais uma vez para Hwichan. O que ele está fazendo que não está me atendendo! Ele sempre atende na hora. Hwichan por favor, eu estou com medo.
Sinto algo puxar minha bolsa me fazendo cair no chão. Logo uma pessoa encapuzada tenta tirar o celular da minha mão e minha bolsa. Puxo com mais força, tentando o máximo possível não o deixar levar mas acabo sendo assaltada. Ele sai correndo com minhas coisas e eu tento correr atrás mas caindo no chão novamente com dor. Droga!
EU ODEIO ESSE DIA! EU ODEIO!.
Consigo chegar em casa, tudo estava escuro, meu pai e irmão devem estar dormindo. Não devo encomoda-los. Simplesmente entro e vou até meu quarto encontrando meu irmão na janela.
Ele me encara e suspira, logo se jogando para me abraçar.
⎯ Me desculpa Chaery, meu celular estava descarregado então não atendi. Tentei ligar para o seu celular quando ele carregou um pouco mas você não atendeu. Você nunca chega tarde e pelo seu estado...
⎯ Desculpa. ⎯ Acabo chorando. ⎯ Perdão por dar tanto trabalho.
⎯ Não! Não diga isso... nunca diga isso. Você não tem culpa de nada. Eu estou aqui, ok? Irei te proteger, não se preocupe. ⎯ Ele acaricia meu cabelo e eu sinto meus olhos pesarem. Acho que vou... dormir.
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