015
CAPÍTULO QUINZE
tic... toc... tic... toc.
3ª temporada, episódios 11 e 12
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A IMAGEM MENTAL de uma mão ensanguentada a assombrava à noite.
O flashback se repetiu em sua mente como uma fita de vídeo, uma e outra e outra vez. Ela finalmente ficou frustrada com isso e se virou na cama - mais uma vez. A única coisa que foi capaz de acalmar sua mente e impedi-la de se jogar da janela foi o tique-taque rítmico do relógio.
Tic... Toc... Tic... Toc...
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— Dra. Grey, gostaria que você ficasse com o Sr. O'Malley esta semana. Yang, pit. Karev, Sloan. — Os seis internos tinham acabado de terminar suas rondas e estavam indo em direções diferentes enquanto Bailey os atribuía com seu trabalho. — Lawrence, prepare Heather Douglas para a cirurgia. Stevens, você está seguindo Lawrence.
A dupla assentiu e caminhou em direção ao quarto da garota. — O'Malley, você tirou o resto desta semana de folga? — Perguntou Bailey. George assentiu com a cabeça e o residente continuou: — Poderia muito bem tirar hoje também. Passe algum tempo com sua família.
— Dra. Bailey, conforme as coisas progridem com meu pai... Você sabe, às vezes nós, com as famílias, nós os mimamos e adoçamos as coisas. — George prefaciou. — Ajudaria se você fosse direto comigo à medida que as coisas progridem.
— Ok.
— Obrigado. — George sorriu e foi embora.
Norah bocejou enquanto descia o corredor com Izzie andando ao lado dela. — Você quer prepará-la? — Perguntou a primeira.
— Sério?
— Sim, estou te dando uma chance. Você está reclamando? — Norah arqueou uma sobrancelha para ela, — Apenas tente não matá-la enquanto você faz isso.
Izzie fez uma careta para a morena, revirando os olhos. — Isso não é engraçado.
— Nunca disse que era. — Norah deu de ombros.
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Tic... Toc... Tic... Toc...
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Norah se sentou em uma cadeira no posto das enfermeiras enquanto procurava o prontuário de Heather Douglas. Ela o tirou da gaveta e começou a lê-lo enquanto girava em círculos na cadeira com um café na mão.
Addison, que estava de pé ao lado dela, olhou para a estagiária com curiosidade. — A rotação ajuda?
— Estou usando uma força centrípeta para injetar sangue no meu cérebro. — Respondeu Norah, embora não respondendo à pergunta da atendente.
— Isso não faz sentido.
— Eu sei.
Mark saiu do elevador, encharcado da cabeça aos pés, parecendo chateado. Alex tinha um sorriso suspeito no rosto enquanto caminhava até o atendente de plástico, entregando-lhe um café. — Cappuccino seco como osso. — Afirmou o estagiário.
— Pelo menos algo está seco por aqui. — Reclamou Mark. — Alguma vez para de chover neste buraco do inferno?
— Na verdade, não.
— Ótimo. Bom saber. — Mark tomou um gole do café e quase cuspiu instantaneamente. — Que diabos é isso, Karev? Baunilha? — Ele gritou. Vários olhos se voltaram para ele, e o estagiário em questão parecia bastante satisfeito consigo mesmo. — Você está tentando me envenenar? Ou você está apenas tentando tornar meu dia um pouco pior?
— Mark. — Addison dirigiu-se, mas o cirurgião plástico presente apenas lhe poupou um olhar.
— Carrinho de café deve ter estragado. — Alex deu de ombros. Norah ficou impressionada com a ousadia de sua ação; Mark, no entanto, estava menos do que divertido enquanto caminhava até o estagiário.
— Você sabe, se você não pode lidar com café, você não pode lidar com plásticos. — Alertou. — Talvez você devesse voltar para o esquadrão gynie onde a vida era toda rosa e mole.
Norah suspirou e se levantou de sua cadeira, segurando o prontuário do paciente debaixo do braço enquanto alcançava o atendente. Mark virou-se para olhá-la enquanto ela caminhava ao lado dele; seu humor mal-humorado pareceu suavizar quando ela o cutucou com o café em sua mão.
— Você parece precisar mais do que eu. — Disse ela.
Ele a encarou duvidosamente, mas ela já havia trocado o café em suas mãos. — Veja, eu não sei o que te deixou com tanto mal humor, e eu realmente não tenho interesse em saber. — Ela baixou a voz, — Mas, uh, tente não estalar no meio do saguão... Você sabe?
O atendente assentiu e tomou um gole do café, sentindo o gosto familiar descer pela garganta. — Como você sabe o meu pedido de café? — Ele perguntou surpreso.
— Acontece que temos o mesmo pedido. — Ela deu de ombros. Ela tomou um gole de sua xícara, e seu rosto imediatamente franziu a testa com o gosto. — Oh Deus, isso tem gosto-
— Repugnante.
— Tem gosto de merda. — Ela balançou a cabeça em desgosto.
Ele riu e cutucou o ombro dela com o cotovelo. — Obrigado pelo café, Laurie.
Ela sorriu e começou a se afastar. — Só não me coloque a seu serviço!
Ele observou até que ela desapareceu de sua vista, a xícara de café quente ainda em sua mão. Enquanto ele continuava andando pelo corredor, ele logo percebeu que o sorriso em seu rosto se tornou mais difícil de apagar do que antes.
Oh não...
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Tic... Toc... Tic... Toc...
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— Por que você está chorando? — Norah perguntou ao entrar no vestiário, olhando para a estagiária loira, que estava rapidamente enxugando as lágrimas em seu rosto.
— Eu depositei... O cheque... Esta manhã. — Izzie falou entre soluços.
— Você está chorando porque seu cheque de oito milhões e meio de dólares está agora na sua conta bancária, cobrando juros enquanto falamos? — Norah se apalpou mentalmente. — E eu pensei que estava ficando louca.
— Eu queria usar o dinheiro... Para fazer o bem. — Afirmou Izzie. — Algum de bom tem que vir do dinheiro.
Norah ergueu uma sobrancelha para ela. — Então vá fazer o bem. — Afirmou a morena, como se estivesse afirmando o óbvio. — Pare de brincar e provar que você não é mentalmente instável.
Izzie zombou, balançando a cabeça fracamente. — Eu não entendo por que você me odeia tanto, Norah. — Ela se virou para olhar para a outra estagiária, — O que eu fiz com você?
O que você fez comigo? Norah sentiu vontade de socá-la no rosto. Eu não sei, talvez sua decisão estúpida e irracional tenha me levado a ter pesadelos no meio da noite? Ela deu alguns passos para se afastar quando Izzie agarrou seu braço.
— Você disse que podemos coexistir pacificamente.
— Sim, coexistir. — Enfatizou Norah, puxando seu braço para longe do aperto da outra. — Não significa que eu tenho que gostar de você.
— Por que?
A morena respirou fundo e depois soltou. — Porque sua decisão irresponsável levou a mais danos do que você imagina.
— Você acha que eu não sei disso - Denny está morto!
Ela abriu a boca para falar, mas acabou apenas suspirando e se afastando. Como alguém evolui para um idiota desses?
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Tic... Toc... Tic... Toc...
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As quatro mulheres se encostaram no posto de enfermagem enquanto olhavam na mesma direção - o pai de Meredith, que estava falando ao telefone. Eles observaram Thatcher andar de um lado para o outro na sala de espera, falando e gaguejando.
— Como estou relacionado com aquele homem? — Meredith questionou. — Quero dizer, olhe para ele. Ele é uma bagunça. — Elas viram Thatcher balançar o braço com muita força e derramar seu café em todos os lugares. — Quero dizer, ele é um desastre. Um desastre gaguejante, resmungando e desajeitado com quem não tenho absolutamente nada em comum. Nada.
Norah, Cristina e Izzie se entreolharam com as sobrancelhas levantadas, achando graça da afirmação da amiga. — Eu odeio dizer isso a você, mas... — Izzie riu.
— O que?
— O jeito nervoso que você fala... Na verdade, você é muito parecido com ele. — Norah deu de ombros.
— Não, eu não sou!
— Além disso, essa coisa bagunçada. — Acrescentou Cristina.
— Você é a bagunçada. — Meredith argumentou de volta.
— Não, não, não. Meu apartamento está bagunçado, meu armário está bagunçado, mas eu não estou bagunçada. — Defendeu Cristina, e Norah concordou com a cabeça. — Às vezes você tem tipo... Comida e outras coisas no cabelo.
— Band-aids em seu rosto. — Acrescentou Izzie antes de olhar para a outra estagiária. — Ainda posso ver aquela marca daquela tira de nariz que você estava usando ontem à noite.
— Você está em um relacionamento sem palavras. E você é uma milionária em sapatos de 20 dólares. — Meredith repreendeu as duas antes de se virar para Norah. — E você-
— E eu? — A morena zombou de suas palavras, esperando uma resposta.
Meredith bateu palmas e apontou para ela. — Você tem Sloan dando em cima de você!
Norah ficou surpresa com sua declaração. — Sinto muito... O quê? — Ela gaguejou, piscando para as três que compartilhavam um acordo mútuo.
— Você é a única estagiária que ele já havia solicitado pessoalmente em seu serviço. — Apontou Cristina.
— E você não precisa pegar a lavanderia dele. — Acrescentou Izzie, — Ou café... Ou almoço.
— Somos amigos, — afirmou Norah, — apenas amigos.
As outras três internas se entreolharam e deram de ombros. — Claro.
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Norah estava ao lado de Callie na sala de cirurgia, onde Derek e Callie estavam operando a coluna de Heather; eles estavam tentando cortar uma parte dele e substituí-lo por uma lombada de metal.
— Perfure, — o neurocirurgião pediu, — outro parafuso, por favor.
A cirurgia estava indo bem e, graças à doação de Izzie, Heather conseguiu fazer a cirurgia quando a companhia de seguros se recusou a cobrir seus custos médicos, alegando que a cirurgia era muito experimental. Agora, a loira estava sentada na galeria com um olhar azedo no rosto.
— Uh, Dr. Shepherd, você poderia prosseguir sem mim? — Callie perguntou de repente.
Derek olhou confuso para a residente. — Você está brincando comigo? Esta é a sua cirurgia, Torres. — Quando a residente se atrapalhou com suas palavras, Norah seguiu o olhar de Callie na galeria, onde Meredith tinha acabado de sair depois de George, e agora Cristina estava seguindo o exemplo.
— Esta é a sua cirurgia. — Declarou Derek. — Você quer partir?
— Eu estou... Eu não... Mas, sim. — Callie gaguejou, — Sinto muito. Se estiver tudo bem, eu preciso ir embora.
Quando Derek assentiu, confuso, Callie passou as ferramentas em suas mãos para Norah e saiu da sala de cirurgia. — Dê-me algumas esponjas, por favor. — O neurocirurgião pediu novamente. — O que está acontecendo? — Perguntou a estagiária.
— George saiu correndo da galeria. — Respondeu Norah, cansada. — É o pai dele.
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Tic... Toc... Tic... Toc...
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— Sloan! — Alex chamou enquanto alcançava o atendente. — Dr. Sloan - cappuccino seco. Eu os vi fazer desta vez, então sem erros.
Mark continuou andando, ignorando o estagiário. Alex ainda estava acompanhando o atendente de perto enquanto ele continuava balbuciando: — Ei, notei que você tem uma rinoplastia reconstrutiva no quadro hoje, e eu realmente gostaria de esfregar, se possível.
O cirurgião plástico parou em seus passos e virou-se para o estagiário. — Você tem trabalhado com Addison esta semana? — Ele questionou.
— Sim, senhor. Trabalhando... Trabalhando muito. Muito duro. Trabalhando. — Alex gaguejou.
— Ela parecia... Ela está infeliz?
— Oh, cara. Ela é horrível. Ela está me torturando. — Afirmou Alex. — Eu realmente tenho que ficar longe daquela mulher. Ela é completa e totalmente 100 por cento miserável.
Mark assentiu, — Bom. — Ele pegou o café da mão do estagiário e começou a se afastar.
— Então, posso entrar?
— Não.
Alex jogou os braços no ar enquanto observava o atendente caminhar até outro estagiário no posto de enfermagem.
Mark se aproximou de Norah por trás e ficou ao lado dela. Ele a observou rabiscar palavras em gráficos e folhear as páginas; sua fúria de dentro parecia ter se extinguido.
— Pare de sorrir para mim assim. — a bufou, virando-se para ele enquanto colocava a caneta de volta no bolso de seu jaleco branco. — O que você quer?
Ele estalou a língua com um sorriso. — O que eu quero? Vamos ver-
— Ei - estritamente amigos, lembra? — Ela o cortou, enviando-lhe um olhar sem graça.
— Ok. — Ele assentiu com um sorriso. — Eu tenho uma rinoplastia reconstrutiva esta tarde. Você quer entrar?
Ela arqueou uma sobrancelha para ele; seus olhos azuis esperavam uma resposta, de preferência um acordo. — Não. Estou no Neuro hoje.
— Você esteve em Neuro a semana toda.
— Ainda bem que você sabe do paradeiro, mas a menos que queira arriscar outro soco na cara, estou a serviço de Derek pelo resto da semana.
Ele suspirou e balançou a cabeça. — Você é impossível, Laurie.
Ela sorriu presunçosamente de volta para ele. — Já me disseram.
— Por que você fez isso?! — A voz de George soou no saguão, e os olhos de todos se voltaram para ele. Norah observou enquanto ele caminhava até o posto de enfermagem, de frente para Webber. — Por que você fez isso quando viu que o câncer se espalhou?!
Bailey caminhou até ele. — George.
— Ele perguntou a você, certo? — Ele zombou, — Ele pediu para você fazer isso não importa o quê?
— Temos que honrar os desejos de nosso paciente. — Afirmou Webber calmamente.
George caminhou até eles, balançando a cabeça. — Você disse que seria honesto comigo. — Ele olhou para Bailey com um olhar de traição; a residente também se sentiu culpada. — Ele poderia ter vivido por semanas ou meses. Nós poderíamos ter passado meses com ele. — Ele disse fracamente, — Minha mãe - ela poderia ter passado meses com ele!
— Ele queria uma chance de lutar contra o câncer, George. — Tentou Webber. — Foi a escolha dele.
— Ele não sabia! Você sabia! — O estagiário gritou, uma expressão de dor surgindo em seu olhar. Ele olhou entre o chefe e a residente com lágrimas subindo pelos olhos enquanto sentia suas entranhas vazias e ocas.
— O'Malley está gritando com o chefe? — Mark questionou, e Norah o cutucou com força nas costelas. — Ai-
— Você não deveria ter feito isso... — George cerrou os dentes, — Você não deveria ter feito isso!
— Seu idiota insensível. — Norah zombou de Mark. — É o pai dele, seu idiota. — Enviando-lhe um olhar sem graça, ela passou pelo atendente e saiu correndo. — George-
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Tic... Toc... Tic... Toc...
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— Então você está dizendo que está visitando Seattle antes de seu exame? — Norah perguntou pelo telefone. Ela estava sentada dentro de seu carro enquanto longas gotas de chuva respingavam do lado de fora.
— Sim, Nor. Você me conhece, eu preciso de um senso de aventura antes dos exames - isso me estressa pra caralho!
Ela franziu as sobrancelhas e colocou o telefone no viva-voz enquanto ligava o motor do carro. — E seu alívio do estresse é voar para a Costa Oeste dois dias antes do seu teste?
— Sim.
— E você vai ficar?
— Uma noite.
— Inferno, você finalmente perdeu.
A pessoa suspirou pesadamente do outro lado do telefone. — Você está me deixando ficar na sua casa ou não?
Ela pegou o telefone novamente e o colocou perto de seu ouvido. — Eu não acho que 'não' seja uma opção - espere, eu ligo de volta em um momento.
Várias batidas vieram do lado de fora da janela do lado do passageiro do carro. Ela se abaixou para ver Mark parado na chuva e rapidamente destrancou o carro para ele entrar. Ele se sentou no banco do passageiro, suas roupas encharcadas.
— Você está molhando meus assentos, Sloan. — Ela murmurou e encerrou a ligação, guardando o telefone. Ele não respondeu.
Os dois ficaram em silêncio enquanto a chuva continuava caindo do lado de fora. Norah observou as gotas no para-brisa descendo até o fundo como se ela fosse uma criança de seis anos novamente.
— Eu teria sido um pai terrível, não é?
Ela franziu a testa com as palavras dele, e ele virou a cabeça para ela com um olhar angustiado no rosto. — Por que você diria isso? — Ela questionou.
— Eu sou um prostituto. Eu durmo. — Afirmou. — Eu não estaria lá para o meu... Filho.
— Mas uma criança é alguém com quem você tem uma conexão profunda, alguém que você ama. — Ela discordou. — Você faria qualquer coisa por seu filho porque... Eles são sua carne e sangue - eles são um mini-você. Você iria querer o melhor para eles. — Ela franziu a testa, — Até que você não possa fornecer a eles o melhor, eu acho... É por isso que os centros de adoção existem.
— Oh... Me desculpe. — Ele falou, mas ela acenou para ele.
— Meus pais adotivos são ótimas pessoas, e eu ainda tive uma infância bastante decente. — Ela deu de ombros. — Um brinde a eles por isso.
Mark assentiu em silêncio. — Addison e eu terminamos. — Ele declarou, seu tom seguro. — Nós terminamos. Ela não me quer, e ela deixou bem claro.
Norah estreitou os olhos com as palavras dele. — Então você está de volta no rodízio de enfermeiras, então? — Ela sorriu quando ele franziu as sobrancelhas para ela. — Você é um assunto quente entre as enfermeiras - se você não perceber.
Ele a encarou por um momento antes de sorrir. — Não.
— Bem, se você diz.
Ele riu, balançando a cabeça. — Você poderia dirigir até a esquina ali? Meu carro está ali. — Norah assentiu antes de virar a esquina e parar bem na frente de seu carro para que ele pudesse entrar convenientemente.
— Ei, Sloan? — Ela gritou, e ele se virou para ela antes de abrir a porta do carro. — O futuro é imprevisível, mas você seria um pai incrível um dia. Eu acredito nisso.
Ele sentiu uma sensação de calor em seu peito enquanto um sorriso crescia em seu rosto. — Obrigado, Laurie. — Com um sorriso malicioso surgindo, ele rapidamente bagunçou seu cabelo e imediatamente correu para fora de seu carro antes que ela pudesse atacá-lo.
Norah se arrependeu levemente de não tê-lo chutado na chuva.
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