Me sento no sofá, pegando o meu celular com a câmera aberta e apontando para o meu lado esquerdo, me gravando enquanto canto a música que toca no fundo.

Quando termino fico olhando por uns bons minutos, até decidir postar e voltar a responder as mensagens.

"Já arrumei a casa. Podem me ligar agora". É o que eu escrevo para a Cindy e London, amigas da Elle.

Passo o meu olhar pelo o local e ele está um total de zero arrumada, mas elas não precisam saber que o que estava ocupando o meu tempo era gravar vídeos para rede social.

Estou triste e com saudades da Elle e da Hera, então é isso que eu faço pra passar o tempo.

Não faz nem vinte e quatro horas que a minha vizinha pegou a minha gata de volta e eu já sinto que estou enlouquecendo. Quando digo que me apeguei aquela felina, eu não estava brincando.

— Você usa algum tipo de droga? — a loira de cabelos cacheados, London, perguntou assim que atendi a ligação em vídeo.

Já estou no meu quarto, sentado na minha cadeira gamer e com o celular apoiado no computador. Relaxei na cadeira, com os braços cruzados.

— Espero que você não nos meta em problemas, ok? Amo a Elle e por isso estou fazendo esse sacrifício. — a de cabelos escuros falou.

Fui atrás delas pra me darem uma forcinha com a Elle, já que a Maddy não me ajudou em merda nenhuma. Porém, não sou de julgar grávidas e seus esforços.

— E vai colocar uma roupa. — a loira ordena e eu ri.

Não estou pelado, porém sem camisa e com a minha calça moletom.

— Certeza que ele está biscoitando pro Tik Tok, viu as últimas postagens dele? — Cindy olhou pra amiga.

— Está me stalkeando, Cindy? Espero que pelo menos esteja mandando os vídeos pra minha Ellezinha. — digo, enquanto visto a minha camisa em respeito às mesmas.

— Sim, meu passatempo favorito é te ver passando vergonha, mendiguinho. — sorriu ironicamente e eu mostrei o meu dedo do meio.

— E não, eu não uso nenhum tipo de droga, London. — respondo a sua pergunta do início, olhando para a loira.

— Você usa sim! Pra roubar a gata da Elle, só pode ter se drogado. — a cacheada afirme e eu semicerrei o olhar. — E qual é a nossa missão?

— Fique sabendo que irei cobrar bem caro, porque só de citar o seu nome, corremos risco de morrer.

— Pode me dar um fardo de cerveja que ficarei feliz.

— Credo, parece que eu matei alguém. — Relaxo o meu corpo, apoiando a minha cabeça no encosto. — Só peguei a Hera emprestada…

— Mendiguinho, vá direto ao ponto. — a morena pediu, impaciente.

Desvio o meu olhar dos seus, que estão me encarando como se eu fosse contar um plano para roubar um banco. Tudo bem que qualquer palavrinha com a Elle é perigoso…

É foda porque eu realmente achei que quando eu explicasse do porquê eu estava com a sua gata, ela ficaria de boa comigo… mesmo sendo uma explicação meia boca e sem explicação.

Pior que eu entendo, se fosse ao contrário, eu ficaria muito puto.

Não gosto de mentiras, mas tive que mentir porque eu estava me sentindo solitário e queria me aproximar mais da Elle… E eu nem ia ficar com a gata, isso aconteceria por alguns dias, mas eu fiquei muito apegado a ela.

Todas as tentativas de devolvê-la falharam.

Eu sinto falta dela. E faz tipo, horas, que estou longe da minha gata. Tenho certeza que a Hera está sentindo também a minha.

Sabe o que é pior? Esse é o momento que eu, literalmente, mais preciso da Elle. Não estava contando em nossa "amizade" acabar antes de resolver esse problema.

— Preciso que vocês convençam a Elle a sair comigo. — digo com naturalidade e no mesmo momento, elas começam a rir olhando uma pra outra.

— Cê tá brincando, né!? Tipo, eu sei que viemos aqui ajudar e tal… mas eu achei que era pra ir com calma, começar a falar bem de você e essas coisas. — Cindy disse pra mim. — É impossível fazer ela sair com você assim de cara.

— Você sabe que a resposta será "não", né!? Não precisa nem tentar falar. — a loira respondeu. — A Elle prefere pular de um prédio do que ter qualquer contato com você.

— Isso é um caso de vida ou morte. — me inclino, olhando-as preocupado. — Ou então, qualquer uma de vocês precisa aceitar ser minha namorada de mentirinha. — elas riram novamente.

— Tu está piorando a situação, Hacker. — London, continuou rindo. — As duas opções são ruins.

— Por que?

— Meu Deus, como você é lerdo. — Cindy diz, impaciente. — A primeira já é óbvio. A segunda, não saímos com ex 's de amigas.. mesmo que seja de mentirinha. A Elle nos enforcaria se soubesse que saímos com você… por dois motivos!

que motivos?

— Então tentem convencê-la. Será até melhor, porque assim posso beijar aquela linda — sorrio maliciosamente e ela rolaram os olhos. — Saudades dela.

— Olha, sinto muito, mas eu tô bem fora. Entre vocês juntos e a amizade de cinco anos, eu fico com a segunda opção. — Cindy fala e sai da chamada.

Que grossa! Nem parece que ela tentava juntar nós dois disfarçadamente.

— O que você quer pra me ajudar? — continuo na chamada com a London. — Cerveja? Eu dou. O Aaron? Ele é todo seu. — começo a despejar opções.

Ela riu.

— Olha — levanto, pegando o meu celular e indo em direção ao meu guarda-roupa. — Te dou qualquer roupa pra você dormir confortavelmente. Eu sei que as mulheres adoram! — continuo mostrando as minhas roupas e ouço a sua risada.

— Por mais que seja tentador, eu prefiro não aceitar nenhuma roupa do boy da minha melhor amiga. — virei a câmera pra mim. — Mas eu aceito as cervejas.

— Então vai me ajudar? — pergunto, esperançoso e sentindo os cantos da minha boca repuxarem.

Ela assentiu. E eu sorrio.

— Só vou fazer isso porque você a faz bem, mesmo tendo essa atitude burra. — me sentei na cama e continuei olhando pra ela. — E eu também gosto de você.

— Eu te amo, London. Eu te amo pra cacete! — falo altamente animado, relaxando as minhas costas no calção.

— Vê se não faz mais merda, ok? E nem irrita mais a coitada. — ela pede e eu assinto.

— Mas eu preciso ver a Hera. Será tão ruim ir na casa dela pra isso? — ela balança a cabeça positivamente. — Ela não irá me matar, irá?

— Você quer tentar a sorte?

Eu já devolvi a gata, então, acho que ela não está mais TÃO puta quanto antes.

Tento a sorte?

saudades dessa bravinha.

Respondo positivamente para a London e desligo a chamada, indo até a minha cômoda e borrifando perfume por todo o meu corpo.

Saio do meu apartamento e paro no dela, pensando por longos segundos se realmente tento a sorte em aparecer na frente da fera.

Dou três batidas na porta. Como todas as outras vezes.

Agora não tem mais volta.

Enquanto a porta não se abre, peço a Deus para me proteger, pois tenho uma família e amigos que me amam muito, juntamente com uma afilhada chegando pra dar amor e carinho.

a porta se abriu.

— Não tenho açúcar. — é a única coisa que ela diz quando me vê e tenta fechar a porta logo depois da fala.

Boto o meu pé no meio para evitar que ela consiga.

— Não quero açúcar. — digo, ela continua com a porta entreaberta. Tiro o meu pé e espalmo a minha mão, empurrando para dentro e tendo uma visão melhor da morena. — Pode me ajudar?

— Com o que? — falou sem ânimo.

A Hera apareceu no meu campo de visão, abaixei-me e peguei a gata no meu colo, dando beijos.

— Olá, bebê. Que saudades de você. — sussurro, acariciando o seu pescoço e escutando o seu ronronar.

Elle se aproximou e tirou a felina no meu colo, colocando-a para dentro e trancando a porta depois de sair.

Cruzou os braços e me olhou seriamente.

— Ela sente saudade de mim, sabia? — rolo os meus olhos e a garota dá de ombros.

— O que você quer, Vincent?

Olho fixamente para o seu rosto. As olheiras são visíveis e a mesma parece estar exausta. Ela se recostou na porta e levantou a cabeça com os olhos fechados.

Suspirou audivelmente.

— Pode me ajudar a gravar um vídeo? — ela riu, negando com a cabeça sem acreditar no que saiu da minha boca. — Não vai cair a sua mão.

— Mas vai gastar o meu precioso tempo. — sorriu sem forças. — Só isso? Tenho um monte de currículos pra mandar.

— Te dou dois dólares. — sorrio largo.

— Vou te falar onde você irá enfiar esses dois dólares. — ela virou-se para abrir a porta e eu me aproximo do seu corpo.

Agarro os dois lados de sua cintura e colei a minha frente em suas costas. Ouço a sua arfada com a minha ação e a virei novamente para os nossos olhares se encontrarem.

Passo o meu polegar em sua bochecha depois de afastar uma mecha fina de seu cabelo e assento o resto de meus dedos na lateral de seu pescoço. Continuo admirando os seus olhos amendoados e castanhos, descendo o meu olhar para seus lábios projetados.

— Vinnie… me deixa em paz. — pediu, com a voz embargada e abaixou o seu olhar, logo os fechou apertando-os. — Por favor! — disse baixinho.

Um nó se instalou na minha garganta.

— Me perdoa, por favor? — encosto a minha testa na sua e fecho os meus olhos. — Eu sei que fiz merda. Eu sei que não deveria ter pego a sua gata e escondido todo esse tempo. Eu sei que te magoei com essa ação besta e burra. Mas eu sinto muito. Nunca foi a minha intenção te magoar, eu juro.

Mesmo com o pensamento que tudo isso é um "exagero", eu super entendo o seu sentimento. Eu sei que não é só pelo fato de eu ter pego a sua gata e sim por ter traído a sua confiança.

Eu fui um babaca, imbecil, burro e várias outras coisas, por ter tido a cara de pau de ajudá-la a procurar a Hera, ter ficado perguntando sobre a gata e sabendo que a mesma estava o tempo todo ao meu lado. Comigo. Em frente ao seu apartamento.

Não pensei nas consequências. Só me deixei levar e eu me arrependo, porque estava construindo uma relação ótima com a Elle.

Respirei fundo. E ela fez o mesmo. Seu olhar se abriu e encontrou-se novamente com o meu.

Elle, levou a sua mão ao meu peitoral e me empurrou levemente, afastando o meu corpo do seu.

Olhei para o chão.

— Cadê o seu celular? Onde quer gravar? — olhou para o lado com os braços cruzados.

— Você não me respondeu. — digo.

— Você vai querer a minha ajuda pra gravar o seu vídeo ou não? — me olhou. Eu assenti. — Onde quer gravar, Vincent?

— Pode ser no seu banheiro? Da última vez me deu muitos likes. — ri baixinho e ela virou, abrindo a porta e dando espaço para eu entrar.

Fácil assim?

Entrei e ela fechou novamente a porta. Entreguei o meu celular pra ela, depois de abrir a câmera com a música escolhida.

Não sei o que fazer. Nem vim aqui pra gravar vídeo, isso só foi mais uma desculpa pra ter assunto pra falar com ela.

Tentei explicar o máximo possível a ideia que eu nunca tive do vídeo, ela assentiu dizendo que não entendeu nada, mas tentará mesmo assim.

Fico em frente ao espelho e posiciono as minhas mãos na barra da minha camisa, levantando para cima e retirando-a. Olho para a Elle e noto a mesma mordendo levemente o lábio, segurando um sorriso enquanto olha para o meu celular.

Mas ela desfez a expressão quando percebeu o meu olhar pra ela.

Neguei com a cabeça e andei até a mesma, pegando o celular da sua mão.

— Que foi? — perguntou, confusa.

— Preciso só do seu banheiro.

Ela semicerrou os olhos e os rolou logo depois, se desencostando no batente da porta.

— Cinquenta dólares pelo aluguel do meu banheiro limpo. — é a última coisa que diz antes de sair do meu campo de visão.

Ri sozinho, me virando novamente para o espelho e começando a gravar.

Quando terminei, peguei a minha camisa, colocando-a sobre o meu ombro e saindo do cômodo, indo até a morena.

— Rápido. — comentou, passando um pano no balcão.

— Ah, queria pedir mais uma coisa. — digo, andando até ela e a mesma parou o que estava fazendo, me olhando com o cenho franzido. — Posso passear com a Hera algum dia desses?

— Só quando você aceitar que o nome dela é Petrova.

Eu ri, negando com a cabeça.

— Mas ela prefere Hera. — cruzo os meus braços.

— Não mesmo.

— Quer tentar a sorte?

— Não.

— Por que sabe, né!? Tenho certeza que ela não te atende por esse nome horrível. — ergo a sobrancelha, com um sorrisinho vitorioso em meus lábios.

— Por sua culpa. — saiu de onde estava e se direcionou até a porta. Ela a abriu. — Já acabou de se amostrar no meu banheiro?

— Você não me respondeu… de novo! — continuo parado, ela olhou para o lado e respirou fundo, voltando a me olhar. — Posso ou não?

— Irei pensar. Agora tchau, Vincent Hacker. — apontou para fora, indicando que eu saísse.

Elle sendo Elle.

Antes de passar pela porta e sair de sua casa, deixo um beijo bem rápido em sua bochecha, dando um sorrisinho e quase arrancando um seu.

Uma hora ela irá ceder.

calmo, calmo. aos poucos
vielle vai voltando 🐷💕🗑️

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si não, vai seguir pô. posto
algumas coisinhas lá sobre
as fics. o link está na bio.