É só uma gata, Elle. Não é pra tanto. É só uma gata, Elle. Não é pra tanto. Essa frase vaga pela minha cabeça, me torturando.

Nem ferrando que ele disse isso.

Três dias. Três dias que eu praticamente não saio de casa pra não ter que trombar com ele. Três dias que eu penso na minha gata e evito ir atrás nesse momento.

Minha cabeça está lotada. Meu psicológico está ferrado. E queria eu, que tudo isso fosse apenas pelo meu vizinho, o cara que eu estava começando a curtir, ter praticamente roubado a minha gata.

Eu estou bem no fundo do poço e a cada minuto ou dia que se passa, alguém fecha um pouquinho a tampa dele, me deixando numa completa escuridão.

Ainda não consegui arrumar um novo emprego e tudo que me falavam sobre a faculdade é verdade: ela não te dá um passe livre para arranjar um emprego. É só mais uma formação. Dificilmente você consegue um na própria área que cursa e por isso, terei que optar por qualquer um… de novo, porque eu tenho contas a pagar.

Eu sabia que morar sozinha teria que resolver os meus próprios problemas, mas eu tô odiando tudo isso.

Tiro os meus óculos e fecho o notebook. Respiro fundo com os olhos fechados e peço para Deus que me dê forças, porque está difícil aguentar tanta merda acontecendo ao mesmo tempo.

Coloco o aparelho ao meu lado, no sofá, e me levanto indo até a geladeira, pego a minha garrafinha de água e dou um gole, conferindo os meus alimentos. Estou quase zerada, na geladeira e no armário.

Merda!

Me apoio no balcão e encaro o chão. A Petrova era pra está ali.

Vinnie, Vinnie. Por que você fez isso?

Bom, mas não estou com raiva, eu só estou decepcionada… muito decepcionada com ele.

Não esperava e nunca cogitei a possibilidade dele estar com a minha gata, se apossando de um jeito como se fosse dele.

Só queria pegar a Petra no colo e dizer que estava morrendo de saudades. Mas não posso fazer isso nesse momento, terei que ficar mais um pouquinho longe dela.

Não sei o que dói mais: O fato dele mentir e ainda ajudar a procurá-la, me fazendo achar a sua "preocupação" a coisa mais linda do mundo. Ou ele ter feito pouco caso da minha dor.

Ela nunca será só uma gata. E pra ele roubar-lá, deveria saber disso.

Mentiras, mentiras e mais mentiras. Quando irei me envolver com uma pessoa cem por cento verdadeira? Eu sou uma azarada do cacete pra homem. Por que tanto castigo, Deus?

sem emprego, sem gata e sem uma pessoa verdadeira ao meu lado.

estava tudo bem… eu estava feliz. Me joguei em seus braços por completo e é isso que eu recebo? Que porra, Hacker!

Foda-se. Foda-se essa merda. Foda-se a porra do Vincent Hacker e todos os outros homens. Eu vou buscar a minha gata.

não é pra tanto… Haha, imagina se eu pego uma das coisas que ele mais gosta no mundo e me finjo de doida? Sorte dele que o mesmo não tem nenhum um bicho de estimação. Mas também, eu não teria essa coragem.

Saio do meu apartamento parando no da frente e bato na sua porta, com as duas mãos e com toda a minha força, despejando a minha raiva na madeira.

— Aí! — um resmungo sai de sua boca. Me dei conta que a porta já tinha sido aberta e acertei o seu rosto. Ele levou a mão ao local. Cruzo os meus braços, com o semblante sério. — Tudo bem que eu mereço, mas são oito horas da manhã.

Ele está com a cara amassada de sono, parece que acabou de acordar. Sem camisa e vestindo apenas uma calça moletom.

Porra, que lindo. Foco, Electra.

Continuo com os braços cruzados e sem nenhuma expressão, ainda olhando fixamente para ele. Os elogios sobre a sua beleza pairam pela minha mente.

Que inferno, ein.

— Bom dia, minha linda. Dormiu bem? Já tomou o seu cafezinho? — ele sorri falsamente e eu me seguro pra não esboçar um sorriso.

Idiota!

— Não sou sua linda. — digo firme, ele desfez o sorriso aos poucos. — Vim buscar a minha gata.

— Ela não está. Foi fazer uma visita para a nossa afilhada.

Respirei fundo e coloquei a mão na cintura quando escutei um miado.

— Eu quero a minha gata, Vincent. Não vim aqui pra bater papo e muito menos ficar olhando pra sua cara. — falo rude, desviando o meu olhar do seu.

A última coisa que eu queria era ser grossa. Eu odeio falar dessa maneira com ele e está sendo muito difícil. Vinnie, infelizmente, se tornou uma pessoa importante pra mim.

Ele me fez sentir-se a melhor pessoa do mundo nos piores momentos.

— Mas eu quero conversar, Elle. Me deixe explicar melhor, naquele dia estávamos de cabeça quente e fomos pegos desprevenidos. — ele se aproxima. — Podemos, por favor?

— Explicar o que? Que você roubou a minha gata, me enganou e mentiu pra mim esse tempo todo? — dou um passo pra trás. — Eu estou cansada, Vincent. Só quero a minha gata. — cruzo os meus braços e olho para o chão.

Eu queria tanto abraçá-lo e escutar a frase: "vai ficar tudo bem! Eu estou aqui." saindo de sua boca.

Que porra, Vincent. Que porra!

— Elle, por favor! — seus dedos tocam o meu braço e eu olho fundo para os seus olhos. Engulo seco e implorando para que nenhuma lágrima escorre pela minha face.

— Você tem dois minutos. — digo, desviando o olhar dele. Mas antes, pude notar um sorrisinho nascer em seu rosto.

Ele me chamou pra entrar e eu o fiz. No momento em que coloco os meus pés no seu apartamento, a Petrova surge à minha volta. Me abaixei, pegando-na no meu colo.

Acaricio a sua cabeça, pescoço e queixo, dando beijos na mesma e sussurrando tudo que eu queria dizer.

— Pode falar, Vincent. — peço, notando o silêncio no local.

Ele está parando na minha frente, olhando para Petrova e pra mim.

— Fique sabendo que o nome dela é Hera. Ela prefere assim. — confirmou e eu rolo os meus olhos. — Quer café? — eu nego, desviando o meu olhar pra cozinha e vendo louças sujas.

Espio disfarçadamente o local e está levemente bagunçado. Faz tempo que não o vejo assim.

— Já se passaram mais de dois minutos, Vincent.

— Será que dá pra parar de me chamar assim? Parece que está brigando comigo.

— Não.

Ando até o sofá e me sentei, colocando a Hera.. Petrova, ao meu lado. Mas não demorou muito para eu me levantar com a mesma.

Estou inquieta.

Pensando aqui, eu transei com o cara que roubou a minha gata… Que merda!

Tudo bem que já fiz isso com piores, por exemplo, o meu ex namorado que tinha mulher e filha sem eu saber… Mas cacete, Vinnie roubou a minha gatinha.

Desfoco a minha visão, levando todos os meus pensamentos para bem longe e ouvindo a voz do Vinnie cada vez mais distante.

— Elle? — seu corpo aparece no meu campo de visão e eu balanço a minha cabeça, deixando-o nítido no meu olhar. — Está tudo bem?

Assinto, mesmo sem estar.

— Principalmente, quero te pedir desculpas por ter pego a sua gata. Eu sei que não deveria ter feito isso. — ele começou a andar de um lado para o outro. — E sei que nenhuma desculpa ou explicação te fará se sentir bem, ou até mesmo fazer-nos voltar a ser o que era antes. — deu uma pausa e me olhou.

Não vai mesmo. Se eu queria algo com ele, acabou no momento em que descobri a sua falcatrua.

— Hum.

— Olha, eu sei que vacilei, fiz merda, te magoei e essas porra todas, mas nunca foi a minha intenção. Eu não peguei a sua gata de propósito, eu ia te devolver, é sério.

— E por que não fez isso no momento em que bati na sua porta te pedindo ajuda pra procurar a Petrova?

— Porque eu sou um idiota. — confessa e passa as mãos em seus cabelos. É mesmo. — Quando a encontrei sozinha e a sua porta aberta, só pensei em levá-la para o meu apartamento. Ok, eu confesso, não iria te devolver no mesmo dia, eu queria ficar uns dias com ela porque não estava me sentindo bem… mas acabou que saiu do meu controle.

— Você não pensou em como aquilo estava me afetando? Você é um egoísta, Vincent. — alterei um pouco do meu tom de voz e rolei os olhos.

Ele suspirou e me olhou com os olhos marejados. Voltou a encarar os chão e exalou.

Vinnie, passou a mão no rosto e virou o seu corpo, ficando de costas para mim e logo, voltou a falar.

— A Hera, me faz bem e eu me apeguei a ela. Ela é uma gata espetacular, carinhosa e consegue deixar qualquer pessoa feliz.

— É Petrova. — corrijo. — Além de roubar a minha gata, ainda muda o nome? Por que você fez isso?

Ele começa a explicar. Falar as mesmas coisas de antes: que o nome que eu coloquei era horrível e a mesma é bonita demais pra receber um nome desse. E por isso, Hera é muito melhor.

Isso me faz ficar irritadíssima. Há muitos outros gatos na rua, em busca de um lar, porque ele não foi adotá-los e colocar um nome que o agradasse?

Aproveito que o mesmo está andando de uma lado para o outro, explicando mais e mais coisas, completamente distraído com a minha presença e corro para fora do seu apartamento com a minha gata no colo.

— VOLTA AQUI, ELLE. — ele gritou quando notou eu saindo de sua casa. — FILHA DA MÃE! — deu um último grito antes de eu fechar a porta.

— Pronto, agora você está com a mamãe, Petrova. — ela mia e tenta sair do meu colo. — Aí, Petrova. — resmungo de dor, quando a mesma me arranha.

Ela sentou-se no chão e me olhou miando. Logo, começou a girar em meu corpo.

Ok, esse show é por eu ter pego ela de volta ou por eu ter chamado-a assim?

Me abaixei a sua frente e a chamo novamente pelo nome, apontando o meu dedo. Petrova bateu com a patinha no mesmo, dando leves arranhões.

— Hera. — digo. A safada cheia e lambe o meu dedo, e começa a rodear o meu corpo.

Me sento ao chão, exausta.

— Eu não vou te chamar assim. Seu nome é Petrova. Fim. — asseguro, jogando o meu corpo para trás e deitando no chão.

Ela sobe na minha barriga e eu a agarro, acariciando o seu corpo e dizendo novamente que eu estava com saudades.

Tudo bem, eu confesso que Hera é bem mais bonito e soa melhor em chamá-la. Mas não vou deixá-lo vencer.

Me levanto, indo encher novamente os seus potes e arrumar a sua caminha. Sorrio contente, por ela finalmente estar em casa.

Direcionei para o quarto. Pego uma roupa e vou tomar um banho, porque preciso ir ao mercado para abastecer o meu armário e geladeira, e aproveitar pra entregar currículo pelas lojas do bairro.

urrullll, 100k de porquinhos
🐷💕 obrigada meus amores.

i agr quero saber pq vcs não me
seguem 😡 cadê a humildade? 😡
não aprenderam nada com a Stassie