O27. elle
3/4.
Estou com medo do quanto Vinnie e eu estamos juntos. No dia que eu fui demitida e ele veio para o meu apartamento, ficamos quase a noite toda juntos; comemos, dançamos, conversamos e também transamos. Mas não dormimos juntos, ele foi para a sua casa.
Completamente estranho o que a gente se tornou sem se tornar. Até há dois meses atrás, eu mal conseguia ficar ao seu lado e agora, estou recebendo os seus abraços e carinhos a todo minuto.
Abraços. Algo que detesto receber, e agora é uma das coisas que eu mais gosto de receber desse loirinho. Eu evitei abraçá-lo até no meu próprio aniversário e naquela vez que eu estava péssima, tinha acabado de ser assediada e descobrir que o Jordan tinha uma família.
Meus dois motivos para abraçar alguém é: Gostar e me importar muito com a pessoa. Ou estar muito mal.
Entretanto, nem sempre estou mal quando abraço o Vinnie.
— Acho que vou ter que limpar a casa de algum vizinho… — fala Cindy no facetime, me posiciono na frente da câmera rindo. — Sei lá né, ultimamente nenhum homem está me fazendo gozar.
— Isso pode ter acontecido porque eu estava com muito tesão e sem muito tempo sem… — sugiro e elas riem.
— Eu sempre estou com muito tesão e isso não acontece. — é a vez da London dizer.
— O mendiguinho é bom mesmo, Elle… — assegurou Cindy e eu voltei para frente do espelho, terminando a minha make. — Queria estar saindo pra comer com um boy.
— Vinnie e eu somos amigos. — explico, ainda tentando colar a merda dos cílios postiços.
— Pois eu quero um amigo pra transar e me levar pra jantar. Será que no tinder eu encontro? — London indaga e eu gargalhei, me desconcentrando e reclamando novamente dos cílios.
— E o Aaron?
— Ele não me chama pra sair. Idiota!
London, começa a se lamentar e Cindy tenta dar conselhos para ela, enquanto eu continuo tentando colar os meus cílios. Dou pulinhos quando consigo e vou me sentar na cama para colocar os meus saltos pretos.
Eu odeio saltos, porém quero ficar chique e elegante. O confortável deixa para o final.
Sei que posso ficar desse jeito com os meus coturnos, botas e tênis, porém, eu estou cansada de usá-los.
— O que acharam? — pergunto, me afastando da câmera para mostrar o meu look completo.
Minhas amigas estão na ligação desde que eu saí do banho. Elas me ajudaram a escolher a roupa e a maquiagem, até os cremes e perfumes que passei.
O meu corpo está coberto por um vestido preto sem alças em vinil efeito látex até o meio das coxas; um sobretudo também preto e longo por cima dos meus ombros; e salto alto com amarração. E os meus cabelos soltos, repartidos no meio, com ondulações nas pontas.
Elas me encheram de elogios e aplausos. Sorri largo e dei mais uma voltinha em frente ao espelho, me olhando pela última vez.
Batidas foram desferidas em minha porta e deduzo que seja o Vinnie, já que ele é o único que faz isso. Desligo a chamada com as meninas depois delas me desejarem boa sorte, pego a minha bolsa e apago a luz do quarto.
No momento em que abro a porta, com um sorriso largo em meus lábios, Vinnie fica paralisado olhando-me fixamente e consequentemente me deixando levemente envergonhada.
Desvio o meu olhar, colocando devagar os meus cabelos para as minhas costas. Respiro fundo e dou um sorriso nervoso, chamando a sua atenção.
Um sorriso fofo repuxa lentamente os cantos de sua boca.
Merda, ele é tão lindo… sorrindo fica ainda mais. Posso dizer que amo o seu sorriso genuíno.
— Você está perfeita… — elogia e eu sorrio tímida, sentindo as minhas bochechas corarem. Não sei reagir a elogios. — Você sempre está. É inacreditável. — me deu mais uma olhada.
Meu corpo incendeia aos poucos.
— Eu te digo o mesmo. — sorri de canto. — Vamos?
Ele assente e pergunta: — Consegue descer as escadas com esse salto ou quer ajuda?
— Eu consigo, meu lindo.
Fecho o meu apartamento.
Ainda sim, Vinnie esticou a sua mão e eu segurei, ele foi descendo cada degrau junto comigo.
Quando chegamos ao térreo, ele parou na minha frente e tirou o fio de cabelo que prendeu no meu gloss, olhou para os meus lábios e depois para os meus olhos.
Não demora muito para abrir a porta do seu carro pra eu entrar e fazer o mesmo em seguida.
O caminho até o restaurante foi um silêncio, não por completo pela melodia que tocava no volume baixo. Passei o caminho todo olhando a paisagem que se passava rapidamente e às vezes, lentamente.
Vinnie me ajudou a sair do carro e depois entregou a chave para o Manobrista. Na entrada do restaurante, ele pousou suas mãos nas minhas costas próximo a cintura, me causando arrepios, mas continuo agindo naturalmente. Ele confere a reserva e a moça nos guia até a nossa mesa, depois de eu deixar o sobretudo no local indicado.
A mesa é em frente a janela, dando uma visão perfeita do lado de fora. Mesmo com as luzes do estabelecimento, tem duas velas sobre a mesa e a iluminação de fora deixa tudo mais bonito.
Vinnie com o seu cavalheirismo, puxa a cadeira para eu me sentar e depois sentou-se na sua, à minha frente.
— Uau. — digo impressionada, analisando cada cantinho do local. — Nunca me levaram a um lugar tão chique. — confessei rindo e arranco uma risada curta do mesmo.
— Opa, que bom que sou o primeiro em alguma coisa. — ressaltou, e gentilmente mostrei o meu dedo do meio para ele.
Fizemos o pedido de entrada, juntamente com um vinho, e o aviso que beberemos no máximo uma taça já que ele está dirigindo.
— Posso te confessar uma coisa? — questiono, depois de dar mais uma olhada pelo o espaço e ver todas as pessoas chiques e elegantes. Ele assentiu. — Achava que você era pobre. — confesso com naturalidade e ele tenta rir baixo.
Prendi o riso. Nossa senhora!
— Não estava esperando por isso. — negou com a cabeça olhando pra baixo e depois voltou a se encontrar com os meus olhos. — Mas por que pensou isso?
— Olha o prédio que você mora. — ele ergue a sobrancelha direita. — A sua casa era um lixo e você mal tinha comida em casa. — explico e ele riu novamente. Qual é a graça? — Tudo bem que suas roupas eram impecáveis de chiques, mas ainda sim, eu achava.
— Eu queria sair da casa dos meus pais e encontrei um apartamento mais barato possível. — se defende. — E eu não gostava de arrumar, ué. Passava a maior parte do tempo com os meus amigos e consequentemente me alimentava lá. Eles não iriam negar um prato de comida.
— Como você paga ele? Não te vejo saindo pra trabalhar.
— Internet. Trabalho com a internet, vendendo algumas coisas e tals. — explica e eu balanço a cabeça. — Mas meus pais tem uma condição boa e fazem questão de me dar uma pensão.
— Only fans? — semicerro os olhos. Ele arregalou os deles e eu gargalhei, recebendo olhares das pessoas. — Você vende o seu corpo na internet, é!? Safadinho! — pego a taça de vinho, bebericando e olhando atentamente para o loiro
— Por que? Quer assinar? — levanta as suas sobrancelhas várias vezes, me olhando maliciosamente.
— Por que eu iria gastar o dinheiro que não tenho nisso, se eu posso ver de graça? — questiono, e ele fica pensativo, mas logo concorda.
Ai, meu Deus! Não acredito que falei isso mesmo.
— Mas não, eu não vendo o meu corpinho gostoso... se bem, que é uma ótima ideia. — ficou pensativo.
acho que assinaria...
Cala a boca, Elle.
Comendo o prato principal, acrescentamos mais uma taça de vinho sem deixar de beber uma quantidade maior de água.
— Elle. — chama o meu nome depois de bebericar o líquido roxo.
— Vinnie. — brinco, falando também o seu nome. — Sim?
— O que você acha do amor? Você acredita nele? — pergunta e eu desvio o meu olhar para o lado por alguns segundos, pensativa.
Por que essas perguntas? Assim do nada?
— Acreditar, eu acredito… mas eu acho que o amor machuca muito. Não importa qual seja ele. Pais, amigos ou namorados. — suspiro. — Mas ainda sim, é algo muito bonito. O que seria das pessoas sem o amor? Se já com ele há pessoas ruins no mundo, imagina sem?
— Concordo. — tomou um gole agora de sua água, sem tirar os seus olhos de mim. — Mas há amores saudáveis e que não machucam. — ergui a sobrancelha.
— Você já conheceu um assim? — solto o meu garfo e levo o guardanapo, que estava sobre o meu colo, aos cantos de minha boca.
Ele negou.
— É quase impossível encontrar um amor saudável, Vinnie. — arrumo a minha postura. — Por exemplo, os filmes de romance. — ele posiciona as suas mãos na mesa e fixa ainda mais o seu olhar sobre mim, se atentando a cada palavra que sai de meus lábios. — A maioria da relações dos casais, senão todos, nunca é cem por cento lindo e flores. Sempre há algo no caminho para machuca-los. Sempre um machuca o outro, principalmente com mentiras. Ou seja, o amor machuca. — argumento e dou um gole do vinho.
Vinnie fica em silêncio, encarando a mesa e eu volto a comer enquanto espero o mesmo sair do transe.
— Os meus pais são o exemplo de amor perfeito. Eles não tem defeitos e nunca machucaram um ao outro. — assegurou.
— Seus pais…claro! — solto uma risada nassal. Ele me olhou com as duas sobrancelhas erguidas. — Longe de mim julgar, mas eu tenho certeza que eles já passaram poucas e boas, e só contam as perfeições. — dou uma pausa e ele continua com a mesma expressão. — Só do fato deles serem um casal antigo, é difícil acreditar que seja perfeito. Naquela época, as pessoas aturavam muitas coisas para manter a boa impressão.
— Enfim, vou continuar achando que o amor deles não machuca e não será você que vai mudar isso. — levanto a mão em rendição com a leve alfinetada.
— E eu não quero, Hacker.
O término de nosso prato foi um total silêncio, assim como a sobremesa. E eu me encontro incomodada com isso.
Já estamos em seu carro e o loiro continua sem dizer uma palavra sequer. É tudo culpa minha!
Nunca foi a minha intenção tentar mudar o seu pensamento sobre os seus pais, eu só quis dar um exemplo. E é bastante óbvio que naquele tempo as pessoas aguentavam o que não queria pra não ficar na boca do povo. Eu conheço casais assim. Mulheres que aturavam traições e continuam casadas até hoje com o marido… se bem que hoje em dia continua existindo isso.
Eu jamais aceitaria uma traição. Abomino total uma pessoa estar comprometida e se envolver com outra.
Ok, os pais dele pode ter sido diferente e continuam vivendo um amor saudável. Gostaria de um assim. Como eu já disse, não tenho uma referência boa para isso.
— Desculpa, tá bom? — finalmente digo algo, enquanto ele dirige de volta para a nossa casa. Ele me olhou por poucos segundos para prestar atenção na estrada. — Não quero e não quis mudar o seu pensamento sobre os seus pais. Eles devem ter sido diferente. E invejo isso, mesmo sem saber como é a relação dos dois.
— Está tudo bem. — sorriu, e eu sorri de volta por ele aparentar estar de boa. — Mas eles são perfeitos juntos. Eu juro. E se teve algo ruim, eu prefiro não saber. — fala e volta a me olhar. — Um dia você vai conhecer os dois juntos e saberá do que estou falando.
A mãe dele, pelas poucas horas que nos falamos, é um amor. Não sei do pai, mas pelo que fala, também deve ter a mesma vibe.
— Vou adorar.
É, acho que ele é a única pessoa que conheço que tem uma boa base do amor. Que inveja! É explicavel do porquê o mesmo é tão carinhoso.
Ok. Tudo bem. Vinnie sorrindente e conversando comigo até sobre a lua, estrelas e universo. Mas como nada é só felicidade, o seu carro parou novamente a mais ou menos vinte e cinco minutos da nossa rua.
— Eu juro que dá próxima vez eu vou pedir um Uber. — resmungo, a cada andada que eu dou com esse salto ferrando com o meu pé. — Não confiarei no seu carro. Eu deveria escutar mais os seus amigos. — continuo reclamando e ele rindo.
— Para de ser fresca. Pelo menos vai ter história pra contar futuramente. — tenta me animar. Paro no meio do caminho, novamente, para descansar.
— Que bela história. — ri curto. — Queridos filhos, toda vez que ia sair com um amigo, o carro dele quebrava no meio da estrada.
— Exagerada! Essa é a segunda vez. — ele cruzou os seus braços e eu rolei os olhos. Mas dessa vez eu estou de salto e tendo que andar até o meu apartamento.
Estava apoiada na parede, então Vinnie se abaixou e agarrou o meu tornozelo. Me adianto em retrucar: — O que você está fazendo? Não vou colocar os meus pés no chão. — ele começou a desatar o nó da amarração do salto
— Cala a boca, Elle. — ordena firme e eu arregalo os olhos. Eita.
— Eu não sou porca igual a você.
— Grande coisa, senhorita limpinha. — tirou os meus saltos e eu fiquei na ponta dos pés. Logo depois ele tirou os seus sapatos. — Já que estou acostumado com a sujeira — ironiza. —, irei descalço pra princesa usar o meu tênis.
— Não cabe nos meus pés. — digo olhando o tamanho do calçado. Ele rolou os olhos e bufou impaciente.
Vinnie ameaçou a calça-los novamente.
— Tá bom, vou usar. Grosso! — enfio os meus pés neles e o loiro amarra os cadarços, sorrio ao sentir o conforto, mesmo sendo grande.
A cada passo que eu dava, torcia para o mesmo não ter chulé. Pela qualidade que eu encontrava o seu apartamento, tenho medo dele sequer lavar os seus tênis, mesmo por fora sendo um pouquinho limpos.
O loiro carregava as minhas sandálias em sua mão e as suas meias, ele enfiou na minha bolsa. Falei que, se fosse infectado, ele iria me pagar duas delas.
Andávamos pelas calçadas, conversando e rindo. A todo segundo, Vinnie me dava uma ombrada de leve e zoava os tênis em meus pés, eu desferi alguns tapas em seu braço.
Paralisei quando notei que estávamos perto da casa do Jordan e o vejo com uma menina. Não é a mulher dele.
Que cara otário!
Meu coração acelera e Vinnie percebe, pois me puxa para perto dele.
— Vamos trocar de calçada. — disse, me guiando para o outro lado da rua. Continuo em silêncio e olhando para o moreno tatuado com a garota de cabelos loiros longos. — Esquece ele. Ele é um otário, não vê?
— Eu vejo. Eu vejo muito. — digo baixo, um tantinho abalada.
Vinnie continua com a sua mão pousada em minha e me guiando para o nosso prédio. Eu permaneço em silêncio e quieta.
Por mais que a sua esposa tenha me feito ser demitida, eu não desejo nada de ruim pra ela. Ela é vítima dessa relação, ela é dependente dele e é dificílimo sair de um relacionamento assim, ainda mais quando se tem um filho envolvido. Mas eu espero que ela veja quem ele realmente é e se livre imediatamente. Ela merece mais do que isso.
Subi as escadas com calma, encarando os meus pés subindo os degraus. Paramos em frente a porta do Vinnie e ele enfiou a chave, virando-a para abrir.
— Obrigada pelo tênis. — digo, me abaixando para tirá-los. Eu já tinha pego os meus saltos de suas mãos e colocá-los no chão.
— Minhas meias estão impecáveis, queen nojinho. — disse rindo, quando me ver tentando colocá-las sem tocar de volta para o tênis.
Me levantei, já segurando os meus saltos e deixando os seus sapatos para o mesmo pegar.
— Não confio. — dei de ombros e ele riu. — E novamente, obrigada por me empresta-lo. Os meus pézinhos agradecem.
— Não quero agradecimento com palavras. — sorriu de lado e eu semicerrei os olhos, fazendo um biquinho segurando o sorriso.
Dou mais um passo para ficar perto dele e levanto os meus pés. Agarro as laterais do seu rosto e olho fundo em seus olhos, perguntando: — Assim, então? — e capturo os seus lábios para mim, dando início a um beijo lento.
O loiro segura a minha cintura com uma de suas mãos e me puxa para mais perto, grudando por completo os nossos corpos.
Sinto o calor invadir cada pedacinho meu aos poucos.
Escuto um miado. Um miado que não ouço há semanas e então, separei os meus lábios dos deles e olho para baixo. Franzi a sobrancelha completamente confusa ao ver uma gatinha de coleira rosa, idêntica a Petrova, nos meus pés, miando e me cheirando. Ela começou a andar em volta do meu corpo, sem parar de miar.
Lentamente, olho para o Vinnie, com o olhar arregalado. O meu coração começa a acelerar. O semblante dele muda para preocupado.
Não, ele não fez isso. Não pode ser a Petrova. Não, não, não…
A SEGUNDA DESCOBERTA DA
FIC VEIO AIII. vinnie pego no pulo
🙈😈
ACABOU O AMOR, ISSO AQUI
VAI VIRAR UM INFERNOOOO
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