O11. elle
Eu tentei, só hoje, umas mil vezes não reclamar do meu trabalho porque eu me sinto culpada se fizer isso.
Mas é quase impossível quando se trabalha com o público. Tem umas pessoas tão mal educadas que dá vontade de mandar ir para aquele lugar.
Hoje não está sendo um bom dia. Eu já aturei esses bando de ignorantes se achando os donos da loja ou querendo saber mais que eu a semana todinha e de tpm. E hoje não está sendo diferente.
E isso não é o pior. É o meu aniversário e eu estou tendo que trabalhar em vez de estar num bar com as minhas melhores amigas e comemorando-o.
Me sinto bem exausta e eu não sei se terei condições de sair hoje, mesmo já tendo marcado com elas. E sabendo que amanhã estarei de folga.
— Desculpe, já estamos fechados. — respondo, ainda fazendo algumas anotações, quando ouço o sino da porta tocar. — Jordan? — reconheço o garoto de cabelos escuros assim que levanto a cabeça.
— Elle? Meu Deus, não sabia que trabalhava aqui. — diz animado, se aproximando mais do balcão.
— Comecei faz algumas semanas.
Jordan Powell, é meu ex namorado e eu não o vejo faz uns quatro anos.
Terminamos de forma amigável, mas não mantemos uma amizade por eu ainda ter bastante sentimentos. Na época éramos adolescentes e não deu certo, porque ele queria curtir o momento e eu já pensava num futuro com o próprio.
Saio de trás do balcão, fechando o caderno e o abraço. O meu coração acelera por longos minutos.
Ele pegou o seu celular, conferiu algumas coisas e voltou a me olhar.
— Feliz aniversário, boo! — sorriu largo e abriu novamente os braços. Nos abraçamos novamente.
Nunca fui fã de contato físico, mas tive que deixar esse problema de lado quando comecei a namorar. Então, se eu abraçar alguém, é porque eu gosto muito ou estou muito mal.
— Você ainda lembra. — tentei conter um sorriso bobo. — E obrigada. — me afasto do seu corpo e cruzo os braços. — O que vai querer?
— Não estava fechado? — brincou, e eu ri. Respondo de maneira breve que atendê-lo não será um problema. — Ração para o Lorde.
— CACETE, ELE AINDA ESTÁ VIVO? — questiono empolgada e sem pensar.
Ele assente rindo.
Lorde, era o nosso cachorro. Encontramos ele na rua e decidimos levar para casa – especificamente para a do Jordan, por ele ter uma condição melhor –, cuidamos como um filho, e ele era. E agora sou pega de surpresa por saber que ele ainda está sob os seus cuidados.
O chamo para o lado das rações e pergunto quantos quilos. Lorde, sempre foi muito grandão e pelo o que o Jordan disse, ele continua crescendo.
Powell, continua se cobrindo de tatuagens e quando o questiono se ele nunca parará, ele responde que: Enquanto tiver espaço, ele estará cobrindo de tinta com desenhos aleatórios e não aleatórios.
Eu sou a única disponível para fechar a loja. Então, dou uma última conferida e apago as luzes, sendo ajudada pelo o meu ex a abaixar o portão.
— Está morando por aqui por perto? — ele perguntou e eu assenti.
— É uns dez minutos até lá, às vezes cinco. — respondo, encarando o chão. — E você?
— Aqui. — diz, parando em frente a uma casa enorme, a qual passo todos os dias e admiro. — Vim parar por esses lados há uns dois meses.
Meu celular começa a tocar e deduzo que seja as minhas amigas perguntando se eu já saí do trabalho. Pego o meu celular e confirmo o pensamento.
Depois que falo com a London, aviso que estou indo pra casa me trocar e chego no Devil 's dentro de alguns minutos.
— Vou te acompanhar até em casa. — ele abre o portão e eu digo que não precisa. — Eu insisto, boo.
Por fim, aceito. Ele entrou para deixar a ração e depois me acompanhou.
O percurso, que é bastante curto, foi falando sobre as nossas vidas e eu me surpreendi (não tanto quanto o Lorde estar vivo) por ele estar cursando arquitetura. Mas ele não se surpreendeu quando eu disse que estava estudando pra ser veterinária, já que sempre tive um amor muito grande por animais e não podia ver um na rua que queria levá-los para a casa. Ou cuidava dos que eu via machucados.
Tiro as minhas chaves da bolsa e me despeço do moreno. Ele deposita um beijo na minha bochecha e coloca uma mecha do meu cabelo para trás da orelha.
— A gente se vê por aí. – digo.
— Podemos marcar algo qualquer dia desses. — tirou o seu celular do bolso. — Coloca o seu número aí. — me entregou, aberto da agenda de contatos.
Me despedimos novamente e eu subi as escadas até o meu andar, com um sorriso bobo em meus lábios. Eu não fazia ideia que ele ainda mexia comigo… Merda!
ele parece mais decidido agora.
Mas o passado tem que ficar no passado, não é!?
Fecho a minha porta, me encostando nela e fechando os meus olhos, ainda com um sorriso no meu rosto. Vou tirando as minhas sapatilhas e voltando aos poucos para a realidade.
Me direciono para o banheiro e tomo um banho demorado, lavando os meus cabelos, mesmo sabendo que não estou com tempo pra isso. Faltam algumas horas para o meu aniversário acabar e eu ainda não o comemorei.
Com uma toalha na cabeça e outra em volta do meu corpo, parei em frente ao meu guarda-roupa tentando achar um look que preste.
Pela primeira vez na minha vida, tirei todas as roupas do armário e não arrumei imediatamente, optando por fazer isso quando eu chegar. Ou o mais óbvio: amanhã.
Afivelo o meu salto e me olho novamente no espelho, fazendo todas as poses possíveis para ver se fico bonita em todos os ângulos.
é, eu fiquei.
Apago as luzes do quarto e banheiro, indo para a sala barra cozinha, e quando me aproximo noto uma coisa que não havia feito assim que coloquei os pés no apartamento: Uma caixa marrom média e com um laço branco em cima do meu balcão.
Pego o meu celular rindo e gravo um áudio para as minhas amigas, me aproximando do - possível - presente que elas me deram, tirando uma foto e mandando também.
Coloco o aparelho no balcão e vejo que não é apenas a caixa, e sim que também há um pequeno envelope escrito: "feliz aniversário!". O deixei em cima do meu celular e optei por abrir a caixa primeiro.
é o meu primeiro e provavelmente o último do dia.
O sorriso no meu rosto trava, eu não sei se continua com ele ou se desfaço. Nem ferrando que as minhas amigas me mandaram isso.
É uma caixa com várias coisas de sex shop, de vibradores a um pau médio de borracha.
Pego novamente o meu celular e suas respostas são simples: "não mandamos nada e o seu presente está com a gente" e "cadê você, porra!?"
Não as respondo, coloco o meu celular no meu lugar e é a vez do envelope ser aberto.
"Oi, miss limpeza! Um presentinho simples para o seu aniversário e também pra deixar de ser estressada. ps: serve como pagamento por limpar a minha casa rs"
Vincent Hacker, você me paga!
Deixo absolutamente tudo no meu apartamento indo para o da frente, dou batidas fortes na porta do Vinnie.
esse garoto é sem limites.
— Cacete, vai tirar o pai da forca? — ele pergunta, assim que abre a maldita porta. — Oi, miss limpeza. Aconteceu algo? — sorri inocente.
— Por que caralhos você me mandou uma caixa de sex shop? E com um bilhete dizendo "pra você deixar de ser estressada"? — cito a única parte que me chamou atenção.
— Você vindo aqui gritar comigo responde a sua pergunta, não? — me olhou, se apoiando no batente da porta e cruzando os braços. — E feliz aniversário… de novo. — sorriu. — Quer um abraço?
— Obrigada. E não. — sorrio sem mostrar os dentes e sem força. — Eu não preciso de brinquedos sexuais… — volto ao meu apartamento com rapidez para pegar a caixa. — pode ficar pra você. — jogo em seu corpo e ele agarra.
— Eu que não precisa disso — fala e eu rolo os olhos. —, e isso é de mulher. — me entregou novamente. — Sua mãe não te ensinou a aceitar todos os tipos de presentes? É feio devolvê-los.
— Ok, mas saiba que eles ficarão bem no topo do meu guarda-roupa criando teias de aranhas. — seguro a caixa e ele riu.
— Não preciso dessa informação. E eu tenho certeza que você irá usar. — piscou e eu rolei os olhos.
idiota.
Dou meia volta para entrar no meu apartamento porque se eu demorar mais um pouquinho, as minhas amigas me matam.
— Quantos anos? — ele chama novamente a minha atenção. Me viro para ele.
— Vinte e dois.
Entro no meu apartamento, devolvendo a caixa para o lugar que estava e pegando o meu celular e minha bolsa. Pego a chave pendurada na porta e saio para fora depois de apagar o restante das luzes.
Enquanto desço as escadas, vou conferindo quanto tempo falta para o Uber chegar. Um minuto.
Chego ao Pub e já vejo as minhas melhores amigas sentadas em uma mesa, elas acenam me chamando.
— FELIZ ANIVERSÁRIO!! — as duas exclamam empolgadas me abraçando. Me recomponho, pegando os seus presentes e optando por abrir outra hora. Conselhos das mesmas.
— Só saio daqui carregada. — London avisa, mas isso já virou rotina. Ela só sai dos bares desse jeito.
Pedimos outra rodada de cerveja; a minha primeira.
— Encontrei com o Jordan. — conto a novidade e elas me olham confusa.
— O do seu vizinho gostoso, mas porquinho? — questiona Cindy e eu nego.
— AI MEU DEUS! O SEU EX??? — perguntou London, eu assenti. — Ok, fica longe. É ex por um motivo.
— Não sabia que ele morava por aqui.
— Também não. — respondo a Cindy. Dou um gole da minha cerveja. — Ele tá tão gostoso… — comento, com um sorriso nos lábios.
— Ei, ei. Pode parar! — a loira repreende. — Não venha me falar de ex no seu aniversário, ainda mais desse ex… não gosto dele.
— Você não gosta de nenhum ex, London. — falo rolando os olhos.
— Óbvio, repetindo: é ex por um motivo. Eu em. — retruca. Dá um gole na cerveja e eu ri, junto com a Cindy.
London e a Cindy, são as maiores haters dos meus exs namorados e ficantes. Namorado, só tive um, que foi o Jordan. Sempre que cito qualquer cara que eu me envolvi, elas me atacam e manda eu seguir em frente…
Mas não posso fazer nada se é melhor envolver com quem eu já conheço. É horrível conhecer pessoas novas, por isso, sempre opto por voltar para os antigos contatos. E elas me odeiam por isso.
entretanto, ultimamente não estou voltando e nem ficando com ninguém.
talvez eu realmente precise do presente do Vinnie.
mas calma aí, como ele entrou no meu apartamento?
oi carai, como vcs estão?
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro