I. Você Por Acaso Sabe Alguma Coisa Sobre Vôlei?
Tinham poucas coisas capazes de fazer Asami sorrir quando ela era obrigada a ir para o inferno particular que chamava de escola. Tirar notas altas em provas particularmente difíceis; o horário do intervalo, quando ela poderia comer em paz e finalmente ignorar os ignorantes que a cercavam; a biblioteca, cheia de livros que ela desejava se aventurar dentro; E Tooru Oikawa com suas piadas completamente idiotas.
Às vezes um simples 'oi' é o suficiente para melhorar o dia de uma pessoa, e Asami entendia perfeitamente qual era o sentimento disso. Era como se nada mais importasse além daqueles cinco segundos em que Oikawa entrava na sala de aula, dava oi para Asami, sorria na sua direção e se sentava. Aquilo era quase tão viciante quanto uma droga para ela. Nenhum narcótico seria mais eficaz para deixar Asami completamente e totalmente adormecida quanto o sorriso de Tooru. O que, se Asami fosse ser sincera, era uma belíssima de uma merda.
Afinal, todos sabiam bem quem Oikawa era; popular na escola, principalmente entre as garotas, o capitão do time de vôlei, simpático com todos... Porque alguém assim sequer faria algo além de dar oi para uma nerd quatro olhos como Asami?
-Você se perdeu de novo. - Emi, a única amiga fiel de Asami, resmungou, revirando os olhos em um tom de caramelo queimado tão bonito que até mesmo fazia Asami ter inveja. -Porque está tão pensativa hoje?
-Não sei se já notou, mas eu sou pensativa. - Asami disse, cheia de sarcasmo. Não é porque ela era uma nerd nadissima popular na escola e zoada pelos corredores que Asami não tinha a língua extremamente afiada. Na verdade, a única coisa capaz de a confortar, era saber que ninguém poderia dizer que Asami era mansa quando provocada. Se falasse uma mínima merda que fosse para Asami, ela faria questão de fazer essa pessoa se arrepender amargamente de ter aberto a boca.
Emi apenas revirou os olhos para a melhor amiga, voltando sua atenção para a pilha de papéis e anotações na frente delas. Se tinha algo que Asami verdadeiramente odiava, eram trabalhos longos com data de entrega curta demais. Ela queria desesperadamente atirar um livro na cabeça do professor maldito que achou que um trabalho completo e bem detalhado de vinte páginas sobre Shakespeare seria uma ótima ideia. Asami já tinha sua resposta: não; não tinha sido uma boa ideia, e pior ainda tinha sido sua decisão de fazer o trabalho com Emi, porque elas nunca entravam em um acordo sobre o que colocarem e qual obra dele focariam para falar sobre. Enquanto Asami queria desesperadamente falar sobre Um Sonho De Uma Noite De Verão, Emi, como a idiota clichê que era, queria falar sobre Romeu e Julieta.
"Mas é a maior obra dele, Asami" Emi insistia em dizer. E Asami insistia em responder: "Não é porque todo mundo conhece que significa que é boa". E assim elas permaneciam naquela discussão interminável com Asami apontando o porque Romeu e Julieta não era a maior obra de romance do
século e Emi se irritando com ela.
Gritinhos e risadinhas fizeram as duas pararem de olhar para os livros e folhas apenas para verem um grupo de garotas cercando Tooru Oikawa. Tooru Oikawa e aquele cabelo castanho perfeito e os olhos que sempre faziam Asami se perder um pouco neles. No fim das contas, Asami até que entendia um pouco o porque aquelas garotas ficavam completamente histéricas perto dele. Oikawa tinha um carisma difícil de ser ignorado.
-Lá vem o Miss Simpatia e suas mil fãs. - Emi zombou com um sorriso sarcástico para Asami, que apenas revirou os olhos, tentando ignorar a muvuca que Oikawa sempre causava por onde pasava.
-Mas ele é perfeito. Vai dizer que não é? Já viu ele jogar vôlei?- uma garota, provavelmente do primeiro ano, disse, olhando feio para Emi. Asami olhou bem para aquela garota querendo encrenca e apenas arqueou a sobrancelha, cruzando os braços.
-E você por acaso sabe alguma coisa sobre vôlei? Ou só sobre o levantador?- Asami zombou e, quando as bochechas da garota ficaram com um profundo tom de vermelho, Asami já teve sua resposta.
-Vamos pra biblioteca.- Emi murmurou, recolhendo os cadernos, livros e folhas e atirando tudo dentro da mochila, não aguentando mais um segundo perto de toda aquela bagunça. -Não consigo me concentrar com tanta comoção. É como se ele fosse o maldito Justin Bieber!
Asami não pode deixar de dar risada, mas sabia que Emi até tinha razão. Por muito, muito tempo, Asami se questionou o que aquelas garotas enxergavam em Tooru Oikawa. Apenas um rostinho bonito? Só porque ele jogava vôlei? Bom, talvez para aquelas garotas aquilo fosse motivo suficiente, mas, para Asami, era um pouco mais que isso. Não que ela fosse admitir para alguém que gostava do maldito levantador da Aoba Johsai.
A verdade é que paixão não passa de reações químicas no seu corpo. Ninguém sabe exatamente o porquê acontece e como acontece, mas Asami acreditava que, assim como tudo na vida, isso também passava. Então porque ela iria se preocupar em tentar alguma coisa quando ela tinha certeza que: 1° aquilo passaria; 2° ninguém nunca olharia para uma nerd qualquer e sarcástica como Asami.
Mas Asami teve bastante certeza que as coisas nunca seriam do jeitinho que ela queria no momento que passaram por Oikawa e ele se virou para acenar para as duas, como se fossem amigos há anos. Emi revirou os olhos; Asami teve que abaixar a cabeça para que sua amiga não visse o quão vermelhas suas bochechas ficaram com aquilo.
Patética; Asami se sentia uma completa tola e patética, mas o que mais ela poderia fazer, afinal? A verdade é que Asami realmente gostava de Oikawa, mesmo que ele nunca fosse pertencer a ela, não importava o que ela fizesse ou deixasse de fazer.
E, no fim das contas, Asami foi derrotada em tudo; inclusive na sua discussão com Emi sobre William Shakespeare. E como já dizia Romeu e Julieta: Se amor é cego, nunca acerta o alvo.
Data: 20/01/22
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro