10. Um erro
— Agora me conta. — Observei a ruiva sair de uma das cabines do banheiro. Ao se aproximar da pia para lavar as mãos, me desencostei dali e a encarei enquanto Sadie continuava, com um sorriso em seu rosto: — Resolveu inovar?
— Na verdade, minha prima acha que eu deveria. Então me deu essa calça. — expliquei, dando de ombros.
— Junto com a maquiagem? — Assenti. — Mas você quer?
Ela se encostou onde eu estava antes e pensei sobre sua pergunta.
Era difícil dizer. Estava à vontade com minhas roupas. Contudo, era verdade que em alguns raros momentos sentia vontade de me arrumar um pouquinho mais.
— Acho que sim... mas inovar um guarda-roupa inteiro... —comecei, já que claramente era impossível.
— O problema não são suas roupas, Millie. — Sadie me cortou e a encarei sem entender. — São as combinações delas.
— Como assim? — questionei.
— Na verdade, talvez algumas. É claro, tem a questão da maquiagem. — Ela me ignorou. — E também a falta de acessório... — Então me encarou. — Você gostou de se vestir assim?
— Gostei.
— Pra falar a verdade, eu sempre te achei com um estilo mais vsco. — confessou, sincera.
— Vsco? — indaguei. — Daqueles meio retrô da internet?
— Não pensei que você conhecesse. — riu.
Sorri. Considerei o que a garota dissera, voltando-me para o espelho.
— Você acha que combina?
— Acho. Quer dizer, você gosta de cores pastéis, usa bastante camisetas masculinas e costuma postar bastante coisa nas redes sociais de good vibes quando não é sobre todo aquele lance de tecnologia e natureza.
— Ciências Biológicas, Sadie. — corrigi.
— Esse caralho a quatro aí. — concordou, me fazendo rir.
— É assustador você ter reparado em tudo. — Ela sorriu.
— Só acho que talvez você devesse começar por esse caminho. — Deu de ombros ao se virar novamente para a pia no intuito de molhar um pouco as mãos para passá-las em seus fios de cabelo, deixando-os úmidos. — Quer que eu te ajude a se arrumar para mais tarde?
— Com certeza. É uma pena o Noah não querer ir junto...
— Tô surpresa que você aceitou. — comentou.
O sinal soou, indicando o fim do intervalo e nos dirigimos para fora do banheiro que, incrivelmente, não estava lotado de outras garotas tirando fotos nos espelhos ou conversando perto da porta, impedindo quem desejava entrar ou sair dali.
— Acho que eu também. — murmurei para mim mesma. — Ainda mais no meio que dessa semana que terá provas de todas as matérias importantíssimas para a nota deste bimestre.
— Todo mundo tá maluco com isso. — concordou. Em seguida, piscou pra mim: — Mas eu prefiro sair e depois dar um jeito de colar.
Sadie e eu havíamos combinado de como iríamos na tal festa. Eu havia sugerido ir dormir na sua casa para meus pais não desconfiarem. Contudo, ela negou, alegando que ao invés disso fôssemos dormir na casa de uma amiga sua. Resolvi não questionar e, ao chegar em casa, enviei uma mensagem para mamãe, torcendo para que Dona Winona estivesse com um bom humor para me deixar sair.
Ela havia respondido um tempinho depois:
Mãe <3: Pode sim filha. Mas só se você limpar a cozinha e a área de limpeza. Avisarei seu pai ;) [13:07]
Mãe <3: Não esqueça que amanhã tem aula! [13:07]
Satisfeita, deixei o aparelho sobre a mesa e logo fui acatar seu pedido, amarrando o cabelo no intuito dele não me atrapalhar. Ao deixar a cozinha e a área brilhando, tomei outro banho e coloquei um jeans e um moletom verde água simples antes de fazer minha mochila, colocando o necessário para passar uma noite fora, algumas peças de roupas para Sadie escolher qual eu deveria usar e algumas notas de dinheiro para caso precisasse. Depois de ter feito isso, enviei uma mensagem de texto para Saddy, avisando que poderia vir me buscar para irmos até a casa da tal amiga da ruiva.
Reconheci de cara o lugar onde a garota morava. Era num condomínio bastante próximo da residência de Noah.
Fomos até a portaria onde o segurança pediu nossos documentos e nossos nomes para poder telefonar no apartamento que Sadie dissera e avisar que estávamos esperando autorização para subir. Quando foi concedida, acompanhei a ruiva, que já conhecia aquele lugar melhor do que eu.
Ao subirmos de elevador e a ruiva tocar a campainha, uma loira abriu a porta. Assim que viu Sadie, seu sorriso foi aberto.
— E aí, Sadie! — Em seguida, ela me encarou e sorriu educadamente: — Oi. Podem entrar.
Encarei a garota por mais um segundo, achando que ela me era familiar de algum lugar, contudo Sadie me puxou ao ver que eu não havia feito menção de entrar. O apartamento parecia um tanto menor do que imaginei que seria. E dado à quantidade de coisas jogadas sobre a mesa de jantar e a rack da sala, não pude deixar de imaginar o quanto Dona Winona surtaria caso chegasse em casa e a tivesse encontrado daquela maneira. Sorri com o pensamento.
— Bom, como vocês estão? — Jogou-se sobre o sofá. A dona do apartamento não deixou muito tempo para que respondêssemos ao prosseguir: — Imagino que não esteja aqui para fazer uma festa do pijama, Sadie. — debochou.
A Sink sorriu nervosa, dando a entender que era um tanto complicado o pedido que iria fazer. A olhei incrédula ao perceber que a amiga ainda não estava ciente de que viríamos.
— Seguinte...
— Ih... já saquei: problemas com o padrasto, certo? — interrompeu.
— Não, Lilia. Eu e Millie vamos pra aquela festa que te falei. — explicou, num tom claro que insinuava que não era para a garota tocar naquele assunto.
— Ah, certo. Entendi. Beleza, vocês podem ficar aqui. — disse Lilia.
— Não tem problema? — questionei. Ambas me encararam sem entender e imediatamente completei: — Digo, seus pais sabem que estamos aqui?
— Ah, bom... meus pais são separados e minha mãe trabalha das seis até meia-noite, ela vai chegar e nem vai perceber vocês aqui, se vocês voltarem depois dela, é só não fazerem barulho quando entrarem.
— Tem certeza? Eu não quero causar problemas caso sua mãe descubra que estamos aqui. — falei, preocupada.
A calmaria na expressão da menina me era de certo estranha.
No entanto, ela riu ao olhar para Saddy, como se o que eu estivesse dizendo não tivesse a menor importância:
— Ela é tão fofa! — Me mirou novamente. A encarei confusa. — Ei, espera. Eu conheço você! — Seus olhos me analisaram com cuidado e eu franzi o cenho, apesar de sentir a mesma sensação. — Você faz boxe comigo, certo? É a ex daquele menino que a Victoria estava jogando charme?
— E... funcionou? — mordi o lábio. Estava longe de querer lembrar de uma outra garota se insinuando para o cacheado.
Ela gargalhou com minha pergunta. Só então me lembrei dela. Era a menina que havia chegado atrasada no meu primeiro dia de treino.
— Não acredito! Ela ainda gosta dele! — fitou Sadie, como se achasse aquela situação imensamente divertida.
— É, eles só estão dando um tempo. — explicou a ruiva, de braços cruzados. No meu íntimo, agradeci à ela por ter dito isso e agradeceria mais ainda para a a garota chamada Lillia se ela repassasse a mensagem para a tal Victoria.
— Relaxa, amiga! A Vi dá em cima de todo mundo! — Deu de ombros, sorrindo despreocupada.
— Não vi descontentamento da parte do Finn naquela hora. — murmurei, mas tenho certeza de que Sadie havia escutado ao revirar os olhos para mim, no entanto Lilia já estava mudando completamente de assunto no segundo seguinte, era incrível o quanto ela gostava de falar. Não que isso fosse ruim, contudo eu estava mais habituada com as pessoas não falarem tanto no instante em que acabamos de nos conhecer. Já Lilia parecia não dar muita importância para isso.
Observei ambas conversarem por um mais um tempo, me envolvendo no papo vez ou outra até Sadie me puxar para deixarmos nossas mochilas no quarto da loira. Estava cedo, então resolvemos assistir um filme com Lilia enquanto esperávamos o tempo passar. Contudo, ficamos discutindo o que iríamos ver enquanto Sadie passava pelo catálogo da Netflix inteiro, sem concordarmos com absolutamente nada. Era até mesmo divertido, já que as duas discutiam sempre que uma queria algo enquanto a outra discordava totalmente, e eu mais ria da situação. Aquilo durou tanto tempo que precisei arrancar o controle das mãos da ruiva e colocar a série Friends. Sorri satisfeita quando ambas simplesmente se calaram depois disso.
Assistimos três episódios até Sadie e eu resolvermos parar para irmos trocar de roupa. Deixei ela escolhendo as peças que eu usaria enquanto ia em direção à sala novamente reunindo toda a cara de pau que eu tinha para pedir comida à Lilia. Meu estômago estava reclamando desde o segundo episódio da série. Fiquei comendo sentada na mesa da cozinha meu terceiro pedaço de bolo de chocolate oferecido pela loira enquanto prestava atenção nas falas do episódio, murmurando-as para mim mesma quando terminava de mastigava.
— Meu Deus, já tá comendo?! — Sadie exclamou quando saiu do quarto, me matando de vergonha.
— Deixa a menina, Sadie! — Lilia me defendeu, aos risos.
— Eu tô com fome, oras. — falei para a ruiva, lhe lançando um olhar hostil que a fez gargalhar.
— Deixei sua roupa em cima da cama.
— Certo. — concordei me levantando antes de levar o pratinho até a pia e lavá-lo.
Sobre a cama de Lilia estava uma camiseta cropped manga curta e uma calça jeans preta rasgada de Sadie junto com meus tênis Vans novos. Vesti sem problemas, agradecida por não ser um daqueles croppeds colados junto ao corpo que mostram tanto a barriga como o busto e os ombros. Soltei meu cabelo, achando que ficaria melhor assim. Retoquei a maquiagem simples que havia passado de manhã com todo cuidado para não borrar e não pude me conter em me admirar no espelho do quarto. Estava bastante diferente de como costumava me arrumar, porém me fascinei com o resultado.
Sadie e, até mesmo, Lilia aprovaram quando saí do cômodo. A ruiva insistiu em fazer uma maquiagem mais trabalhada em mim, contudo eu estava satisfeita com o pouco que havia passado.
— Eu sei que você prefere cores mais claras, mas achei que a calça preta combinaria mais. O que achou?
— Gostei. — falei, mas ela provavelmente notou o encanto em meus olhos.
Pedimos um Uber para irmos até o endereço que Saddy tinha num grupo de seu aplicativo de mensagens. O carro parou em frente à um casarão que obviamente pertencia à algum filhinho de papai cujos responsáveis estavam bem longe no momento. A música alta podia ser ouvida com clareza do lado de fora e alguns alunos da escola que conhecia só de vista estavam lá, já bêbados apesar do horário. Dividi o preço do Uber com Saddy e saí do carro após agradecer e desejar uma boa noite ao motorista, batendo a porta com cuidado. Odiava ser a que fechava a porta do veículo, já que nunca sabia a força que deveria ser aplicada em cada um deles. Aquele, no caso, havia fechado sem ser necessário aplicar realmente alguma força. Me virei novamente para aquela residência que mais se assemelhava a uma mansão e esperei a ruiva sair do carro para adentrarmos de uma vez. Ainda não havia me arrependido apesar daquela vista ascosa de um bando de adolescentes se pegando, se esfregando ou berrando alcoolizados uns com os outros, totalmente eufóricos. Prendi o ar ainda mirando a cena.
Passamos pelo jardim e adentramos a casa. Arregalei os olhos ao mirar aquela sala lotada. Vários pessoas da minha idade sentados em grupos nos sofás, no carpete ou até mesmo na escada com copos em suas mãos. Alguns até mesmo se atrevendo a se emaranhar na multidão no centro para dançar a música alta que estava tocando. Num canto, em um dos sofás, cinco jovens eram envolvidos por uma fumaça densa sobre os mesmos enquanto dividiam um narguilé. Fiz uma careta diante daquela cena pouca — nada. — higiênica. Me mantive sempre próxima à Saddy, que andava pela enorme sala para provavelmente ver quem estava ali e descobrir onde iríamos ficar. Mal tínhamos entrado e já haviam me oferecido bebida três vezes, que recusei educadamente. Não estava em meus planos ficar embriagada, poderia me divertir sem estar sob o efeito de álcool.
Num canto, perto da parede, meus olhos encontraram quem menos queriam ver na frente e engoli em seco. Agarrei o braço da ruiva para nos afastar antes que eles nos vissem. Contudo, já era tarde quando o garoto com o rosto salpicado de sardas nos encarou por acidente. Finn entreabriu a boca surpreso e rangi os dentes, nervosa. Sadie, que até então não entendera o motivo de eu ter subitamente segurado seu braço de modo brusco, me encarara com pesar.
— Sadie... — comecei, no intuito de chamá-la para irmos para o outro lado.
— Millie, não sabia que eles vinham... juro. — se justificou, e percebi que ela estava supondo que eu estava querendo ir embora.
— Tudo bem. — A cortei. — Não precisamos falar com eles.
Alívio substituiu o semblante preocupado da garota. Ela havia achado mesmo que eu iria embora depois de ter mentido para os meus pais e me arrumado toda? Não ir até o fim e ir embora da festa agora seria burrice.
Contudo, o cacheado abandonara seus amigos para caminhar em nossa direção. Sério, por que ele não poderia simplesmente nos ignorar? Pois meu plano era exatamente esse.
— Mills? — Senti borboletas no meu estômago quando ele me chamou pelo apelido que havia me dado. — A Sadie conseguiu te arrastar até aqui? — Notei um toque de nervosismo em sua voz enquanto o moreno me analisava sem nem ao menos fazer esforço para disfarçar.
— Estranho seria se eu não tivesse conseguido. — gabou-se a ruiva, fazendo o moreno dar um riso nasal.
— Na verdade, ela não precisou insistir muito... — a corrigi, sorrindo sem graça. Apesar de dizer a verdade, tentei suportar aquele contato visual com ele o máximo que consegui. Por que Finn veio falar conosco mesmo? Ah, claro: para me enlouquecer.
Esperei Finn me secar por mais algum tempo até resolver dizer algo mais:
— Podemos conversar?
— É sobre a Megan? — perguntei, com receio de negar de princípio.
— Não. — Seu olhar se tornou profundo.
Claro que era sobre nós. Mas eu não tinha vindo até aqui para falar com Finn sobre nós dois sendo que já estava tudo acabado. Não, eu vim para me distrair e mudar um pouco os aires.
— Então não. — neguei. — Finn, eu não vim até aqui para discutir com você sobre o que tivemos. Você entende? — expliquei, num tom educado. Sustentei nosso contato visual por mais alguns segundos antes de deixar a ruiva me arrastar para o outro lado, no intuito de ficarmos longe de onde o grupo de Iris estava.
Apesar de ficar tímida, não reclamei quando a garota parara para cumprimentar seis meninas e dois garotos que estavam num canto jogando conversa fora, cada um com um copo com líquidos de variadas cores. Contudo, eles aparentavam estar mais contidos do que a maioria daquela casa. Saddy me apresentou para eles independentemente de eu insistir em vários murmúrios de que isso não era necessário, por supor que não iríamos permanecer muito tempo ali. Entretanto, a ruiva se encostou na parede após me fazer cumprimentá-los e começou a conversar sobre qualquer coisa com eles.
Percebi alguém passando de canto de olho com uma bandeja com vários drinks diferentes e Sadie pegou dois, tendo que dar o outro para uma das garotas já que meu plano de não beber continuava intacto.
Fiquei quieta observando-os bater papo, ficando cada vez mais animados à medida que seus copos iam esvaziando, me envolvendo na conversa vez ou outra para não ser mal-educada ou passar por antipática, mesmo que se tratava apenas de acanhamento. Senti meu celular vibrar contra minha cintura e o peguei, entrando levemente em desespero ao ver que mamãe estava me ligando. Decidi esperar a ligação cair na caixa postal e lhe enviar uma mensagem de texto, afirmando que não poderia atender devido ao horário e já estar deitada, sentindo uma imensa culpa na consciência. Ao terminarmos de conversar, resolvi deixar o aparelho no silencioso e bloqueei a tela novamente. Perdi a conta de quantas vezes neguei bebidas, recebendo algumas piadinhas daquelas pessoas, no entanto, não me ofendi. Eles eram legais. Pelo o que pude perceber, haviam sido da mesma turma que a ruiva no fundamental. As músicas que tocavam faziam parte do meu gosto musical e, por isso, me vinha uma vontade de dançar algumas vezes, contudo não tinha a menor coragem para isso e também nunca havia me arriscado nisso, a não ser nas aulas de dança da quinta série que mamãe havia me matriculado, do qual eu fui três vezes por livre e espontânea pressão antes de desistir.
De forma inconsciente, minha visão se dirigiu para Finn, que dava para ver perfeitamente de onde estávamos, me amaldiçoando em seguida ao notar o quanto a Apatow estava tentando ficar próxima DEMAIS do cacheado. Apesar dele tentar afastá-la vez ou outra, aquilo ainda me doía na alma de tal forma que causava um rebuliço em meu interior. Doía porque eu poderia estar ali, no lugar dela. No entanto, não estava.
— Vai, Millie, bebe um pouco. — pediu a ruiva, aos risos, não tão bêbada, contudo nem tão completamente sóbria quanto deveria.
— Não, Saddy, sério. — Tentei negar pela milésima vez naquela noite.
— Vai — Voltou a persistir, fazendo um biquinho com os lábios que nunca o faria se estivesse totalmente sã. — Eu quero dançar com você! Toma um pouco só pra dar coragem!
Meu olhar capturou o momento exato que a Apatow aproximou seu rosto do de Finn, que imediatamente a afastou com certa brusquidão e a loira sorriu em minha direção. Ela havia feito aquilo para apenas me provocar. Resmunguei um palavrão e tomei o drink colorido das mãos de Saddy. Tomei pequenos goles com algumas pausas para não embebedar de uma vez, acabar colocando todo o álcool pra fora depois ou sei lá, já que não fazia ideia de como isso funciona. Mais tarde iria pesquisar. Nunca havia ingerido álcool na vida. Só não queria ficar vendo aquela maldita cena sóbria. Precisava urgentemente me distrair e esquecer que o cacheado existia. Só um pouco.
Pedi outro drink daquele, já que era o único que eu sabia o gosto e tinha receio de acabar pegando algo mais forte. Subitamente, por algum motivo, a conversa havia se tornado muito mais interessante e passei a me envolver mais, gargalhando como nunca havia feito em público. Não entendia de onde vinha aquele entusiasmo com aquelas pessoas que eu nem sabia quem eram, porém estava me sentindo bastante à vontade. Ao chegar na metade do quarto copo, Sadie deu-se por satisfeita e me puxou até a pista, fazendo com que eu quase derramasse a bebida inteira na minha roupa. A larguei sobre um móvel qualquer antes de ceder à vontade da garota que agora sim estava fora de si.
Saddy começou a dançar uma música animada que eu não fazia ideia do nome e tentei acompanhar seus passos, com receio de alguém estar olhando para nós. Vim realmente me soltar na terceira música, pulando com ela animada devido ao ritmo eletrônico. Não tinha ciência se estávamos passando vergonha ou não. Apesar da total falta de sincronismo e de nossos movimentos um tanto cambaleantes, Sadie e eu nos divertíamos com isso, rindo uma da outra. Ao término da sexta música, incomodada com a visão turva, avisei — berrei — para Sadie que iria na cozinha limpar a lente de meus óculos e aproveitar para beber água, por estar sentindo minha garganta seca.
Ao adentrar o ambiente vazio e com um barulho sonoro menor, abri a geladeira sem cerimônias e peguei uma garrafa para despejar seu líquido incolor em um copo do armário.
— Por que diabos você não desiste?! — Um tom frustrado soou atrás de mim. Ao me virar, dei de cara com a loira oxigenada que claramente estava bêbada pelo seu olhar vago e o modo de como se debruçava na mesa para não cair. Ela ignorou meu olhar confuso e ao mesmo tempo arisco e continuou, pensando que eu estava acompanhando sua linha de raciocínio: — Sério, você pode ser careta, mas admito que é bonita. Pode ter quem quiser. Pode ter o nerd do Schnapp, ele combina muito mais com você, se quer saber!
— Você não tem a menor noção, não é, Iris? — indaguei, ainda com o copo de vidro e a garrafa gelada da geladeira em mãos, contudo sem o tom agressivo que gostaria. Devido ao álcool, minha voz saíra enrolada e aveludada demais.
Ela tornou a me ignorar, como se estivesse falando sozinha:
— Você não precisa dele, Brown, não como eu. — Só então percebi seus olhos vermelhos, apesar de seu semblante frio, como se ela estivesse se segurando para não chorar em minha frente.
— Como pode dizer isso, Iris? — Meu olhar a fuzilou. Eu não conseguia ver suas ações e palavras como nada além de egoístas. A loira não passava disso. Uma egoísta que só pensa em seu próprio umbigo.
— Você não entende. — Ela sorriu sem emoção, como se já esperasse por isso. Uma lágrima caiu e escorreu por sua bochecha. A garota a limpou rapidamente e me perguntei se haviam sentimentos ali, dentro daquela menina totalmente vazia. Iris imediatamente afastou seu corpo da mesa e saiu do cômodo com a mesma rapidez que havia entrado.
Fiz esforço para deixar pra lá, pensando que ela obviamente estava fora de si, portanto mal sabia o que estava dizendo, e me ocupei em cessar minha sede. Lavei meu óculos na pia, contudo suspirei frustrada ao constatar que talvez o problema de minha visão não estivesse nas lentes. Ao retornar para a sala, fiquei um pouco assustada ao não encontrar mais a ruiva lá. Ai, cacete, cadê ela? Eu só conhecia Saddy ali, não podíamos nos perder uma da outra.
— Vocês viram a Sadie? — questionei para as pessoas que estavam conversando com a gente há minutos, quem sabe horas.
— Sadie? Quem é Sadie? — O cara do qual a ruiva havia batido o maior papo me respondeu. Pra falar a verdade, àquela altura ele aparentava nem lembrar seu próprio nome caso eu perguntasse.
Mordi meu lábio inferior irritada e afastei o arrependimento de não ter negado para a ruiva a ideia da festa e resolvi procurar no andar de cima, imaginando que ela poderia ter ido procurar um banheiro. Subi as escadas com certa dificuldade, sentindo minha cabeça meio zonza e meus pés que estranhamente aparentavam ter perdido parte de seu equilíbrio, como se eu tivesse dois pés esquerdos. Acabei tropeçando em um menino, que me lançara um olhar nem um pouco amigável.
Aquela casa continha mais quartos do que qualquer outra coisa. Ao chegar no fim do extenso corredor, abri uma porta que se encontrava destrancada, supondo que seria o toalete.
— Saddy? — murmurei.
ao adentrá-lo, bufei após notar que se tratava de mais um dentre vários quartos que aquele casarão continha.
— Millie.
Ah, não!
— Caralho, você tá me seguindo, Finn? — exclamei, ao me virar para o cacheado de pé na porta, levando a mão ao peito, devido ao susto, e cerrando os olhos.
— Eu não queria te assustar. — Sorriu envergonhado.
Ele pareceu notar o meu estado um pouco embriagado quando dei alguns passos constrangidos para trás no intuito de me afastar dele, contudo acabei por tropeçar ridiculamente em meus próprios pés. Me apoiei na parede antes que acabasse tendo uma vergonhosa queda na frente dele e limpei a garganta, no intuito de disfarçar.
— Você está bêbada, Millie.
— Não! — o cortei, em negação. Não devia estar tanto assim. — Eu não!
— Como não? — O ignorei, eu não gostava de pensar em Finn naquele mesmo estado em que me encontrava, mas, por alguma razão, ele afirmar na minha cara minha falta de sobriedade me deixava muito enfurecida. Ao revirar os olhos, tentei passar pela porta aos tropeços e Finn imediatamente me segurou. Claro que eu não iria cair, afinal havia subido aquelas escadas sozinha, então por que diabos ele estava me segurando? Devia ser contra a lei Finn estar tão próximo. A sua boca tão próxima. E, ai meu Deus, seu coleguinha tão próximo. — M-millie você está completamente chapada! Quanto você bebeu?
Ao voltar a tocar naquele assunto, me revoltei, empurrando o peito de Finn para que ele me largasse e se afastasse de mim. No entanto, ele mal saiu do lugar, e suas mãos ainda se encontravam em meus quadris, me colocando em um dilema se queria elas ali ou não depois de ter me frustrado bastante com ele nos últimos dias.
— Não te interessa!
— Por que subiu pra cá?
— Onde está Sadie? — questionei, ao me lembrar da ruiva. — Eu vim pra cá com ela e simplesmente sumiu. Faz um tempão que estou procurando!
— Ela está lá fora conversando com o Caleb no jardim. — Me olhou confuso.
Me xinguei pela minha própria estupidez por não ter procurado do lado de fora primeiro antes de resolver subir, sendo que nem conhecia aquele lugar para sair por aí livremente. Agora estava perto demais de Finn dentro de um quarto com ele. Ótimo!
Ao passarmos alguns instantes calados, o moreno resolveu dizer alguma coisa, olhando-me com atenção.
— Você está diferente. — sussurrou, com um tom indecifrável o bastante para esconder se ele havia gostado ou não da mudança. Pensei em lhe responder, contudo nada me veio à mente e apenas lhe observei. Talvez aproveitando que eu ainda não havia lhe afastado, uma de suas mãos foi parar em minha nuca. Os dedos se emaranharam nos fios do meu cabelo enquanto seus olhos pareciam querer me dizer mil coisas. — Por que resolveu mudar de modo tão repentino?
— Sinceramente, não sei. — As palavras escaparam da minha boca sem permissão, e só então me dei conta de que era verdade. Eu não fazia ideia. Fiz contato visual com ele para falar sobre algo mais sério: — Foi muita cara de pau pedir ajuda para o meu melhor amigo.
— Eu não sabia mais o que fazer. — justificou. — Você não queria nem mesmo olhar na minha cara. E então a Megan passou mal e eu precisava te dizer.
— Foi até lá só para me dizer isso?
— Também. — Ele estava insinuando que além daquilo havia ido até lá apenas para me ver? — Por que você foi beber tanto, Mills?
O afastei, irritada pela sua insistência em focar em meu estado como se fosse a única sob efeito de álcool naquela casa.
— Para de se meter na minha vida! — resmunguei. Se eu não poderia me meter na vida dele, que direito ele tinha de se meter na minha?
— Milli...
— Por um acaso eu me metia na sua quando você queria beber? Você fala como se também não tivesse bebido. — Ele se calou e não me dou por satisfeita. — Responde, Finn!
— É diferente, você nunca bebeu! — se defendeu.
— Ah é?! E daí?! O que você tem a ver com isso? Preciso soletrar que não temos mais nada? — fui cruel.
— Para com isso, Millie! — pediu, sem querer dar muita atenção para o que eu estava dizendo, me tirando ainda mais meu juízo.
— Não paro! — exclamei, explodindo de nervos. Uma raiva irracional se apoderava de mim, que eu evitava transparecer já há alguns dias, apesar de não ter consciência de sua existência até o momento. Eu só queria explodir. Necessitava disso de tal maneira como se, caso não fizesse, fosse parar de respirar.
— Por que você está tão irritada, porra? — Deixou seu tom na mesma altura que o meu, sem entender nada.
— Porque eu não aguento mais te ver com a Iris! — Agora estava berrando. Ele se calou, pasmo, parecia querer escutar tudo o que eu tinha a dizer, como se não soubesse o quanto eu precisava dele. — Eu não aguento mais te ver em todo lugar que estou e não poder estar perto de você. —continuei, sentindo as lágrimas brotando em meus olhos, estava jogando o pano. — Eu não aguento mais me afastar!
Ele pareceu imensamente aliviado e satisfeito com todas aquelas palavras desconexas e emotivas demais, patéticas demais. Um brilho iluminou seu olhar e eu resolvi me calar antes que me envergonhasse outra vez. Finn pareceu querer pedir para que eu continuasse aquela confissão sem sentido, no entanto apenas murmurou:
— Então não se afasta.
Ele caminhou até mim, apoiando ambos os braços na parede, em torno de meu corpo, impedindo-me de fugir. Acabei perdendo o ar com sua aproximação depois do que pareceu ser uma eternidade longe um do outro.
— Olhe pra mim, Mills.
Neguei, sentindo uma lágrima escorrer. Ainda estava envergonhada por ter lhe dito tudo aquilo e por chorar em sua frente. Finn então me fez encará-lo, levantando meu queixo com seus dedos.
— Você sente minha falta? — Mordeu o lábio, demonstrando certa fragilidade em seu semblante por ainda temer que eu negasse, soltando-o ao continuar. Observei seus lábios inquieta. — Sente falta da gente?
Ao invés de respondê-lo, o beijei. Beijei com vontade. Como ansiava fazê-lo há semanas. Talvez, só talvez, eu estivesse fazendo a coisa errada. No entanto, eu não queria saber. Tudo o que eu queria era sentir Finn, só mais uma vez, do modo mais apaixonado e lascivo que me era permitido e que todo o resto fosse para a porra do inferno. Que fosse para o inferno seus erros. Seu egoísmo. Seus segredos.
Naquele momento, nada importava. Tudo o que eu queria eram seus lábios nos meus, me fazendo perder o ar como só ele fazia.
O cacheado permaneceu estático, chocado com meu ato impulsivo e repentino. Estava prestes a interromper o ósculo para lhe explicar que estava lhe concedendo carta branca para fazer o que quisesse comigo, quando Finn resolvera tomar uma atitude e corresponder com veemência, agarrando minha cintura com possessividade, chocando nossos quadris, fazendo-me arfar contra seu beiço. Senti o gosto forte de álcool impregnado em sua boca enquanto o cacheado explorava minha boca num ritmo lento, mas não menos intenso. Suas mãos desceram mais, causando um ardor por onde passavam. Ao senti-lo me impulsionar para cima, entrelacei minhas pernas em torno de si. O atrito de sua ereção contra minha intimidade causou um arrepio prazeroso que arrancou um gemido de sua parte, me fazendo perder cada vez mais os sentidos, se é que ainda restavam algum.
O Wolfhard deu alguns passos para trás, enquanto ainda segurava minhas coxas, largando uma para fechar e trancar a porta, deixando-nos no completo escuro do cômodo. Ele se sentou comigo na cama, descendo os lábios para meu pescoço, ofegando devido nossas intimidades estarem se friccionando. Agarrei sua nuca, exercendo certa força ao sentir seu toque causar uma descarga elétrica muito bem-vinda.
Até, de repente, não estar mais lá.
Franzi o cenho confusa, quase soltando um suspiro de insatisfação. O único som que preenchia o ambiente era a barulheira abafada lá embaixo e nossas respirações desreguladas.
— Não posso ir mais longe do que isso. — Sua voz continha seriedade, contudo um toque de lamúria. Abri a boca para retrucar, no entanto o cacheado prosseguiu, implacável: — Você sabe que não posso.
Não era possível que ele não estava sentindo. Eu precisava de Finn. E sabia que, apesar de seu quase perfeito autocontrole, ele também. Estava ciente que minhas ações estavam sendo impensadas, contudo eu não ligava. Necessitava saciar a saudade. Saciar a vontade louca de tê-lo, principalmente dentro de mim. Ao menos, só mais uma vez. Depois de semanas afastados, estava no meu limite.
— Por favor, Finn. — Resolvi apelar, soando o mais urgente possível, movimentando meu quadril.
— M-mills... nós não podemos. — Sua voz já não continha todo aquele autocontrole de antes. Ele soltou um gemido sôfrego assim que eu me inclinei para dar início a outro ósculo, chupando seu lábio inferior. — Não com você nesse estado. — Murmurou contra a minha boca.
— Eu não me importo. — garanti. Ainda assim, Finn segurou minha cintura, me impedindo de continuar me esfregando contra a sua pélvis. O mirei, apesar de não conseguir realmente vê-lo. — Finnie...
— Mills... por favor não insiste. — A vulnerabilidade em seu tom denunciava que ele queria tanto quanto eu. — Você não sabe o que está fazendo.
— Pare de lutar, Finnie... — persisti, descendo minhas mãos para debaixo de sua camisa. O abdômen do cacheado se contraiu, uma reação totalmente deliciosa.
— Porra, por que parece que nossos papéis se inverteram? — questionou, surpreso com a minha atitude.
Ri divertida, satisfeita com minha coragem. Faria bom proveito dela.
— Vai me odiar amanhã se eu ceder com você assim. — O ignorei, levando meus lábios para seu pescoço, depositando beijos molhados e mordidas ali. — N-não podemos, Mills... por favor, não dessa forma. — Ele segurou minha nuca, obrigando-me a interromper o que estava fazendo.
— Finn, eu não estou te cobrando nada. — lhe assegurei. — Não estou pedindo que você seja romântico ou o caralho que for. Eu quero apenas te sentir — Minhas mãos foram para sua calça, segurando o zíper, prestes a descê-lo. — uma última vez. — completei esperançosa, aguardando alguma resposta de sua parte.
Eu não queria que o cacheado dissesse que me amava. Eu não queria que ele prometesse parar de mentir. Não queria que ele afirmasse que as coisas poderiam ser resolvidas depois de uma boa conversa. Porque era o fim pra nós. Já estava conformada. Ainda assim, eu queria me despedir. Deixaria ele me marcar. Me entregaria uma última vez. E então seguiria em frente. E dessa vez, pra valer.
— Não diz isso. — implorou, acariciando minha nuca com os dedos. — Me machuca quando você diz essas coisas.
— Shhh, desculpa. — sibilei, passando as mãos por seu rosto no intuito dele esquecer o que eu disse. Era para Finnie estar entrando em mim e não dizendo asneiras que iriam me iludir com ainda mais mentiras. — Você sente minha falta, não sente, Finnie?
— S-sinto.
— Então a gente pode matar ela. — sussurrei, perto de seu ouvido. — Ou você pode simplesmente voltar lá pra baixo — Me afastei, esperando alguma reação. Ele permaneceu parado, avaliando ambas as alternativas. Ao perder a paciência com ele, resolvi pegar mais pesado, apesar de nunca ser capaz de cumprir minhas próximas palavras:— e vou procurar alguém lá embaixo que esteja disposto a... — Fiz menção de me levantar de seu colo.
Imediatamente ele apertou minha cintura com possessividade, como imaginei que o faria.
— Nem ouse terminar essa frase. — Seu tom possessivo e raivoso me excitou. Era tão bom saber que ele ainda se importava. Que eu não era a única louca que tinha medo de perdê-lo.
Sorri e voltei a beijá-lo, cantando vitória internamente quando o moreno finalmente cedeu. Aquilo bastou para que eu arrancasse sua camisa de uma vez. Percebi o cacheado querer me deitar na cama para poder ficar por cima, contudo segurei suas mãos sobre meus quadris no intuito de chamar sua atenção, satisfeita quando o Wolfhard pareceu entender que não era para fazer isso. Hoje, eu comandaria.
Arranquei o cropped ao notar ele estar prestes a fazê-lo, roubando essa satisfação de si propositalmente, rindo ao ouvi-lo xingar baixinho. Abri finalmente sua calça, saindo de seu colo e me abaixei, sorrindo ao sentir o olhar de Finn queimando sobre mim. Desci sua cueca preta, fazendo seu coleguinha pular pra fora. O cacheado suspirou, aliviado pela súbita liberdade daquele jeans apertado.
Ao apoiar uma mão em sua coxa, desci a outra para sua virilha e aproximei meu rosto de sua virilidade, tomando coragem antes de aproximar meu rosto e passar minha língua por todo seu comprimento, provocando-o. Sorri de satisfação ao senti-lo estremecer. Acariciei sua cabecinha inchada que expelia pré-gozo, estimulando. O cacheado gemeu rouco, me surpreendendo, e desejei escutar aquilo de novo. O Wolfhard agarrou meu cabelo, prendendo-me ali como se eu fosse me afastar a qualquer momento. Suguei a cabecinha, sentindo seu aperto leve me pressionar para mais perto.
— Não posso me aproveitar de você... — Finn murmurava para si mesmo, indeciso entre se entregar ao que estávamos fazendo ou ouvir a voz da pouca razão que tinha.
Uma parte de mim estava surpresa pelo cacheado não estar cedendo tão facilmente. Talvez isso pudesse significar algo. Que ele pudesse mudar. Mas não era hora de pensar nisso.
Em resposta, capturei seu membro por inteiro, engolindo quase por completo e deslizei minha boca, fazendo com que Finn preenchesse o quarto com gemidos obscenos. Suguei a cabecinha, me divertindo com o moreno xingando baixinho por isso.
Esperei que ele voltasse a refutar, contudo ao ouvir apenas sua respiração totalmente desregulada, percebi que Finn havia resolvido finalmente se calar e continuei o que estava fazendo, atendendo ao seu pedido silente.
Estimulei-o com minha língua enquanto sua glande inchada batia contra minha garganta, fodendo minha cavidade. Apesar de sentir uma leve dor e enjoo, me proibi de interromper o que fazia.
A mão do Wolfhard juntou meus fios em um rabo de cavalo, guiando meus movimentos em um ritmo mais acelerado, fazendo-me engoli-lo cada vez mais, como desejava. Senti-me molhar enquanto me deliciava com Finn que gemia deleitoso. Passei a estimular sua glande, chupando.
— O-oh... Caralho. — Totalmente necessitado por atingir o ápice, começou a mover seu falo grosso para cima no intuito de seu membro ir mais fundo, fodendo minha cavidade.
— Tão bom. — sibilei baixinho, provocando-o de propósito, o maltratando ao deslizar minhas mãos pelo restante de seu comprimento com precisão. Os sons eróticos que meus lábios faziam em conjunto com seus altos gemidos ecoavam com força pelo quarto, deixando-me cada vez mais encharcada.
— P-porra... Mills — ralhou. Suas veias estavam saltadas e pulsavam a cada movimento meu sobre sua pélvis sensível. Espasmos começavam a percorrer seu corpo e decidi atiçá-lo outra vez. Passei minha língua de sua base até a cabecinha rosada, sugando com vontade. Gemi propositalmente, ainda com seu falo em minha boca. — A-ah, Brown...
Finn se desmanchou em vários espasmos contra minha cavidade. Passei minha língua por todo ele outra vez, limpando qualquer resquício que havia de seu gozo, apesar de ainda estar me acostumando com o gosto salgado peculiar. Ao me afastar, em um movimento brusco, o Wolfhard me surpreendeu, deitando-me sobre a cama, cobrindo meu corpo com o seu e meus óculos e celular já estavam ao pé da cama.
Gemi ao sentir seus dedos me acariciando lá embaixo. Seus dígitos foram até a barra da minha calça, desabotoando e deslizando para fora do meu corpo com minha ajuda, ao arquear meu corpo para que ela saísse. A calcinha foi junto, para o meu alívio, já que estava usando uma totalmente sem graça, apesar de no momento não me recordar sequer da cor ou estampa. Eu definitivamente devia começar a considerar comprar algumas lingeries novas... Mas, espera, por que estou pensando nisso? Nós nem estamos mais juntos...
Mordi o lábio para conter um arfar quando o cacheado fez um carinho gostoso perto da minha entrada, sem penetrar, abafando meus debates internos. Joguei minha cabeça para trás, gemendo com deleite assim que o Wolfhard passou a atacar meu pescoço, maltratando minha pele com mordidas e chupões.
— O-oh, F-finnie!
Gritei quando ele resolveu enfiar um dedo sem, ao menos, me avisar.
— Tão apertada, Millie. — sussurrou contra meu ouvido, mordiscando meu lóbulo. Movimentou seu dedo dentro de mim, num ritmo irritantemente lento.
— Mais... Finn, mais! — Seus dentes capturaram meu lábio inferior, puxando-o para si ao acatar meu pedido e aumentar a rapidez de suas investidas.
— Anda logo com isso, Finn. — murmurei contra seus lábios, ansiosa para tê-lo se afundando em mim.
O Wolfhard retirou a última peça que eu estava usando, abrindo o fecho do meu sutiã com uma facilidade invejável. Apenas sorri, sem envergonhamento algum, o que me era estranho. No entanto, não me importei. Estava amando fazer tudo aquilo sem preocupações. Sem vergonha alguma. O moreno se abaixou, apoiando-se em seus braços. Senti o toque de seus lábios em minha clavícula, lambendo o local sem pressa antes de descer até meus seios. Abafei meus gemidos ao morder o lábio e, não satisfeito, o cacheado desceu sua língua com fervura até minha intimidade.
Levantei minha cabeça curiosa, por nunca ter sido tocada ali antes por ele daquela forma. Não conseguia imaginar a sensação com precisão, contudo tinha certeza de que seria sem comparação do que com os dedos.
Senti seu hálito bater contra minha intimidade, sendo o suficiente para me fazer arfar e minhas pernas tremerem. Suas mãos foram para meu quadril e, em seguida, meu corpo foi puxado. Apertou minha pele e desceu as mãos até minhas coxas, dando-me um tapa estalado ali, arrancando-me um gemido surpreso.
Sua língua quente me tocou com uma luxúria ardente, deslizando pelos lábios vaginais. Aquilo era muito melhor. Era uma sensação impossível de descrever.
— Finn! — gritei.
— Tão deliciosa! — Apertou minhas coxas, mantendo ambas separadas já que minhas reações estavam sendo inconscientemente tentar fechá-las. Deitei minha cabeça contra o travesseiro, sentindo seus lábios me violarem e agarrei com força nos lençóis da cama.
O moreno deslizou sua língua até começar a estimular meu clitóris, fazendo movimentos circulares, acariciando-me, antes de me penetrar com a ponta do músculo úmido. Deu mais um tapa estalado em minha outra coxa enquanto sua língua passeava por minha entrada, me penetrando, fazendo-me desejar algo maior e mais grosso ali. Não conseguia mais conter absolutamente nenhum gemido com aqueles estímulos tão gostosos. Finn me chupava com volúpia, penetrando várias vezes sem parar.
— Finn...
— Quero você escorrendo... — falou antes de voltar a me chupar com vontade.
Estava tão molhada que podia jurar sentir meu líquido escorrendo. O moreno abandonou minha entrada, voltando a dar atenção para meu ponto mais sensível, lambendo-o. Não conseguia fazer qualquer outra coisa senão agarrar seus cabelos exatamente como ele havia feito instantes atrás e pressioná-lo contra mim, querendo que o mesmo de alguma forma aumentasse a pressão. Finn pareceu compreender perfeitamente meu pedido, movendo sua cabeça para cima, para baixo e para os lábios.
Me desmanchei contra sua boca, arqueando as costas enquanto deixava aquela sensação avassaladora dominar meu corpo. Um arrepio me invadiu desde o pé da barriga e espalhou-se, deixando-me sensível à medida que se dissipava, semelhante à uma fumaça. Contudo, o cacheado fez questão de limpar-me com sua língua, semelhante ao que eu havia feito há pouco. Ao terminar, se arrastou até ficar de frente ao meu rosto, pressionando sua testa levemente na minha, num carinho que busquei de modo falho não me importar muito.
— Tem certeza que quer continuar? — Apesar de seu tom rouco e agudamente excitado, cotinha certo temor ali. Finn ainda estava com receio por causa de cinco malditos drinks que ingeri? — Eu preciso que você diga.
Suspirei antes de segurar seu rosto com delicadeza. Estava com extrema urgência em meu íntimo, contudo sabia que o cacheado precisava ter essa certeza.
— Eu tenho. Quero você. — Meu tom então se tornou mais urgente: — Agora.
E isso bastou. Alertei-o sobre camisinha e o cacheado rapidamente pegou um pequeno pacote do bolso de seu jeans rasgado. Acabei endurecendo o rosto ao imaginar o motivo dele estar andando por aí com aquilo.
— É por hábito. — justificou, como se pudesse ver meu rosto contorcido de ciúme.
— Isso não me interessa. — afirmei, arrancando o pequeno pacote de suas mãos para abrir logo e colocar nele de uma vez.
Finn se posicionou, e precisei abafar um gemido ao sentir sua glande em minha entrada. Deu leves pinceladas antes de soltar um suspiro febril e me assegurar:
— Não precisamos fazer isso.
— Hesite de novo e eu vou transar com o primeiro que encontrar lá em... — resmunguei, impaciente, no entanto soltei um gemido assim que ele finalmente me invadiu, obrigando-me a interromper minha própria fala. — F-finnie...
— Senti tanta saudade. — gemeu ao todo seu comprimento me preencher. Se retirou de modo lento para apenas voltar a me invadir com brutalidade. Arfei, concordando com o cacheado mentalmente.
Ele mordeu meu pescoço, sugando a pele com força o suficiente para deixar uma marca, e percebi que era intencional. Finn queria que todos vissem no dia seguinte a noite maravilhosa que estávamos tendo. Estava sendo impossível de conter meus gemidos, o Wolfhard estava se movendo com precisão, maltratando meu ponto de prazer com suas investidas fortes.
Deslizou a mão para esfregar seu dedão em meu clitóris, deslizando facilmente devido a umidade que havia ali. Gemi sensível, sentindo o cacheado abrir um sorriso de canto contra o meu pescoço, soltando uma risadinha que fez com que a região se arrepiasse, enquanto ainda socava sedento.
Ele subiu seus dígitos, apertando meus seios com força, levando-me ao delírio ao prender meus lábios com seus dentes e puxá-los para si levemente outra vez.
— Assim é tão gostoso, Finnie! A-ah...
— Gosta assim? — provocou rouco, pertinho da minha orelha. Queria me enlouquecer.
Os movimentos ágeis ficaram ainda mais fortes, fazendo-me gritar ao senti-lo pulsar dentro de mim. Estávamos tão perto. Ao encontrar meu ponto de prazer, passou a atingi-lo várias vezes, socando fundo, deliciando-se com os sons que saíam da minha boca.
Subitamente fiz o cacheado interromper o ritmo de suas estocadas. Imaginei que ele estivesse pensando que eu havia me arrependido, contudo, virei nossos corpos.
— Eu quero ficar por cima. — expliquei, imaginando o sorriso de canto que ele provavelmente estava abrindo. Sabia que Finn estava considerando aquilo, já que tínhamos feito apenas algumas outras vezes antes dessa e que ainda não havíamos arriscado outra posição além da tradicional.
O cacheado se ajeitou, com as costas apoiadas na cabeceira da cama antes de me puxar delicadamente pela cintura, fazendo-me sentar novamente sobre suas coxas. Gemi baixinho assim que deslizei para baixo, sentindo-o me invadir outra vez.
Finn praguejou ao me penetrar novamente. Uma leve ardência acompanhava a sensação de prazer. Ardia. Apesar de não ser como a primeira vez. Conectei nossas bocas, no intuito de ignorar a ardência e Finn percebeu, indo com calma. O Wolfhard explorava minha cavidade bucal com sua língua com maestria, segurando meus quadris com possessividade, no intuito de me ajudar a acelerar os movimentos assim que a leve dormência diminuía.
Sorri excitada e com imensa satisfação, sentindo a respiração arfante do cacheado escapar de seus lábios entreabertos e baterem contra meu rosto.
— Me diz que sentiu tanta falta minha quanto senti a sua. — seu tom estava carregado de tesão e outro sentimento que eu estava tentando evitar naquele momento. O Wolfhard levou sua mão até minha bunda, para apertá-la com força.
Nossas línguas voltaram a se tocar em confusão, enquanto nossos gemidos ecoavam frenéticos, comigo rebolando em seu membro. A sensação avassaladora retornou e tombei a cabeça para trás. Seus lábios rapidamente passaram a agredir a região de meu pescoço da forma mais prazerosa possível, provavelmente enchendo aquele lugar de marcas. Gemi alto ao sentir outra mordida. Rebolei com força, entreabrindo a boca para gemer de forma muda, ao senti-lo prender minha pele entre seus lábios e chupar gostoso, repetindo o ato várias vezes por toda aquele local.
— Diz pra mim, Mills. — implorou, desta vez com um tom quase certo de desespero reprimido, como se estivesse temendo que aquilo fosse realmente apenas algo físico para mim.
Movi meu corpo com mais volúpia, aumentando nossos toques gradativamente. Finn passou o nariz por minha pele, alisando a região ao descer até minha mandíbula, para deixar algumas gostosas mordidas ali, apertando com força minha bunda, fazendo-me sentar ainda mais agilmente.
Senti uma fisgada em meu baixo ventre, antes de espasmos me dominarem. Passei minhas mãos por seu tronco, arranhando suas costas e nuca, com certo cuidado para não machucá-lo.
— Senti. — respondi finalmente, um tanto ainda relutante. No entanto, percebi que ele precisava escutar isso tanto quanto eu precisava lhe dizer. Porque era a verdade. Contudo, aquilo não passava de um momento de fraqueza. E ele sabia.
Finn fechou os olhos contra meu pescoço, respirando aliviado.
— O que você sentiu? — insistiu.
— Sua falta. — completei.— O tempo todo.
Ele suspirou, enquanto ainda guiava meu quadril para cima e para baixo, notando que eu já estava fraca demais para prosseguir sozinha. Minhas pernas passaram a tremer, seu pênis pulsou dentro de mim assim que a enorme onda de prazer me atingiu. Desacelerei meus movimentos, sentindo seu membro latejar cada vez mais até seu jato quente preencher o preservativo.
Apoiei minha cabeça em seu ombro, fechando os olhos cansada e tentando regular minha respiração, sentindo seu peito oscilar contra meu corpo ainda sobre o seu. As mãos do cacheado acariciaram meu cabelo, sua respiração tão profunda quanto a minha. Ao invés de me deixar levantar e sair de cima de si após ele retirar o preservativo, amarrá-lo e jogar dentro da lata de lixo ao lado da cama, os braços do Wolfhard rapidamente me aninharam e ele deitou na cama com minha cabeça em seu peito, puxando os lençóis para cima de nossos corpos, até a metade de minhas costas.
Fechei os olhos, aproveitando a carícia que o moreno estava fazendo em minha bochecha.
— Eu te amo. — Abri os olhos, levantando minha cabeça para apoiar meu queixo sobre seu peito e encarar o moreno com a ajuda da pouquíssima luz que passava pela fresta da porta. Ele me fitava fixamente, com paixão. Meu peito doeu.
— Shhh... — pedi, ao deitar novamente sobre ele, dando espaço para o sono que estava vindo.
— Não, nada disso. — Levantou meu rosto novamente com seus dígitos, fazendo-me encarar seu rosto. — A gente precisa conversar sobre o que fizemos.
— Temos aula amanhã, amanhã fazemos isso. — Deitei sobre ele novamente, abraçando o cacheado antes de voltar a fechar os olhos.
Senti o Wolfhard murmurar algo em concordância antes de beijar minha testa. Me emocionei com aquele ato de carinho depois de tanto tempo e me afoguei num sono profundo depois disso, sentindo-me tranquila como há muito tempo.
A primeira coisa que senti quando despertei foi a tão famosa dor de cabeça da ressaca. Levei a mão para o local que latejava, a dor era semelhante a dar várias cabeçadas contra uma parede várias vezes. Prendi a respiração assim que senti um corpo quente e nu sobre o meu. Me alarmei, até me dar conta de que era Finn. Lembranças da noite passada nublaram minha mente e eu fechei os olhos, agarrando cada vez mais meus fios de cabelo à medida que me recordava de cada coisa que fizemos. A descrença inflou em meu íntimo. A forma absurda de como eu implorara, de como havia mandado se danar tudo à nossa volta, era vergonhosa e patética. Arregalei os olhos ao me dar conta de que não devia ter dormido aqui e que a luz que adentrava pelas frestas da janela do quarto estava forte demais para ser cedo. Meu braço se esticou ansiosamente o seu máximo para que eu conseguisse alcançar meu celular no chão, de modo que não precisasse acordar Finn, no intuito de adiar o momento de ter que encararmos o que ambos fizemos. E eu achando que nossa situação não poderia ficar ainda mais fodida depois de descobrir toda a verdade sobre ele. Ao desbloquear a tela, perdi o ar ao ver que eram nove horas da manhã. Já havíamos perdido boa parte das aulas. O desespero preencheu meu peito. Eu estava mais do que encrencada.
— Finn. Finn, acorda. — O agitei para que o cacheado pudesse sair imediatamente de cima de mim e possibilitar que eu me vestisse rapidamente para poder sair correndo. — Nós estamos perdendo aula.
Meu tom urgente o convenceu, ao menos, de se jogar pro lado, me concedendo liberdade para me levantar. Comecei a pegar minhas roupas do chão. Me vesti o mais rápido que eu pude, enquanto o moreno coçava os olhos despreocupadamente, ainda despertando.
— Você vai ficar mesmo aí deitado? — questionei, observando sua despreocupação invejável, da qual não poderia me dar o luxo de ter. À julgar pela falta de importância de sua parte, me perguntei se boa de seus dias eram assim, só que despertando com outras garotas aleatórias em meu lugar. Tratei logo de afastar aqueles pensamentos para longe, sentindo um bolo em meu estômago.
— O quê? — perguntou, um tanto perdido, a voz rouca por ter acabado de acordar.
— Caralho, onde será que está a Sadie? — Desbloqueei meu celular novamente ao terminar de amarrar meus tênis, desistindo de sua resposta que simplesmente não veio.
Só então havia reparado que o quarto era uma suíte e rapidamente fui ao banheiro — ignorando o quanto aquele cômodo era chique e espaçoso. — para, além de aliviar minha bexiga que no momento estava explodindo, checar o meu estado. Além das mechas embaraçadas, minha expressão estava longe de ser das melhores. Via-se claramente marcas róseas espalhadas por toda região de meu pescoço. Fechei os olhos, agoniada só de imaginar saindo dali com elas totalmente à mostra.
Abri a torneira, molhando as palmas de ambas as mãos para passá-las por meu rosto e cabelo, passando os dedos dentre as mechas repletas de nós.
Não tinha jeito. Iria embora despenteada e toda marcada. Urgh. Grunhi ao lembrar-me desejando isso várias vezes na noite passada. Nunca mais iria consumir álcool.
Saí do banheiro, pegando meu celular e o guardando.
— Mills, espera, espera. Vem aqui — Finn se sentou na cama rapidamente ao notar minha presença, segurando meu pulso. Me aproximei. —, o que aconteceu ontem...
— Foi um erro. — Não o deixei terminar. Estava com pressa, não poderia perder tempo discutindo sobre o que acontecera na noite passada com Finn. Resolvi ter responsabilidade pelos meus atos vergonhosos ontem que me matavam de vergonha só de lembrar e o encarei nos olhos, falando com toda sinceridade que pude: — Não te culpo por ter cedido. Sei que insisti, que insisti muito. E sinto muito por isso. Mas eu preciso ir embora agora.
Me virei para sair dali, entretanto ele voltou a segurar meu pulso.
— Não me diz que sente muito. Por favor, não faz isso.
Me virei, sentindo o peso daquela situação. Não tinha o que ser feito. Eu havia bebido e praticamente seduzido Finn sem termos mais nada. Aquela situação estava longe de ser das melhores e o pior era que eu não sabia o que dizer ou como me desculpar.
— Então o que você quer que eu diga pra você? — questionei sem usar um tom agressivo. — Quer que eu fale que não aguentamos ficar longe do outro e que por isso temos que voltar? — Minhas palavras pareceram envergonhá-lo e Finn soltou meu pulso, e percebi que era exatamente isso que estava se passando em sua cabeça. — Um relacionamento não se baseia só nisso, Finn. Isso não pode mais acontecer... não vai mais acontecer. — prometi à ele.
— Esse era seu plano? — Ele me fitou magoado, seu tom havia se tornado imensamente sarcástico e rancoroso, fazendo-me supor que estivesse se passando as piores coisas em sua mente. — Me usar e depois dizer que não significou nada para apenas me fazer sentir como aquelas garotas? Como Laila? Isso era uma espécie de vingança?
Quando dei por mim, minha palma estava queimando e o rosto antes pálido do Wolfhard se encontrava vermelho. Ele me fitava chocado, e imediatamente me arrependi do que tinha feito. Eu não era assim. Poderia mudar minha forma de me vestir. De me arrumar. Contudo meu caráter não. Nunca havia pensado que levantaria a mão para alguém, muito menos para o cacheado, por mais que ele me magoasse com palavras várias vezes. Em um lugar dentro de mim, lutava para me desculpar pelo tapa, contudo uma outra eu, que eu não conhecia, uma estranha, tomou forma e resolveu fazer diferente:
— Não ouse comparar seus erros com os meus. Significou sim a noite de ontem, era isso que você queria ouvir? Mas isso não muda os fatos. O quão fomos, eu fui irresponsável. — Ele sequer me olhou nos olhos e prossegui, pensando em como havia pensado ontem que Finn talvez estivesse se permitindo mudar: — E eu pensando que você tinha tomado jeito...
Saí do quarto de uma vez, batendo a porta, deixando o Wolfhard sozinho lá dentro. Me encostei ali, suspirando fundo e passando a mão pelo rosto até a raiz do cabelo. Havíamos conseguido piorar a situação num nível inimaginável.
Tratei de descer logo e ligar para Sadie. Haviam 17 ligações perdidas da ruiva e 6 mensagens de texto não lidas. Enquanto esperava ela atender, passei a lê-las.
Saddy: Millie onde você tá? [04:23]
Saddy: Crl tô te procurando faz um tempão! [04:28]
Saddy: Millie atenda esse celular! [04:31]
Saddy: Responde!!! [04:33]
Saddy: O Finn acabou de me mandar mensagem e disse que você está bem ( ͡° ͜ʖ ͡°) [04:34]
Saddy: Tô indo embora, quando acordar me manda mensagem que vou até aí te buscar! [04:34]
Passei a digitar, avisando que não precisava já que havia levado uns trocados e iria embora de Uber, ela só teria que levar minha mochila até minha casa mais tarde.
Depois de chegar em casa, corri para tomar um banho para retirar aquele cheiro de suor, festa e sexo do corpo. Coloquei uma roupa folgada e me atirei em minha cama, repensando o quão estúpida havia sido em achar que daria tudo certo ontem. Pesquisei na internet o que era bom pra ressaca e tomei um remédio para a dor de cabeça depois de tacar maquiagem em meu pescoço para esconder os chupões do Wolfhard antes de colocar qualquer coisa pra ver na TV. Sadie trouxe minhas coisas de tardezinha. Claro que ela me provocou um pouco, contudo não fez perguntas e lhe devolvi sua calça e a camiseta praticamente à força, já que a ruiva não havia me deixado lavá-los. Quando mamãe e papai chegaram do trabalho, disseram que a escola havia ligado, informando que eu não havia comparecido à aula hoje. Foi terrível ter de confessar a verdade, isto é, sem citar Finn. Com a maioria das outras adolescentes da minha idade, os pais proíbem uma semana sem sair de casa. No meu caso, é uma semana sem videogame. Dona Winona foi até mesmo ao meu quarto para desconectar o X-box e escondê-lo em outro lugar. Com toda certeza o quarteirão inteiro ouvira os dois me dando bronca.
No dia seguinte, relutei em sair da cama. Estava morrendo de vergonha, principalmente em encarar meus pais, apesar de parecer certamente estranho. Me vesti igual ao dia anterior, resolvendo que usaria definitivamente aquelas roupas a partir de agora. Mamãe, que ainda estava sentida por minha "aventura", que é como ela havia decidido chamar, murmurou para si mesma durante o café da manhã:
— Não sei dizer mais se essas mudanças são boas ou não...
Fui pra escola à contragosto. Estava tão envergonhada e de baixo astral que me mantive de cabeça baixa todas as primeiras três aulas. Assim que Noah viu meu semblante tratou de me conceber espaço, provavelmente conectando aquilo ao fato de eu ter faltado no dia anterior e logicamente à festa. Eu definitivamente tinha o melhor amigo do mundo.
No intervalo, conversei um pouco sobre todo o acontecido com Noah e Sadie num breve resumo. Precisava conversar com alguém sobre meu ato impulsivo de ontem ou sentia que iria enlouquecer. Provavelmente havia sido breve demais, já que a ruiva não compreendera o motivo de meu desânimo depois de "uma noite inteira de sexo". Resolvi deixar pra lá, já que a merda já estava feita. Depois disso, deixei o casal um pouco sozinhos para aproveitarem o intervalo e vaguei um pouco pelo pátio, procurando um lugar silencioso para ficar sozinha. E finalmente me sentei no corredor vazio bastante próximo das salas, fitando a parede branca enquanto relembrava a expressão de Finn quando eu o estapeei por impulso.
— Oi. — Uma voz masculina soou ao meu lado e dirigi meu olhar para cima, sem acreditar no que eles estavam vendo. Aquilo só poderia se tratar de uma miragem que meu cérebro estava criando. O garoto pelo qual fui apaixonada o ano passado inteiro sorriu. Sua voz era diferente da que eu imaginara, era ainda mais bonita. Me levantei, sentindo meu coração dá saltos em meu peito, meu corpo todo tremia.
— O-oi...
— Eu sei que você não me conhece, mas — Ele soltou um riso encantador antes de prosseguir. Não aparentava estar nervoso, pelo menos não tanto quanto eu. Ao estender sua mão, prosseguiu: — meu nome é Jacob.
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