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40. Você é igual ao seu pai

Último capítulo, pessoas. Já peço desde já para vocês pegarem os lenços porque eu mesma não estou bem. Espero vocês na parte dois e peço que me sigam para saberem quando eu postá-la. <3

Tradução de you belong with me: Você pertence a mim

**********************

FINN

Sabia o risco que estava correndo e, principalmente, quão em jogo estava colocando meu relacionamento com a Millie.

Brown parecia estar cada vez mais a um passo da verdade. E isso, literalmente, estava tirando meu sono.

O pouco que dormia resultada em pesadelos. Dela me deixando. Acordava assustado, o rosto suado, a respiração ofegante.

Não tardou para as olheiras ficarem aparentes.

Havia dado meu máximo para que os caras não soubessem de nosso relacionamento. Que Iris não soubesse. Ela estragaria tudo. Mais cedo ou mais tarde.

Mas, mesmo assim, contei toda a verdade na cara deles. Na cara da Iris. Pude ver perfeitamente em sua expressão que eu estava completamente fodido. Mas tinha que dizer para eles. Pois era importante pra Mills. E, caralho, principalmente pela forma que eles a haviam tratado. Não planejei aquilo. Mas, no momento, parecia que a única forma de fazê-los parar era deixá-los sem fala. E foi o que fiz.

A expressão da minha garota fez todo aquele risco ter valido à pena, apesar de ter me questionado milhões de vezes se havia feito a coisa certa. No momento pareceu que sim.  Mas depois...

Logo Iris começou com as ameaças. As provocações. Além da proposta totalmente ridícula e doentia de ter uma noite com ela em troca de seu silêncio.

Repulsa. Foi o que senti.

Ela estava estranha. Ciumenta. Explosiva.

Iris não era assim.

Era uma garota divertida que sabia separar as coisas. Não ligava para compromisso e parecia ser satisfeita com como as coisas eram.

Sua mudança ocorreu aos poucos. Ela parecia irritada quando não aparecia nas festas por ter que estudar com Millie. Me questionava perguntando o que estava fazendo. Até enlouquecer de vez e espalhar mentiras de estarmos juntos pela escola.

Parecia desesperada por algo do qual ela nunca havia ligado. Eu não entendia porquê diabos Apatow havia mudado tanto.

Com a proposta recusada, a mesma havia dado o prazo de uma semana. Ou eu contava, ou ela. E tentei. E como tentei. Até buscá-la em sua casa havia ido para poder fazer isso. Mas fraquejei. Não podia fazer aquilo. Millie era tudo o que tinha. E Iris havia percebido que eu desistira, pois começou a rondar Mills para me provocar. Ficava nervoso só de vê-la perto da Millie.

Sabia perfeitamente que Iris não havia fugido por alguns minutos da cozinha para tirar uma foto de Sadie com o Schnapp. Claro que iria contar a verdade, mas viu a oportunidade que tinha quando percebeu que provavelmente Millie não estava com eles.

Deixei minha garota em casa, que estava irritada e bastante chateada comigo. Mal havia se despedido de mim antes de fechar a porta, sem que eu pudesse ter a chance de pedir desculpas por ter surtado mais cedo.

Encarei a porta soltando o ar com força, irritado comigo mesmo por ter descontado todo o meu nervosismo nela.

Saquei o celular do bolso para ver o que diabos Caleb queria, ficando incrédulo com a sorte que eu tive. Millie com toda certeza não havia lido todas as mensagens.

Caleb: Cara
Caleb: A Iris quer contar tudo pra ela

Caleb: Vem logo pra cá, idiota!

Revirei os olhos, nada surpreso. Enfiei o aparelho no bolso com agressividade, tomando meu caminho até a casa dele em passos rápidos. Teria uma conversa séria com Iris.

MILLIE

Peguei meu bloco de notas de dentro da mochila para checar a data de entrega do trabalho de história antes de voltar meus olhos para o texto sobre a Primeira Guerra Mundial na tela do computador.

Consegui copiar três linhas antes de deixar a caneta sobre a folha de papel almaço, desistindo de tentar fazer aquilo um mês antes da data de entrega.

Suspirando profundamente, passei a mão por meu rosto até a raiz do cabelo que estava amarrado em um rabo de cavalo para não me atrapalhar enquanto escrevia, sentindo-me bastante frustrada.

Não devia ter mexido no celular de Finn, pensava. Estávamos brigados de novo. Tudo o que estava tentando evitar, sem lhe fazer perguntas, sem o questionar sobre as coisas que ele havia prometido me contar mas que não tocara mais no assunto.

Ao lado do estojo, meu celular começou a vibrar. A tela acendeu, mostrando algumas notificações e o horário. 23h34.

O virei, me recusando a pegá-lo. Se fosse ele, provavelmente seria melhor conversarmos amanhã, com a cabeça fria. Apesar de querer muito resolver tudo para me livrar de toda aquela angústia que sentia em meu peito.

Estalei a língua no céu da boca enquanto mexia no botão do meu pijama xadrez vermelho, fitando o celular em indecisão.

Duas batidinhas na porta me distraíram do impasse torturando em meu interior e me virei para fitar mamãe que me encarava surpresa por ainda estar — tentando — concluir o trabalho.

— Está tarde, querida.

— O papai já chegou? — perguntei. Assim como acontecia algumas vezes, minha mãe e eu tivemos que jantar sem meu pai esta noite devido o trabalho dele.

— Não, mas ele ligou e disse que já está vindo. — ela respondeu, em seguida voltou sua atenção para o que eu estava fazendo. — Termine amanhã, Millie. Você tem o final de semana todo, portanto descanse.

— Tudo bem, boa noite, mãe. — respondi, dando-me por vencida.

Mamãe sorriu antes de fechar a porta e se afastar até o outro quarto. Suspirei pesadamente e me virei para guardar minhas coisas e deixar tudo separado para que continuasse no dia seguinte. Já que, além de não estar conseguindo me concentrar, as pálpebras de meus olhos já haviam começado a pesar.

Enquanto fechava o caderno com as folhas do trabalho praticamente incompleto dentro, uma nova notificação fez com que meu aparelho telefônico voltasse a vibrar.

O peguei na mesma hora, sentindo-me nervosa demais para tentar continuar ignorando Finn.

Finn: Desculpa por hoje

Finn: Não devia ter gritado com você

Suspirei novamente olhando a mensagem, sem saber bem o que lhe responder. Queria ter outra conversa com ele. E desta vez, Finn teria que me dizer o que estava acontecendo. Definitivamente teria que ter pulso firme e não aceitar suas desculpas para tentar desviar minha atenção ou deixar a conversa para uma outra hora, da qual nunca chegava.

Mas não iria continuar aquela discussão de mais cedo por mensagem, devido à isso, foi o que respondi:

Desculpa por ter olhado seu celular.

Sentindo-me ansiosa, deixei o aparelho sobre a escrivaninha novamente, mas logo o peguei quando a tela voltou a acender.

Finn: Tudo bem.
Finn: E, sobre minha briga com o Caleb, não foi nada de mais, sério

Finn: Tínhamos discutido por uma idiotice.

Mordi meu lábio. Finn estava me dizendo que havia deixado o olho de um dos melhores amigos roxo por uma idiotice?

Lhe respondi um "tudo bem" antes de voltar a bloquear a tela do aparelho novamente, relembrando para mim mesma que seria melhor falar sobre aquilo quando estivesse cara a cara com o cacheado.

Fui dormi aflita naquela noite, abraçada com Lucky. Fitando o teto escuro enquanto um vazio me consumia, como se sentisse que algo estava prestes a acontecer. Eu só não pude identificar se era um pressentimento bom ou ruim no momento.

— Millie, depois do almoço, vá comprar bife no mercado para o jantar. Não faço ideia do que fazer para comermos de noite... — mamãe pediu, sentada à mesa comigo, murmurando a última parte para si mesma.

Minha mãe é do tipo que gosta de ir além na cozinha. Sempre fazendo pratos novos. Era raro dias em que ela estava sem ideia do que cozinhar.

— Certo. — respondi, terminando meu suco de laranja.

Deixei o copo sobre a mesa e me voltei ao meu prato, cortando o frango grelhado antes de levar um pedaço à boca.

— E como está Finn?

Parei e encarei os olhos de minha mãe sentindo-me nervosa.

— É... Tá tudo bem. — tentei sorrir fraco antes de voltar a baixar os olhos para a comida.

Claro que mamãe não deixava passar nada, principalmente pela minha péssima tentativa de fingir que estava tudo bem. Tinha que aprender a disfarçar melhor.

— Aconteceu alguma coisa?

Mas, para minha sorte, eu sabia perfeitamente como desviar sua atenção.

— Não. Noah que está com problemas com a namorada...

Pronto, eu havia falado a palavra mágica.

— É mesmo? Eu não sabia que ele estava namorando também. — ela pareceu pensativa. A observei, revirando os olhos quando a mesma continuou. — Sabe, eu achei realmente que vocês estivessem se gostando...ele é um garoto tão bonzinho...

— Ok, mãe, eu entendi. — a cortei, levantando a mão, como um pedido para que ela parasse, e ambas rimos.

Depois de acabarmos de comer, lavei a louça do almoço antes de pedir o dinheiro para ir até o mercado. Queria terminar logo o trabalho que havia começado ontem, então saí e andei em passos rápidos pela calçada.

O tempo estava seco e cinza, aqueles dias em que o céu estava coberto por nuvens e confesso que estava louca para ver neve logo. Apesar do frio, senti vontade de tirar a blusa de frio devido a minha pressa.

Ao voltar, com uma mão segurando a sacola com a carne enquanto a outra procurava a chave no bolso da jaqueta azul celeste. Enquanto destrancava a porta, algo debaixo do capacho me chamou a atenção.

Terminei de girar a chave, abrindo e largando a porta aberta. Me abaixei para checar o que havia ali e peguei uma pasta de papel parda, ficando intrigada ao ler meu nome escrito nela.

Entrei em casa, encontrando mamãe sentada no sofá, assistindo Grey's Anatomy sem mim.

Opa, espere aí...!

— Mãe! — adverti.

Ela me olhou e, percebendo que estava assistindo nossa série, seu olhar se tornou culpado.

— Ah, querida, não resisti.

— Tudo bem — suspirei, soltando nasal. —, tenho trabalho para terminar, mas lembrando que vamos rever esse capítulo.

Fui até a cozinha para deixar a carne no congelador e subi ao quarto. Larguei a pasta misteriosa sobre minha escrivaninha e me afastei para tirar a jaqueta que estava me causando um baita calor e a deixei dobrada sobre a cama, ciente de que logo a recolocaria novamente.

Me sentei em frente à escrivaninha, pronta para abrir aquela curiosa pasta quando meu celular que estava perto do PC carregando vibrou.

Suspirei, contendo a curiosidade e me levantei para pegá-lo.

Finn: O que tá fazendo?

Trabalho de história

Foi o que respondi, apesar de não ter nem pêgo no trabalho ainda.

Ele me mandou uma carinha hostil, fazendo-me gargalhar.

Finn: Vem pra cá.
Finn: Posso te ajudar a terminar

Mas o emoji que ele havia enviado queria dizer totalmente o contrário.

Sorri, sentindo-me um pouco melhor depois de toda a tensão de ontem, apesar de que aquilo significava que nossa conversa seria hoje.

Estou quase concluindo. Umas 15h00 estou indo.

E então deixei o celular de lado. Eram 13h12, daria tempo de terminar antes de ir.

Suspirei e me sentei novamente, pegando a pasta. Retirei a fita da parte superior, abrindo a mesma para checar o conteúdo que havia dentro.

Percebi que havia dois papéis dentro e os retirei, deixando-os sobre a escrivaninha. Enfiei minha mão lá dentro, checando se havia algo mais. Sentindo algo sólido, o peguei, vendo que era uma caixinha com um CD dentro.

O que diabos seria aquilo?

Encarei a fita colada à caixinha do CD com a sobrancelha arqueada.

"Assista-me" era o que estava escrito. Não fazia ideia do que era tudo aquilo, mas meu cérebro alertava de que deveria ignorar o que recebera e me livrar do que tinha em mãos. E se fosse algum vídeo pesado?, eu me perguntava. Compartilhamento de vídeos homofóbicos, com violência contra animais ou estupros, infelizmente, são algo comum nas redes sociais. Mas aquilo era realmente algo incomum.

Devo ter ficado minutos fitando aquele CD em total aflição até decidir que valeria uma pequena espiada. Jogaria fora imediatamente se percebesse que era algo opressivo.

Me levantei, indo até o computador para ligá-lo. Esperei com impaciência até poder acessá-lo e colocar o CD para assisti-lo.

Eram trinta minutos de vídeo. Dei play antes que me arrependesse por ter deixado minha curiosidade me tomar. Assim como da última vez, eu poderia me dar muito mal por causa dela.

Os primeiros segundos davam a entender que a câmera que gravara aquele vídeo estava em um quarto, colocada estrategicamente ou não para que pudesse pegar uma cama de casal e uma simples mesa de cabeceira ao lado que jaziam no quarto.

Levei os dedos para perto da boca, segurando o queixo enquanto fitava a tela, alerta para tirar aquilo a qualquer momento.

Logo, um casal aos beijos literalmente caíram sobre a cama, e eu me sobressaltei ao identificar aquele cabelo castanho-escuro cheio de cachos.

Com uma dor em meu peito, levei rapidamente a mão até o mouse para pausar o vídeo. Meu olhar foi instintivamente para a parte superior da tela, onde estava o título. Aposta número 2, 6 de junho de 2017.

A data na parte inferior batia com o título. Aliviada, fechei os olhos.

Por mais que fosse doloroso, dei play novamente, pulando várias partes para ter certeza de que era ele. Mas não tive dúvidas ao ver a tatuagem das asas negras nas costas do garoto.

Respirei fundo, enquanto absorvia o que acabara de receber. O cabelo negro da garota com quem Finn estava indicava de que não era Iris. Todos da escola sabiam que ele era outra pessoa no ano passado e até mesmo no começo deste ano. Ficava com uma garota diferente por dia e a própria data do vídeo provava de que aquilo havia acontecido antes de estarmos juntos. À esta altura, eu já sabia quem havia me enviado aquela pasta. Mas o que diabos Iris queria tanto que eu descobrisse?

Encarei a tela novamente. Por que diabos alguém gravaria isso? Finn sabia do vídeo?

Foi quando meus olhos foram direcionados novamente para o título que a ficha havia caído.

Meus olhos se arregalaram. Meu coração acelerou. Então era isso...

Senti um misto de nojo e indignação crescendo em mim.

Querendo saber mais do que Apatow queria me revelar, levei instantaneamente minha mão para um dos papéis que recebi, ficando confusa novamente.

Era uma impressão de uma imagem de uma lápide. No início, não vi nada demais ali até ver a foto de uma adolescente com cabelos negros e longos muito parecidos com os da menina do vídeo. Imediatamente direcionei meu olhar para o que estava escrito:

Laila Jones Miller

2002 - 2017

Causa da morte: hemorragia interna.

Hemorragia interna... o que poderia...?

Quando uma teoria me veio, minha boca logo começou a ficar amarga. O estômago, a fechar. Meu almoço pareceu que não iria se manter lá dentro.

O último papel que sobrara, para meu alívio, não revelava mais nada.

Era apenas um papel de caderno rasgado pela metade, com uma letra que não parecia ser de uma garota, indicando que provavelmente fora escrita às pressas, passei meus olhos rapidamente pelo recado curto, desesperada por algo que pudesse contradizer a ideia absurda que torturava minha mente:

Quer descobrir o que Finn teve haver com a morte dessa menina?

Venha até a casa de Caleb

Iris

Abaixo do recado, estava escrito um endereço. Com a teoria quase concreta, minha respiração se acelerou e eu me levantei num sobressalto, em choque, como se já soubesse a resposta.

— Eu vou sair! — comuniquei à minha mãe, enquanto recolocava minha jaqueta, tentando não tropeçar em meus próprios pés que desciam as escadas apressados.

Finn claramente não queria me dizer o que tanto escondia, no entanto, Iris estava disposta a me dizer a verdade. Havia conseguido me convencer a lhe escutar, me enviando provas de que não era mais uma de suas maldosas brincadeiras.

— Opa, opa! Espere aí, mocinha! — mamãe me fez parar na porta. — Que tanta pressa é essa? Terminou o trabalho?

A encarei ofegante.

— Terminei, mãe. Eu já volto pra casa!

— Como assim, Millie...? Algo aconteceu com o Noah? Millie! — ouvi a mesma me chamar enquanto fechava a porta e andava rapidamente pela calçada.

A rua de McLaughlin era no mesmo bairro que Finn morava. No entanto, tive que pedir informação antes de finalmente encontrar a rua indicada no papel que eu guardara no bolso da jaqueta caso esquecesse o nome.

Ao encontrar a nada humilde residência, prendi a respiração ao ver que estava acontecendo uma festa ali.

E eu estava com uma calça de moletom preta, camiseta branca sem estampa e a blusa de frio por cima que iam até metade das coxas. Mordi o lábio, aflita pela primeira vez com as roupas que estava usando.

Me forcei a continuar andando, indo até o portão alto. Com as bochechas vermelhas, apertei o botão do interfone, esperei por alguma voz, no entanto, o portão apenas se abriu, possibilitando a minha entrada.

Adentrei o local sentindo-me uma completa intrusa ali. Passei pelo jardim cheio de pessoas bêbadas que dançavam ou simplesmente conversavam, chamando a atenção de alguns devido logicamente minhas roupas.

Adentrei a casa lotada de adolescentes andando de um lado por outro enquanto uma música alta tocava. Estreitei meus olhos, incomodada com a altura daquele som. Era disso que Finn e seus amigos gostavam?

Tentando ignorar meu incômodo, vasculhei a sala, que era tão grande quanto a da casa de Finn, me perguntando como encontraria a Apatow naquele meio de toda aquela gente alcoolizada.

Passei por alguns deles com dificuldade, tentando chegar até o outro cômodo. Quando finalmente consegui, a cozinha vazia me possibilitou um certo alívio.

Cruzei a mesma, vendo do lado de fora mais gente, em volta de uma enorme piscina. Reprimi uma careta ao ver meninas nadando de roupas íntimas na frente dos meninos que, com certeza, também não estavam com o traje adequado para aquilo. Não eram muitos, devido ao tempo fechado que estava fazendo, mas tremi só de imaginar aquela água gelada.

E então a encontrei. Do outro lado, perto da piscina, sentada no gramado com os outros.

A passos firmes, andei até lá. Quando a loira me viu, um sorriso divertido invadiu seus lábios. Claramente, ela estava satisfeita pois eu havia vindo para escutá-la, por vontade própria.

Ao me aproximar o suficiente, ela se levantou, contudo, ao abrir a boca, a voz irritadiça de McLaughlin a impossibilitou de falar:

— O que esse garota está fazendo na minha casa?!

— Eu a chamei. — Iris se virou para o mesmo, respondendo por mim.

Millie. — a voz do único que eu ainda não havia notado ali, me fez gelar.

Por Finn ter me chamado para ir até sua casa mais tarde havia me feito acreditar que ele não estaria ali. No entanto, eu havia me enganado.

Fitei assustada seu rosto que reprimia raiva. Seu olhar alternava entre Apatow e eu e reconheci o sentimento que seus olhos gritavam para mim. Ele se sentia traído. Bem, era recíproco.

O cacheado se levantou e percebi que o mesmo estava tentando se controlar. Finn pegou uma de minhas mãos e me fez andar alguns passos para longe de seus amigos. Para longe da Apatow, de novo.

— O que você está fazendo aqui? — ele murmurou para mim. Mordi o lábio, sem palavras para explicar o quanto estava farta de viver no escuro, sem saber de nada. Vendo que  não tive coragem de lhe dizer, ele parece se irritar mais. — Caralho...

— Solte ela, Finn. — o tom autoritário da loira o fez parar, e vi que o cacheado estava prestes a lhe responder algo hostil, contudo, resolvi tomar as rédeas da situação para evitar tumulto.

— Finn, esta é a última que eu lhe pergunto. — apesar de ter sido direta, meu tom saiu o mais delicado possível e o mesmo logo prestou atenção em mim. — Você tem algo para me contar? — meus olhos com certeza expressavam o desespero que eu sentia por respostas e o cacheado me olhou com as sobrancelhas unidas, me possibilitando enxergar um pouco da dor e conflito que ele sentia.

— Está bem. — ele segurou meus ombros, e seu olhar me mostrava que ele estava me implorando algo. — A gente pode conversar sobre isso na minha casa. E eu prometo que vou responder a todas as perguntas que você me fizer. Vou contar tudo, Mills.

E eu acreditei nele. Seu olhar não mentia. E, por mais que soubesse que o que Finn iria me dizer poderia colocar nosso relacionamento em jogo, preferia ouvir dele do que da Apatow, que tinha más intenções desde o começo.

Assenti freneticamente:

— Tudo bem...

Ele pareceu um pouco mais aliviado e se virou para os amigos enquanto entrelaçava nossos dedos como sempre fazia.

— Estamos indo embora. — ele anunciou antes de passar o braço por meu ombro e nos viramos.

— Conta logo pra ela, Finn! — a voz impaciente da loira se pronunciou de novo. — Vai enrolar de novo como sempre faz, ham? Diz logo pra ela sobre a Laila!

— Iris, cuide de sua vida! — ele esbravejou irritado ao se virar novamente.

Observei a mesma que abria a boca novamente para tornar a insistir, no entanto, McLaughlin, que também se levantara, a cutucou no braço, totalmente incomodado.

— Iris, por favor, pare com isso...

— É, a garota morreu! — Matarazzo afirmou, agora também de pé, como se quisesse lhe mostrar que o assunto era muito delicado para que Finn me explicasse ali.

Contudo, sua fala havia feito minha curiosidade aflorar de novo. Não pude me controlar.

— Por que ela morreu? — questionei, olhando para todos eles. — O que aconteceu com ela?

— Millie, me espere lá fora... — Finn fez outra tentativa de me tirar dali quando Iris fez menção de responder.

— Não, me explica agora o que você tem a ver com a morte daquela garota que ficou com você! — me desvencilhei dele, não sabendo mais se devia confiar em Finn.

Ele poderia muito bem estar tentando me levar para longe de seus amigos e inventar qualquer desculpa como das outras vezes assim que estivéssemos sozinhos.

O cacheado me olhou chocado por eu saber daquilo e direcionou seu olhar de ódio para a Apatow atrás de mim.

— Você...!

— Sim, Finn, fui eu. — Iris confirmou, sem um pingo de arrependimento na voz. — Eu sabia que Millie nunca me escutaria, então dei um jeito dela saber metade da história. Mas confesso que fiquei surpresa. — seu tom se tornou sarcástico e bastou um olhar de relance para Finn para ver como seu rosto estava ainda mais pálido do que o normal. — Pensei que confiasse um pouquinho na sua namorada para lhe dizer o que você fez no passado. Parece que não, não é?

— Finn, por favor, diz logo pra ela. — McLaughlin a interrompeu. — Seu namoro acabou se a Iris contar do jeito dela.

A expressão do meu namorado mostrava o quanto ele se sentia traído pelos próprios amigos por estarem o pressionando com algo que ele claramente queria que continuasse sendo um segredo. Mas eu era quem estava ainda mais chateada. Afinal, era a única que não fazia ideia. Se ele não me contasse naquele momento, lhe daria as costas.

— Millie, vamos lá pra fora. — Finn implorou, tentando tocar meu braço, contudo me afastei quase que imediatamente de seu toque.

Estava acontecendo. Estava perdendo a confiança nele. Sentia que não sabia de mais nada. E se ele mentisse pra mim outra vez?

— Não, Finn. Você vai me dizer na frente deles. Só assim eu vou ter certeza de que você não estará me enganando de novo.

Por um segundo, ele me encarou como se tivesse lhe acertado um tapa, mas logo se recuperou e desviou os olhos.

— Certo... — ele levou o olhar para os amigos e então me fitou com intensidade, unindo as mãos como se pedisse perdão. — Mas eu quero que lembre que eu era diferente antes de você. Era um babaca que não estava nem aí pra nada. E que mudei.

Meu coração se apertou. Queria saber, mas não me sentia pronta. Apenas assenti com a cabeça antes dele tentar continuar.

— No ano passado, quando eu ainda não queria saber de ter compromisso com alguém, os meninos e eu fazíamos uma... brincadeira para deixar nossas ficadas mais divertidas...

— Continue. — Iris pressionou, num tom de tédio.

Estava tão nervosa com o que iria ouvir que não conseguia me irritar com ela. No entanto, antes de prosseguir, Finn a fuzilou com os olhos e então limpou a garganta: 

— Mas fazíamos isso com as meninas que, assim como nós, não queriam saber de compromisso. Foi quando Caleb insistiu com a ideia de...

— Ah, ele ‘insistiu’?! — a loira interrompeu novamente, claramente querendo rir.

— Não. Ele não insistiu. — confessou Finn, sem deixar de me fitar. — A ideia era de ficarmos com algumas meninas mais... tímidas...

— "Mais tímidas"? — repeti, como se tentasse absorver aquilo.

— É, que levassem isso mais à sério. Garotas que preferem...namorar. Achamos que seria divertido...e então Caleb e eu fizemos uma aposta. — arregalei os olhos, dando um passo atrás. Finn continuou, sentindo o peso de suas palavras. — Escolhemos quatro meninas. Duas pra ele, duas pra mim. Mas a ideia era a mesma.

— Ou seja, transar com elas e então descartá-las. — Iris o interrompeu de novo.

— Para, Iris. — McLaughlin pediu, o arrependimento claro em seu tom.

— Ué, não dá no mesmo?! — esbravejou a loira, irritada com ele.

— Gravávamos para provar que tínhamos conseguido. — Finn continuou com dificuldade. — Mas algo havia dado... errado.

— O que havia dado errado? — perguntei, a voz quase falha.

— Quando havia conseguido convencer Laila, eu... — ele desviou os olhos dos meus, como se sentisse vergonha de suas próximas palavras. — eu estava bêbado naquela noite e para ser franco não lembro de ter usado proteção ou não. Mas, naquele tempo, tinha certeza que sim, porque eu me preocupava bastante com isso. Mas depois de um tempo, ela veio me procurar dizendo que havia engravidado.

— Não... — murmurei.

Fechei os olhos chocada. Não era necessário ele continuar. Sabia o desfecho daquela história. No entanto, meu cérebro não queria aceitar que o garoto que amava havia feito tudo aquilo. Precisava ouvi-lo dizer. Eu sentia vontade de gritar com ele, questionar como ele pôde fazer esse tipo de coisa. Mas parecia que meu cérebro havia ficado lento e que estava absorvendo toda aquela informação num ritmo mais lento que o normal.

— Millie, eu preciso que você entenda que não fazia ideia se ela estava mesmo dizendo a verdade. Poderia muito bem ser mentira. E como isso nunca havia acontecido antes, me recusei a acreditar... — ele tentava se explicar, contudo isso não poderia anular tudo que ele havia feito antes.

— O que você respondeu pra ela? — o interrompi sem emoção, recuperando a firmeza em minha voz.

— Ele a mandou abortar. — Apatow respondeu pelo cacheado, não me surpreendendo nem um pouco.

Iris! — Matarazzo e McLaughlin exclamaram, agora totalmente irritados com a mesma. O assunto era tão sério que eles pareciam preocupados com a forma de como eu iria reagir.

— Você fez isso, Finn? — fitei Finn friamente, sentindo certo enojo.

— Não me olhe assim... — ele implorou, me fitando com aquele olhar que, em outra situação, faria meu coração se apertar, no entanto estava muito indignada para isso.

E como é que você quer que eu olhe?! — esbravejei, após soltar um riso sarcástico. — Responde a minha pergunta.

— Fiz. — ele assentiu, logo voltando a tentar justificar suas ações. — Pensei que ela estava zombando da minha cara, sei lá. Tinha certeza disso. Que tinha usado...

— Para. — pedi.

— Mills... — sussurrou, dando um passo em minha direção, parando ao eu dar um passo atrás também. Nunca imaginara que ele estava escondendo algo tão grande de mim. Não conseguia olhá-lo nos olhos, aqueles olhos que me imploravam perdão foram os mesmos que fitaram o rosto daquela garota de forma totalmente negligente e fria. Finn havia sido mais do que cruel. Ele e Caleb fizeram algo tão sério que eu estava sem palavras.

Houve um momento de silêncio, enquanto, ao nosso redor, os outros convidados da festa estavam bebendo e se divertindo, sem imaginar a tenção sobre Finn, seus amigos e eu. Estava tentando não causar nenhum escândalo. Havia muita gente aqui e sei que iria odiar chamar ainda mais atenção do que na minha entrada.

Foi demais pra mim descobrir tudo aquilo. Se tivesse mais alguma coisa que tivesse que saber, eu não iria suportar. 

— Sabe o que é mais engraçado nisso tudo? — Iris voltou a falar. Prestei atenção em sua voz, enquanto meu olhar fitava a grama como se houvesse algo ali que merecesse atenção, estando ciente de que os olhos do cacheado me analisavam como se estivesse preocupado. — Parece que o destino quis mesmo que vocês ficassem juntos não é? Mesmo que tivesse que ser por uma aposta...

Foi quando uma batida do meu coração falhou. Perplexa e com dificuldade de respirar, fitei os olhos do garoto que havia escondido aquilo tudo de mim, descobrindo que estava com vontade de chorar só quando uma lágrima escorreu por minha bochecha.

— O bicho vai pegar... — a voz tensa de Matarazzo parecia tão longe naquele momento que mal conseguira ouvir o que ele disse.

Com as sobrancelhas juntas, Finn pareceu esperar alguma reação minha, mas eu apenas soltei um pequeno riso sem emoção, totalmente embasbacada. Eu sabia que ele queria que eu reagisse, mesmo que gritasse com ele, porque assim ele saberia o que eu estava pensando e, talvez por isso, tentava reagir o mais calmamente possível, mesmo que estivesse quebrada por dentro.

— Eu sou a segunda garota, não é? — o questionei, de forma retórica.

— Não. — Finn tentou negar. Mas não adiantara, compreendi perfeitamente o que Apatow queria dizer. — Não, Millie. Quando soubemos que a menina havia morrido e o porquê, paramos com a aposta...

— Mas eu teria sido? — o interrompi com raiva, a amargura tomava meu coração pouco a pouco. Vendo que o covarde não respondeu, repeti a pergunta com mais firmeza: — Era eu?

Por um segundo, Finn pareceu que iria chorar. Mas no momento, estava tão magoada que acreditei ser fingimento para que conseguisse algum pingo de compaixão minha. Não era isso que ele fazia?

— Era...

Nada surpresa pela confirmação, foi então que minha mente foi tomada por pensamentos. Finn teria se aproximado de mim como se nutrisse sentimentos verdadeiros para me deixar apaixonada o suficiente e conseguir me levar pra cama, e então me descartaria assim como fazia com as outras garotas que ele ficava. Tudo isso só não aconteceu porque Laila morreu. A brincadeira dele e de McLaughlin custara uma vida. Finn roubou dela uma coisa que não lhe pertencia. Uma coisa que ela entregaria para alguém que a amasse de verdade.

Estava tudo bem eles terem uma noite com garotas que, assim como eles, não queriam compromisso algum. Mas conquistar alguém à base de mentiras e logo descartar como se fossem lixo... isso que era diversão para eles?

Engoli em seco, pronta para questioná-lo. Precisava saber de tudo.

— Millie, diz alguma coisa... — Finn implorou, o sofrimento estampado em sua expressão. Ao menos, era isso o que parecia.

As palavras estalaram em minha garganta. Queria berrar, chorar, xingá-lo. Mas era isso o que a Apatow queria ver, assistir minha vulnerabilidade enquanto terminava com Finn bem em sua frente, e isso era a última coisa que eu daria à ela.

— O-o que você fez no dia em que sumiu? — perguntei, sem a mesma firmeza de antes. Na verdade, agora minha voz estava trêmula.

Eu sabia o que ele havia feito porque o mesmo já havia me dito, mas algo me dizia para lhe perguntar na frente dos amigos de Finn. Mas doeu quando Iris me deu uma resposta diferente:

— Ah, sei do que está falando. — Iris é quem respondeu, rindo como se fosse a coisa mais engraçada que já havia visto. — Foi ilário. Finn havia vindo até aqui para implorar nosso silêncio, lembram disso? — houve uma pausa antes dela continuar, e imaginei que havia se virado para fitar McLaughlin e Matarazzo. — Caleb resolveu fazer uma brincadeira, disse que iria te contar para ver como ele reagiria. — me virei para olhá-la, observando ela dar de ombros. — Nem eu esperava que Finn iria acertá-lo com um soco.

— Então foi por isso... — murmurei, voltando-me para o cacheado com um olhar acusatório. — Por isso você me fez fazer aquela promessa, não foi? E a idiota aqui achando que era porquê eu era importante demais pra você. — esbravejei, um pouco alto demais, chamando a atenção de alguns ali ao nosso redor. E então continuei, um pouco mais baixo: — Nunca imaginei que era porquê você estava escondendo algo tão...

Era mentira. Quando Finn havia dito que seu pai havia gritado com ele e que o mesmo havia ficado tão mal que acabou tendo outra crise em casa era mentira.

— Mills, escute — ele me interrompeu, como se não suportasse o olhar que eu estava dirigindo à ele. —, eu juro por Deus que tentei te contar! Mas ver a felicidade em seus olhos... não consegui estragar isso.

Quando exatamente, Finn?! Quando? — exclamei, ficando bastante irritada com o cacheado.

Ele pareceu tenso pelo o que iria revelar. Como se isso fosse me deixar ainda mais incrédula.

— Quando eu fui te buscar em casa para virmos pra escola juntos... E-eu tentei, mas não consegui...

O encarei friamente, totalmente decepcionada.

— Você disse que não podíamos estudar juntos porque ia para uma tal de premiação com o seu pai. — lembrei.

Ele assentiu envergonhado.

— Quando não consegui falar precisei de alguma desculpa...

Assenti ironicamente.

— E você acha que está certo? Esconder tudo isso de mim como se não fosse nada? Pedir para seus amigos não me dizerem nada como se assim tudo fosse ficar bem? — exclamei com raiva, observando a expressão arrependida do mesmo. — Você é doente, Finn. Você e os seus amigos são a porra de uns doentes! — balancei a cabeça freneticamente.

Não havia mais nada a fazer ali. Já havia descoberto tudo.

Aproveitando-me que o cacheado havia ficado abalado com as minhas palavras, lhe dei as costas para ir embora antes que Finn pudesse tentar me impedir. À passos apressados, passei pelos convidados espalhados pelo gramado até chegar à cozinha.

Depois de passar novamente pela sala lotada de gente bêbada e, provavelmente, chapada foi quando as lágrimas vieram. Saí pelo portão sentindo meu coração despedaçado. Longe daquele amontoado de gente, me permiti chorar enquanto andava pela calçada sem pressa, até, claro, ouvir o chamado desesperado dele:

Millie!

Desatei a correr. Mas não adiantara. Tudo o que pude fazer fora atravessar a rua antes de sentir os braços de Finn tentarem me impedir de fugir dele. Me desvencilhei de si, me virando para olhá-lo com raiva. Finn havia escondido tanta coisa de mim... realmente não queria continuar discutindo ali. Precisava de tempo.

Me deixa em paz, Finn! — gritei, surpreendendo o mesmo, que imediatamente parou de tentar avançar. A rua estava deserta. Poderia gritar ali se quisesse que as pessoas da festa não iriam ouvir. 

— Millie, por favor... — ele sussurrou. — Eu sei que devia ter te contado e que isso não tem desculpa, mas nós vamos superar isso.

O fato do cacheado tratar aquilo como se fosse algo tão simples me deu vontade de estapeá-lo. Ele está tentando consertar o que fez, mas só está conseguindo piorar tudo. Escondi o rosto com as mãos, enquanto ouvia aquela baboseira. Ele não podia me pedir para perdoá-lo assim, como se eu tivesse descoberto nada demais.

— Pare de falar. Preciso de tempo, Finn. — exclamei, afastando as mãos do rosto. — Preciso ficar longe de você por um tempo.

— Millie, por favor... — ele sussurrou.

— Não. Acabou. — as palavras saíram da minha boca sem firmeza alguma. Mas Finn havia entendido. Doeu em mim dizer aquilo, mas não dava pra continuar depois daquilo. Como Apatow havia dito, apesar de ter deixado claro que ele poderia me dizer qualquer coisa, Finn não tinha confiança em mim. Não podíamos continuar assim. O amor não é o suficiente para dar certo.

Ao ouvir o que eu disse, desespero foi o que vi em seus olhos.

— Mills, por favor, não diz isso. Você é tudo o que eu tenho. Eu não sou nada sem você! Eu te amo!

— Eu não posso mais confiar em você! — argumentei, como se estivesse tentando convencer a mim mesma. — Não acredito em mais nada do que você diz... Não sei de mais nada. Não quero mais nada com você. Eu odeio você.

Pensei que, com aquilo, ele iria desistir e me deixar ir, mas ao invés disso, Finn me olhou nos olhos, como se soubesse que estava dizendo aquilo da boca pra fora. Porque estava doendo, mas acho que nunca iria conseguir odiar Finn.

— Não. Você não me odeia. Você pode odiar o fato de eu ter cometido erros. De ter sido um babaca. Mas é esse babaca que te causa sensações que ninguém mais consegue. Que te faz se sentir completa. Você pode odiar me amar. Pode odiar o fato de que você pertence a mim. Assim como eu pertenço a você. Mas nada disso muda as coisas, nem o que sentimos um pelo outro.

— Não, Finn. A verdade muda tudo. — com lágrimas brotando novamente em meus olhos, continuei: — Aquela menina... Ela morreu porque ela ouviu você! Finn... tem ideia do que você fez?! Não era culpa dela! — berrei. — Você sabe mais do que ninguém que um filho não tem culpa de nada do que aconteceu antes de nascer! E você mandou ela matá-lo! Era uma vida. —estava tão amargurada, que resolvi lhe dizer algo que eu sabia que o abalaria tanto quanto eu estava: — Você é igual ao seu pai.

Lágrimas escorreram de nossos rostos e eu me sentei no meio-fio, sem conseguir permanecer de pé. O cacheado me observava, como se tivesse levado um golpe no peito. Não sabia dizer o que doía mais. Saber que ele, que havia passado a vida sofrendo injustamente por causa de seu pai, havia cometido o mesmo erro. Descartado alguém que não tinha culpa de nada. O que aconteceu ou o que teria acontecido. 

— Me perdoa, me perdoa. — ele se abaixou à minha frente, tocando meus joelhos delicadamente.

Não afastei seu toque dessa vez. Passei a mão pelo rosto, secando as lágrimas e o fitei.

— Não consigo olhar pra você, Finn. Quando faço isso, sinto que estou olhando para o seu pai.

Ele abaixou o rosto, derrotado. Funguei e me forcei a levantar. Tinha que ir embora antes que Finn voltasse a tentar me impedir. Mas o cacheado não se mexeu. O fitei por mais um segundo, antes de me virar e ir pra casa.

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