39. Fotos
*Penúltimo capítulo, pessoas <3
Eu queria muito dizer que a diretora agiu de modo completamente tranquilo. Que agora eu estava em sala de aula estudando sobre átomos ou qualquer outra coisa. Com Noah do meu lado e Romeo do outro. O rosto de Noah intacto. E que, se não fosse pedir demais, que Sadie tivesse dito tudo para McLaughlin antes de tudo isso.
Mas não. Eu estava no meio de todo aquele caos na diretoria, no meio da aula de biologia.
A diretoria não era como eu pensei que fosse quando havia entrado para a escola. Muito menos a Diretora, claro. Era uma pessoa que odiava trabalhar com adolescentes e que tinha um limite de paciência muito parecido com o de Finn.
De alguma forma, o Professor Pedro também estava em sua sala. Sua desculpa era que, como somos seus alunos, ele queria saber qual era o problema. Não sei bem porquê raios a Diretora permitiu, sendo que ela poderia lhe informar tudo depois, mas foi o que aconteceu.
Acho que a Sra. Marta chamava nossa atenção enquanto eu estava sentada entre Noah e Finn no banco perto da porta, encostada na parede. Minha cabeça estava doendo, provavelmente devido a todo aquele escândalo no pátio e agora as vozes altas da mesma contra Iris e Sadie, que discutiam entre ambas e a mesma. Acho que o professor intervia vez ou outra, mas seu tom calmo e controlado perdia para elas, que rapidamente tornavam a discutir de novo.
Fitei o chão boa parte do tempo, tentando concentrar toda a minha atenção na minha mão entrelaçada com a de Finn, que murmurava em meu ouvido vez ou outra, perguntando se eu estava bem e se não queria que ele simplesmente mandasse a Diretora Marta calar a boca e ir à merda e me levar para longe dali e mais algumas piadas internas do qual eu realmente não prestei muita atenção. Balançava a cabeça positivamente para tudo, mas deduzi que ele estava apenas tentando checar para ver se eu estava ok, porque não havia feito nada.
Noah também estava calado e, com toda certeza, pior do que eu. Olhando-o de canto de olho, percebi que ele também evitava olhar para alguém. Queria ver como estava a marca em sua bochecha, mas teria que pedir para que ele virasse o rosto para isso, mas, claramente Noah estava querendo ficar quieto mesmo que por aquele curto tempo, então seria melhor que eu o fizesse depois.
— Chega, chega! — berrava a Sra. Marta, fazendo minha dor de cabeça aumentar a cada berro, conseguindo fazer com que eu prestasse atenção naquela discussão que parecia que não tinha fim. — Podem me explicar o que aconteceu lá fora?
— Não é nada, senhora. — sentada ao lado de Sadie, Apatow se virou para ela. — É que eu esbarrei nessa garota que estava com uma foto dela beijando aquele ali — a mesma se virou para apontar para Noah, que permaneceu quieto. — Sendo que estava com o meu amigo! — ela apontou para Caleb, de pé ao lado da ruiva.
Eu sabia que era puro fingimento, Iris estava querendo apenas bancar a boa amiga que havia tomado as dores do amigo. Mas ela não via como estava soando infantil?
A expressão da Sra. Marta transparecia que ela estava pensando o mesmo que eu.
— Você tirou a foto, Iris, e sabe muito bem disso! — exclamou Sadie, na defensiva. — Está jogando o Caleb contra mim só porquê eu não sou mais seu fantoche!
Não pude ver a expressão da Apatow, mas a mesma pareceu ser surpreendida com a acusação da ex-amiga.
— Chega. — a Diretora bateu as mãos em sua mesa antes que a loira pudesse debater. — Agora quem vai falar sou eu. Detenção para as duas.
— O quê? — ambas exclamaram, como se estivessem sofrendo a maior injustiça do mundo.
Definitivamente trancar essas duas dentro de uma sala durante uma hora não parecia ser uma boa ideia.
— Eu não vou ficar trancada dentro de uma sala após a aula com ela. — afirmou Sadie, com convicção.
— Mas é isso mesmo que vai acontecer. — disse a Diretora, parecendo ter recuperado a calma. — As duas, após a aula, de detenção. E se houver mais alguma briga entre vocês, da próxima será expulsão.
Pude imaginar perfeitamente Sadie revirando os olhos com sua última frase.
— Sr. McLaughlin — a Diretora se virou para o mesmo, que também havia ficado quieto até o momento. — É a terceira briga só esse mês. Duas aqui dentro e uma fora da escola, isso porque não estou contando o incidente no corredor entre a Srta. Bobby Brown e a Srta. Apatow.
Três brigas?, Pensei.
Claro que eu não tinha ideia do que acontecia entre os amigos de Finn, mas sabia que McLaughlin havia levado um soco no rosto de Finn quando havia derrubado meus livros no pátio, então quando teria brigado depois disso?
Entre pensamentos, fitei a mão de Finn entrelaçada na minha como havia feito antes e, como se aquilo estivesse completamente claro, gelei. De repente, percebi em como a resposta estava ali bem na minha frente o tempo todo e eu nunca havia ligado os fatos.
Lembrava perfeitamente do soco no rosto que McLaughlin levara de Finn ao se negar a pegar meus livros do chão. Vira perfeitamente o punho do cacheado atingir sua bochecha. Contudo, era seu olho que estava roxo no dia seguinte ao em que Finn sumira.
E quando o cacheado aparecera em minha casa, com os nós de seus dedos machucados, havia ficado claro que ele havia batido em alguém. Nunca havíamos conversado sobre quem havia sido e, de repente, eu soube em quem fora.
O cacheado pareceu saber perfeitamente no que eu estava pensando, pois sua postura havia ficado rígida e ele me encarou nos olhos, parecendo fazer uma espécie de pedido silencioso, como se dissesse: “Calma, eu posso explicar tudo depois”.
— Eu sei. Mas o que acontece fora da escola, não interfere na escola, não? — a voz de McLaughlin nos distraiu, e eu desviei os olhos novamente para o chão, me perguntando o que havia acontecido entre eles e o motivo de terem brigado. Por um instante, cheguei a me perguntar se o motivo havia sido eu. Mas dispensei esse pensamento no mesmo instante. Não havia motivos para isso à esta altura. Finn já havia deixado claro seus sentimentos por mim para seus amigos a algum tempo.
— Veja bem, temos uma reputação a zelar. — ouvi a Diretora dizer. — E se um aluno briga, mesmo que fora daqui, a reputação, sim, pode ser manchada. Ficou claro? — houve uma pausa, e então eu imaginei que McLaughlin havia assentido, pois a Diretora voltou a falar, com a voz mais controlada. — O que eu não entendo é como o Sr. Schnapp e a Srta. Bobby Brown estão envolvidos novamente com vocês. O que ele fez para que você lhe acertasse um soco...?
— Corta essa. — Iris a interrompeu. Levantei o rosto, já sentindo o veneno que sairia de sua boca. A Diretora a encarou, como se estivesse tentando se controlar diante de tanta falta de respeito consigo. — Que é? Está dizendo na nossa cara que somos má influência? Que eles são bons demais para terem feito algo de errado? Percebeu que até agora você tem apenas questionado a gente? E quanto a eles? Vão ficar ali sentados para que a senhora os dispensem depois? Meus pais vão adorar saber que estão pagando dez mil dólares por ano para que coisas assim aconteçam aqui dentro. — murmurou a última parte, mas alto o bastante para que pudéssemos ouvi-la.
— Srta. Apatow — a diretora elevou o tom, apesar de ainda tentar manter sua voz controlada, era como assistir uma bomba armada que estava prestes a explodir. —, não faça insinuações das quais poderá se arrepender. Conheço seus pais muito bem para saber que não aprovam esse tipo de comportamento infantil. Uma ligação e eles virão correndo para saber porque sua filha está causando problemas por causa de um garoto. Dará esse trabalho a eles?
A loira abaixou a cabeça, como se tivesse finalmente cedido, como uma criança mimada com medo dos pais descobrirem uma travessura.
— Não foi por causa de um garoto. O que Sink fez foi uma injustiça. Ela traiu... — ela foi aumentando o tom de novo, e levantou o rosto para encarar a Sra. Marta novamente.
— Chega! — exclamou a mesma. — Não vou falar de novo. Muito menos questionar suas bobagens adolescentes, o que não pode acontecer são brigas. O resto não me interessa. — ela se virou para Sadie. — Quanto a você, Srta. Sink, peço que também não se repita. Estou me referindo ao beijo também, esta escola é um lugar de respeito. Por ter desobedecido, terá que ajudar na limpeza das salas de aula durante uma semana após a aula.
Todos os alunos ignoram algumas regras impostas pela escola, mas a mais infligida é a de que é proibido beijos no colégio. Basta ser discreto o bastante para que não seja pêgo. O que a Diretora não sabe, é que rola mais do que beijos aqui por baixo de seu nariz.
— Não fui eu que causei tudo isso. — afirmou a ruiva, olhando seriamente para Iris, ignorando a última parte.
— Ah, não? — McLaughlin a fitou com sarcasmo.
— Se me permite, Diretora — o Professor tentou se pronunciar mais uma vez enquanto Sadie fitou McLaughlin com lágrimas nos olhos. A Diretora fitou o Sr. Pedro, esperando. —, sabemos que a escola tem suas regras, mas não é como se o Sr. Schnapp e a Srta. Sink tivessem se beijado na frente de todo mundo.
— Mas mesmo assim, aconteceu! — a mesma retrucou, impaciente.
— Sim. — ele assentiu. — E não estou tentando passar pano para esses dois, por mais que sejam meus alunos. Mas não é justo adicionar um castigo extra apenas para a Srta. Sink, como se ela tivesse beijado sozinha. A Srta. Apatow, por exemplo, também errou feio. Ao invés de ter nos comunicado o acontecido, para evitar toda a confusão que acabou ocorrendo, ela preferiu tirar uma foto de um momento íntimo e sair mostrando para quem quisesse ver.
— Eu não “saí mostrando”. — a mesma se defendeu com raiva.
— Ah não, querida? Linda, estava fazendo o quê, então? — esbravejou Sadie, encarando-a com deboche.
— Ah e você também não estava fazendo nada, não é, Sadie? — Matarazzo a surpreendeu, sentado de forma desleixada no chão, ao lado de Finn, com uma das pernas esticadas e a outra dobrada, a fuzilando com os olhos, recebeu em seguida um soco fraco do cacheado, como um pedido para que ficasse calado.
— Eu disse chega! Quantas vezes terei que repetir? — os interrompeu novamente, antes de tornar a se virar para o Sr. Pedro. — Está certo, Professor. Sr. Schnapp — o mesmo a fitou com os olhos vermelhos, sem emetir uma palavra. —, terá que fazer um trabalho extra para o Sr. Pedro muito bem feito, sobre o assunto que ele sugerir. Tudo bem?
Meu melhor amigo assentiu de novo em silêncio.
— Os quatro estão dispensados. — a Diretora afirmou e encarou Noh enquanto as meninas e McLaughlin quase corriam até a porta. — Sr. Schnapp, peço que se dirija para a enfermaria para colocar um pouco de gelo no rosto antes de voltar à aula, por favor, e caso queira ir pra casa, telefone para casa na secretaria para que seus pais possam autorizar a sua saída.
O mesmo concordou ao se levantar e seguir para fora também. Quando a porta fechou novamente, a Sra. Marta passou o olhar para o restante de nós silenciosamente, dando um certo alívio para a minha cabeça por alguns instantes.
Quando o olhar dela se direcionou para minha mão entrelaçada com a do cacheado, soltei a mesma rapidamente, para evitar que a mesma continuasse tendo motivos para chamar a nossa atenção e que pudéssemos sair logo também. Contudo, pareceu ser o suficiente por ela ter resolvido fitar nossos rostos.
— O que vocês estavam fazendo lá?
— Não é óbvio? Tentando impedir que elas se matassem. — Matarazzo respondeu, dando de ombros, num tom de piada.
Tinha de adimitir que a mesma havia praticamente pedido por uma daquela.
— Não achei graça, Sr. Matarazzo.
— Mas ele está certo. Estávamos tentando separá-las. Seremos castigados por isso também? — Finn questionou, num tom de desafio, cruzando os braços como se estivesse entediado.
Senti vontade de lhe dar um tapinha no braço, como um pedido para que ele ficasse quieto, mas não o fiz por ainda estarmos na frente dela.
— Apesar de o adequado ser vocês terem ido nos comunicar o que estava acontecendo, não. Vocês não serão punidos. Mas Millie — a fitei um pouco assustada por ter dito meu nome. —, tente não se envolver mais nessas brigas, por favor. É uma aluna brilhante.
Assenti um pouco surpresa pelo incrível modo dela de mudar seu tom de irritado para gentil num raio de um segundo. Após isso, a mesma finalmente resolveu nos dispensar e, enquanto saíamos pela porta, Finn bufou ao meu lado.
Matarazzo seguiu pelo corredor depois de passarmos pela secretaria sem dizer mais nada ao amigo e me virei para Finn.
— Vá para a sala. Vou na enfermaria ver como Noah está.
O mesmo me fitou e assentiu friamente antes de seguir a mesma direção que Matarazzo.
Suspirei enquanto o observava. Não devia estar sendo fácil ver seus amigos mais próximos numa situação dessas.
O pior de tudo fora o modo gritante de como a Diretora tratou Noah e eu na frente do resto. Sim, Noah havia sido socado no rosto e, sim, eu não havia feito nada de errado. Mas Matarazzo e Finn também não haviam feito nada e mesmo assim ela não os tratou como Noah e eu.
Eu sempre soube que, além do fato de Iris e o restante deles sempre terem implicado comigo por eu ser a “garota nerd”, o modo de como eu era tratada pelos professores e a própria Diretora fazia parte de seus motivos.
Servir de exemplo, às vezes, não são só rosas. E eu sei muito bem disso.
Eu havia descoberto em quem Finn havia batido no dia em que sumira, mas aquele definitivamente não era o momento adequado para abordá-lo.
Tomei o caminho para o pátio e segui até a enfermaria. Encontrei Noah sentado sobre uma maca no canto da parede, pressionando uma bolsa térmica em sua bochecha enquanto fitava a parede como se estivesse debatendo algo com si mesmo.
— Oi. — chamei sua atenção, sentando-me ao seu lado. O mesmo pareceu sair do transe e endireitou o corpo para ficar de frente para mim. Seus olhos já não estavam mais vermelhos, mas ainda assim ele não parecia muito no clima para conversar. Indiquei a bolsa com o indicador. — Posso?
Noh assentiu e, em seguida, peguei a mesma de sua mão para pressionar contra sua bochecha, alternando o local e em apertar e pressionar levemente.
Queria muito lhe confortar. Meu melhor amigo estava péssimo, mas as palavras pareciam que não vinham, como se minha mente tivesse nublado. Ele parecia tão mal, que eu tinha medo de falar algo errado e piorar tudo.
O vi assim nas vezes em que fomos visitar sua avó no hospital, mas, além disso, não estava acostumada a vê-lo pra baixo. Noah não é assim. Ele gosta de fazer piada e é louco por números e cálculos e ri com facilidade. Vê-lo triste era bastante difícil. Não por ele não ficar, até porquê todo mundo tem maus dias, mas por ser muito bom em esconder. E ele não é do tipo que desconta seu mau dia nos outros ou transparece seu aborrecimento. Noh não é assim.
Mas agora dava para ver que estava esgotado. Ele não fazia esforço para esconder seu descontentamento. E isso estava me preocupando.
— Eu sinto muito. — foi tudo o que pude dizer.
— Ela está com ele agora. — ele sussurrou, sem realmente olhar em meus olhos.
— Eu sei. — assenti levemente. Imaginei que Sadie fosse tentar falar com o namorado para tentar explicar tudo o que estava acontecendo, apesar disso não mudar muita coisa. — Mas McLaughlin acabou de descobrir a infidelidade dela, Noh. Eles precisam conversar. Ei — o mesmo finalmente me olhou nos olhos e afirmei com convicção: —, ela ama você. É uma situação complicada, mas tudo se resolverá depois.
Ele balançou a cabeça levemente, desviando os olhos de novo.
— Não queria que as coisas tivessem acontecido assim. Queria que tivesse sido diferente e não que acontecesse...todo esse caos aqui na escola. — ele murmurou.
Assenti, entendendo completamente.
— Sadie também.
Uma batida na porta nos chamou a atenção. Encontrei Romeo ali, parecendo preocupado.
— Entra. — falei.
O mesmo veio até nós e se sentou na maca de frente para a nossa.
— Tudo bem, cara?
— É...estou ok agora. — Noh tentou esboçar um sorriso de lado.
— Eu vi o alvoroço no pátio e com tanta gente demorei a perceber que vocês dois estavam no meio. — Romeo continuou.
— Pois é. — concordei, voltando novamente meus olhos para prestar atenção no que ainda estava fazendo. — Foi tudo muito rápido.
Havia sido legal da parte dele de ter vindo ver como Noah estava apesar de não estarmos andando muito com ele por estarmos ajudando Sadie na biblioteca, principalmente por não perguntar o motivo de toda a briga, pois Noah realmente estava longe de querer relembrar o ocorrido.
Ambos continuaram conversando sobre outra coisa e me surpreendi quando Noah soltou um pequeno riso. Talvez Romeo fosse melhor nisso do que eu.
SADIE
— Caleb espera! Deixa eu falar com você! — eu pedia, enquanto o mesmo andava apressadamente pelo corredor à caminho para a sala após termos saído por último da diretoria.
Graças à Iris, ele havia descoberto no momento errado, e pior, sem ser por mim. Agora eu tinha que resolver toda essa merda.
Eu não poderia expressar o quanto estava irritada com Iris.
Sei perfeitamente de que não sou nenhuma santa, estou longe disso, mas a verdade era que eu não tinha coragem de falar sobre o que estava acontecendo enquanto o mesmo estava passando por tanta coisa em casa. E o pior é que, mesmo estando ciente disso, Iris usou isso contra mim na primeira oportunidade que teve.
A verdade é que sua implicância com a Millie está passando dos limites.
E agora eu tinha que ter a conversa que estava evitando nos últimos dias. Estava nervosa e frustrada por ter que quebrar o coração do cara que, além de ser meu namorado, fora meu amigo desde os meus doze anos. Sentia que poderia chorar a qualquer momento. E me controlava para minha voz não sair embargada.
— Eu não quero conversar, Sadie. — afirmou o mesmo, num tom duro, enquanto andava na minha frente e eu tentava alcançá-lo, amaldiçoando suas pernas que eram maiores que as minhas.
Teimoso como sempre.
Apesar de suas palavras, continuei insistindo e o puxei pelo ombro bruscamente para que ele olhasse para mim.
— FALA COMIGO! — Caleb virou seu corpo, irritado com a minha insistência. Por um instante fiquei sem palavras para expressar o quanto eu sentia muito por ter feito isso com ele e surpresa pelo mesmo ter dado o braço a torcer, mas logo tentei me recompor. Lágrimas brotaram nos meus olhos. Ele me encarou como se me desafiasse a dizer alguma coisa que mudaria o que eu tinha feito, sem se importar se eu começasse a chorar na sua frente. — Me desculpa.
— “Me desculpa”? — ele repetiu. — Está pedindo perdão e espera que continuemos juntos? Acha mesmo que aceitarei depois do que fez?
— Não, Cal. — vi a dor em seus olhos e percebi o quão estava sendo difícil pra ele também. Ver o que eu tinha causado estava me causando uma dor em meu peito quase que insuportável. — Eu sei que é imperdoável. Eu sei. Só espero que...você possa me perdoar e que o que fiz não estrague nossa amizade.
Sim. Eu sou péssima em falar sobre meus sentimentos e sei que parecia que eu estava sendo uma completa hipócrita em tentar ignorar sua dor. Mas o que eu não queria era perdê-lo. Só de pensar nisso me fazia perder o chão.
Claro que precisávamos de tempo e que ele teria que estar longe para pensar nas coisas, mas eu não suportaria se o mesmo dissesse que não iria querer me ver nunca mais.
Não. Eu posso perder Gaten e a Iris, mas Caleb eu definitivamente não posso.
Mas claro que eu devo ter dito algo de errado porque ele havia ficado boquiaberto.
— Está desmanchando comigo?
O encarei nos olhos, sem palavras. Cal claramente estava magoado e sendo orgulhoso, mas ele esperava que continuássemos juntos mesmo depois de tudo?
— Estou pedindo perdão pela merda que fiz. — foi o que respondi, sentindo-me ainda mais desconfortável. Não pensei que teria o trabalho de terminar depois do que ele havia descoberto.
— Ah, é? — exclamou, parecendo duas vezes mais bravo comigo do que antes. — Está mais para “eu sinto muito, espero que você não fique mal vendo eu me agarrar àquele bosta do Schnapp a partir de agora”. — provocou, fingindo que era eu falando enquanto fazia uma voz irritantemente fina.
— Pare de ser ridículo, estou tentando não perder sua amizade. — esbravejei, começando a me irritar com sua total infantilidade, mas precisava me controlar antes que brigássemos ali no meio do corredor. — Sabe como é importante pra mim. — não pude refrear a emoção em meu tom de voz. Caleb sabia perfeitamente como eu precisava dele, apesar de que o que tínhamos nunca fora amor, na verdade era uma amizade forte com alguns...previlégios.
— Sei sim, Sadie. — revirei os olhos com seu tom irritantemente sarcástico. Cal conseguia ser ainda mais teimoso do que Finn quando queria. — E vejo como você deixa isso claro, como você demontra isso é muito comovente. — ele fez uma pausa, como se quisesse checar minha expressão e ter certeza de que havia conseguido me abalar. — Sabe o que é pior? Eu fui o único que ficou do seu lado depois da sua briga com a Iris. Eu vi como estava estranha e, mesmo assim, acreditei que não era nada demais. Que suas mudanças de comportamento quando estava ao meu lado eram apenas coisa da minha cabeça. As “dores de cabeça” que você tinha. É uma excelente atriz, Sink.
Entreabri a boca, agora totalmente surpresa enquanto Cal me dava as costas e me deixava ali parada, sem reação para tentar impedi-lo.
MILLIE
Quando havíamos retornado para a sala, a aula de biologia já havia acabado. Fiquei um pouco chateada, porém aliviada pela dor de cabeça ter passado graças a um remédio que uma enfermeira havia me dado na enfermaria.
É claro que todos os outros alunos começaram a cochichar sobre o ocorrido quando passamos pela porta e, por causa disso, não ousei olhar para o fundo, onde logicamente estaria um McLaughlin querendo assassinar Noh com os olhos e uma Apatow com um sorrisinho vencedor no rosto.
Foi realmente muito desconfortável o restante da aula. Noah ficou calado em sua carteira e nem a aula de matemática havia conseguido animá-lo.
Após a última aula, me despedi dos garotos e pedi a Romeo para acompanhar Noah até em casa.
— Preciso de babá agora? — foi o que meu melhor amigo respondeu, tentando soar divertido.
Eu simplesmente ri e o abracei. Romeo aceitou meu pedido, entendendo perfeitamente o alto risco do McLaughlin segui-lo para bater nele enquanto não tinha ninguém por perto para impedi-lo.
Finn e eu estudamos na biblioteca até às duas da tarde. Acho que não estávamos muito no clima de fazermos algo depois, apesar de não termos tocado no assunto nenhuma vez. Para aliviar um pouco a tensão, lhe pedi para escrever textos, coisa que ele tinha mais paciência de fazer do que fazer cálculos.
O cacheado acabou me levando até em casa. Não dissemos nada o caminho todo. Apenas seguramos as mãos, como se a presença do outro fosse o suficiente. Observando-o de canto de olho, o flagrei algumas vezes me observando com um sorrisinho de lado e me perguntei no que ele poderia estar pensando.
Na sexta-feira, parecia que éramos o assunto do momento. Aonde Noah e eu íamos, os outros alunos se fechavam em suas rodinhas para murmurarem uns para os outros sempre que olhavam para nós. Noh ainda parecia bastante incomodado e se mantinha um pouco calado. Perguntei ao Romeo se eles conversaram no caminho para casa e o mesmo me surpreendeu dizendo que sim, mas, segundo ele, apenas "assunto de garotos" e absolutamente nada do ocorrido. Não entendi o que ele quis dizer, mas não quis me intrometer.
Os olhares de ódio do grupo de Iris literalmente pararam. Como se eles estivessem tentando nos ignorar. Foi muito estranho. Pareciam que todos eles procuravam não nos olhar. Fora isso que eu sempre desejei que acontecesse, mas por que não estava feliz com isso e achando que algo estava errado?
Ao sairmos para o intervalo, me surpreendi quando Noah me confessou que não queria ir até a biblioteca.
— O quê? — perguntei, ao me virar para o mesmo no meio do corredor que, à medida que os alunos passavam por nós, ia ficando cada vez mais vazio. — Pare com isso, falta só uma semana pra Sadie sair do castigo. — pedi, sorrindo um pouco forçado para ele agora. Noah estava me escondendo algo, seu olhar me dizia isso.
O mesmo suspirou e desviou os olhos.
— Ela terminou comigo.
Não respondi de imediato. Fiquei tão surpresa que não soube o que responder. Sadie havia terminado com o Noh? Por quê?
— O quê?
— N-na verdade, ela pediu um "tempo". — ele se corrigiu, percebendo que eu havia me alarmado, e soltou um risinho sem emoção para aliviar a tensão. — Mas acho que dá no mesmo, não é?
— Não, Noh, claro que não. — comecei, quando ele abaixou a cabeça. — Pelo menos, não nesse caso.
Eu via o quanto ele estava sofrendo. Noh mal conseguia me encarar. Mas, de um certo modo, eu entendia os motivos de Sadie por ter feito isso.
— Então, por quê? — perguntou, voltando o olhar entristecido para o meu, como se buscasse uma resposta que não conseguia obter sozinho.
— Olha — comecei, num tom delicado. —, ela conhece o McLaughlin a mais tempo, o que quer dizer que além de namorados, eles são amigos. Então, ela provavelmente não quer que ele sofra vendo vocês juntos depois de descobrir... o que descobriu. — falei, tomando o cuidado de não dizer a palavra concreta, era muito difícil dizer em voz alta o que meus amigos estavam fazendo.
Noah pareceu considerar minha hipótese e, após dois segundos, a esperança fez com que a tristeza em seu olhar, que não combinava nada com ele, finalmente ir embora.
— Bom, então, o que eu faço? — perguntou.
— Nada. — respondi. — Sabe, nem tudo é uma conta matemática que você precisa resolver. —ele sorriu um pouco com a minha provocação. — Apenas dê o tempo que Sadie pediu, e veremos o que acontece.
Eu não sabia bem se estava lhe dando bons conselhos, apenas estava dizendo o que eu pensava que Sadie estava tentando fazer, que era tentar evitar que McLaughlin tentasse outra agressão em Noah, mas, pela expressão no rosto do meu melhor amigo, eu havia dito a coisa certa.
Fomos para o refeitório e sentamos com Romeo em uma mesa. Ri boa parte do tempo e não comi quase nada da comida que estava em minha bandeja.
Hoje tivemos a, tão esperada por mim, discussão do livro O Morro Dos Ventos. Foi ótimo encerrar a última aula assim e acho que fui a que mais falou e debateu com o Professor.
Ao tocar o sinal, guardei minhas coisas sem pressa e me despedi dos meninos, que já estavam a caminho da porta.
Me levantei também, sendo uma dos últimos, quando uma cabeleireira loira se colocou à minha frente da forma súbita.
Arregalei os olhos com a surpresa e dei um passo atrás.
Ao me recuperar, lhe lancei um olhar zangado. Já não bastava toda a palhaçada de ontem? Agora ela havia vindo me atormentar?
— O que vai fazer agora, Millie? — arqueei a sombrancelha. O tom cínico dava indícios de que ela não precisava de resposta. — Estudar com o namoradinho?
— Me dê licença, Apatow. — pedi, colocando a alça da mochila no ombro.
— Sabe, estou surpresa que você não tenha descoberto ainda. — começou ela, parecendo mais estar falando em enigmas. — As outras descobriram com tanta facilidade...
Suspirei, começando a ficar com raiva. Iris estava falando nada com nada, mas eu sabia que se tratava de Finn. Mais mentiras, assim como ela havia me afirmado que eles estavam juntos quando Finn e eu havíamos nos beijado.
— Do que está falando? — perguntei, apesar de não sentir um pingo de interesse.
— Não tem notado Finn tão estranho nos últimos dias? — minha expressão mudou de falta de interesse para surpresa. Então era isso que ela queria. Tentar me colocar contra ele, mas à base de verdades ou mentiras? Eu não sabia dizer. Finn tem andado com tantos segredos que, por um segundo, cheguei ao ponto de considerar ouvi-la. Não, não faria isso. — Não quer saber o por quê?
Antes que eu tivesse a chance de lhe afirmar um “não”, o tom rouco e irritado de Finn atrás de mim se encarregou do serviço:
— Deixe-a em paz, Iris.
A expressão da mesma foi de calma fingida para ódio e eu comecei a me perguntar o que diabos estava acontecendo.
Finnie passou o braço por minha cintura e apenas a encarou, como se a desafiasse a continuar ali.
Contudo, eu queria ser bastante clara com a loira, não iria deixá-la ter a última palavra para ficar pensando que poderia falar e agir como bem quisesse, manipulando até mesmo os próprios amigos como, Sadie mesmo disse, se fossem fantoches.
— Olha, Iris, caso tenha dúvidas, eu amo meu namorado e estou muito feliz com ele. Confio em Finn de olhos fechados e não estou nem um pouco interessada no que tem a dizer.
Talvez até mesmo Finn tenha ficado surpreso, pois, por um instante, todos ficamos em silêncio.
— Como queira, nerd ingênua. — foi o que ela disse antes de nos dar as costas.
***
— Página trezentos. — falei, com o cotovelo sobre a mesa para apoiar o rosto na mão.
Finn virou a página que eu pedira e me olhou, contudo eu não o estava encarando.
— E então?
— Leia o texto e faça um comentário sobre o assunto. — respondi, num tom vago demais.
Estava frustrada. Além de preocupada com Noah, Apatow havia vindo me encher em uma péssima hora.
— Millie — ele fechou o livro, conseguindo fazer meus olhos surpresos o fitarem. —, vamos embora.
— O quê? N-não, acabamos de chegar. — tentei impedi-lo, sentindo-me culpada por não estar conseguindo lhe dar muita atenção.
Mas o cacheado já havia enfiado seu material de qualquer jeito dentro de sua mochila.
— Não estamos no clima para isso. Principalmente você. — afirmou. Eu suspirei, sabendo que ele tinha razão. — Arrume suas coisas. Vou levá-la a um lugar.
Eu obedeci curiosa e o mesmo entrelaçou nossos dedos antes de me puxar para fora da biblioteca.
Fomos até sua casa para que o cacheado pudesse pegar algo antes de irmos, então fiquei esperando do lado de fora. A sensação de déjà vu me atingiu e eu abri um sorriso.
Ao sair com seu skate eu ri, relembrando o momento do nosso “primeiro encontro”, apesar de eu não saber dizer se havia sido ou não um.
— Ai, meu Deus. — eu ri, fechando os olhos.
— Eu havia te dito que íamos para a pista de novo, então... — ele deu de ombros.
— Onde estão os seus fones? — perguntei, me levantando do meio-fio.
O mesmo me estendeu seus fones brancos, como se já esperasse por essa pergunta, e os entregou junto com o celular.
Selecionei a playlist que eu desconfiava de que ele havia criado para mim, pois nela haviam apenas as músicas de rock que eu costumava, e aguentava, ouvir. Ao conectar os fones, selecionei uma do Nirvana e puxei Finn pela mão para irmos, enquanto o mesmo também coloca o fone e sorri pra mim.
*
— Vamos, Mills. — pedia o cacheado pela milésima vez, de frente para mim, com o skate no chão da pista à minha frente. — Vamos, eu vou te segurar!
Neguei novamente com a cabeça.
— Da última vez, eu caí.
— Mas eu te segurei. — ele sorriu debochado.
— Vai você primeiro. — rebati.
Ele pareceu analisar meu pedido.
— Certo. — pegando-me de surpresa, Finn me puxou para mais perto, segurando minha cintura com uma mão, me fazendo arrepiar. — Se eu te impressionar, você vai depois.
O encarei por um instante. Ele andava já a algum tempo. Eu corria o risco de perder o acordo, mas queria muito ver se ele era bom.
— Fechado...
Ele sorriu de lado e se afastou. Eu suspirei e corri até a rampa, para me sentar no alto como da última vez.
Finn posicionou melhor o skate e colocou um pé sobre ele, usando o outro para dar impulso, pegando velocidade. O mesmo andou até a rampa do outro lado da pista, subindo até a metade, e veio até o outro lado, onde eu estava. Ao descer de novo, aproveitando-se da velocidade, ele subiu a rampa com a parte lisa, seguindo reto até o outro lado para descer de novo.
Arregalei os olhos, vendo a altura que conseguira subir e descido tão rápido, como se não fosse nada.
No chão de novo, o cacheado finalizou inclinando o corpo para baixo, dando um salto, fazendo o skate sair do chão e dar um giro completo para o lado antes de seus pés conseguirem se colocar sobre o mesmo outra vez, sem cair.
Abri a boca em incredulidade e o mesmo sorriu convencido. Desci a rampa novamente, quase tropeçando, e o mesmo riu.
— Pode parar. — dei um tapinha em seu ombro.
— Vem. — ele estendeu as mãos para mim e eu as segurei, revirando os olhos.
Finn me ajudou a ficar de pé sobre o skate assim como da última vez, tornando um pouco difícil manter minha atenção em meu equilíbrio ou na nossa aproximação.
— O pé de apoio no chão. — obedeci. Assim como da última vez, ele deixou eu andar no meu próprio ritmo, sem me soltar.
— Como conseguiu fazer aquilo? — perguntei, olhando para meus pés.
— Um cara me ensinou a manobra. — ele respondeu, apesar de eu ter me referindo ao fato dele ter conseguido subir a rampa com o skate. Ao chegarmos perto da borda, eu sabia que teria que inclinar um pouco meu corpo pro outro lado, para que o skate pudesse virar, contudo acabei me atrapalhando com o pé que estava no chão. — Calma, cuidado.
Mas acabei tropeçando e soltei um suspiro de susto. Finn se colocou à minha frente rapidamente e caímos no chão, comigo sobre si.
— Brown! — ele exclamou, apesar de ter soltado um riso.
— Desculpa! — eu ri também. Por que andar nessa coisa era tão difícil?
Depois daquilo, desisti de tentar andar de novo e Finn foi comprar algo para nós comermos. Voltei com o skate para onde estava sentada antes e fiquei olhando suas músicas, enquanto esperava, mas só havia músicas de bandas das quais nunca havia ouvido falar e notas de guitarra, acho que para Finn treinar.
Quando o mesmo voltou com dois sacos de lanche, sorriu para mim enquanto se sentava ao meu lado.
— Achou mais alguma de que gosta? — perguntou, enquanto colocava um dos sacos pardos à minha frente.
— As da primeira playlist. — respondi, lhe devolvendo o aparelho. Ele assentiu. Eu sorri, enquanto pegava meu hambúrguer para dar a primeira mordida. — Parece que faz tanto tempo desde a última vez que viemos aqui... — comentei, após terminar de mastigar.
— Não faz tanto tempo assim... — Finn riu, me entregando uma latinha de Coca-Cola.
— Eu sei. — assenti. — Mas me dá essa impressão. — fiz uma pausa para morder novamente meu lanche. — Tanto coisa mudou...
— É verdade... — ele abaixou a cabeça e então voltou a me fitar, terminando de mastigar. — Não está sendo fácil para o Schnapp, não é?
O fitei surpresa por ter tocado no assunto.
— Não. — houve uma pausa, e resolvi dar um gole no refri enquanto o mesmo pegava um punhado de batatas-fritas. Iris me fez perceber algo com todo aquele ocorrido. Finn e eu saíamos juntos, mas nunca tirávamos fotos em sequer nenhuma ocasião, nos ocupávamos tanto em “viver o momento”, que nunca nos preocupamos com isso, mas eu realmente gostaria de ter uma foto com ele. — Sabe no que acabei de reparar? — ele me olhou com curiosidade enquanto mastigava. Eu sorri. — Nunca tiramos nenhuma foto juntos.
— Ah, não. — ele negou com a cabeça.
— Por quê? — não pude esconder a decepção.
— Não curto ser fotografado. — ele disse, agora um pouco distante. — Eric sempre me obrigou a tirarmos aquelas fotos e..., você sabe.
— Eu sei. — respondi, lembrando das fotografias em sua casa, pensando que não deveria ter pedido. — Entendo.
Ele me olhou por um instante e eu devia estar fazendo alguma expressão insatisfeita, porque ele abriu um sorriso de lado e me lançou aquele olhar que sempre consegue me deixar vermelha:
— Ok, mas acho que posso tirar uma. — o olhei surpresa e o mesmo rapidamente tentou me conter, vendo meu sorriso infantilmente animado: — Mas só uma!
— Está bem! — assenti, sentindo-me bobamente feliz de repente.
Finn pegou seu celular para tirar a foto e me segurou pela cintura, aproximando seu corpo do meu.
— Sorria.
Eu obedeci e me inclinei para mais perto dele enquanto o mesmo tirava a foto com um sorriso de lado.
O mesmo virou para beijar meus lábios e, surpresa, correspondi, ouvindo o som do flash da câmera soar de novo.
O encarei quando o mesmo fez careta e mostrou o dedo do meio para a câmera, que conseguiu capturar meu sorriso surpreso para o mesmo.
— Gostei dessa. — ele revelou.
Eu ri.
— Não sabia que você era do tipo que faz careta pra fotos. — provoquei.
Ele sorriu pra mim e me inclinei para beijar sua bochecha, quando o som do flash soou outra vez.
— Finn!
— Foi sem querer. — ele zombou, mentindo descaradamente e ouvi mais uma sendo tirada quando lhe lancei um olhar feio de brincadeira.
— Ok, chega. — ele me devolveu o celular e passou a mão pelos cachos, soltando minha cintura para voltar a comer seu lanche, e lembrei que ele havia prometido apenas uma.
Sorri para o mesmo.
— Está bem. — assenti.
Ao terminarmos de comer, Finn se levantou para jogar os sacos no lixo e desceu a rampa sem dificuldade.
Esfreguei as mãos uma na outra para limpá-las enquanto o observava quando seu celular começou a vibrar ao meu lado.
O peguei e desbloqueei a tela, vendo que haviam acabado de chegar três novas mensagens.
Larga esse telefone, Millie.
Não tinha motivo nenhum para bisbilhotar a privacidade de Finn, e fiz menção para deixá-lo onde estava, mas o som de uma nova mensagem me deteve.
Fechei os olhos, não acreditando no que estava prestes a fazer.
Uma. Irei olhar apenas uma, nada mais que isso.
Sabia que era errado, mas as palavras de Iris estavam vindo à mente naquele momento, me deixando intrigada.
Vem logo pra cá, idiota!
Era o que dizia a mensagem. Suspirei frustrada com minha própria atitude. Não havia descoberto nada e olhado as mensagens do meu namorado esperando encontrar algo como uma maluca.
— Mills? — a voz de Finn me surpreendeu e eu dei um pulo, direcionando o olhar para ele. Claramente ele percebeu minha reação estranha e direcionou os olhos para o que eu segurava. — Millie, por que está assim?
Eu havia feito a merda, e, por mais embaraçoso que aquilo pudesse ser, tinha de contar o que havia feito, se ele tivesse feito o mesmo comigo, eu iria querer saber.
— Li uma mensagem do McLaughlin.
A postura dele mudou drasticamente:
— Você o quê?
— O celular vibrou e eu não consegui me conter. Desculpa.
— O que você leu? — ele me ignorou.
— Uma mensagem do McLaughlin. — repeti.
Ele pareceu querer socar alguma coisa.
— E o que exatamente estava escrito?
— Para você ir até a casa dele, acho. — respondi alto, acho que para igualar nossos tons de voz.
Se tivesse alguém ali, com certeza estaria olhando para nós.
— Só isso? — ele esbravejou.
— Só, Finn, era só isso. O que mais poderia ser?
Eu sabia que tinha feito algo de errado, mas agir assim era de mais.
— Nada. — ele subiu a rampa de novo e se colocou ao meu lado, abaixando o tom, me olhando nos olhos. — Só não curti o fato de você ter olhado minhas conversas como se estivesse procurando alguma coisa.
— Eu sei, só tinha ficado curiosa. Não vai mais acontecer. — prometi.
— Certo. Vamos embora? Eu tenho que fazer algo. — disse ele, pegando o skate para descer outra vez.
— O que é? — imediatamente desejei não ter perguntado.
— Puta merda, Millie, por que agora está pegando no meu pé? — ele questionou, ficando irritado de novo.
— Não estou pegando no seu pé, só perguntei o que vai fazer, por que há algo de errado nisso? — me defendi, ficando irritada ele e comigo por ter estragado o momento tão bom de minutos atrás.
— O problema é que você nunca desencana. Eu não preciso ficar te contando absolutamente tudo o que eu faço só porque a gente tá junto. — ele afirmou.
O encarei por um instante com os olhos arregalados e os desviei.
— Nossa... — soltei um riso sarcástico.
— Nossa, o quê? — ele esbravejou.
— Eu entendo que esteja chateado, Finn, mas não foi nada de mais. Se tivesse alguma coisa que eu não pudesse ler, aí sim seria um problema. — falei, tentando dar um fim àquela discussão que nos levaria a nada.
— O problema é que você sempre está fazendo tempestade em copo d'água! — acusou.
Me preparei para retrucar, mas aproveitei que estávamos finalmente falando de McLaughlin e questionei:
— Por que brigou com McLaughlin no dia em que havia sumido?
— Ele me irritou e eu bati nele, fim da história. — disse simplesmente, me dando as costas. — Vem, eu vou te levar pra casa.
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