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38. A armação

Aquela uma hora de espera não demorou tanto a passar. Parte do tempo fiquei mexendo um pouco no celular, mas para que Megan não ficasse olhando para a parede o tempo todo, ficamos conversando sobre assuntos mais amenos em comparação com o pedido do qual ela havia me feito anteriormente.

Havia sido completamente pêga de surpresa, mas, apesar daquilo ainda estar fixado em minha mente, resolvi colocar de lado e pensar no assunto depois e com calma, se eu faria aquilo e como faria.

Megan me contou como havia ido trabalhar na mansão dos Wolfhard. Sendo a irmã mais velha de seis filhos, teve que trabalhar muito cedo para poder alimentar a boca de cinco irmãos, devido seu pai ter morrido na Guerra de Vietnã, que ocorrera entre 1973 e 1975, e sua mãe, que havia ficado completamente desolada, não tardou a morrer também após dois anos de depressão, o que obrigou a jovem de 16 anos a aprender a se virar desde muito cedo, mal tendo tempo direito para poder sofrer com o luto.

Megan passou a trabalhar em casas de família. O dinheiro que recebia, principalmente naquela época, era uma miséria, mas ela dava seu jeito para ele dar para os seis irmãos, dando prioridade para comprar comida e roupas. Ela sentia muito por eles não poderem ter o luxo de ir à escola, pois não podia comprar material. A própria teve que abandonar a escola com a morte dos pais.

Aos seus trinta anos, as coisas haviam ficado mais fáceis. A maioria dos outros irmãos trabalhavam para poderem se manter, o trabalho não era tão bom, mas o suficiente para se manterem em uma situação um pouco melhor.

Àquela altura, o irmão mais novo estava com quinze anos e, num momento de rebeldia, havia sido pêgo roubando em um supermercado.

Talvez por sorte ou obra do destino, ele havia pêgo das compras de Mary que, ao ser flagrado por um dos funcionários, quando o mesmo havia levantado a mão para agredi-lo como punição pela tentativa de roubo, havia sido ela quem o impedira de machucá-lo.

Ao perguntar o porquê do roubo, ela pediu para conhecer Megan e lhe ofereceu um emprego em sua casa. Megan trabalhara para a família de Mary muito antes da mesma conhecer o Sr. Wolfhard. Antes do nascimento de Finn, ela havia lhe pedido para ser babá dele, pois afirmava que confiava apenas na mesma para cuidar de seu filho.

Ela terminou a história comentando que seus outros irmãos agora moram em Manhattan, suas vidas não são exatamente ótimas, mas estão muito melhores do que antes e garantiu que não passam mais por necessidades.

E, por último, comentou como a Sra. Wolfhard era uma mulher generosa e boa, e no quão sentia por Finn não ter tido a chance de conhecê-la.

Fiquei mais do que tocada com a história, pensando no quanto a vida da mesma deve ter sido difícil e chorei principalmente no começo. Vendo a mulher alegre e amável à minha frente, era difícil de imaginar que a mesma passara por tanta coisa, como a dor de perder os pais tão jovem.

A mesma falara tudo com um sorriso triste nos lábios, me confortando às vezes quando percebia que eu ficara realmente afetada.

Quando Finn saiu da sala após uma hora, precisei de um segundo para me recompor do que havia acabado de ouvir.

Sentia que meu rosto já estava seco, mas passei as mãos por minha bochecha rapidamente para me certificar disso.

E ambas nos levantamos. Fitei o cacheado que estava com uma expressão um pouco estranha, do qual eu não sabia descrever.

Havia imaginado em como ele sairia de lá quando entrara. Provavelmente irritado pelas perguntas, devido seu pávio curto e falta de paciência, estava até surpresa por ele não ter saído de lá antes do horário estimulado.

Porém, sua expressão não demonstrava irritação. Ele parecia... desconcertado.

- E então? Como foi? - murmurei num tom delicado, não sei se pela história que havia acabado de ouvir ou pela expressão que estava em seu rosto.

- Bem... - começou ele, desviando o olhar.

FINN

Entrei na sala sentindo todo o divertimento por ter feito Mills ficar vermelha abandonar meu ser num raio de um segundo.

Faria qualquer coisa por ela, disso não havia dúvida. Até mesmo falaria da minha vida para um completo estranho, mas eu não podia conter a vontade de mandar tudo aquilo à merda e dar meia volta antes que fosse obrigado a falar meia palavra sobre meu passado com alguém que eu nunca vira na vida.

- Boa tarde. - disse um cara com cabelos castanhos e lisos, num tom amistoso, enquanto olhava o que julguei ser a minha ficha. Usava um jaleco branco e óculos, me fitando de um modo até amigável, aquela velha tática que reconheci como que muitos médicos usam para deixar o paciente à vontade. - Finn, isso mesmo?

- É o que está escrito aí, não é? - falei o óbvio, largando-me na cadeira à frente de sua mesa, perguntando-me se a contagem daquela uma hora de papo jogado fora já havia começado.

Sem se abalar com a minha resposta de desdém, o mesmo riu um pouco:

- Já vejo que você é dos meus. - ele limpou a garganta. - Muito bem. - o mesmo arrumou suas coisas, deixando seu bloco preparado para as anotações. - É sua primeira consulta?

- É. - desviei os olhos para a parede, cruzando os braços.

Porra, aquilo mal havia começado e eu já estava querendo sair correndo.

- Entendi. Não precisa ficar nervoso. Tudo o que você dirá aqui, ficará em total sigilo. - ele sorriu educadamente.

Suspirei, assentindo.

- Qual o motivo da consulta?

O encarei estreitando os olhos.

- O quê?

- Quero que me responda o motivo de estar aqui, Finn.

Revirei os olhos. Até isso ele queria que eu dissesse?

Pensei um pouco. Eu poderia simplesmente lhe lançar meu sorriso debochado que sei que Millie odeia e dizer: minha namorada está me obrigando ou não tenho conseguido dormir e, sabe? Digamos que isso tenha se tornado um porre.

Mas acho que não era isso que ele queria escutar.

Suspirei de novo.

Sabia que iria ser complicado. Mas não imaginei que ia ser tanto. Millie que tem facilidade com as palavras, não eu. Ela é do tipo que consegue falar bonito até quando estamos no meio de uma discussão. Estou acostumado com garotas que me xingam quando dou o pé nelas ou me acusam de ser gay quando digo que não estou afim de repetir a ficada. Millie não é assim. Ela consegue vir com um discurso perfeito pra cima de mim, como se o tivesse decorado horas atrás. E acho que por eu ficar tão desconcertado e sem saber bem como responder que acabo sendo um babaca com ela. Porque não sei nem o que dizer. Não me importo de parecer gay por dizer isso, mas acho que posso afirmar isso para mim mesmo: ela é a descrição da perfeição.

Poderia simplesmente lhe falar das... Argh.

- Eu venho tendo...crises de ansiedade e... - fitei a parede branca de novo. Por que esse cara não para de me olhar? - ...acho que estão aumentando para ataques de pânico nos últimos meses.

Tudo estava pior. As noites sem dormir. Os pesadelos. Tudo por causa da Iris. Eu já havia me perdoado pelo o que tinha feito. Mas suas chantagens haviam trazido tudo à tona de novo. O pior era que Millie nunca poderia sequer sonhar o que aconteceu, ela me deixaria na certa.

Ele finalmente abaixou os olhos para poder anotar minha resposta e eu pude relaxar um pouco. Estava odiando seu olhar atento em mim todo o tempo.

- Bom, Finn, aqui diz que tem dezessete anos, não é?

Vou parecer hostil se for sarcástico de novo? Por que tanta pergunta retórica? Afinal, estava tudo escrito ali!

- Isso. - assenti, contendo mais um suspiro de impaciência.

- Você está estudando?

Não não, porra.

- Segundo ano. - respondi friamente.

- Ótimo. Excelente. Você mora com seus pais?

Foi então que eu gelei. Não queria falar do meu pai com ele.

Não tinha como fugir da pergunta. Qualquer resposta minha o faria chegar lá, bem onde mais me dói falar sobre.

- Com o meu pai.

- E sua mãe? Onde ela está?

Mordi o lábio. Ainda não estava pronto para falar sobre isso abertamente. Não era medo dele me julgar, longe disso. Era apenas extremamente desconfortável.

- Olha, se você quer saber da minha vida, tudo bem. Meus pais não tem nada a ver com isso. - falei, notando que realmente havia ficado irritado com sua insistência.

O pior era que a minha hostilidade não era proposital. Sempre que alguém se aproxima de mim muito rapidamente eu reajo de forma negativa. Como um ato involuntário de me proteger. Isso aconteceu várias vezes com Millie. Sou ciente de que isso não é desculpa e que sou um tremendo babaca. Mas quando eu via, as palavras já haviam saído.

Logo pensei que sua paciência comigo havia acabado de chegar no ápice do limite naquele momento, contudo, ele simplesmente abaixou os olhos para anotar. Mas que diabos...?

Arqueei a sombrancelha para o mesmo quando ele voltou a me fitar, tentando deixar claro que não havia entendido, mas ele apenas sorriu compreensivo para mim.

- Pelo contrário, Finn. Muitas vezes, somos o que somos pelas pessoas que nos cercam, pelo o que passamos na infância...tudo isso nos influencia. Sabia disso?

Não respondi de imediato. Parecia que claramente ele estava conseguindo me ler. Como se cada reação minha significasse algo. Sentia como se estivesse lhe dando resposta mesmo sem nem abrir a boca. Era realmente estranho.

Após um instante, assenti lentamente antes de desviar os olhos, sentindo-me confuso e imensamente desconfortável. Mal falara e ele havia chegado tão perto... o que teria me entregado?

Mas antes de entrar naquela sala, já havia decidido. Não falaria sobre meus pais com ele. Não naquele momento. Não hoje. Eu aceitaria falar sobre qualquer outra coisa. Menos isso. Se é que eu aceitaria fazer mais consultas de novo.

Suspirei.

- Pode confiar em mim. - tornou a insistir. - Eu não vou te julgar.

- É difícil falar tudo sobre você com alguém que você não conhece. - soltei.

Caramba, sabe quando você percebe que está sendo realmente rude com alguém? Talvez eu estivesse pegando pesado. Mas estava difícil, talvez se ele não fosse tão direto...

Ele queria saber coisas da minha vida em segundos e eu não conseguia responder assim, tratar como se não fosse nada.

- Bom, podemos conhecer um ao outro. O que você acha? - dei de ombros e assenti, talvez isso fosse o que eu precisava. - Meu nome é Carlos, tenho 27 anos e me formei a dois anos. Meus pais moram na Califórnia e eu vim pra cá por causa de uma garota. Estávamos em um relacionamento e não queríamos nos separar pela distância das nossas faculdades, então vim cursar psicologia aqui. E então ela me deixou... - ele disse tudo tão rapidamente que fora meio difícil acompanhar, e soltou um risinho meio constrangimento com a última parte, ou sei lá. Tudo o que pude fazer fora juntar as sobrancelhas e estreitar os olhos. Confesso, senti pena dele naquela hora. - Mas acabei resolvendo ficar aqui.

- E por que você não voltou para casa depois de formado? - questionei, um pouco interessado.

- Não sei, a gente acaba se acostumando, não é? - ele riu um pouco novamente. - A verdade é que eu acabei gostando daqui. - ele pareceu refletir por um instante. -Bem, agora você.

Suspirei, dando o braço a torcer.

- A minha mãe morreu no meu parto. - revelei de uma vez.

Ele desviou o olhar para poder anotar antes de perguntar:

- E como você se sente em relação a ela?

Fiquei em silêncio de novo. Não por ter ficado constrangido de novo, mas por não saber realmente o que responder. Para mim, ela era a mulher que havia me dado à luz. Ponto. Isso é fato, eu sei. Mas eu não poderia afirmar que a amava. Não. Nunca amei ninguém antes de Millie.

Mas não posso dizer que cresci sem sentir o que é alguém se importar comigo. Megan cuidou de mim desde que era criança. Cuidou como um filho. Não foi exatamente a mesma coisa, mas eu sempre gostei muito dela.

Lembrava perfeitamente como aquecia meu coração um pouco quando eu, quando criança, chorava no meu quarto agarrado ao meus cobertores por causa das palavras duras do meu pai, e ela cautelosamente vinha com uma bandeja com um lanche pra mim e um abraço para me confortar.

- Não sei. - foi o que respondi, e então o fitei para tentar explicar melhor. - É difícil pensar nela como minha mãe. Quer dizer, eu não a conhecia. Não sei se ela era uma boa pessoa. Se ela me queria... Quando penso nela...eu não sinto nada.

Talvez eu realmente estivesse com medo dele me julgar. Mas, ao invés disso, Carlos simplesmente continuou anotando.

- É normal isso acontecer, Finn, não se preocupe. A falta do contato direto e das lembranças de alguém pode causar isso, por mais que ela tenha sido sua mãe. - explicou ele.

Caraca. Devo admitir. Fiquei muito aliviado. Até mesmo Millie havia ficado chocada por eu ter dito que não amava meus pais. Eu sei que provavelmente isso é algo que pode espantar qualquer um, mas meus pais não são exatamente como os da maioria das outras pessoas...

- Então seu pai nunca fala sobre ela? - perguntou o psicólogo, num tom de suposição.

Entreabri a boca surpreso outra vez. Mais uma vez certo.

- Não. Isso é literalmente um assunto proibido dentro de casa. Nem os funcionários podem sequer mencioná-la. Na verdade, nem mesmo sei como ela é. Não há fotos dela em lugar nenhum. - respondi, com um pouco mais de facilidade.

- Bom, é normal querer se afastar das coisas relacionadas à ente querida. Ele não deve fazer por mal. - julgou o mesmo, num tom compreensivo.

Acabei soltando um riso sarcástico, querendo lhe pedir para não defender Eric, mas claramente não poderia fazer isso caso ainda quisesse falar sobre ele apenas da próxima vez.

- E como é o relacionamento entre vocês? Me fala um pouco dele.

Arregalei os olhos. Ele provavelmente percebeu a amargura em minha expressão. O fitei por um segundo antes de desviar os olhos de novo, contendo um palavrão.

Suspirei, perguntando-me quantos minutos ainda faltavam.

- Ele é um empresário. Eric Wolfhard, você deve conhecer... - falei, talvez essa resposta fosse o suficiente.

Ele pareceu vasculhar o nome em sua mente e eu torci para, caso ele lembrasse ou não, que esquecesse meu pai e pulasse para uma pergunta que não tivesse nada a ver com a minha família.

- O nome me parece familiar, mas não me ligo muito em negócios. - comentou, abrindo um sorriso como se se desculpasse.

Ele continuou me olhando e me forcei a continuar:

- Bom, ele é muito ocupado. Fica o dia todo trabalhando, praticamente.

- Sente remorso por isso? - perguntou num tom de suposição outra vez.

- Como? - estreitei os olhos, tentando fingir que não havia entendido.

- Sente remorso por ele ser distante? - repetiu, sem perder o tom compreensivo.

- Ficaria feliz se ele fosse distante. - rebati, desviando os olhos.

Se meu pai apenas me ignorasse...mas ele parecia fazer questão de pôr toda a culpa sobre mim.

- O que quer dizer? Me fale do relacionamento de vocês. - repetiu Carlos, me deixando sem saída.

- Ele... - me interrompi, passando a mão pelo rosto, escondendo os olhos.

- Sim? - ouvi o mesmo insistir.

- Bom, não é sempre, mas depois do trabalho, ele chega meio bêbado. - comecei, meio hesitante, abaixando a mão novamente.

- Sim... - ele continuou anotando.

Aproveitei que ele não me encarava e resolvi prosseguir, era mais fácil de contar:

- Quando criança eu não sabia o que era, porque ele cambaleava... porque sua voz ficava estranha... E sempre que me via, ele falava algumas coisas...

- Sobre sua mãe? - deduziu de novo.

Assenti.

- Sobre a morte dela ser culpa minha. - afirmei.

- E o que mais? - perguntou, esperando por mais detalhes, ainda escrevendo minha resposta.

- Ele me questionava como que iria me criar sozinho. Que eu havia lhe tirado a mulher que ele amava. - ri sarcasticamente de novo com as lembranças. - Como se uma criança pudesse responder a uma coisa dessas...

- E o que você pensava das palavras dele?

- Com o tempo...acho que passei a acreditar nelas. Mas posso ver claramente agora que ele não passa de um babaca hipócrita alcoólatra. - acusei, respondendo à pergunta com mais naturalidade, apesar dele ter voltado seu olhar atento para mim de novo. Sentia que estava começando a me acostumar com todas aquelas perguntas e o tom meio frio e monótono de Carlos.

Aos poucos, vendo como Millie ficara zangada com Eric, fui percebendo como ele havia me feito acreditar em uma mentira. É difícil você conseguir ver sozinho a maldade com clareza nesse tipo de coisa quando nunca houve gentileza. Até conhecê-la...

- Você veio até aqui. Não acha que ele também não precisa de ajuda? Afinal, ambos sofreram uma perda. - disse o mesmo.

- Ajuda psiquiatra, talvez. - afirmei em desdém, fechando a cara.

- Tem mágoa dele, Finn? - provavelmente eu teria lhe dado uma bela resposta com deboche, mas àquela altura eu já estava me sentindo confortável em falar com ele.

As palavras da Mills vieram à minha cabeça. O tal alívio que ela mencionou, por simplesmente conversar com alguém sobre o problema. No momento, eu não acreditei. Mas era exatamente isso que eu sentia agora. Alívio por colocar pra fora o que estava engasgado em minha garganta.

Não era a mesma coisa que quebrar metade das coisas de casa ou gritar com Eric, mas era um pequeno alívio que parecia ter certa importância, pois meio que me permitia uma outra visão. Como se eu estivesse entendendo e aceitando os meus próprios sentimentos ao invés de acumulá-los e questioná-los todo o tempo.

- Tenho. - afirmei.

- E quando as crises começaram?

- Aos poucos. - descruzei os braços, deixando ambos juntos entre as pernas, apoiando as mãos sobre a cadeira. - Quando pequeno, eu só chorava. E lembro que não conseguia me aproximar das outras crianças nas escolinhas das quais eu vivia trocando por nunca conseguir me adaptar. Via elas serem buscadas pelos pais no fim das aulas e isso fazia uma certa inveja crescer dentro de mim. Não brincava com ninguém, se alguma criança se aproximava, eu rapidamente a afastava. Sofria com isso, apesar de fazer isso sempre, parecia uma ação involuntária porque ficava realmente infeliz com a sensação de solidão. Com o tempo, chorava cada vez mais sozinho e os sintomas, que na época não reconhecia, começaram na pré-adolescência.

- Entendi. - o mesmo anotou, assentindo.

Um som soou e o mesmo me encarou. Me dei conta de que a 1 hora havia acabado.

- Bom, parece que nosso tempo acabou - ele sorriu e estendeu a mão para mim. Por mais incrível que possa ser, sorri de lado para ele e a apertei. -, espero vê-lo daqui a uma semana, tudo bem?

- Claro. - assenti.

- Não vá faltar, hein. - ele brincou.

Soltei um riso e neguei com a cabeça, me levantando para ir até a porta.

- Tchau.

MILLIE

- Foi normal. Podemos ir? - ele deu de ombros, aproximando-se de mim para me puxar pela mão até o elevador para irmos embora logo.

No fim, Megan acabou dizendo que teria de voltar para a mansão antes que o Sr. Wolfhard soubesse que ela havia saído sem permissão.

Resolvi arrastar Finn para uma sorveteria que havia ali perto, tanto pela minha vontade de tomar sorvete, quanto para poder lhe arrancar respostas de como havia sido a consulta.

Nesta sorveteria, eles eram servidos com as bolas de sorvete em cestinhas feitas de casquinhas de sorvete. Escolhi a minha de metade de morango e metade chocolate, enquanto Finn pediu a sua apenas de baunilha. Depois de pagarmos, o puxei até uma das mesas do lado de fora e nos sentamos um de frente para o outro.

- E então? - precisei de um instante para terminar de formular a pergunta enquanto provava um pouco do sorvete com a colherzinha vermelha. - Foi tudo bem?

- Claro. - ele concordou, fazendo uma pausa para tomar um pouco do seu também. - O Carlos é legal.

- Carlos? - sorri, surpresa.

- É. Digamos que eu tenha relutado um pouco no começo e... ele me ajudou, falando resumidamente de si.

- 'Um pouco'? - brinquei.

Um pouco do meu sorvete acabou escorrendo pela minha boca enquanto falava e Finn o limpou com o guardanapo, abrindo um sorriso de lado e então confessou:

- Um pouco mais do que só um pouco. Satisfeita, Brown?

Revirei os olhos, sorrindo.

Fazia tempo que ele não me chamava assim, contudo Finn parecia fazer questão de não perder esse costume.

- Você gosta do meu sobrenome, não é, Wolfhard? - provoquei de forma sarcástica.

Ele riu antes de segurar meu queixo e me beijar, sem me dar uma resposta.

Finn me contou que teria uma consulta por semana. Toda quarta, conforme o combinado com o psicólogo.

No dia seguinte, comecei a pensar melhor no pedido que Megan me fez. Decidi ir com calma, afinal teria que ver o Sr. Wolfhard antes de tentar alguma coisa.

Talvez não seria tão difícil assim. Ele não havia me tratado, apesar de não ter como saber se ele estava sendo sincero ou não, exatamente mal.

Mas o real problema era ficar sozinha com ele para dizer ou perguntar qualquer coisa. Sentia que teria que falar com ele primeiro, mas Finn não poderia saber, contudo se ele não souber nunca vai nos deixar sozinhos...

- Ei. - as mãos de Sadie pressionadas em meus ombros me despertam de meus próprios pensamentos. - Você está tão calada! No que está pensando? - perguntou ela, voltando a andar ao meu lado, junto de Noah.

- Ela esteve assim as primeiras aulas inteiras. - afirmou o mesmo, enquanto caminhávamos pelo refeitório para pegarmos nossas bandejas antes de seguirmos para a biblioteca. - Perdeu até o debate de O Morro Dos Ventos Uivantes de inglês que estava esperando desde semana retrasada.

Arregalei os olhos em incredulidade e o fitei com desespero.

- O quê? Ai, meu Deus! - exclamei. Só Deus e Noah sabiam como eu estava louca para falarmos desse livro em sala de aula desde que o professor prometera, como eu fiquei tão desligada?

- É mentira, ele tá zombando de você. O debate é amanhã. - disse Sadie, olhando para o meu melhor amigo com deboche.

- Noah! - dei um tapinha em seu ombro, enquanto o mesmo começou a rir. - Isso não se faz!

- Desculpe, não resisti. - disse ele, levantando as mãos, em sinal de rendição.

Revirei os olhos com um sorriso e meus olhos procuraram Finn instintivamente, encontrando o mesmo a duas mesa longe de nós, estava comendo lanche da lanchonete com seus amigos. Quando o mesmo me viu o olhando, o cacheado piscou pra mim.

Com isso, mal percebi quando Iris, que rumava na direção contrária da nossa, vinha em nossa direção, provavelmente indo até um dos bebedouros atrás de nós, antes de ir ajudar a entregar as bandejas, julguei eu.

Contudo, a loira trombou subitamente em Sadie. Fora tão certeiro que seria impossível acreditar que não havia sido intencional. Ambos nós três paramos de andar um pouco surpresos com a aproximação da mesma.

Com isso, um papel caiu das mãos da Apatow e a mesma entreabriu a boca, numa falsa surpresa e eu percebi que ela estava aprontando alguma.

Algumas pessoas ao nosso redor pareciam ter parado de conversar para prestar atenção nas duas. Afinal, a última briga de ambas no corredor deve ter dado o que falar, já que não é comum brigas em colégios particulares.

Com uma expressão bastante indignada, a loira se abaixou para pegar o papel enquanto Sadie se afastou da mesma, fechando a cara. Conhecia bem a ex-amiga para saber perfeitamente que aquilo daria briga na certa.

- O que é isso, Sadie?! - exclamou Iris agora de pé, estendendo a foto na cara da ruiva, o tom tão cheio de ódio que quase me convenceu.

Agora boa parte dos outros alunos que não estavam prestando atenção, pareciam ter voltado seus olhos para as duas, enquanto Noah e eu estávamos parados, sem saber como agir ou o que fazer.

Fitei o papel na mão estendida de Iris e soltei o ar num assombro, entendendo naquele momento o porquê de Sadie ter ficado branca. A Apatow segurava uma foto tirada na biblioteca, com Noah e Sadie se beijando.

A porta que havia batido...

Com tantas estantes de livros...fora fácil ela entrar e sair sem ser notada, mesmo que passasse por mim.

Entendi perfeitamente qual era seu plano quando McLaughlin, Matarazzo e Finn vieram até onde estávamos para separá-las enquanto ainda havia tempo.

- Iris, chega, tá bom? Deixa esses otários pra lá. - Matarazzo dizia, tentando conté-la. - Sadie já escolheu o lado dela.

- Iris, não faça isso, por favor. Pense no que você... - Sadie começou a sussurrar para que somente a loira a escutasse, tentando manter a expressão em seu rosto o mais calmo possível.

- E isso dá direito à ela de pôr chifres no Caleb?! - exclamou a loira seriamente, estendendo a foto para os amigos. - Caiu das mãos dela quando trombamos. - afirmou para os amigos quando McLaughlin a fitou confuso, e então ela apontou o dedo para mim. - Provavelmente essasinha aí sabia de tudo e tirou a foto. Aparentemente, a santinha não é tão santinha assim, não é? - murmurou a última parte, nos olhando com fogo nos olhos.

Ela havia conseguido distorcer todos os fatos para que eles pensassem que nós estávamos brincando com os sentimentos de McLaughlin. Como ela poderia ter feito isso?

Prendi a respiração enquanto McLaughlin pegou a foto das mãos da amiga para analisá-la com cuidado, ficando imensamente preocupada com o que ele faria com Noah.

Como previsto, a primeira reação do garoto fora tentar avançar em Noah enquanto todos ainda estavam chocados.

- Seu desgraçado! - berrou McLaughlin, sendo impedido por Finn e Matarazzo enquanto eu me coloquei na frente de Noah rapidamente, tentando o impedir de chegar perto dele. - Eu vou matar você, seu filho da puta!

- Por que está tão bravo, McLaughlin? Sendo que você nunca a amou de verdade? - Noah gritou de volta, enquanto eu me virei para o mesmo, tentando impedi-lo de dar um passo na direção deles.

- Noh, por favor, fique calmo! - pedi desesperada.

De alguma forma, McLaughlin havia conseguido se soltar e acertar um soco no rosto do meu melhor amigo, que caiu no chão.

Soltei um berro com o susto e me abaixei rapidamente para ajudar Noah, que cobria o rosto com uma mão.

A cantina agora estava um completo escarcéu, e a maior parte dos alunos tentavam se amontuar à nossa volta.

Ajudei Noah a levantar com cuidado, o mesmo tocava a bochecha que começara a ficar vermelha onde o soco atingira, enquanto ouvia Sadie, que correu para tentar afastar o namorado, tentando impedi-lo de avançar de novo:

- Caleb, por favor, para! - ouvia a mesma implorar junto com os outros, enquanto fitava Noah com preocupação.

- Para com isso, cara!

- Me soltem! - berrava McLaughlin. - Então, é verdade, Sadie? Você estava com ele pelas minhas costas o tempo todo?

- Cal, por favor, me deixa explicar... - observei lágrimas escorrerem pelos olhos de Noah enquanto ouvíamos a voz de Sadie tornar-se embargada e toquei seu rosto com cuidado, querendo lhe dizer que tudo ficaria bem enquanto o olhava com preocupação.

- Estava rindo de mim pelas costas, aposto! - McLaughlin continuava berrando.

- Não! Eu... eu realmente gostava de você!

- Aah, ah é? Gostava...?!

Fechei os olhos, querendo sair dali e levar Noh junto. Para longe de McLaughlin. Dos amigos dele. De toda aquela confusão.

Estava com medo de que isso acontecesse. Sabia que alguém iria se ferir com tudo isso e que não seria Sadie. Não questionei e nem questionaria seus motivos para esconder o que estava fazendo e enrolar para terminar seu relacionamento, afinal eu vi inúmeras vezes como ela se importava com Noah e tinha certeza de que, se pudesse, ela teria terminado o namoro para ficar com Noah sem trair ninguém, mas não poderia negar que a mesma poderia ter evitado tudo isso.

- O que está acontecendo aqui? Isso aqui ainda é uma escola! - o berro nada contente da diretora que se fez presente me fez abrir os olhos de novo.

Toda a atenção que estava em torno de nós havia se voltado para si. O ambiente agora estava incrivelmente silencioso. Ao seu lado, estava o Sr. Pedro, com os olhos arregalados enquanto fitava todos os alunos amontoados, enquanto a expressão da mulher ao seu lado deixava claro de que ela estava uma fera.

- Vocês outra vez! - exclamou ela, quando nos encontrou no meio de todo mundo. - Será possível que vocês continuarão causando problemas?! É a segunda vez! Venham todos para minha sala agora.

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