34. Então é assim como é ter amigos?
Fomos até o ponto de ônibus perto da minha casa. Demorou cerca de vinte ou trinta minutos para o transporte chegar e Sadie já havia ficado um pouco irritada por esperar, o que causou alguns risos de Noah e também de minha parte.
Sério, eu nunca tinha a visto tão irritada. Não do tipo de ficar brava realmente, mas do tipo que chega a ser engraçado.
Após passarmos pela catraca, a ruiva me puxou até o fundo do ônibus praticamente vazio e nos sentamos juntas, comigo ao lado da janela e ela no corredor. Noh se sentou atrás de nós.
- Eu não sei do que é que vocês estão rindo. - Disse ela, com uma expressão emburrada enquanto fitava o a janela do outro lado do corredor, com os braços cruzados.
E então Noah e eu literalmente começamos a gargalhar tão alto que depois que conseguimos parar, fiquei com vergonha devido ter chamado a atenção das únicas cinco pessoas que também estavam no transporte público.
- Sadie, você notou a forma de como olhou o motorista? - Murmurei para a mesma, após pigarrear para não voltar a cair na risada, porém Noah não estava me ajudando. - Para, Noah! - Pedi, quase voltando a rir novamente.
- Está bem, está bem. - Disse ele, respirando fundo.
- Bom, então - Ela virou o rosto para nós, parecendo querer deixar aquilo de lado, contudo dificilmente Sadie iria conseguir fazer com que esquecessemos a cena de um minuto atrás. -, vocês querem dar uma volta pelo shopping e comer alguma coisa ou cinema? - Perguntou a ruiva.
- Ahn, cinema? - Noah me também fitou, seu rosto entre o encosto de nossos assentos, enquanto suas mãos seguravam as barras para que ele pudesse se segurar enquanto se inclinava para poder nos encarar.
E então eu voltei a me sentir um pouco mal. Não deveria ter aceitado vir com eles. Não conseguia relaxar sabendo que a ruiva pagaria tudo para mim.
- Sadie... - Voltei meus olhos para ela, meio sem saber o que dizer realmente.
Contudo, a mesma levantou a mão, pedindo para que eu me interrompesse, e assim o fiz. Seu sorriso me dizia silenciosamente que, para ela, não era incômodo algum.
- Cinema? - Repetiu a pergunta, ignorando minha tentativa de tocar novamente no assunto.
Suspirei.
- Cinema. - Assenti, contendo a inquietude em meu ser, repetindo para eu mesma internamente que poderia pagá-la depois.
Após aquela tentativa, a ruiva não me deixou mais dizer algo relacionado ao dinheiro. Após isso, ficamos discutindo animadamente - sim, ainda estávamos chamando a atenção dos outros passageiros e sim, eu ainda estava com um pouco de vergonha. Contudo os dois pareciam nem notar isso. - qual seria o gênero do filme que iríamos escolher. Sadie queria terror enquanto Noah e eu queríamos ficção científica. Obviamente que tínhamos um problema, devido (1) eu morrer de medo e (2) Sadie não se interessar nem um pouco pelo nosso gênero.
Por fim, fizemos um acordo e ficamos com comédia mesmo, o que acabou resultando em várias risadas - devo admitir - altas quando começamos a citar várias cenas de alguns filmes que já tínhamos visto deste gênero, descobrindo que este era nosso gênero em comum. Ainda estávamos falando de uma cena de As Branquelas enquanto andávamos pelo estacionamento do shopping.
Começamos a nos conter quando passamos pelas portas automáticas e notamos algumas pessoas nos encarar como se tivéssemos problemas mentais. Então é assim como é ter amigos?
(N/A: Sim, Mills, KKKKKK SIM!)
- Tá legal, Noah, vá para a fila comprar os ingressos. Eu vou dar uma volta com a Millie. - Sadie instruiu, se virando para nós.
- Ei, por que é que eu fico com a parte mais chata? - Noah protestou com um ar indignado, porém com um toque brincalhão, me fazendo rir mais.
- Porque você sabe que eu detesto filas. - Ela respondeu simplesmente, enganchando o braço ao meu rapidamente e levando-me para longe antes que eu pudesse me opor.
- Para onde vamos? - Perguntei, sem desentrelaçar nossos braços.
- Hmm... - Ela pareceu pensar. - Vamos dar uma olhadinha em algumas lojas...
- Sadie... - Comecei outra vez.
- Para, Millie, não se preocupa com isso. - Disse em um tom cortante.
Rendendo-me outra vez, sorri para a mesma.
Ela, então, me puxou e corremos em direção de alguma loja do qual eu não fazia ideia de qual era e nem tive de tempo de descobrir, contudo deu pra notar que era uma loja apenas de camisetas.
A mesma era decorada com as cores preto e azul-turquesa, as paredes eram escuras enquanto os cabides que se enontravam nas paredes e alguns no centro eram azul-turqueza e haviam alguns puffs de ambas essas cores espalhados pela loja.
- Ok. Que tipo de roupa é seu estilo? - Perguntou Sadie, se virando para mim.
- Hum... algo confortável e... que não fique grudado em meu corpo. - Respondi, e tive aquela sensação de ter respondido o mesmo para Maddie quando havíamos saído juntas.
A ruiva assentiu e passou a analisar algumas peças nos cabides e saiu pegando várias de forma quase aleatoriamente e me entregou.
Eu ri.
- É sério? - Ela segurava pelo menos umas dez camisas, todas de várias cores diferentes.
- Seríssimo, vá provar. - Mandou ela.
Revirei os olhos e peguei as camisetas, indo em direção a um dos dois provadores que se encontravam bem ao lado do caixa para pagamento, enquanto ouvia uma vendedora perguntar a ela se precisava de ajuda e Sadie negar educadamente.
Entrei em um e tranquei a porta. Retirei minha camiseta da NASA e a pendurei. Peguei uma das que a ruiva havia me entregado e vesti. Era amarela com dois botões em cima e uma gola. Não precisei me olhar no espelho para saber que não havia ficado bom.
Saí do provador com uma opinião já pronta sobre ela, encontrando Sadie sentada sobre um puff preto que com certeza caberia mais uma ou duas pessoas sobre ele. Em suas mãos havia uma revista de moda, do qual não faço a menor ideia de onde ela conseguiu, e definitivamente Sink parecia bastante concentrada na mesma, apesar de não parecer ser muito seu estilo se importar com essas coisas.
- Sadie... - Chamei.
Ela levantou os olhos.
Nos encaramos por alguns segundos antes de ambas cairmos na gargalhada.
- Esta, com certeza, não! - Afirmou ainda aos risos.
- Que bom que concorda! - Respondi, rindo também.
Voltei ao provador, não acreditando que a ruiva havia pego uma blusa pior que a amarela. A próxima era simplesmente rosa-choque com babados. Apesar de não ser apertada, seu estilo e seu tom não havia me agradado em absolutamente nada. O único tom de rosa que eu gostava era o rosa-bebê.
- Meu Deus, é muito estranho te ver com esta camiseta. - Exclamou a ruiva, segurando a barriga que muito provavelmente estava doendo pelo modo que ela estava rindo.
E quem poderia julgá-la? Definitivamente eu estava muito engraçada usando aquilo.
Simplesmente não havia nada em comum entre as camisetas que Sadie havia pego. A terceira era mais discreta, por ser uma cor preta, e um pouco mais larga que as outras, porém a estampa da caveira também não me agradou. Seu design me lembrava bastante as roupas que Finn usa. E Sadie também. Por isso, sabia perfeitamente que ela iria adorar antes de sair novamente do provador.
- Cara... - O rosto da ruiva havia se iluminado. - É perfeita, leva essa!
- Ela é muito... - Olhei para baixo por um instante procurando a palavra, e então a fitei. - ...gótica.
A ruiva riu.
- EXATAMENTE! - Exclamou, me fazendo rir. - Se realmente não quiser, depois traga aqui. Sério.
E assim se seguiram com mais duas camisetas. A esta altura eu já havia perdido a conta de quantas vezes havia trocado. Uma não tinha estampa, todavia sua cor amarronzada era muito estranha. Já a segunda, se parecia muito com a que Sadie havia gostado. Por fim, a penúltima que havia sobrado era masculina. Ia até a metade das minhas coxas e era o tom de rosa que eu gostava, com um desenho branco simples de uma rosa de um lado na parte superior.
Saí do provador com um sorriso satisfeito e encarei uma ruiva com um sorriso quase chocado.
- Uau, isso que eu chamo de 'não é o meu estilo, mas ficou perfeita em você'! - Declarou, me fazendo rir.
- Adorei essa. - Concordei.
- Então vai ser essa. - Afirmou, deixando a revista de lado e se levantando.
- Sadie, esta custa quarenta dólares. - Falei seriamente, depois de checar o preço pendurado na camiseta.
Havia sido divertido experimentar roupas com a ruiva, devo admitir que bem mais do que com a Maddie, mas era para ser apenas isso.
- Posso lhe pagar uma. - Garantiu. -Então vá logo se trocar que agora é minha vez. - Declarou, se levantando em um pulo.
Voltei ao vestiário para retirar a camisa e saí com vários cabides em minhas mãos para deixar as que eu não havia gostado em seus devidos lugares.
Sadie voltou a perambular pela loja enquanto eu me sentei em seu lugar. A ruiva levou uns cinco minutos para pegar vários tecidos pretos que encontrou antes de se enfiar no provador ao lado do meu, que agora estava ocupado.
Esperei por um instante encarando o chão até ela sair.
Era a camiseta que eu experimentei e que somente ela havia gostado. E, francamente, combinava muito mais com ela. A cor preta fazia seus cabelos se destacarem muito mais.
- Hmm... não. - Disse ela, me surpreendendo.
- Como assim? Ficou perfeito. - Falei com sinceridade.
- Eu sei... é que eu tenho outras assim. - Ela pareceu pensar um pouco mais em sua decisão. - Não, esta não. - Disse por fim, com convicção.
As três que ela vestiu em seguida eram praticamente quase idênticas, só mudava um pouco suas estampas. E então foi aí que eu comecei a me perguntar o que diabos esse povo rockeiro tem com caveiras. A próxima, apesar de ser preta - assim como as demais -, era transparente. Suas mangas eram compridas e havia uma blusa da mesma cor com alças por baixo da mesma. Também combinava muito com seu estilo de roupas, contudo eu nunca usaria.
- Que foi? Não gostou? - Perguntou, estranhando minha expressão.
- É bem... - Comecei, quase gaguejando. - diferente?
Ela gargalhou.
- Eu amei. Vou levar esta.
Após Sadie ir ao caixa pagar com um cartão de crédito, saímos da loja outra vez em disparada para outro lugar.
- Que tal sorvete? - Ela perguntou.
- Mas e o Noah? - Perguntei, com a sacola na mão.
- Eu compro pra ele depois do cinema. - Disse, me fazendo rir.
Paramos então na fila do quiosque de sorvete, que graças a Deus estava sem fila. Sadie pediu dois Mc flurry e fomos nos sentar em uma das mesas.
- Foi divertido. - Comentei com um sorriso, antes de tomar uma colherada da massa branca e cremosa.
- Sim. - Concordou a ruiva. - Então...você e o Finn estão juntos, né?
- Estamos. - Concordei. Até que uma ideia se passou por minha cabeça. Eu confiava muito em meu namorado, mas as sensações de que ele estava mentindo que às vezes eu sentia, estavam começando a se tornar sufocantes. - Eu sei que você não está mais falando com a Apatow e os outros, mas... - Fiz uma pausa curta, encarando meu próprio copo de sorvete. - o Finn havia sumido o dia inteiro dois dias atrás e...
- Entendo... - E ela parecia realmente conpreender mesmo. - olha, eu não sei de nada sobre isso. Continuo próxima apenas do Finn e do Caleb, apesar de estarmos meio que se estranhando esses dias.
A encarei franzindo a testa.
- Pensei que haviam terminado. - Comentei sem pensar. Me arrependendo no segundo seguinte, prossegui. - Céus, me desculpe, e-eu não tenho nada a ver com isso.
- Tudo bem, tudo bem. - Ela assentiu com delicadeza, sem se ofender com o meu comentário, o que me deixou muito aliviada. - Eu e Caleb... - Então hesitou, parecendo pensar que eu não a compreenderia mesmo se explicasse. - ...sempre foi algo mais físico, entende? - Assenti, sentindo meu rosto levemente quente. - E isso sempre foi o suficiente pra mim...até conhecer o Noah. Faz um tempo que eu estou tentando acabar tudo com o Cal, mas... ele está passando por uma barra em casa e eu pedi ao Noah para esperarmos a poeira abaixar.
Assenti. Se Noah sabia e era apenas questão de tempo... talvez estivesse tudo bem. Apesar de ainda parecer ligeiramente errado.
- Entendo.
- Mas sobre o Finn - Voltou ao assunto -, eu realmente não sei de nada.
- Não faz a menor ideia? - Pressionei um pouquinho mais.
- Olha, seja o que for, lembre-se que o Finn também tem o seu lado. Ok? - Não entendi muito bem o que ela queria dizer, mas resolvi apenas assentir e não responder mais nada. Sadie então prosseguiu. - Mas vamos mudar de assunto. O que achou da camiseta?
Eu sorri satisfeita. Fazer "compras" com a ruiva era mesmo muito divertido. E já não sentia mais aquela sensação de constrangimento no ar por estarmos sem o Noah. Estava me sentindo mais confortável com ela.
- Eu gostei muito. - Respondi. E então, depois de ter me lembrado de Noah, também lembrei de que ele estava até agora sozinho na fila do cinema, SE ele já não estivesse nos procurando pelo shopping. - Sadie, que horas são?
Ela checou o relógio no celular. E então ela exclamou: - Millie, meu Deus, se passaram cinquenta minutos!
Nos levantamos apressadamente da mesa e corremos até o cinema, que estava com uma fila imensa. Puxei Sadie para que pudéssemos tentar localizar Noh no meio daquele monte de pessoas mais de perto. Pelo tamanho da fila, era muito possível ele ainda estar ali. E o encontramos bem perto de comprar nossas entradas, haviam apenas cinco pessoas à sua frente.
- Que bonito, enquanto eu fiquei aqui quase uma hora, as duas estavam passeando...! - Disse o mesmo, no mesmo tom dramático de antes. Ele se interrompeu abruptamente, arregalando os olhos quando seu olhar se pousou nos copos que segurávamos. - e comprando sorvete? Que pecado dona Sadie!
A ruiva sorriu sapeca.
- Ai, deixa de frescura. Depois eu compro o maior sorvete do Mac pra você! - Disse, em uma clara tentativa de chantageá-lo.
Ele revirou os olhos.
- Tá bom.
Em fim, compramos - no caso Sadie e Noah - as entradas para o filme de comédia que estava passando. Devo confessar que não assisto muito esse gênero, apenas aos domingos, com a minha mãe, acho que pela coisa toda ficar ainda mais engraçada. Eu amo assistir filmes com ela. E sentia que iria me divertir bastante assistindo o mesmo gênero com os dois.
Noah pegou duas pipocas grandes e três refrigerantes de latinha antes de irmos para a sala.
Sinceramente não sei a fixação que Sink tem com o fundo dos lugares, pois outra vez ela fez questão de sentarmos lá em cima da sala de cinema.
Sadie ficou no meio de Noah e eu, na última fileira. Tocava uma música sem letra de fundo.
- Noah, me passa a coca. - Pediu a ruiva, enquanto eu já estava com uma das pipocas aberta sobre meu colo.
Geralmente eu espero o filme começar, mas estava com fome e vamos combinar que o cheirinho divino e único da pipoca de cinema é simplesmente uma tortura.
- Uh-hum - Ele negou. - A coca é minha. - Ouço meu melhor amigo lhe responder.
- Schnapp, me dê essa coca-cola!
Não sei o porquê, mas o tom da ruiva me fez rir.
- Vocês vão brigar mesmo por causa de refri? - Questionei, com a boca cheia de pipoca.
- Pegue a Pepsi. - Disse Noah.
Arregalei os olhos na hora.
- Ah, não! A Pepsi é minha! Ninguém toca na minha Pepsi! - Entrei na discussão sem perceber.
E a discussão se prolongou até eu pegar a sacola de Noah e bufar descrente:
- Vocês são retardados? Tem duas cocas aqui.
Eles me encaram. Segundos se passam e de repente estávamos rindo.
- Cala boca vocês aí. - Ouvi uma voz masculina exclamar para nós, apesar de não ter ideia de que direção ela havia vindo.
Contudo, Sadie pareceu saber, pois olhou com uma carranca para o lado, levantando o dedo do meio para ele e quem quisesse ver:
- Vai se fuder, porra. - Disse ela, me fazendo entreabrir minha boca. Ai, Deus, ela é louca! - Essa bosta ainda nem começou, então fica na sua.
Coloquei os dedos sobre meu peito e a encarei pasma, como se suas palavras tivessem sido direcionadas para mim.
Por um instante, fiquei com pena de quem quer que havia mandado ficarmos quietos, apesar dele ter merecido por não ter feito questão de ser, ao menos, um pouco mais educado.
A ruiva pareceu notar minha expressão e me olhou. E voltamos a rir, tentando nos conter com a mão sobre nossas bocas. Noah também estava rindo baixinho ao lado de Sadie.
É. Acho que gostei dessa coisa de ter amigos.
Em seguida, começou os trailers, todavia eu já não conseguia prestar muita atenção, pois minha mente ainda estava relembrando o momento de segundos atrás e eu estava com um sorriso pequeno em meus lábios.
Após minutos, as luzes do cinema então se apagam e o filme começou. O meu palpite sobre assistir o filme com os dois realmente estava certo e parecíamos rir mais que as outras pessoas na sala. Percebi um garoto, aparentemente uns dois anos mais velho que nós, sentado do meu outro lado que nos encarava um pouco incomodado, mas eu simplesmente não conseguia me importar naquele momento.
Assim que o filme chegou ao fim, fomos comprar o sorvete de Noh que Sadie havia lhe prometido.
Ficamos perto da saída. Noah estava sentado em um banco tomando seu sorvete de creme enquanto a ruiva e eu estávamos em pé, rindo sobre o filme e o momento em que ela falou um monte para o cara mal-educado.
- É sério, quando eu vi, já havia saído tudo da minha boca. - Disse ela, aos risos.
E eu a acompanhei.
- Você falou tantos palavrões de uma só vez que até eu fiquei com pena dele. - Respondi com sinceridade.
- A Sadie é retardada mental, nunca reparou? - Disse Noh subitamente, com a boca lambuzada de sorvete.
E eu não soube dizer se ri de sua afirmação ou do fato dele ter se lambuzado, porque ele realmente estava engraçado.
- Ai, cala a boca e se limpa. - Respondeu a ruiva, pegando o guardanapo das mãos dele para ajudá-lo a se limpar.
Noah então sorriu e lhe roubou um selinho.
Algumas pessoas em meu lugar teriam se sentido constrangidas por terem segurado vela, mesmo que por alguns segundos. Mas eu só pude achar aquela cena adorável e pensar em como eles ficavam fofos juntos.
Após ele terminar, Sadie questionou se estava perdoada de brincadeira e
ele a beijou novamente como resposta. Fomos para o ponto de ônibus que ficava do outro lado da rua. O céu estava com leves tons de azul que se tornavam cada vez mais escuros à medida que os minutos passavam, o que significava que eram umas seis da tarde. Também estava começando a esfriar, mas eu poderia aguentar até chegar em casa.
Fui a primeira a descer do ônibus, pois Noah iria levar Sadie até em casa e me despedi deles, agradecendo a ruiva novamente tanto por ter comprado minha entrada quanto pela minha camiseta nova.
***
Na sexta-feira, sentia que estava ainda mais próxima de Sadie, e ficamos os três conversando sobre o dia anterior. Infelizmente, ao menos para mim, tivemos apenas quatro aulas, o que significava que fomos dispensados após a aula seguida do intervalo. Fiquei estudando com Finn na biblioteca antes de ir para casa, pois amanhã era sábado e eu queria deixar a casa mais limpa para que minha mãe não tivesse muito trabalho na faxina no sábado.
No sábado de manhã, tive que acordar cedo para ir com ela ao mercado. Passamos a tarde maratonando Grey's Anatomy, apesar de geralmente ser no domingo, mas eu sabia o motivo. Minha mãe estava ciente das regras absurdas do papai, e que Finn viria aqui amanhã.
E como o previsto, ele veio. Foi até engraçado fingirmos que eu não sabia de nada e minhas expressões exageradas de surpresa. Acho que eu não serviria para ser atriz.
Puxei Finn pelo braço para subirmos enquanto meus pais nos encaravam levemente desconfiados.
Entramos em meu quarto calados e assim que fechei a porta, começamos a rir.
- Sua atuação foi péssima! - Afirmou o cacheado bem-humorado.
Dei de ombros.
- O que posso fazer? Vou ser bióloga e não atriz. - O fiz rir mais.
- Ah, deixe a porta um pouco entreaberta? - Ele pediu. Notando minha testa franzida, Finn lembrou: - As regras.
E então meu sorriso sumiu do meu rosto em segundos.
- Eu não dou a mínima para as regras. - Respondi com um tom de audácia. Se não iríamos cumprir a regra de apenas nos vermos aos domingos e na escola, por que eu seguiria as demais?
- É sério. - Afirmou delicadamente, levantando-se para passar por mim e abrir um pouco a porta mesmo que sem meu consentimento. Em seguida, se virou para me encarar. - Não podemos dar motivo para que seu pai pense que não estamos obedecendo.
O olhei sem querer dar o braço a torcer, mas sua expressão de: "você sabe que estou certo", acabou me vencendo e eu suspirei.
- ...Ok. - Assenti.
Finn então me puxou pela mão para nos sentarmos sobre minha cama, um de frente para o outro.
E ficamos em silêncio por um instante.
Nossos rostos estavam próximos. Encostei minha testa na sua e fechei os olhos por um tempo, inalando seu perfume que eu simplesmente tanto amava.
Era incrível a sensação de segurança que o cacheado me proporcionava. Apenas em ficar perto dele, eu me sentia completa. Por um segundo, a descrição de Finn sobre o amor veio em minha cabeça. O medo de perda. Não era bem a minha descrição sobre esse sentimentos tão complexo. Para mim, era uma sensação de total segurança. Como se Finn fosse o meu porto seguro.
- Eu te amo... - Entreabri meus olhos para fitá-lo e um segundo depois ele também o fez. Finn também havia ficado de olhos fechados durante aqueles segundos. Me perguntei no que ele pensava para sussurrar que me amava repentinamente.
- Eu também. - Assenti, com aquela típica sensação de leves borboletas no estômago.
Não importava quantas vezes ele repetisse, a sensação sempre seria a mesma.
Nos encaramos nos olhos antes de Finn diminuir por completo a distância entre nossos lábios.
Tínhamos que pegar leve, pois meus pais ainda estavam lá em baixo.
Entretanto, não parecia ser esse o motivo de Finn me beijar com toda calma do mundo. Parecia que estava tentando me provar que me amava. Me mostrar como precisava de mim. Ele me beijava como se estivesse aproveitando cada segundo daquele beijo. Sua mão direita segurava meu rosto tão delicadamente como se fosse algo delicado ao toque e que Finn poderia me quebrar se não tomasse cuidado.
Segurei seus ombros sem querer interromper aquele momento. E desejei que o tempo simplesmente não passasse.
Todavia, infelizmente alguma hora teríamos que nos separar para respirar.
E, enquanto eu recuperava meu fôlego, ele sussurrou:
- O que você quer fazer? - Eu quase cheguei a pensar em outra coisa mas seu tom estava sem malícia alguma.
- Quer assistir algum filme? - Sussurrei de volta, e então me perguntei porquê estávamos murmurando.
- Que tal assistirmos uma série juntos? - Ele perguntou.
- Ok. - Me levantei para pegar o controle sobre a estante e voltei para os braços de Finn tão rapidamente como se eu nem tivesse saído.
Ficamos vasculhando as séries da Netflix por minutos, discutindo sobre a sinopse de algumas e descartando outras apenas pelo design ou o próprio gênero.
Por fim, coloquei O Mundo Sombrio de Sabrina. Percebi que Finn havia se interessado pela sinopse deixar óbvio o toque sombrio da série. Sem contar, é claro, o nome.
E eu havia realmente gostado. Contudo, quando estávamos na metade do primeiro episódio, Finn e eu estávamos nos beijando novamente. Não como antes, de modo doce e frágil, mas também não eram aqueles beijos fogosos como se Finn quisesse que eu sentisse toda sua paixão. Eram mornos e de um ritmo único.
Suas mãos desceram de minha nuca para a minha cintura e eu fiquei tentada a deixá-lo prosseguir ou interrompê-lo antes que algo desce errado.
Tentando tomar a decisão que manteria Finn vivo, eu já ia separar nossos lábios novamente para nos voltar de volta para o episódio quando o berro do meu pai fez com que nos separássemos bruscamente.
Olhei instintivamente para a porta, vendo seu rosto enciumado do outro lado e me levatei às pressas para fechar completamente a porta. Minha intenção não era batê-la em sua cara, apenas impedir um escândalo, entretanto ele já havia começado a berrar por eu tê-la fechado:
- Dez centímetros de distância! No mínimo dez centímetros.
Me virei para Finn com meu corpo contra a mesma. Nossos rostos estavam em pânico.
- O quê que a gente faz?! -Questionei em um murmúrio para que meu pai não me escutasse.
Finn balançou a cabeça sem saber o que fazer e eu rapidamente fui até minha prateleira, pegando dois livros didáticos às pressas. Não iria resolver, contudo faria meu pai pensar que ele havia nos pego no meio de uma pausa de estudos.
Entreguei um para Finn, que entendeu perfeitamente minha deixa e deitou na ponta na cama, ficando longe de mim e fiz o mesmo, o livro aberto em minhas mãos enquanto papai batia freneticamente na porta, sabendo que ele levaria segundos para abri-la sem permissão.
- Millie! - Mais batidas. Finn sibilou um riso e eu dei um chute fraco em sua perna, apesar de também estar quase caindo na gargalhada também por toda aquela situação. - Abre essa porta! - E então ele mesmo a abriu.
Finn e eu pulamos de susto ao mesmo tempo, desviando os olhos dos livros para papai como se não tivéssemos escutado seus berros.
- O que foi? - Questionou o cacheado para ele, num tom quase descontraído.
Meu pai suspirou pesadamente, percebendo que seu plano não estava funcionando da maneira que ele esperava.
- Já está na hora de ir pra casa. - Ele afirmou.
***
Naquela noite, Finn e eu ríamos pelo telefone sobre o ocorrido.
- Lembra da cara que ele fez?
- Parecia um tomate! - Concordei, deitada em minha cama e encarando o teto enquanto ríamos. E então minha crise de riso passou e eu soltei quase instintivamente: - Eu ainda queria estar com você.
- Eu sei. Eu também. Que tal vir aqui em casa amanhã depois da escola? - Ele propôs.
- Certo. - Respondi.
- Até amanhã então, Mills. - Se despediu antes de des ligar.
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