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33. Papai sabe usar palavras bonitas

Andei pelo quarto incrédula, dando várias voltas sem me dar muita conta disso. Meu rosto estava perplexo e meu celular encostado em minha orelha.

- Então ele não brigou com você? - questionei, ainda incrédula.

- Não, a gente se entendeu de primeira. - disse Finn com tranquilidade, do outro lado da linha.

Meu pai ainda não havia chegado. Segundo o cacheado, ele havia acabado de entrar em casa. Eu poderia jurar que eles iriam brigar feio. Contudo, Finn garantiu que eles não haviam nem batido boca. Nenhuma, sequer, provocação.

- ...Ok. - aquilo estava estranho. Mamãe compreender estava ok, mas papai... - Ele realmente não disse nada? - insisti.

- Não, Mills. - pelo seu tom, imaginei Finn revirar os olhos pra mim e e eu sorri. - Fica tranquila. - completou. - E como sua mãe reagiu?

Finalmente cansei de zanzar pelo quarto e me sentei sobre a cama. Fitei a parede lilás e pensei na resposta. Eu havia acabado de ter uma das conversas mais constrangedoras da minha vida, contudo, minha mãe poderia ter reagido extremamente pior...

- Foi estranho. Mas ela foi bem compreensiva. - eu ri. - Nem parecia ela. Quer dizer, ela é mais... - procurei a palavra certa. - explosiva.

Mamãe era a pessoa mais impetuosa que eu conhecia. Principalmente quando o assunto era eu. Me lembrava perfeitamente do escândalo que ela havia feito quando eu estava na quinta série e uma colega de classe havia espalhado pela escola que iria "acabar comigo" na saída. Extremamente clichê de fundamental, é claro. O boato acabou chegando aos ouvidos da Diretora, que resolveu chamar minha mãe até a escola. Dona Winona exigiu conversar com a menina e a mãe dela. O que a Diretora não esperava era que o silêncio de sua sala fosse preenchido pelos gritos enfurecidos de minha mãe assim que a mãe da garota havia insinuado que ela teria algum motivo significativo. Desde aquilo passei a aprender o que lhe dizer e saber muito bem o que não dizer.

- Tenho absoluta certeza de que ela queria apenas lhe dar mais espaço. - Finn disse, com bastante certeza em seu tom.

- Tá... acho que posso lidar com isso. - ironizei, escutando seu riso abafado em resposta. Talvez eu estivesse mesmo exagerando, ou perplexa demais. Havia acontecido tanta coisa em um dia só... que eu ainda me sentia meio desnorteada. - Bom, então, tchau...

- Está me dispensando, Brown? - ele brincou, me fazendo gargalhar.

- Eu preciso ajudar minha mãe com o jantar! - justifiquei.

- Até amanhã, então. Eu te amo. - disse meio apressado e então desligou, sem esperar resposta. Sorri e afastei meu telefone do rosto.

Finn e eu havíamos brigado e, em um dia, passamos a dizer 'eu te amo' e feito amor pela primeira vez. Parecia acelerado para quem visse de fora, mas para nós, parecia perfeito. Tínhamos nosso próprio tempo. E eu havia aprendido a gostar disso, apesar de ter alguns pontos de sua personalidade do qual eu ainda precisava aprender a lidar.

Voltei para baixo e passei a ajudar minha mãe a preparar o hambúrguer de peru para o jantar enquanto conversávamos sobre seu dia no trabalho - foi o único assunto que veio à minha mente para esquecermos nossa conversa embaraçosa anterior - e Grey's Anatomy até que, em determinado momento - do qual eu não poderia fugir -, o som da porta soou.

Mamãe parou de falar e seu sorriso fora substituído por aquela expressão que eu vira quando ela havia me levado para tomar injeção na veia quando eu tinha sete anos. Aquela típica expressão que diz: eu estou aqui com você, apesar de não ter nada que eu possa fazer, mas eu ainda estou aqui. Eu fechei os olhos e me virei lentamente.

Finn dizer que papai não havia dito nada à ele, não significava que o mesmo aconteceria comigo.

Mamãe também se virou e então a casa ficou silenciosa. Os olhos sérios de meu pai eram indecifráveis. Ele estava imóvel, a um metro de distância, e me perguntei se ele sabia o que iria me dizer, pois, por um instante, ele parecia tão perdido quanto eu. Infelizmente não havia grilo para substituir o silêncio torturante do ambiente, então comecei a imaginar seu canto irritante em minha própria mente até papai pigarrear e se recompor:

- Millie, suba, depois conversamos. - disse, por fim.

Obedeci e saí dali quase correndo. Enquanto subia para meu quarto, os protestos enfurecidos de minha mãe soavam, distantes:

- Francamente, David! Ela é sua filha! E você nem, ao menos, consegue conversar com ela!

- Eu não consigo, Winona!

- Eu não me casei, cortei laços com meus próprios pais, para termos uma filha e dezesseis anos depois escutar isso de você!

Bati minha porta com força, querendo abafar desesperadamente a discussão dos dois. Mamãe havia colocado a boca no trombone e, dificilmente, papai conseguiria fazê-la parar agora.

Ainda conseguia ouvi-los. Provavelmente o bairro inteiro conseguia:

- Ah, é mesmo? Está gritando comigo porque não consigo falar com minha filha sobre sexo? Pelo amor de Deus, Win!

- Eu não estou gritando com você! Estou dizendo...

- Se é tão fácil pra você, vá lá para cima e converse com ela, porque eu não vou fazer isso!

- Você vai, sim, David!

Pressionei minhas orelhas com as mãos, sentindo-me mal por eles estarem brigando por minha causa. Abri os olhos e me dei conta que ainda estava com apenas a minha camiseta do Flash, que ia até a metade das minhas coxas.

Zanzei pelo quarto e retirei a mesma. Joguei dentro do armário e corri para pegar um pijama e desamarrar o coque em meu cabelo. Percebi então que os gritos haviam parado e passei a arrumar minha cama às pressas antes que um deles viessem até aqui. Retirei o lençol manchado, do qual, Finn e eu havíamos combinado de esconder dos dois. O joguei dentro do armário também, para lavá-lo depois ou amanhã, assim que chegasse da escola.

Coloquei outro sobre a cama e aproveitei para trocar as cobertas também. Sentei na cama suspirando. Instantes depois, papai bateu à porta.

Eu sabia que era ele porque mamãe sempre a abria antes de pedir para entrar.

- Posso entrar, garota? - ele pediu, em um tom manço, usando o apelido de quando eu era criança.

Assenti com a cabeça, desviando os olhos. Ele foi até o computador e pegou minha cadeira de rodinhas, arrastando-na até mim e se sentando à minha frente.

O encarei com as sobrancelhas juntas, pronta para o castigo.

Seu rosto não estava zangado como eu pensei que estaria. Mas eu também não conseguia decifrar suas feições. Sempre tive dificuldade. Ele parecia abalado, o que não era surpresa alguma e obviamente que eu não poderia julgá-lo - nem mamãe - para ser franca. Porque eu também estava. Se era difícil conversar com a minha mãe sobre intimidade ou de meninos, com ele então...

-Millie, as vezes, os pais...é... - ele colocou a mão sobre a nuca, olhou para baixo antes de me encarar novamente e continuou. - Só querem... só querem o melhor para os filhos... É... - ele voltou a olhar para baixo. Estreitei os olhos com sua exagerada dificuldade de formar uma frase coerente. Papai não gaguejava desse jeito. - E quando os filhos chegam...é...chegam numa certa idade... - ele voltou a olhar para baixo e, desconfiada, segui seu olhar e percebi que ele estava lendo algo na própria mão. Arregalei os olhos, embasbacada.

- Pai! - exclamei.

- Ai, merda, me desculpe! - exclamou ele de volta, percebendo que eu havia visto. - Winona tentou me ajudar a conversar com você, mas eu não consigo! Eu não falo palavras bonitas igual a ela...

Ele suspirou e eu o olhei com compreensão.

- Tá tudo bem, pai. - falei, com um tom delicado. Meu Deus, mamãe não existe! - Apenas diga o castigo e...

Ele me interrompeu:

- Não. Tem. Castigo.

É o quê?

- Quê?

- Garota, é difícil para um pai perceber que sua filha cresceu. - ele fez uma pausa curta, com um brilho diferente no olhar. - Em um dia, eu estava trocando sua fralda, e no outro, você me diz que tem namorado. - revirei os olhos com um sorriso, sentindo lágrimas brotarem nos cantos dos meus olhos. Ele fez o mesmo e cheguei a achar que vi lágrimas nos seus também, apesar de não ter certeza. - É duro. Mas estou tentando. Eu gosto do Flynn. - eu ri de novo com seu tom descontraído. - Mas tente ir mais devagar, pelo bem do seu velho pai.

- Ok. - assenti.

E ele diz que não sabe usar palavras bonitas...

- Eu te amo, garota. - disse, por fim.

Me inclinei para abraçá-lo.

- Eu também te amo, pai.

***

Durante o jantar, aquele assunto não foi mais tocado. Meus pais conversaram sobre algum assunto aleatório sobre trabalho, algo relacionado sobre o pagamento do mês da minha mãe, enquanto eu me concentrava apenas no meu hambúrguer de peru, cheio de ketchup e cebolas assadas, louca para terminar e subir para mandar mensagem para Finn ou jogar algum jogo.

Mas tudo o que eu consegui pensar assim que finalmente subi, foi ligar o computador para pesquisar algum consultório de psicólogo para ir com Finnie assim que voltei a pensar nele.

Foi naquele momento em que percebi que ainda estava sem os óculos e os peguei sobre o criado-mudo. Era uma coisa engraçada, enquanto você não percebe que está sem eles, sua visão parece perfeita... até notar que não os está usando, e sua visão parece voltar a ficar embaçada.

Abri o Google Maps e assim que encontrei um em uma clínica pública, marquei o local em meu celular após checar quanto tempo levaríamos para chegar lá, satisfeita por não ser tão longe, apesar de termos que ir de ônibus e eu já estava sem dinheiro. O jeito seria pedir para meu pai depois.

Joguei o nome da clínica no Google para conseguir o número e poder marcar a consulta. Fiquei indecisa entre ligar naquele momento ou depois. Acabei decidindo marcar amanhã, além do mais, já estava tarde e provavelmente eu não seria atendida naquele horário, sem contar que eu precisava dos documentos de Finn.

Suspirei e, peguei meus fones após desligar o PC. Os conectei no celular e passei a jogar no Xbox ao som de Doctor Steel até umas onze horas antes de mamãe me arrancar o controle e dizer que estava tarde e eu ir dormir pensando várias vezes que tinha de lembrar Finn sobre precisar de seus documentos no dia seguinte.

Na quinta-feira, estava saindo alguns minutos atrasada de casa quando fui surpreendida assim que abri a porta para ir para a escola e encontrei Finn do lado de fora me esperando, com os braços cruzados e seu corpo encostado na parede.

- Vamos? - perguntou assim que me viu, abrindo um sorriso torto antes de desencostar da parede de cerâmica.

- Finn? - abri um sorriso um pouco surpreso.

Ele se afastou da parede para segurar meu queixo e me dar um selinho de bom dia antes de gesticular com o rosto para irmos.

Com um sorriso bobo nos lábios, dei-lhe as costas para trancar a porta de casa, tendo absoluta certeza de que papai tinha algo a ver com aquilo, mas fiquei quieta.

Guardei a chave na mochila e peguei sua mão com a minha direita. Ele me encarou levemente surpreso, e então percebi que eu nunca havia feito isso na rua e eu sorri para o mesmo. Começamos a andar pela calçada enquanto eu sentia Finn entrelaçar nossos dedos com certo cuidado devido os machucados em sua mão.

A briga veio à minha mente junto com a curiosidade, mas lutei para não tocar no assunto. Estava cedo. Ainda precisava falar sobre o consultório. Aquele assunto podia esperar um pouco mais.

- Dormiu bem de noite? - ele perguntou, passando o braço em volta de meu pescoço.

Sorri e segurei sua mão com a esquerda, entrelaçando ambas novamente.

- Posso saber porque veio me buscar para irmos para a escola, Wolfhard? - fui direto ao ponto, com um tom brincalhão.

Não precisei olhar para ele para saber que estava com um sorriso de lado em seu rosto.

- Eu não posso ir para a escola com a minha namorada? - rebateu, com um tom provocante.

- Não quando meu pai lhe pede isso. - respondi com um riso antes de encará-lo, esperando uma resposta mais direta.

- Acha que foi seu pai que me pediu isso? - ele me olhou também.

- Acho. - assenti.

Ele riu mais.

- Já disse que a conversa que tivemos ontem não foi nada demais. - afirmou, desviando os olhos para os raios de sol sobre o prédio à nossa esquerda, que iluminavam a parte de seu nariz até os cabelos.

- Então me diga como foi. - pedi, ainda observando-o.

- Bom... Ele disse... - suspirou e fixou o olhar no meu. - que agora terão regras...

Parei abruptamente. Finnie também parou, confuso.

- Quê? Que regras?

- Ahn... - ele me fez continuar andando. - Regras básicas...tipo...eu não poder ir à sua casa quando ele não estiver - arregalei os olhos. -, e quando estiver, a porta do seu quarto tem que estar aberta no mínimo 10 cm - entreabri a boca, enquanto ouvia aquilo tudo. - e se sairmos juntos, você tem que estar em casa às cinco.

- Então ele quer que nós nos vemos apenas durante a escola, na biblioteca após a aula e aos domingos?! - questionei, zangada e decepcionada com meu pai.

- Não com estas palavras... - Finn tentou intervir.

- É a mesma coisa, Finn. - exclamei. - A mesma coisa! Ele está literalmente me tratando feito criança!

- Acredite em mim, eu também fiquei bravo e falei à ele que você ficaria zangada se soubesse. Mas poderia ser pior.

- Pior como? - respirei fundo.

- Ele poderia ter me proibido de te ver, Mills. - apontou.

Parei para pensar. É... talvez. Mas ainda assim eu não estava nada feliz.

- E agora? - o encarei.

- Bom, ele disse que eu não posso ir à sua casa. Mas não disse que você não poderia até a minha. - declarou.

Ele me olhou com um sorriso travesso. Após um instante o imitei e o beijei. Meu namorado era um gênio.

Voltei a olhar para frente pensando na conversa de ontem com meu pai. Estava com certa culpa na consciência por mentir, mas papai havia exagerado e nem me dito absolutamente nada sobre isso.

Suspirei, tentando conter o enfurecimento.
Após um instante de silêncio, notei a mão de Finn suar e, considerando o fato de que era uma manhã de outono, percebi que o cacheado estava suando frio e o encarei confusa:

- Finn, o que foi...?

- Posso te dizer uma coisa, Mills? - ele me interrompeu, colocando-se à minha frente bruscamente.

Precisei de um segundo para digerir sua repentina troca de humor.

- Claro que pode... - respondi, alarmada.

Ele juntou as sobrancelhas, como se estivesse tentando ter coragem ou algo assim.

- ...A gente não vai poder estudar junto hoje de novo. - disse finalmente.

- Ai, meu Deus, Finn! De novo? - exclamei e voltei a andar, puxando-o para irmos mais rápido. - Você precisa estudar para poder entrar naquela escola! - o encarei. - Por que?

Ele deu de ombros.

- Coisa do meu pai. Ele quer que eu vá não sei aonde. Uma premiação ou sei lá o que dele. - disse. - Eu tenho sempre que estar presente nesse tipo de bobagem.

- Bom... - comecei, enquanto adentrávamos pelo portão da escola. - ok...deixa pra amanhã então.

Nos separamos quando entramos na sala. Não olhei na direção de ninguém, nem dos amigos do Finn, mas pude sentir o olhar de alguns alunos em mim enquanto eu ia até minha mesa.

- Vocês estão chamando a atenção a cada dia. - comentou Noh, que retirava seu material de dentro da mochila, já sentado em seu lugar.

- Como assim? - perguntei, sentando-me também.

Ele me fitou.

- Parece que está correndo um boato sobre vocês dois entre os alunos do ensino médio. Está todo mundo meio... surpreso.

- Por quê?

- Ah, sei lá, porque o Wolfhard nunca foi assim com ninguém além de você. - ele abriu o caderno. - Mas acho que isso será apenas por enquanto, até todos se acostumarem.

Eu ri.

- Isso é meio ridículo. - zombei.

Noah soltou um risinho também.

- É, acho que sim.

Na primeira aula tivemos geografia, em que o professor passou a aula inteira lendo textos sobre desmatamentos e poluição e refletindo com os alunos. Foi até legal, apesar de ter sido um tema em que já havíamos milhares de vezes em muitos outros anos. Depois tivemos inglês e, em seguida, história. O que causou certa ansiedade nos alunos para o intervalo.

O tema era racismo e sua origem, o que foi bem interessante. Enquanto o professor falava sobre como os pesquisadores da época mediam todo o corpo de homens e mulheres negras para "provar" que eles eram "semelhantes" aos macacos, Noah e eu debatíamos sobre o assunto e anotávamos em tópicos o que era mais importante e que, muito provavelmente, cairia na prova.

Assim que o sinal do intervalo soou, avisei Finn, assim que ele veio até minha mesa, que ficaria o intervalo de hoje com Noah, e então ele assentiu e saiu com McLaughlin e Matarazzo, que pareciam zombar dele por algum motivo, do qual ele respondeu apenas mostrando o dedo do meio para ambos.

Antes de Noah e eu irmos até a biblioteca, sugeri a ele para irmos até a cantina para pegarmos alguma fruta quando minha barriga roncou. A fila estava grande, contudo não demorou tanto a diminuir, porém me dei conta de que havia esquecido que era Iris quem entregava as bandejas de comida até vê-la me olhar com a mesma expressão de deboche de sempre assim que me viu.

- Nerds. - disse ela, e senti a mão de Noah em minhas costas, parecendo temer que eu caísse em suas provocações assim como na última vez no vestiário. Atitude da qual a loira pareceu notar. - Quem diria não é, Brown? - continuou, com os olhos atentos no braço de Noah. - Como é isso? Um dia com o Finn e no outro com o Schnapp? Não sabia que você era uma dessas vagabundas que curte relacionamento aberto.

- Nós vamos querer apenas uma fruta para cada um, Apatow. - falei friamente, após fechar os olhos e respirar fundo.

Ela não se moveu.

- Aproveite bastante seus últimos dias de felicidade, Millie.

Meus olhos se fixaram no olhar irônico da loira. Minha boca se entreabriu por um instante. Não quis perguntar sobre o que ela estava dizendo. Não me interessava. Ela queria me tirar do sério, como sempre havia feito. Quando Iris percebeu que eu não sabia o que dizer, seu sorriso se alargou.

A irritação em meu interior cresceu. Rapidamente procurei algo em minha mente para lhe dizer com que a fizesse ficar tão mexida quanto eu e, principalmente, tirasse aquele sorriso odioso de seu rosto. E encontrei: Sadie.

- Na verdade, pegue mais uma. Sadie deve estar com fome. - Noah apertou seu toque, como um pedido para que eu ficasse quieta, mas eu estava satisfeita demais para me importar com isso.

A expressão de ironia que estava presente no rosto pálido da Apatow sumiu completamente. Suas sombrancelhas se juntaram. Ela estreitou os olhos. O choque neles me proporcionaram uma satisfação do qual eu nunca havia sentido.

A loira, calada, entregou três maçãs rapidamente para Noh e eu me virei com um sorriso, puxando meu melhor amigo para fora da cantina.

- Não devia ter feito isso. - murmurou ele, com um tom preocupado.

- Ela estava zombando de nós, Noh! - me defendi, enquanto andávamos dentre os outros alunos.

- É, mas ela sabe sobre nós! - disse ele, quando finalmente havíamos chegado ao corredor vazio, onde as vozes dos outros alunos, aglomerados no pátio, estavam abafadas e distantes.

O olhei, soltando um suspiro de susto.

- De você e a Sadie? Por que não me contou?

Ele balançou a cabeça freneticamente.

- Não sei... Foi a única coisa que não comentei com você. Estávamos no jardim como eu havia te dito e ela nos viu.

- E depois? - perguntei, o encarando atentamente.

- Depois a Sadie foi embora com ela e disse que pediu para a Apatow não dizer nada para o McLaughlin, mas... - ele hesitou e desviou os olhos.

- Mas...? - pressionei.

Ele me fitou.

- Isso foi antes delas deixarem de serem amigas.

- Merda... - xinguei baixinho, sentindo-me imensamente arrependida. Se Iris contasse para o McLaughlin para poder se vingar de Sadie... - Perdão, Noh.

- Está tudo bem. Você não sabia. - garantiu, me entregando uma das maçãs. - Elas eram melhores amigas. Talvez Iris não diga nada. - tentou me confortar.

Sorri para o mesmo antes de me virar para abrir a porta da biblioteca e entrarmos.

Desta vez, Sadie estava limpando os livros da primeira estante, perto da mesa da bibliotecária.

Assim que ela ouviu a porta bater atrás de nós, bufou:

- Na boa, enfia essas bibliografias NO MEIO DO SEU... - ela se virou com fúria em seus olhos, contudo se interrompeu automaticamente assim que nos viu e se recompôs com o rosto vermelho. - Ah, são vocês. E aí, gente? - disfarçou.

- A Sra. Teresa surtou com essas bibliografias de novo? - questionou Noah com um sorriso, como se estivesse achando graça. Não parecia nada surpreso, enquanto eu ainda encarava Sink com olhos arregalados.

- Argh. Ela não quer que eu as limpe porque tem medo que eu as estrague. Só porque são dos autores William alguma coisa, Daniel sei lá das quantas e outros otários aí. - explicou a ruiva para mim.

Tentei esconder o pequeno incômodo por seu desrespeito pelos maiores autores da literatura.

- Você ia mandá-la enfiá-los...? - Comecei, incrédula, porém Noah me interrompeu com um riso:

- Ela já fez coisa pior.

Quê?

- Noah. - cortou ela, entredentes.

- O quê?

- Não assuste a Millie. - continuou, com um tom autoritário, como se eu não estivesse ali presente.

- Por um acaso você havia se referido a William Shakespeare e Daniel Defoe? Autores clássicos da nossa língua? - questionei a ruiva.

- E...? - ela deu de ombros.

- Na boa, não os chame de... - comecei, sem conseguir me conter.

Contudo, Noah me interrompeu imediatamente:

- É... viemos te ajudar a limpar...

- Já falei que não precisa, sério. Faltam menos de duas semanas para este castigo acabar. - argumentou a ruiva.

- Por um lado, é uma pena. - sussurrou Noh para mim, me fazendo rir.

- Eu ouvi, Schnapp. - ela interviu, voltando-se para os livros.

- Vocês ainda são amigas? - perguntei com delicadeza, referindo-me à Iris.

- Não. - negou. - Digamos que Iris...ela gosta das coisas do jeito dela. E eu não sou muito de viver agradando aos outros.

Nem eu, nem Noah insistimos no assunto. Ele entregou a segunda maçã para Sadie e conversamos um pouco antes de cada um ir para um lado da biblioteca. Voltamos para a sala após o sinal ter tocado novamente, anunciando o fim do intervalo. Estava rindo junto com a ruiva sobre um episódio de Star Wars quando cruzamos o corredor que seguia para as salas de aula e eu vi o olhar flagrante da Apatow. Imediatamente meu sorriso se desmanchou. Nem Noah e nem Sadie a viram. Seu olhar raivoso não saiu da minha mente quando ela seguiu o corredor, passando à nossa frente e entrando na sala. Nem quando Noah e eu voltamos aos nossos lugares. Tudo em que eu conseguia pensar era que eu havia feito merda. E uma das grandes.

Minha aula favorita me distraiu um pouco. O professor distribuiu uma prova surpresa para a turma e eu peguei minha caneta sobre a mesa, feliz pela melhor aula do dia.

- Céus... queria ter essa alegria toda com essa matéria. - disse Romeo, fitando o brilho em meus olhos.

- Pode crer. - concordou Noah.

- Calados. - respondi de brincadeira, após anotar meu nome na prova.

As perguntas eram basicamente sobre Genética, Reino Animal e Vegetal. Tive que anotar as alternativas das questões dois e cinco na mesa tanto para Noah como Romeo, pois elas realmente eram um pouco mais complexas do que as demais.

Entreguei minha folha para o professor dez minutos antes do fim da aula e passei o restante do tempo ouvindo música baixinho no fone enquanto lia meu livro dentro da mochila, faltava apenas trinta páginas para terminá-lo.

As próximas aulas foram química e física, do qual passamos ambas quase inteiras escrevendo textos.

Após o fim da última, enquanto eu guardava meu material, notei alguém de pé em frente à minha mesa, do qual imaginei ser Finn. Contudo, fiquei surpresa quando levantei os olhos e descobri que era Sadie.

- Vão fazer algo mais tarde? - ela sorriu animada.

Noah e eu respondemos ao mesmo tempo:

- Eu vou estudar pra prova de física.

- Eu tenho que limpar a casa.

Ela fez uma careta e sorriu:

- Isso é sério? - assentimos. - Argh...ok, acham que isso levará muito tempo?

- Acho que - encarei Noah. - no máximo até às duas horas, certo?

- Sim. É. - ele encarou a ruiva, assentindo com a cabeça.

- Tá. Shopping depois, então? - ela sorriu com animação.

- Eu gastei todo o dinheiro que eu tinha quando saí com o Finn no fim de semana passado. - falei. - Mas vocês podem ir, claro. - acrescentei rapidamente.

- Relaxa, Millie, eu pago. - ela piscou pra mim. - Vamos então?

(N/A: AMAS...QUERIA UMA AMIGA ASSIM ><)

- Ahn...você não precisa... - comecei.

- Aceita para que ela me devolva você logo. - pediu Finn atrás de mim.

Me virei para fitá-lo, sentindo os pelos de minha nuca arrepiados.

- Depois eu te pago, então. - disse à ruiva, me voltando novamente para a mesma.

- Ok, ok. A gente se vê mais tarde. - ela assentiu.

Antes que eu tivesse a chance de me despedir dos meninos direito, Finn entrelaçou nossas mãos e me puxou para fora da sala.

- Então vocês vão no shopping hoje? - perguntou ele.

- Vamos. - assenti. - Digamos que eu e Sadie estamos...ahn... - procurei a palavra adequada.

- Ficando amigas? - sugeriu.

- É... talvez, acho... - eu ri. Era estranho como as coisas podiam mudar de uma hora para a outra. - Vocês ainda se falam? - perguntei, aproveitando a oportunidade.

- Sim, acho que, de todos os meus amigos, ela é a que mais anda comigo. - ele disse, surpreendendo-me.

- Sério? - perguntei.

- Sim. - assentiu. - Até amanhã, então, Mills. - disse, quando cruzamos o portão, beijando meus lábios.

- Até. E boa sorte.

Ele franziu a testa.

- Com o quê?

O encarei, confusa.

- A... premiação do seu pai. - lembrei.

- Ah! - ele riu, coçando a nuca. - É mesmo... verdade. É... obrigado, Mills. - ele me beijou novamente, atravessando a rua às pressas. - Tchau!

- Tchau! - respondi, em um tom um pouco mais alto para que ele pudesse me ouvir.

O observei seguindo seu caminho com uma certa pulga atrás da orelha, contudo resolvi deixar pra lá e ir logo pra casa.

Assim que cheguei em casa, comi o hambúrguer de peru de ontem que havia sobrado e fui limpar meu quarto, a sala, arrumar a cama dos meus pais e lavar a louça. Após terminar tudo, subi para tomar outro banho rápido, apesar de não ter checado que horas eram. Voltei para o quarto enrolada na toalha e vesti uma calça jeans clara e uma camiseta branca com a estampa da NASA com mangas pretas que iam até os cotovelos e meu tênis oneself com recortes branco. Resolvi deixar meus cabelos soltos e já ia pegar meu celular para mandar mensagem para Noah quando ouvi batidas no primeiro andar.

Desci as escadas correndo e abri a porta.

- Oi! - Sadie sorriu simpática para mim assim que me viu. - E aí, pronta? - ela pareceu notar a confusão em meu rosto. - Ah, é... Noah me passou seu endereço, espero que não se importe.

- É claro que não. - sorri para a mesma também. - Entre. Quer tomar alguma coisa? - perguntei quando ela o fez.

- Tem coca? - ela perguntou.

- Tem sim. - assenti e fui até a cozinha.
Peguei dois copos no armário e tirei o refrigerante da geladeira. Após enchê-los, retornei para a sala, entregando um para a ruiva, que havia se sentado no sofá.

- Valeu. - ela agradeceu.

Assenti e me sentei no outro sofá, ficando de frente para a mesma.

Ficamos quietas por um instante e então eu percebi que estava totalmente sem assunto.

- ...O-o que você achou da prova de biologia? - arrisquei, após ter dado um gole no meu refri, verdade seja dita: eu não sabia sobre o que conversar com Sadie. Esta era a primeira vez em que estávamos juntas sem o Noah.

A ruiva terminou de tomar seu longo gole e afastou o copo do rosto, pensando.

- Ahn...bem difícil. - ela deu uma risadinha. - Não curto essa matéria. -Senti uma pontada de decepção mas tentei deixar pra lá, dado que não é todo mundo que gosta desse tipo de assunto. - Eu vi que você foi uma dos primeiros a terminar. - continuou ela.

Sorri timidamente, como se estivesse recebendo um elogio.

- Fui. - concordei.

- Que livro você estava lendo? - perguntou.

- Depois de você. - respondi.

- Hmm. - ela assentiu. - Eu não leio muito, mas os poucos que eu leio são de suspense.

- Tipo os do Stephen King? - perguntei.

Ela riu um pouco envergonhada.

- Para ser franca, eu não presto muita atenção nos autores dos livros que eu leio.

Pensei por um instante.

- Bom, já leu Carrie, A Estranha, O Iluminado, A Hora do Vampiro...?

Ela desviou os olhos, tentando lembrar.

- Carrie, A Estranha, já! Nossa, esse é muito bom! - ela afirmou com entusiasmo.

Dei uma risadinha e concordei.

- Então, esse é um dos livros dele.

- Mesmo? Nossa, maravilhoso.

Dei uma risadinha, desviando meus olhos para meu copo quando fomos interrompidas com mais batidas na porta.

- Millie! - a voz de Noah soou abafada do lado de fora e eu me levantei para abri-la enquanto Sadie se levantava.

- E aí, vamos? - perguntou ela à Noah assim que abri a porta.

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