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27. A Chuva

Mamãe virou o rosto para mim e, pela primeira vez, desde que Finn havia passado por aquela porta, sorriu. Eu não deveria ter mentido, aliás não costumava o fazê-lo, entretanto esta era a única maneira de mamãe querer conhecer Finn melhor. Tenho certeza de que ela poderia gostar dele tanto quanto gosta do Noah.

- Ah, é mesmo? - perguntou ela, agora fitando o cacheado. - Qual matéria mais gosta, Finn?

A lembrança dele me respondendo isso quando eu havia feito a mesma pergunta no dia em que fomos estudar juntos pela primeira vez na biblioteca veio à minha mente naquele segundo: Todas são igualmente insuportáveis. Logo, respondi antes que o cacheado tivesse a chance de abrir a boca:

- Inglês! - exclamei. - É! Ele adora inglês! - frisei. Percebi que Finn havia fechado a cara e não comentou nada a respeito. Então, para constatar se estava tudo bem, acertei-lhe um chute fraco por baixo da mesa. Ele me encarou e estreitou os olhos, como que uma censura para que eu pegasse mais leve com o que estava dizendo. Em seguida, fitou mamãe. Prendi a respiração. Só confirma, Finn, por favor.

- Sim, eu gosto dessa matéria. - disse, com um toque um pouco duro na voz que, graças a Deus, somente eu devia ter notado.

Mamãe não teve oportunidade de insistir no assunto, o que, com certeza, Finn teria odiado. Papai voltou a perguntar um pouco mais sobre a escola de música e os planos de Finn. Eu me surpreendia cada vez mais com ele no decorrer da conversa dos dois. Papai sempre disse para que eu tomasse cuidado com a profissão que escolhesse e, acima de tudo, evitasse aquelas que correm aquele risco de não darem tão certo, música, por exemplo, que é um tanto complicado devido precisar de certo investimento e interesse de gravadoras no ramo. Entretanto, papai parecia ter simplesmente adorado Finn. O cacheado, apesar de estar falando sobre algo de que gosta, estava um tanto mais fechado, como se estivesse chateado ou irritado com algo, contudo estava tentando se controlar.

Quando o almoço chegou ao fim, ajudei mamãe a lavar a louça enquanto eles falavam sobre algo na sala que eu não estava prestando atenção para conseguir ouvir. Mamãe também parecia mais calada que o normal, falava apenas o necessário, pedindo para que eu guardasse as panelas na geladeira e guardasse os pratos no armário, entretanto não me preocupei. Sabia que não precisava me afligir, além do mais, acho que já era suficiente eu ter lhe garantido que Finn gostava de estudar como Noah, apesar de ser mentira. Não havia motivos para que ela desaprovasse. Tinha consciência de que ela estava apenas esperando o cacheado ir embora para dizer isso. Claro que sim.

- Bom, Mills, eu estava pensando em irmos no cinema depois do almoço. - disse Finn casualmente, se levantando do sofá assim que mamãe e eu fomos para a sala.

- Oh... - mamãe e eu trocamos olhares. Em seguida, fito papai. - Tudo bem, gente?

- Eu acho melhor... - começou ela.

- É claro. - interrompeu papai. - Vão.

- Então... deixa eu me trocar. - eu disse, voltando meu olhar para Finn, que assentiu satisfeito.

Subi ao quarto um pouco hesitante em deixar Finn sozinho com minha mãe, com medo dela voltar ao assunto dos estudos e ele decidir desmentir o que eu disse.

Por isso, assim que abri meu guarda-roupa, peguei a primeira camiseta que vi à minha frente, uma calça jeans e meu moletom do Harry Potter para amarrar na cintura, caso esfriasse mais tarde.

Desfiz meu coque, mas sem paciência para pensar em algum penteado, acabei refazendo-o novamente. Guardei meu celular e um dinheiro, que papai costuma me dar para comprar jogos novos, dentro da minha bolsa de ombro e desci ao primeiro andar correndo.

- Tô pronta! - afirmei.

Finn se levantou novamente e sorriu um pouco forçadamente. Ele estava mesmo incomodado com alguma coisa?

- Foi um prazer. - disse, enfiando as mãos dentro dos bolsos da calça, e se virando para meus pais.

- Prazer em te conhecer, Finn. A trague cedo. - disse papai, com um sorriso surpreendentemente simpático.

Esperei mamãe dizer algo, entretanto ela permaneceu calada. Resolvi então me despedir dos dois com um beijo no rosto e abri a porta para Finn e eu sairmos.

Do lado de fora, minutos antes pensei que suspiraria de alívio por nos livrarmos das perguntas embaraçosas ou da tensão, entretanto agora parecia que ela havia aumentado. Decidi então ignorar isso e agir normalmente. Talvez fosse coisa da minha cabeça.

Continuamos andando por mais alguns minutos por um completo silêncio. Percebi que até que com certa distância. Finn nem ao menos estava me questionando sobre meu sonho. Ok, talvez ele esteja um pouco estranho, pensei.

- Gostou deles? - perguntei, após limpar ruidosamente a garganta, tentando desesperadamente quebrar o clima frio.

- São legais. - disse ele secamente.

- Confesso que me surpreendi. - comentei com um risinho. - Papai não havia gostado do Noah.

- Hum. - murmurou, sem me olhar.

- Finn, aconteceu alguma coisa? - perguntei finalmente.

- Não.

Não se irrite, Millie.

- ...Minha mãe disse alguma coisa quando eu subi para me trocar?

- Não.

- Quer me dizer o que houve? - questionei, desta vez alterando meu tom de voz, me colocando à sua frente e puxando seu braço para chamar sua atenção.

- Porra, Millie! Você é o que houve! - exclamou ele, ainda mais alto, fazendo eu me encolher com o susto. - Você tem que entender que eu não sou o Noah! Eu não sou... certinho! E você sabe mais do que tudo que eu odeio estudar! Pare de tentar me transformar em uma coisa que eu não sou! Principalmente, na frente dos seus pais.

- Eu só queria que eles gostassem de você...! - exclamei, dando-me conta de que já estava chorando, mas ele me interrompeu com risos sarcásticos:

- Gostassem de mim? Ata, e como é que você explica sua mãe ter me olhado com cara feia o tempo todo? E como é que você explica o seu pai ter gostado de mim quando eu fui sincero? Quando eu fui eu mesmo e falei coisas que eu gosto de verdade? - ele espera minha resposta, entretanto não havia respostas pra isso na minha cabeça naquele momento. Além do mais, o conhecia o suficiente para saber que se quisesse que ele se acalmasse, teria que deixá-lo colocar tudo pra fora, não importavam o quanto suas palavras me feriam. - Parece que não sabe como explicar isso, ham? - seu tom normal volta, contudo cheio de sarcasmo. - Infelizmente, neste mundo, não podemos agradar a todos, Brown. E eu quero, apesar de saber que sou um tanto complicado, que os outros gostem de mim da maneira que eu sou, foda-se se eu não sou o merda do certinho do Schnapp.

- Não fale assim dele. - sequei o rosto com as mãos e fitei Finn com um olhar de censura. - Brigue comigo se quiser, mas não o chame desta forma, principalmente quando ele não está aqui para se defender.

Estava, sim, arrependida por ter forçado Finn a mentir e a trajar a roupa de Noah, entretanto não permitiria que ele descontasse seu descontentamento com meu amigo, que era o inocente naquilo tudo.

- Pensei que dentre todo mundo, você fosse entender... - respondeu sem emoção.

Engoli em seco e desviei os olhos. Finn realmente nunca havia dito nada sobre as roupas que eu vestia, apesar de estarmos juntos só alguns dias, enquanto todos desaprovavam, ele nunca pareceu ligar.

- Vamos perder o ônibus. - avisou ele, voltando a andar e me deixando para trás fitando o chão silenciosamente.

Dois segundos depois estou seguindo-o com certa distância, com a irritação e chateação começando a travar uma batalha dentro de mim. Eu sabia que havia errado, mas a esta altura Finn já devia saber o quão a agressividade de suas palavras me magoavam.

O ônibus não demorou a chegar. Assim que Finn deu sinal, adentrei o mesmo abrindo minha bolsa para pegar o dinheiro.

- Deixa que eu pago. - sei que Finn está tentando ser cavalheiro ou gentil de sua forma, mas ele já havia conseguido o que queria, me afastar.

- Não precisa. - afirmei com dureza. Dei o dinheiro nas mãos do motorista, que me entregou o cartão para passar pela catraca.

Sentei-me no fundo do ônibus, perto da porta, no assento ao lado da janela. Virei meu corpo para a mesma, encostando minha testa ali, observando as ruas e os prédios enquanto o veículo se locomovia. Senti Finn se sentar ao meu lado, o que eu ignorei totalmente.

- Mills - ele me chamou. Entretanto, não me movi. - Não vai olhar pra mim? - ele pergunta baixinho.

- Não. - neguei, ainda observando as ruas. Sem conseguir me conter, acabei observando-o de canto do olho, me arrependendo quando vi a expressão de mau humor estampada em seu rosto. Bufei e me voltei novamente para a janela, de onde não devia ter desviado o olhar.

- Ei - contudo, o toque de emoção em sua voz consegue recuperar a minha atenção novamente. - Vem cá. - disse ele, apesar daquilo ter soado mais como um pedido.

Hesitante, virei meu corpo para si, me aproximando um pouco. Insatisfeito, Finn resolveu me puxar gentilmente para mais perto, envolvendo-me pelo braço.

- Desculpa - ele disse, olhando-me nos olhos.

- Pelo quê? Você tinha razão. - afirmei, virando o rosto.

- Por ter gritado. -esclareceu, tocando meu queixo com os dedos, fazendo-me voltar a encará-lo. - E... por estar estragando os primeiros minutos do nosso... primeiro encontro. - acrescentou.

- Encontro? - perguntei com incredulidade por não ter me dado conta disso antes e por Finn ter citado isso com total naturalidade.

- É... nunca saímos pra valer juntos, e eu pensei que... - quando abri um pequeno sorriso, ele se calou, deixando a frase no ar.

- Tudo bem... só acho que... a gente tem que aprender a se resolver sem brigar ou gritar um com o outro. - murmurei, deitando minha cabeça em seu ombro.

Escutei seu riso baixo e Finn, então, me apertou contra si, como se estivesse aliviado ou algo do tipo.

- Eu sei, Mills. - murmurou, antes de segurar minha nuca e virar o rosto para beijar minha testa.

Ficamos silenciosamente abraçados até o ônibus parar no ponto do shopping. Logo, Finn resolve segurar minha mão, entrelaçando seus dedos nos meus. Sorri para ele e nos levantamos. Descemos do transporte com mais cinco passageiros.

Do lado de fora, o vento acaba bagunçando ainda mais meu coque e, principalmente, os cachos de Finn. O clima aparentava estar começando a mudar, eu só esperava que não chovesse. Finn começou a retirar algo do bolso da calça, fazendo a corrente tilintar, que, segundos depois, percebi que se tratava de seus fones.

- Tá afim de um nirvana? - perguntou ele, sorrindo pra mim. Retribui. Tinha de admitir que, apesar de rock nunca ter sido meu estilo, havia aprendido a gostar de ouvir músicas deste gênero se acompanhada por Finn.

Ele me entregou um dos lados, com a letra L gravada respectivamente de acordo com a orelha esquerda, e voltou a segurar minha mão antes de começarmos a andar pela calçada.

Já não estou magoada, e, aos poucos em que começamos a andar, uma felicidade logo começou a me preencher, em conjunto com um frio na barriga.

Estávamos em nosso primeiro encontro e eu não pude planejar nada. Simplesmente não havia me preocupado com isso. Parecia uma coisa boba, entretanto a expectativa fluía em meu interior. Sentia que eu teria que saber como agir e o que dizer. E, no momento, eu não sabia.

Tinha consciência de que já estava me acostumando a ter esses gestos de carinho em público com ele. Sentia que gostava quando alguém, geralmente uma garota, olhava para nós e chegava à conclusão de que éramos um casal. Porque um dia, jurava que, sabendo de meus sentimentos ou não, Finn e eu nunca poderíamos ficar juntos. Bem, olhe só para nós agora...

O estacionamento se localizava bem ao lado do shopping. E assim que passamos pela entrada, o ar condicionado pareceu me comunicar sobre os pelos levemente arrepiados de meus braços por conta do vento lá fora, entretanto, não quis tirar meu moletom da cintura naquele momento, forçando-me a aguentar mais alguns minutos enquanto meu corpo se acostumava com a temperatura mais amena do lado de dentro.

Fomos com certa dificuldade até o cinema devido a quantidade de pessoas aqui, claramente por ser final de semana. Finn pareceu um pouco impaciente, principalmente, quando vimos o tamanho da fila para comprar os ingressos:

- Ah, vá se fuder, não acredito. - xingou ele, ao meu lado, ainda boquiaberto e com o olhar de indignação.

Dei um tapinha em seu ombro, arregalando os olhos quando uma mulher levou seu filho pelo ombro para longe de nós assim que ela escutou o desabafo do cacheado:

- Desculpe! - sibilei, censurando Finnie logo em seguida: - Finn!

Ele me encarou confuso, obrigando-me a revirar os olhos:

- O quê?

Bufei e o puxei para o final da fila.

- Temos que decidir o filme. - afirmei, depois de uns vinte minutos parados em silêncio, fitando o painel que ilustrava os filmes e seus respectivos horários.

- Nada de ficção científica. - ele avisou, de brincadeira, fazendo-me revirar os olhos.

- Ok. Bom, romance? - ri da careta que ele fez. - Você sabe que terror e suspense estão fora de consideração e acho que não estou muito pra comédia hoje.

- Vai mesmo me fazer ver filme de marica? - perguntou, com um tom dramático na voz.

- Vou, ou prefere drama? - provoquei.

- Não gosto de te ver chorar. - comentou, surpreendendo-me.

- É mesmo? - Ele assentiu. - Então... resta romance.

- Justo. - ele revirou os olhos. - Então... - seu tom mudou e eu já sabia o que viria em seguida. Muito obrigada, mãe. - Quer dizer que você andou sonhando comigo?

- A-ahn... não! Q-quer dizer, sim. Não! Eu... - eu queria arrancar o sorrisinho convencido de Finn que se divertia me vendo me embolar toda com as palavras. Respirei fundo. - Foi. Só. Uma. Vez. - afirmei pausadamente para que ficasse bem claro.

- E que tipo de sonho foi? - Aaaargh, Finn!

- Como assim? - perguntei.

- Foi... um sonho erótico? - sussurrou.

(N/A: QUERIDO, VCS ESTÃO NO MEIO DO SHOPPING!)

Quando vi, já havia me engasgado com a minha própria saliva. Desviei os olhos de Finn, colocando a mão sobre o peito, em uma tentativa de me livrar da tosse, que havia chamado a atenção de três pessoas à nossa frente na fila.

- Não! - garanti, quando enfim consegui. - Eu não... lógico que não! - eu odeio minhas bochechas, devo estar parecendo um pimentão.

- Então... - sua expressão agora era mais de curiosidade. - Como foi?

Eu não poderia dizer, por mais que quisesse. Porque por mais que eu esteja apaixonada por Finn agora, não era bem com ele que eu havia sonhado. Era com Jacob, e então ele apareceu. Ou será que naquele momento eu estava... dividida entre os dois?

- Mills?

Pisquei, conectando-me de volta à realidade e deixando meus pensamentos confusos de lado.

- Bo-bom, de qualquer forma, foi meio confuso e eu nem me lembro direito!

Seu sorriso voltou. Droga, ele sabe que estou mentindo.

- Então por que gaguejou tanto?

- PRÓXIMO!

Senti alguém me cutucar de leve, que logo descobri que se tratava de uma mulher jovem, que sussurrou gentilmente para nós:

- São vocês.

Obviamente que me agarrei àquela chance de fugir do assunto na hora, puxei Finnie pela mão até lá, para comprarmos os ingressos.

- Dois para o What About Love... - disse ele, revirando os olhos para mim de brincadeira, que ri baixinho.

- A próxima sessão deste filme será apenas às quatro horas. - afirmou a moça, com um tom rabugento.

Finn me encarou como que se perguntasse se o horário teria algum problema, entretanto estava muito feliz para me importar em chegar cedo em casa, além do mais, precisava apenas mandar uma mensagem, avisando que atrasaríamos um pouco por conta do filme. Dei de ombros sorrindo, como se dissesse que estava tudo bem e Finn assentiu. Em seguida, peguei o dinheiro da minha entrada em minha bolsa. Entretanto, Finn balançou a cabeça pra mim quando me voltei para si.

- Guarde, eu pago.

- Não precisa. - insisti, um pouco envergonhada.

- Casais... - a vendedora resmungou. - Vocês podem acertarem isso depois? Há mais pessoas na fila!

Finn pareceu querer lhe mostrar o dedo do meio, contudo, apenas se virou para mim:

- Vamos fazer assim: você paga a pipoca? - acenei com a cabeça e ele sorriu antes de pagar para a mulher impaciente, que lhe devolveu o troco junto com as entradas.

Saímos da entrada do cinema e logo peguei meu celular, instalando um alarme para a hora do filme, caso chegasse e nós estivermos distraídos. Mandei uma mensagem para mamãe dizendo que a sessão seria um pouco mais tarde do combinado e que eles não precisariam se preocupar. Desliguei o aparelho logo em seguida, para que ela não ficasse enchendo-o de mensagens vergonhosas com Finn do meu lado. A última coisa que queria era que ela ficasse falando do Noah com Finn do meu lado, havíamos acabado de brigar por este assunto e eu não queria repetir a dose.

Assim que guardei o aparelho novamente, Finn me fitou:

- Bem, ainda são duas e meia. Tá afim de ir aonde?

***

Puxei o cacheado pela mão, esboçando um sorriso enorme no rosto, enquanto adentrávamos a livraria.

Adorava ir sempre lá, as vezes com minha mãe, as vezes sozinha. Mesmo que não fosse comprar nenhum livro. Além de que, a loja tinha o costume de colocar na vitrine objetos personalizados, principalmente, de Harry Potter. Canecas, retratos, box completo e vários funko pop's de outros filmes e séries.

- Sente este cheiro? - pergunto à ele, inspirando profundamente enquanto fechava meus olhos, sem me importar de estar parecendo uma doida.

- Que cheiro? - ele quis saber, e pelo seu tom, seu que está me observando com um sorriso de lado que mostra sua linda covinha.

- De livros! - afirmei, abrindo os olhos novamente. - Eu vou dar uma olhada, ok?

Ele revirou os olhos com a minha animação e respondeu:

- Ok, Mills.

Lhe dei as costas e, quase correndo, fui até o lado direito da livraria, onde se encontravam os livros juvenis e mangás. Passei meu olhar pela prateleira, identificando alguns títulos. A Seleção, A Herdeira, Percy Jackson E O Mar de Monstros, Harry Potter E O Enigma Do Príncipe, Para Todos os Garotos que Já Amei... Garota Em Pedaços...

Retirei o último livro da prateleira, reparando na capa cor de rosa-pink clarinha. Kathleen Gasglow. Não reconhecia esta autora. Contudo, sorri com interesse, virando o mesmo para ler o a sinopse atrás:

Além de enfrentar anos de bullying na escola, Charlotte Davis perde o pai e a melhor amiga, precisando então lidar com essa dor e com as consequências do Transtorno do Controle do Impulso um distúrbio que leva as pessoas a se automutilarem. 'Viver não é fácil.' Quando o plano de saúde de sua mãe suspende seu tratamento numa clínica psiquiátrica para onde foi após se cortar até quase ficar sem vida , Charlotte Davis troca a gelada Minneapolis pela ensolarada Tucson, no Arizona (EUA), na tentativa de superar seus medos e decepções. Apesar do esforço em acertar, nessa nova fase da vida ela acaba se envolvendo com uma série de tipos não muito inspiradores. Cansada de se alimentar do sofrimento, a jovem se imbui de uma enorme força de vontade e decide viver e não mais sobreviver. Para fugir do círculo vicioso da dor, Charlotte usa seu talento para o desenho e foca em algo produtivo, embarcando de cabeça no mundo das artes. Esse é o caminho que ela traça em busca da cura para as feridas deixadas por suas perdas e os cortes profundos e reais que imprimiu em seu corpo.

- Posso ajudá-la? - perguntou educadamente um funcionário de estatura média que apareceu ao meu lado. Li em seu crachá que seu nome era Josh.

- Sim, ahn... quanto custa? - perguntei, lhe mostrando o livro.

- Deixe-me checar? - ele estendeu a mão com um sorriso simpático e eu lhe dei o livro. Ele foi até o balcão bem ao lado e segundos depois volta. - quarenta e quatro dólares, gostaria de levar?

Meu Deus, esquece...

- Ah... - sussurrei, sentindo-me um pouco triste, estava louca para ler aquele livro.

Procurava qualquer desculpa em minha mente, inclusive, a famosa desculpinha esfarrapada que todo mundo usa: Ah, claro, eu passo aqui depois. Entretanto a voz do cacheado se fez presente bem atrás de mim assim que abri a minha boca:

- E aí, Mills, encontrou alguma coisa?

- Ahn...

Logo, Josh me interrompeu:

- Ela gostou deste aqui, vão querer levá-lo?

- Sim, ela vai. - afirmou Finn.

Fitei ele de olhos arregalados, tentando impedi-lo enquanto o funcionário voltava a rumar até o balcão:

- Por aqui, por favor.

- Finn, não tenho o suficiente. - sussurrei, me virando para ele.

Ele apenas sorriu com tranquilidade:

- Eu pago, pode deixar.

- Não, você já pagou as... - comecei, entretanto ele me calou quando me puxou para um beijo.

- Shh. - sussurrou, antes de se afastar para frente do balcão.

Ainda estava olhando bobamente para a porta, mordendo meu lábio inferior, enquanto Finn pagava o livro e conversava algo com Josh, assunto do qual apenas me interessei no fim:

- Vocês formam um casal muito bonito. - ele comentou subitamente.

Me virei há tempo de ver Finn pegar o livro dentro da sacola amarela com a logo da loja:

- Eu sei - respondeu com um tom de orgulho na voz antes de se virar e vir até mim.

Assim que saímos da livraria, Finn me levou para uma loja de discos, onde ele costumava comprar seus cd's de rock. O estilo da mesma era até certo ponto grunge e de tons neutros. Além de alguns cd's novos, Finn deu uma boa olhada nas guitarras. No fim, acabou comprando um cd do Nirvana pra mim, um de Kiss e outro do Slipknot para ele e uma palheta nova para sua guitarra.

O detalhe de que o céu já estaria escuro quando o filme acabasse, me deu a ideia de comprarmos sorvete agora, já que teríamos que correr para ir embora. Finn pediu um sundae de chocolate e outro de morango pra mim.

Nos sentamos em uma mesinha para tomarmos nossos sorvetes. Olhei distraidamente ao redor, sentindo-me tão leve e feliz como nunca antes. Naquele momento não havia Iris, não havia os amigos de Finn que não suportam ninguém, havia apenas Finn e eu.

- O que está achando? - ele perguntou.

- Muito bom. - respondi, abrindo um sorriso sincero em meu rosto.

Ele retribui o sorriso, contudo o seu é mais contido.

- Millie... - ele começou, levando seu olhar para longe do meu.

- Hum? - o incentivei a continuar, pegando um guardanapo para limpar minha boca quando um pouco da cobertura escorreu pelo meu lábio.

- você sabe que estou dando o meu melhor, não é? Você não me deixaria por uma bobagem do passado, certo? - o encarei sem entender, e então percebi que sua expressão havia se tornado tensa.

- Como assim, Finn?

- Não, nada. Só que... - ele pareceu nervoso diante do meu olhar incrédulo. - Sei lá, acho que você entendeu. Tipo, as meninas da escola, as coisas que eu fiz antes e...

- O que você fez especificamente? - perguntei. Por que aquilo agora e do nada?

Ele olhou para os lados brevemente calado. Contudo, o alarme em meu celular começou a tocar.

- Ai, meu Deus, o filme vai começar! - exclamei, agarrando a mão dele para corrermos até o cinema.

- Você realmente instalou um alarme para o horário do filme? - ele perguntou, não tão surpreso.

- É claro! - afirmei, como se aquilo fosse completamente óbvio, enquanto apressava o passo. - Ainda temos que comprar a pipoca e o refrigerante.

Finn escolheu os lugares do fundo da sala de cinema. Ele me arrastou até lá com pressa, como se estivesse tentando chegar até lá antes que alguém roubasse os lugares que, segundo ele, eram os melhores.

Assim que nos sentamos, o cacheado deixou a pipoca sobre o meu colo. O couro frio da cadeira me obrigou a tirar a blusa da cintura e vesti-la.

Quando o filme começou, Finn virou seu corpo para mim, ignorando totalmente o que passava no telão. Quando eu ria, me roubava beijos e dava de ombros, dizendo que não conseguia se conter; quando me emocionava, me abraçava para junto de si, deixando minha cabeça apoiada em seu pescoço enquanto fingia que prestava atenção; e franzia a testa enquanto eu chorava com o final.

- Tem certeza de que gostou? - perguntou pela milésima vez, enquanto saíamos da sala noturna dentre as outras pessoas.

- Sim, nossa, eu amei. - falei com sinceridade, enxugando o rosto com a manga da blusa.

- Eu devia ter perguntado se era um romance dramático. - ele comentou, com um toque um pouco ressentido.

- Ai, Finn, só você mesmo. - ri. - Vamos embora?

- Vamos, que horas são? Aquele filme parecia que não terminava nunca. - provocou.

Ri com ele, sabendo que estava tentando me provocar. Contudo, meu sorriso se desfez quando vi em meu celular que já passava das seis.

- Ai, meu Deus! Temos que ir já, é sério! - exclamei, agarrando sua mão e começando a andar apressadamente.

Para o meu alívio, o ônibus não demorou muito a passar. Contudo, chegou lotado. Enquanto me agarrava à barra, respondia às mensagens dos meus pais com certa vergonha por Finn estar vendo que eles ainda me tratam igual uma criança.

Assim que descemos do ônibus, o céu já estava escuro e fechado. Logo choveria.

- Vou te levar até em casa. - ele disse.

- Você pode pegar chuva no caminho de volta. - avisei, preocupada.

- Existem muitas outras coisas piores na vida do que um simples resfriado, Millie. - respondeu, pegando minha mão.

Não tive muita escolha, senão deixá-lo me acompanhar. Dei um nó bem dado na sacola em que estava os cd's de Finn com meu livro para que não molhasse caso começasse a chover.

E depois de alguns minutos, realmente começou. Bem forte. Finn olhou para cima enquanto seu cabelo começava a encharcar e perder o volume. Tentei puxá-lo para corrermos, entretanto ele me impediu.

- Espera um pouco, logo passará. É passageira. - disse, como uma tentativa de me tranquilizar.

Ele sorriu pra mim, seu rosto expressava uma felicidade como nunca antes e, apesar do frio da chuva, retribui quando Finn me puxou para si. Seu olhar intenso desceu para minha boca e então ele mordeu o lábio. E então agarrou meu rosto e olhou fundo em meus olhos:

- Me promete que nunca vai me deixar? Que isso não terá fim? - pediu ele, com os olhos cheios de emoção, assim como em sua voz. Pingos de chuva escorriam por seu rosto, assim como no meu.

Nunca poderia lhe negar isso. Sentia essa necessidade tanto quanto ele. Queria demais Finn. Queria que aquilo durasse. Que durasse pra sempre.

- Eu prometo! - exclamei com firmeza, como se aquilo concretizasse tudo. Como se aquilo nos tornasse capazes de cumprir tal promessa. Ele me envolveu em seus braços e uniu nossos lábios.

Enlacei seu pescoço com os braços. Agarrei sua nuca, sentindo seus cabelos molhados em meus dedos. Finn intensificava o beijo enquanto suas mãos subiam dos meus quadris até o começo das minhas costas. Começava a sentir água dentro do meu tênis, o que me incomodava um pouco.

Assim como ele havia me assegurado, a chuva diminuiu. Resolvemos então continuarmos andando. Já não era mais necessário corrermos, visto que estávamos completamente encharcados. Ele me deixou na porta de casa e se despediu com um último beijo. Insisti para que entrasse, entretanto, ele negou, afirmando que a chuva estava fraca o suficiente para irmos embora.

Algo era certo: passaríamos, os dois, o domingo inteiro na cama doentes; o estranho naquilo era que eu não me importava nem um pouco.

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