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23. Corredor, 9h35

Assim que cheguei em casa, subi até meu quarto em busca do meu celular. Minha mãe ainda não havia chegado, o que me deixou aliviada. Provavelmente daqui alguns minutos, ela já estaria aqui.

Demorei a encontrar o aparelho por culpa da pressa de sair de casa três horas atrás. Estava tão desesperada que coloquei ele em algum lugar enquanto vestia a blusa de frio sem perceber onde havia o deixado.

O encontrei sobre a estante, atrás da TV. Como ele foi parar ali? Não faço a mínima ideia e isso não tinha a menor importância para mim naquele momento.

Adicionei o último número que me ligou aos meus contatos e enviei uma mensagem pelo WhatsApp:

Oi, Finn. Por favor, me liga assim que ler isso.

Coloquei o celular sobre meu criado-mudo e comecei a recolher todo o meu material que havia largado sobre a minha escrivaninha antes de sair.

Assim que fechei minha mochila, me assustei assim que vi um vulto perto da porta pelo canto do olho.

- Ai, mãe! Você me assustou. - exclamei, levando minha mão ao peito quando me virei assustada, encontrando Dona Winona ali.

(N/A: KKKK, QUEM NUNCA?)

- Desculpe. - ela abriu um sorriso sem-graça. - Já terminou de estudar, querida?

- Sim, quer ajuda com o jantar?

Me perguntava quando que eu iria parar de mentir por causa de Finn mas sentia que era necessário. Eu não poderia dizer simplesmente para minha mãe o que houve hoje.

Mas sabia que tinha que parar com as mentiras. Ou aquilo poderia acabar se virando contra mim uma hora ou outra a qualquer momento.

- Quero, passei no mercado e comprei carne assada. Assim que terminar aí, desça.

- Okay, já estou indo. - sorri para ela que se virou para descer ao primeiro andar novamente. Deixei minha mochila sobre a cadeira do computador e peguei meu celular para checar se havia alguma mensagem.

Nada.

Suspirei, preocupada e aumentei o som do toque da ligação no máximo para que eu conseguisse ouvi-lo quando Finn ligasse.

O deixei no quarto e desci as escadas. Encontrei minha mãe retirando as compras de dentro das sacolas do super-mercado e os guardando dentro do armário. Preparei o arroz enquanto mamãe terminava o purê de batata.

Já eram 19h15 quando terminamos. Meu pai chegou instantes depois e subiu para retirar o uniforme de policial e tomar um banho rápido enquanto colocavamos nossos pratos.

- Oi filha, como foi a escola? - perguntou ele, assim que entrou na cozinha e beijou minha testa antes de pegar seu prato no armário e ir até o fogão.

- Bem... e o trabalho? - respondi, espetando a carne em meu prato.

- Difícil, uma mulher chegou na delegacia para fazer uma denúncia contra o marido, mas o covarde fugiu. Estamos procurando-o por toda cidade. - comentou.

- Vão achá-lo. - prometeu minha mãe, pegando sua mão sobre a mesa assim que ele se sentou ao seu lado. Eles trocaram um sorriso quando ele devolveu o olhar.

E eu os copiei, achando a cena fofa.

Após o jantar, subi para meu quarto novamente. Chequei novamente minhas notificações mas não havia nenhuma ligação perdida.

Talvez ele ainda estivesse dormindo. Talvez Megan tivesse convencido o pai de Finn de deixá-lo dormir em paz e não atormentá-lo outra vez hoje.

Sim. Tinha que ser isso...

Meu celular vibrou, começando a tocar a música Steal my girl do One Direction enquanto o nome de Finn aparecia na tela, espalhando um alívio inquietante por todo meu corpo.

Maddie era louca por eles, mas eu também gostava de algumas músicas.

Atendi rapidamente no mesmo segundo.

- Mills? - a voz rouca e sonolenta de Finn se pronunciou, o que me fez abrir um pequeno sorriso bobo em meus lábios.

- Estava dormindo até agora? - perguntei, após suspirar de alívio.

Ouço sua risada abafada antes dele zombar de mim como de costume:

- Estava, Brown, não me diga que já estava com saudade?

Revirei os olhos, querendo rir. Sentei-me na cama e deitei para trás, ainda sorrindo bobamente para o teto.

- Não seja palhaço. - ele gargalhou. - Eu...estava preocupada. - admiti, meu tom havia se tornado levemente tenso.

- Por quê?

- Quando eu estava indo embora, seu pai me flagrou em seu quarto... ele queria lhe acordar mas eu não permiti, quando sai implorei para Megan ir falar com ele para que seu pai te deixasse em paz...

Pude ouvir um suspiro seu, porém não pude identificar se era de alívio ou frustração.

- Eu não aguento mais essa merda. - murmurou, fazendo meu peito doer. Não suportaria ver Finn no mesmo estado em que o encontrei quando havia entrado em seu quarto. - Obrigada, Mills.

- Não precisa agradecer.

- Acho que irei voltar a dormir... - sussurrou, indeciso.

- Coma alguma coisa antes, não é bom dormir com o estômago vazio. - aconselhei.

- Megan costuma trazer algo pra mim no quarto. Não costumo comer com o meu pai. Mas prometo descer quando ele já estiver dormindo se ela não trouxer.

- Tá bom, durma bem, Finn.

Acordei agitada no dia seguinte. Ansiosa para ver Finn. Eu estava apaixonada por ele. Apesar de seu jeito difícil e pavio curto, havia me conquistado de uma forma impressionante e agora eu sinto que não poderia estar mais feliz por estarmos juntos.

Após tomar um banho rápido, vesti uma roupa justa como sempre e desci para tomar café com meus pais. Quando enfim cheguei na escola e adentrei a sala de aula, me sentei no meu lugar e me virei para Noah sorridente.

- Bom dia.

- Bom dia - respondeu ele, parecendo estar um pouco mais tranquilo. O que me tranquilizava. O estado de Noah depois de ter visitado a avó era muito preocupador, eu não tinha certeza se ele suportaria se sua avó piorasse outra vez. -, parece bastante contente... - comentou Noh.

- Ah, é que...

Me interrompi quando senti braços masculinos me entrelaçar por trás em um abraço rápido. De início, pensei que fosse Finn, mas logo soube distinguir quando reparei no relógio de Romeo em seu pulso esquerdo:

- Oi, bom dia. - disse ele carinhosamente assim que me soltou.

- Bom dia. - respondi, retribuindo seu sorriso.

Assim que Romeo se sentou do meu outro lado, o professor de sociologia adentrou a sala.

- Bom, pessoal, parceiros formados, por favor, hoje iremos falar sobre um novo tema.

- Eu havia esquecido que hoje iria me sentar no fundo... - Noah sussurrou ao meu lado e eu o encarei.

- Até a próxima aula.

- Até. - respondeu ele, se levantando com a mochila nas costas.

Não demorou muito para Finn se sentar ao meu lado. Eu nem havia percebido que ele havia chegado. Senti um leve desapontamento por ele não ter ido, ao menos, me cumprimentar. Mas, bem, talvez teria sido porque ele sabia que se sentaria comigo na primeira aula, certo?

O fitei. Ele parecia estar bravo com alguma coisa. Sua cara estava fechada e ele parecia se recusar a me olhar. Okay, agora é oficial. Finn é bipolar.

- Oi... - murmurei para ele, com o tom de voz manso, indicando que não queria briga, seja lá o porquê dele estar com raiva.

Finn jogou o caderno sobre a mesa bruscamente após retirá-lo de sua mochila, e me olhou friamente.

- O que foi? - perguntei, preocupada.

- Parece que você continua bem íntima de seu ex. - comentou ele, em um tom de voz baixo para que somente eu o ouvisse já que Romeo estava bem ao meu lado, sua voz estava carregada de sarcasmo.

Jesus, não acredito que era isso.

- Quê? Finn...

Ele se virou para frente novamente, me ignorando completamente. Suspirei e fechei os olhos, tentando controlar minhas emoções. Não acredito que Finn estava bravo porque abracei Romeo. Aliás, porque ELE me abraçou. O que diabos Finn queria que eu fizesse? O empurrasse?! Inacreditável.

Não acredito que ele estava fazendo isso depois de tudo o que aconteceu entre nós dois ontem.

- Pare com isso. Somos apenas amigos agora. - murmurei.

- É isso que você acha que ele quer? Você é muito mais inocente do que pensei, Brown. - afirmou, abrindo seu caderno, completamente emburrado.

Nossa, como eu odeio quando ele me chama pelo sobrenome quando está bravo...

- Trouxe o caderno? - perguntei com frieza, ignorando o que ele havia dito.

Não iria brigar. EU NÃO IRIA BRIGAR COM ELE POR CAUSA DE ROMEO, que não tinha culpa de Finn ser tão ciumento.

Ele se virou para pegar o caderno, que havia me falado ontem, em sua mochila e o colocou sobre minha mesa sem cerimônia antes de se voltar friamente para frente.

Me lembrando de que Finn estava apenas fazendo cena e, principalmente, tempestade em copo d'água, apenas abri o caderno com o desenho de uma caveira na capa e comecei a ler.

Na primeira página, haviam quatro poemas escritos por ele. Levantei o rosto para ver se o professor perceberia que eu não estava prestando atenção, antes de me voltar ao caderno de Finn novamente.

"Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,

assim calmo, assim triste, assim magro,

nem estes olhos tão vazios,

nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas;

eu não tinha este coração

que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

- Em que espelho ficou perdida

a minha face?"

"Guardar raiva é como segurar um carvão em brasa com a intenção de atirá-lo em alguém; é você que se queima."

"Algumas pessoas têm amor por você, outras têm raiva. O que sentem nem sempre depende de seu comportamento. As reações delas às vezes são justas, outras vezes são injustas. Dê sem contabilizar. E esteja atento às necessidades delas."

"Evite sentimentos corrosivos como o rancor, a raiva e as mágoas, que nos tiram noites de sono e em nada afetam as pessoas responsáveis por causá-los."

Todos eram muito bem escritos, e todos faziam referência ao seu pai. Pela caligrafia, era perceptível que fazia bastante tempo que ele havia escrito aquilo. Sua letra estava diferente, até mesmo bonita.

Finn pareceu engolir o próprio orgulho quando sussurrou nervosamente:

- O que você achou?

Sorri, estendendo minha mão para pegar a sua.

- Você tem talento. Estão ótimos. - elogiei com sinceridade. Finn sempre teve talento para a escrita pelo visto, ninguém nunca poderia afirmar o contrário.

- Ainda estou aborrecido. - afirmou com orgulho, lançando um olhar nada gentil para Romeo.

Revirei os olhos sorrindo descrente e apertei gentilmente sua mão.

- Pare logo com isso. - pedi, virei a página do livro e passei a ler a primeira letra de música:

Eu sinto muito

Já é hora de alguém te repreender por todos os seus atos

O trovão que ruge parou no frio para ler sem sinal

Não há tempo

Pegue o que é meu e não tenha desculpas que gastem seu precioso fôlego

Não há tempo

O sol brilha para todos, todo mundo ama a si mesmo até a morte

Então você tem que pegar fogo, tem que se deixar levar

Você nunca vai ser amado até que você tenha feito o seu dever

Você tem que enfrentar, pegar o que é seu

Você não reconhece o topo até chegar lá em baixo

(Refrão)

Um filho de um padrasto

Um filho de um

Eu sinto muito

Um filho de um padrasto

Um filho de um

Eu sinto muito

Nenhuma mentira e nenhum homem enganador é o que ele ama

Continuo tentando entender que a morte vem de cima

Não há tempo

Pegue o que é meu e não tenha desculpas que gastem seu precioso fôlego

Não há tempo

O sol brilha para todos, todo mundo ama a si mesmo até a morte

Então você tem que pegar fogo, tem que se deixar levar

Você nunca vai ser amado até que você tenha feito o seu dever

Você tem que enfrentar, pegar o que é seu

Você não reconhece o topo até chegar lá em baixo

(Refrão)

Um filho de um padrasto

Um filho de um

Eu sinto muito

Um filho de um padrasto

Um filho de um

Eu sinto muito

A vida não é sempre como você pensa que é

Vire a cabeça por um segundo e o jogo muda

E eu sei, eu sei que errei contigo

Mas você confiará em mim se eu disser que vou te recompensar

De alguma forma, de alguma forma?

Então você tem que pegar fogo, tem que se deixar levar

Você nunca vai ser amado até que você tenha feito o seu dever

Você tem que enfrentar, pegar o que é seu

Você não reconhece o topo até chegar lá em baixo

(Refrão)

Um filho de um padrasto

Um filho de um

Eu sinto muito

Um filho de um padrasto

Um filho de um

Eu sinto muito

Eu sinto muito (x3)

Antes que eu pudesse encarar Finn para dizer algo, recebo uma cotovelada de leve do cacheado.

Levanto o rosto para encará-lo confusa.

- O professor. - sussurrou.

Olhei para frente, o sr. Pedro me encarava parecendo esperar por alguma resposta, o que me deixou nervosa.

- "As teorias de qual filósofo sustentavam que as sociedades humanas progridem através da luta de classes?", seja lá o que isso significa. - sussurrou Finn, dando de ombros.

- Ah, sim. Karl Max, professor. - respondi em voz alta.

- Correto. Prestem atenção, por favor.

Finn pegou gentilmente seu caderno de volta e colocou outro à minha frente antes que eu tivesse a chance de reclamar, queria muito continuar lendo o que ele escrevia. O caderno que ele havia colocado sobre a minha mesa estava aberto com o desenho do jogo da velha.

- Quero minha revanche. - sussurrou, divertido.

Eu ri, antes de pegar minha caneta e iniciar o jogo. Outra aula de sociologia que eu teria que compensar estudando em casa. Mas acho que só mais essa vez não tem problema. Noah me passaria os temas que foram discutidos em sala.

O cacheado tornou a perder para mim. Finn era bom, eu tinha que admitir, mas ele não jogava com estratégia, ao contrário de mim, o que me proporciona mais vantagem.

Após a aula do Sr. Pedro terminar, Finn piscou pra mim e colocou discretamente um papel dobrado sobre a minha mesa antes de recolher seu material e se levantar para voltar para o fundo da sala.

Noah voltou ao seu lugar com um sorriso malicioso em seus lábios. Sua expressão era engraçada até, pois não combinava nada com ele.

- Pode começar.

Franzi a testa para o mesmo.

- Como?

- Millie, eu vi. - afirmou. E então me lembrei de que Finn e eu havíamos ficado com nossas mãos entrelaçadas durante certo tempo na aula passada. - Vocês estão juntos?

- Quem está junto? - interrompeu Romeo, encarando Noah totalmente confuso antes de voltar seus olhos para mim.

- O Wolfhard e a Millie. - meu melhor amigo respondeu.

Romeo não disse nada. E por algum motivo, não consegui encará-lo. O que eu sabia que era uma baita besteira, pois agora éramos apenas amigos.

- Como isso aconteceu, Millie? - Noah perguntou, parecendo curioso.

- Ahn... - a professora de física entrou na sala anunciando de prontidão que iria passar uma atitude em grupo e eu me agarrei à oportunidade. - Depois.

Falaria sobre aquilo com Noah. Mas não na frente de Romeo.

Nós três fizemos a atividade juntos, cada um respondeu três questões. Assim que entregamos, o sinal bateu, indicando o início do intervalo.

Foi então que eu me lembrei do papel que Finn havia me entregado. Estava tão ocupada fazendo a atividade que havia esquecido. Tentando ser rápida, peguei o papel sobre a minha mesa e o abri enquanto Noah e Romeo guardavam o material debaixo da mesa e se levantavam.

"Corredor, 9h35

PS: não precisa comprar o lanche ;)

Finn"

Sorri antes de guardar o bilhete dentro do caderno e me juntar aos garotos para irmos até o refeitório. Assim que ficamos cercados por vários outros alunos no pátio, Noh foi em direção à fila da cantina como de costume mas eu toquei seu ombro.

- Ahn... e-eu não vou comer.

Ele logo sacou.

- Vá encontrá-lo.

Sorri para o mesmo antes de rumar para fora da cantina, tomando cuidado para que fosse o mais despercebida possível. Assim que virei para o corredor vazio das salas de aula, longe do barulho dos alunos do pátio, estranhei. Finn não estava ali.

Me viro para voltar mas a porta da sala do treinador dos jogadores de futebol se abre subitamente ao meu lado e alguém me puxa bruscamente para dentro da mesma. Mau tenho tempo de soltar um grito surpreso quando a respiração desregular de Finn bate em meu rosto para, logo em seguida, ele selar seus lábios nos meus e chutar a porta com o pé antes de me prensar contra a mesma.

Após recuperar-me, agarro seus cabelos, correspondendo o beijo intenso. Sua língua invade a minha boca enquanto eu começo a sentir o meu coração palpitando e um misto de sensações invadindo todo o meu corpo. Puxo os cabelos de Finn quando sinto suas mãos experientes descerem por minha cintura até meu bumbum, apertando o local por cima do jeans com vontade, fazendo as sensações avassaladoras aumentarem ainda mais. O cacheado solta um grunhido rouco e desce suas duas mãos para minhas coxas.

Elas puxam as mesmas para cima e eu as entrelaço envolta de sua cintura, Finn segura ambas com uma certa pressão, fazendo com que eu solte um gemido contra a sua boca enquanto deixo minhas mãos se segurarem em seus ombros.

A infeliz necessidade de respirar nos invade e Finn afasta sua boca da minha sem deixar de morder meu lábio inferior antes, ele solta o ar pela boca enquanto descansa sua testa na minha e abre os olhos para me fitar.

Suas pupilas estão dilatadas e as íris castanhas mais escuras do que o normal, tornando seu olhar penetrante ainda mais intenso. Volto a fechar os olhos enquanto tento normalizar minha respiração novamente. No segundo seguinte, Finn me coloca no chão devagar, mas eu não largo seus ombros por culpa das minhas pernas ainda trêmulas.

Instantes depois, quando já não estou mais totalmente inebriada pelos beijos de Finn, me dou conta do quão era perigoso sermos pegos naquela sala.

Mas apesar disso, estar com ele torna aquilo algo até divertido. Provavelmente eu estararia morrendo de medo caso estivesse ali sozinha, mas acompanhada de Finn, sentia uma coragem estranha e um lado meu, não se importava de ser pega com ele ali. Mas isso não me impediu de brincar com ele:

- Você é louco - sussurro, ainda bastante perto de seu rosto. -, sabe o que acontece se o treinador entrar aqui e pegar a gente em sua sala?

Ele solta um riso, sem se importar com aquilo. Finn estava acostumado a quebrar as regras. Eu, não. Mas, no entanto, eu tinha que admitir que deixar de assumir o papel da garota nerd responsável e prudente por alguns minutos não era uma sensação nada ruim. Poderia dizer que era até que libertador.

- Eu não ligo. - afirmou, grudando nossos lábios em um selinho levemente demorado. Assim que ele se afastou, afirmou, aparentemente tentando me tranquilizar: - Além do mais, ele fica na sala dos professores junto com todos os outros até o final do intervalo.

Assenti com a cabeça, dando-lhe outro selinho antes de nos sentarmos no chão, dobro as pernas, deixando ambas encostadas contra o peito, abraçando as mesmas com os braços.

Finn me entrega um sanduíche e uma latinha de coca-cola que ele havia comprado na cantina e começamos a comer em silêncio por alguns minutos. Ele havia comprado três e acabei pegando outro por ainda estar com bastante fome.

- Isso foi mais uma coisa em você que me chamou a atenção. - comentou ele, quebrando o silêncio ameno do ambiente, dando um longo gole de sua coca.

- O que? - perguntei, sem saber a quê ele estava se referindo.

- A maior parte das garotas com quem eu saia antes, eram completamente cheias de frescuras no quesito comida. Sempre diziam que estavam de dieta e blá blá blá, blá blá blá, blá blá blá... - disse ele, revirando os olhos em frustração com a própria lembrança, me fazendo rir de sua expressão. - Sério. Já você... não precisa de nada disso. E o melhor é que você sabe. E come mais do que eu e não se importa com isso.

- Ei! - o repreendi, de brincadeira. - Isso não é verdade! - menti em minha defesa, gargalhando por saber que não adiantava negar.

- Ah, é verdade sim. Admita, Brown. - pediu, em um tom provocativo.

Desta vez, estávamos em um daqueles momentos tão bons que eu não me importei com Finn me chamando pelo sobrenome.

Sacudi a cabeça.

- Não!

- Ah, não? Okay, então. - ele pegou o meu segundo sanduíche e eu fechei a cara na hora. - Admita, Mills.

- Tá bom, eu admito! Agora me devolve isso, ainda estou com fome. - afirmei, fazendo ele gargalhar antes de me devolver.

Após sairmos da sala do treinador, dois minutos depois o sinal toca novamente enquanto vamos em direção da última sala disfarçadamente.

Aos poucos, os outros alunos adentram a mesma também. Assim que Noah se senta em seu lugar, ele me fita esperando que eu diga algo.

- E então?

- O quê? - perguntei.

- Fala sério, você não vai me dizer? - eu ri do tom falsamente dramático do meu melhor amigo antes de lhe responder:

- Vou, sim, Noh. Mas não aqui. Pode ir lá em casa hoje? Pra gente conversar melhor sobre tudo. - perguntei. Já era hora de falarmos abertamente sobre as coisas que vinham acontecendo.

Sem contar que eu sabia que Noah estava deixando de comentar algumas coisas comigo tanto quanto eu também estava. Logicamente que não era por mal de nenhum dos dois lados. Mas já estava na hora de falarmos abertamente sobre o que estava acontecendo. Principalmente eu, que havia contado ao Noah um segredo meu - meus sentimentos secretos por Jacob - quando agora ele descobre que eu estava com uma pessoa que aparentemente não se dava nada bem comigo.

- Tudo o quê? - perguntou ele, nervoso.

- Você e a Sink tem alguma coisa não têm? - perguntei.

Noh não respondeu, mas sabíamos que não era necessário.

- Que horas devo ir?

- 16h30, eu não sei até que horas ficarei estudando com Finn...

- Está bem.

Tivemos aula de física, geografia e química antes do sinal tocar para irmos embora. Me despedi dos meninos e esperei todos os alunos saírem da sala antes de ir até Finn.

- Vamos?

Ele fecha sua mochila antes de jogá-la nas costas e responder:

- Sim, mas antes... - ele me surpreende quando agarra minha nuca e sela nossos lábios em uma rapidez impressionante.

- Vamos começar... - disse eu, abrindo o livro sobre a mesa da biblioteca.

Finn fez uma careta preguiçosa, esfregando os olhos com as mãos.

- Temos mesmo?

Fitei-o seriamente. Ele não iria dar pra trás agora.

- Finn...

- Não, é que... - ele sorriu maliciosamente. - podemos fazer outra coisa...

O encarei. Meu coração falhou uma batida. Minha respiração acelerou. Merda, Wolfhard.

- Não - ele revirou os olhos, decepcionado. -, muito tentador, mas precisamos estudar. Você precisa estudar.

Finn suspirou derrotado e assentiu contra sua vontade.

- O que será então?

Eu sorri.

- Biologia?

- Céus... - ele riu do meu entusiasmo. - Okay, biologia, então.

Me levantei para pegar os dois livros na prateleira e quando retornei, abri no capítulo do tema genética e o virei para Finn.

- Pode escolher o tema. - falei, no intuito de evitar que Finn não goste do tema que eu escolha. Além do mais, percebo que alguns alunos tem bastante dificuldade em certos assuntos desta matéria. Seria melhor começarmos por um que Finn julgasse que teria mais facilidade.

O cacheado leva o livro didático mais para perto de si e vira as páginas, passando os olhos pelo conteúdo. Até que finalmente para. Seu sorriso malicioso retorna e eu já fecho os olhos, me preparando para sua próxima provocação. Ele me devolve o livro.

Meu Deus, lá vem...

Olhei para a página, revirarando os olhos, logo em seguida. Herança e sexo.

Ah, tinha que ser.

- Adorei esse tema. Bastante interessante, quero este. - disse ele, casualmente.

O fitei.

- Deus, como é bobo. Você vai ver que não tem nada a ver com o que está pensando. - afirmei, rindo de sua infantilidade.

- Ah, sério? - ele pareceu decepcionado.

- Bom...eu vou ler cada trecho e lhe explicar. Depois, quero que faça um resumo de tudo que entendeu. Está bem?

Ele assentiu.

- "Em condições normais, qualquer célula diploide humana contém 23 pares de cromossomos homólogos, isto é, 2n= 46. Desses cromossomos, 44 são autossomos e 2 são os cromossomos sexuais também conhecidos como heterossomos. Os cromossomos autossômicos são os relacionados às características comuns aos dois sexos, enquanto os sexuais são os responsáveis pelas características próprias de cada sexo. A formação de órgãos somáticos, tais como fígado, baço, o estômago e outros, deve-se a genes localizados nos autossomos, visto que esses órgãos existem nos dois sex..."

Interrompi minha leitura quando Finn tocou-me no ombro, para que eu parasse. O encarei confusa.

- Quer saber? Escolhe você o tema.

Eu tive que rir.

- Não entendeu nada, não é?

Ele deu de ombros.

- Sinto que entenderei se você me ensinar sobre um tema que goste.

Sorri.

- Eu percebo que há pessoas que tem certa dificuldade nesta matéria, foi Noah que me disse isso, a propósito. Então vou começar com um tema mais fácil e que iremos estudar no próximo bimestre. - virei a página para lhe mostrar o tema. Problemas da digestão.

Ele assentiu, aprovando minha sugestão.

- "Indigestão é uma perturbação das funções digestivas. É muito difícil encontrar uma pessoa que alguma vez não teve indigestão, sendo que para a maioria das pessoas não passa de um incômodo passageiro. No entanto, para algumas pessoas os sintomas da indigestão podem ser tão severos que interferem na atividade diária, prejudicando a qualidade de vida." - deixei o livro sobre a mesa, para lhe explicar melhor sem consulta. Finn cruzou os braços e apoiou a cabeça sobre eles, sem tirar sua atenção de mim. - Na indigestão breve, podemos nos sentir estufados depois de uma refeição maior do que a que nosso organismo está acostumado a receber, daí sentirmos certo alívio depois de eliminarmos alguns "arrotos". Uma parte do ar arrotado provém do próprio ar engolido e uma outra parte, significativa, resulta das reações químicas nos estômago e também da ingestão de bebidas gaseificadas, refrigerantes, por exemplo.

Me voltei para o livro novamente.

- "Uma indigestão mais persistente pode ocasionar graves problemas de saúde que estão ligados à produção excessiva de ácido pelo estômago. Assim, se "a válvula" que separa o esôfago do estômago estiver com problema, o suco produzido pelo estômago pode subir para o esôfago, provocando sensação de "queimação", que pode se irradiar até a garganta. À noite, esse fato costuma ser um problema, pois prejudica o descanso. O refluxo constante de ácido e pepsina no esôfago pode provocar uma inflamação conhecida como esofagite. Além disso, a indigestão mais persistente pode ocasionar uma doença muito disseminada na população, a úlcera." - fitei o cacheado. - O professor irá falar melhor sobre ela, então lembre-se do nome.

Finn assentiu e logo começou a escrever seu resumo. Aproveitando que o cacheado estava ocupado, virei na página sobre vírus e passei a fazer a minha própria atividade.

Mantenho-me tão concentrada no tema que me dou conta de que Finn havia terminado apenas quando ele chama a minha atenção.

- Já? - pergunto surpresa, levantando o rosto.

Ele ri.

- Você definitivamente encontrou sua profissão. - afirmou, sorrindo. - Realmente gosta disso, não é? - não havia sinal algum de reprovação em seu tom de voz. Apenas admiração e curiosidade.

- Gosto. - afirmei, sorrindo. - Não consigo explicar. Sabe quando há algo que simplesmente te atrai? Algo tão comum ou até mesmo chato para os olhos das outras pessoas. Mas para os seus, é algo tão fascinante e interessante. Eu acho a biologia fantástica. O estudo sobre a genética, o organismo, sistema respiratório... - logo me interrompo, percebendo que já havia começado a tagarelar. - De-desculpe, acho que estou falando demais.

- Não. Pode continuar. Adoro te ouvir. - disse ele, abrindo um sorriso de lado.

Corei instantâneamente. Romeo sempre ficava entediado quando eu começava a falar sobre isso então eu sempre evitava, mas Finn...

- É-é mesmo?

- É. - reafirmou ele, antes de falar besteira outra vez: - Na verdade, acho que você é a única garota que eu gosto de ouvir fora da cama.

Meu Deus.

A vermelhidão em meu rosto aumentou drasticamente.

- Ai. - escondi meu rosto com a mão antes de lhe acertar um tapinha no braço. -Finn!

Ele riu, dando de ombros.

- Desculpe. Mas é verdade.

- Ai, meu Deus. OKAY, vamos voltar. - exclamei, antes que ele dissesse mais alguma coisa que me deixasse roxa de vergonha, pois eu acreditava que já estava quase.

- Aaah, acho que já está bom por hoje. - exclamou ele, fechando o livro antes que eu tornasse a pegá-lo.

- O-o quê? Finn...

- Shh... - ele calou-me com um beijo. De início, relutei. Mas Finn era impossível. Quando finalmente cedi, ele logo me puxou de encontro ao seu corpo e me fez levantar enquanto explorava a minha boca intensamente.

Estava tão distraída com seus estímulos que quando vi, ele já estava jogando suas coisas no chão e me colocando sentada sobre a mesa. Finn logo desceu seus beijos para meu pescoço enquanto se encaixava no meio das minhas pernas.

Ele distribuia beijos úmidos e lambidas, fazendo meus pelos se eriçarem enquanto eu me agarrava à sua camiseta.

- Quer ir pra minha casa? - murmurou, com sua respiração rápida e quente contra o meu pescoço.

- Pra quê? - perguntei inocentemente, soltando um gemido baixo quando ele desceu seus lábios para a minha clavícula.

(N/A: PORRA MILLIE, JOGAR CARTAS)

- Combinamos de assistir Hush juntos, lembra? - respondeu ele, descendo as mãos por minhas costas lentamente, fazendo-me sentir um arrepio bom pelo local.

- Ahn... hoje não posso. - obriguei-me a responder, com a voz quase falhando.

- Por quê? - perguntou, em um tom curioso, sem interromper seus beijos.

- Combinei com Noah ir lá em casa... - murmurei, rouca.

E então, de repente, Finn parou. Ele afastou a boca do meu pescoço, levando consigo a sensação boa que estava me proporcionando e me fitou, estreitando os olhos, como se houvesse algo de errado ali. Seu olhar antes ameno, estava agora sério.

- Com o Schnapp?

- S-sim. Por quê? - perguntei. Não havia nada demais naquilo. Por que Finn estava se importando tanto com isso?

- O que ele vai fazer lá?! - questionou, como se não houvesse motivos para Noh ir até minha casa.

Ele estava puxando briga outra vez. Mas daquela, o foco era Noah e não Romeo. E com meu melhor amigo eu não admitiria que ninguém insinuasse qualquer coisa que fosse, nem mesmo Finn.

- Ele é meu melhor amigo, Finn. - afirmei, com o tom mais frio que consegui. - O quê que foi? Qual o problema com o Noah agora?

- O problema é que eu tenho certeza de que ele não quer apenas a sua amizade. - respondeu, sem pensar duas vezes ou se importar como que eu reagiria com aquilo.

O encarei calada por dois segundos. Esperando ele retirar o que havia dito, ou, ao menos, perceber pela a minha expressão que ele havia acabado de dizer uma baita besteira.

Mas seu rosto transparecia que ele não estava nada arrependido de suas palavras.

- Sério, você está parecendo a Apatow falando. - não consegui reprimir o impulso de envolver Iris no meio. Foi ela que havia insinuado que Noah e eu estávamos juntos na frente de todos os outros alunos.

- E daí? - retrucou.

- E daí que eu quero que pare. - afirmei, sentindo a irritação me invadir cada vez mais e Finn não estava ajudando.

- Ah, agora é errado falar o que está na cara e só você não consegue ver?! - questionou, alterando o tom.

- Eu vou embora. - falei, sem alterar minha voz. Não iria discutir. Finn estava sendo um ridículo escroto e eu não iria cair na dele. Ele estava bravo e tudo o que queria era brigar.

Desci da mesa e comecei a arrumar as minhas coisas o mais apressadamente que eu pude.

- Quando é que você vai começar a me ouvir, Millie?! Quando o Noah deixar bem claro o que ele quer assim como o Romeo fez?! - exclamou Finn novamente.

Paralisei. Larguei meu caderno sobre a mesa e me virei novamente para Finn.

- O quê?

- Romeo me disse que está disposto a tentar reconquistá-la. Eu já sabia disso, nem precisava escutar isso do próprio. Só você não consegue perceber. - afirmou, em um tom de acusação do qual eu odiei.

- Será que dá pra você parar com isso? Estamos juntos e agora você só sabe se preocupar com garotos se aproximando de mim. Esta já é a segunda vez só hoje, Finn.

Ele suspirou frustradamente antes de passar a mão por todo o cabelo como um tique nervoso antes de voltar a se aproximar de mim, falando em um tom mais ameno:

- Me desculpe, está bem? Eu sei que exagerei. Mas é que... somos tão diferentes e... eu sei que os caras que você gosta são mais certinhos como eles, e eu, não sou nada certinho, Millie. - explicou, com certa dificuldade.

Aquilo me surpreendeu. Finn tinha tanto medo de eu cansar dele quanto eu tinha medo dele se cansar de mim e preferir as garotas fáceis e fúteis que ele ficava antes.

- Acha que vou me cansar de você por isso? - perguntei.

Ele balançou a cabeça positivamente.

- Nós dois sabemos que eu tenho dificuldade com... tudo isso e que também tenho problemas com relação à meu pai e tudo mais...

Ele pensava que eu o abandonaria. Que eu o abandonaria por causa dos problemas que o circundavam. Mas estava imensamente enganado. Eu nunca poderia fazê-lo. Eu me importava com ele. Me importava demais. E tinha que fazê-lo entender isso.

Enlacei Finn pela cintura, encarando-o nos olhos.

- Eu sei disso. Mas eu quero ficar com você. Eu... realmente gosto de você, Finn.

Por um momento ele pareceu surpreso. Seus olhos brilharam, ele abriu um sorriso de canto antes de passar sua mão vagarosamente por minha nuca até minha bochecha, acariciando-a com o polegar.

- Eu também gosto de você, Mills. Muito.

Sorri, selando nossos lábios, logo em seguida. Finn beijou minha boca totalmente sem pressa. Como se quisesse apreciar cada segundo daquele momento.

Quando o soltei, umideci meus lábios antes de lhe perguntar:

- Eu preciso ir... Noah daqui a pouco vai lá pra casa, mas antes preciso saber, o que Romeo disse pra você?

Ele assentiu vagarosamente com a cabeça antes de voltar a passar a mão pelo cabelo em nervosismo, parecendo não querer se lembrar da conversa entre eles.

- Está bem.

Finn

Havia me atrasado para a primeira aula outra vez, o que era normal. Minha vontade era de cabular o primeiro tempo, mas aquela semana era de prova e eu não tinha escolha. Não que eu me importasse, mas precisava de boas notas em meu boletim a partir de agora.

A pergunta era como caralhos eu iria conseguir me concentrar nas malditas questões sem ter conseguido pregar os olhos ontem a noite, sem contar no fato de que meus pensamentos agora pareciam estar sempre voltados à Brown desde o dia em que ela afirmou que não queria que eu chegasse mais perto dela.

Eu me sentia estanho desde aquele dia que peguei pesado com ela. As palavras saíram tão naturalmente que fui me dar conta da merda depois que ela fechou a porta na minha cara. Desde então eu estava sentindo uma sensação estranha no peito. Uma puta sensação tão horrível que eu nunca havia sentido. E ainda tinha aquele cara novo. Tsc, ele mal havia chegado e já estava todo amiguinho da Millie.

Falando no demônio...

Assim que virei um corredor o avistei. Antes que eu pudesse controlar meu impulso, eu já estava apressando o passo e tocando seu ombro bruscamente para virá-lo assim que cheguei suficientemente perto.

Sua expressão era de pura confusão. E claro, esta logicamente também seria a minha reação se um cara que eu não conhecesse chegasse perto de mim completamente do nada, mas eu estava cheio de raiva. E a reação dele por algum motivo me irritou mais ainda naquele momento.

- Romeo, certo? - o tom ríspido saiu no automático, mas não me senti nem um pouco culpado. Eu o odiava mesmo sem o conhecer. A verdade era que vê-lo com Millie estava me matando. Eu não suportava a hipótese de que poderia estar acontecendo algo entre eles. E se realmente estava, eu precisava saber.

Ele assentiu ainda muito confuso.

- E você é? - seu tom simpático fez minha carranca aumentar.

Absolutamente tudo nele me irritava profundamente. Naquele momento, tudo era algo odioso ao meu ver.

Ele parecia o cara perfeito pra ela. Era todo arrumadinho e seu cabelo dava a ideia de que ele havia ficado horas em frente ao espelho apenas o penteando. Puta merda, não havia um fio fora do lugar. Urgh, que agonia. Era bem o tipo da Brown.

- Wolfhard. - afirmei, fazendo questão de transparecer o orgulho em minha voz para intimidá-lo de alguma forma.

Mas isso não aconteceu.

- H-hum. E... o que você quer? - perguntou o mauricinho, parecendo ansioso para ir logo para a sala de aula, mas evitando parecer mal-educado.

- Eu não quero nada. - dei de ombros. - Só saber o que você quer com a minha garota.

Assim que aquela mentira saiu, meu peito doeu, apesar de eu não ter deixado ele perceber. Millie era muita coisa; linda, inocente, engraçada, esperta, gentil; exceto a minha garota. Não estávamos nem sequer olhando um na cara do outro, bom, ela pelo menos não. E isso me doía.

- Sua garota? - repetiu ele, sem compreender de quem eu estava me referindo.

Puta que pariu, eu queria tanto bater nele.

- A Millie.

- Vocês estão juntos? - aquela pergunta foi como um soco no estômago e calou a minha boca tão rapidamente que ele logo sacou. - Espere, não estão juntos e é assim que você chama ela?! - perguntou debochado.

Aquilo foi demais. Dei-lhe um empurrão, pronto para lhe acertar o primeiro soco. Ele cambaleou um pouco para trás antes de recuperar novamente o equilíbrio dos pés.

- Não brinque comigo. - avisei.

- Calma aí, cara. Eu não quero briga. - afirmou, parecendo sincero. - Olha, eu não tenho nada com ela. Mas pelo o que vejo, você gosta dela, então serei bem sincero, eu quero reconquistar a Millie.

Eu sentia um misto de vários sentimentos em meu peito. Um alívio por eles não terem nada mas um horrível desconforto pela sua última afirmação. Mas o que mais chamou a minha atenção, foi a sua escolha de palavras:

- Como assim reconquistar?

Ele não respondeu.

- Eu só quero o melhor pra Millie. - afirmou.

- Ótimo, pois o melhor pra ela é ficar comigo. - retruquei.

Outra puta mentira. Eu nunca me achei o melhor para Millie. Eu nunca fui o melhor para ninguém. Não passava de um assassino que matou a própria mãe e tinha graves crises toda a noite, que tiravam totalmente o meu sono. Eu odiava Romeo por isso. Ele a merecia. Não eu. Ele sim era o melhor para ela. Mas eu nunca repetiria isso em voz alta.

Millie

Encaro Finn sem saber o que dizer. Não conseguia acreditar que Romeo ainda nutria sentimentos por mim depois de tanto tempo. Eu nunca achei que isso fosse possível. Sempre que eu tentava imaginá-lo na Flórida, sempre via uma linda garota ao seu lado. Sempre.

- Você entende agora? - O cacheado sussurrou. Não o respondo. - Porra, Millie, não fique calada. Está me assustando.

- Você subestima meu sentimento por você. - Murmurei, mas ele ouviu. Ele estreitou os olhos, surpreso com minha afirmação. - Quero que pare com isso. Saber isso que me contou me surpreendeu sim. Mas não mudou absolutamente nada, você entendeu bem?

Ele assentiu. Aquela foi a minha vez de surpreendê-lo. Dei-lhe um selinho demorado, tentando lhe mostrar o quão minhas palavras eram verdadeiras. Finn sorriu para mim quando me afastei. Estiquei a mão, pegando a alça da minha mochila, colocando a mesma nas costas.

- Preciso ir agora. Até amanhã.

- Fará algo amanhã de tarde? - perguntou ele, sem sair do lugar.

- Sim, nós vamos estudar juntos.

- Depois disso. - especificou.

- ... Não.

Ele pareceu satisfeito.

- Ótimo.

Eu ri.

- O que está planejando?

Ele não respondeu minha pergunta, apenas para me provocar:

- Até amanhã, Brown.

Assim que eu cheguei em casa, subi correndo para o quarto para guardar minha mochila e tomar um banho antes que Noah chegasse.

Não molhei o cabelo para não demorar demais. Pois eu não iria lavar o cabelo hoje. Voltei para o quarto e, após secar meu corpo apressadamente, vesti um short não muito curto, uma camiseta branca sem estampa e um moletom do Batman.

Desci as escadas para preparar algo para comer, mas quando abri o armário e encontrei leite condensado, não me contive. Peguei o chocolate em pó e comecei a preparar brigadeiro.

Peguei a menor panela da minha mãe e despejei todo o leite condensado com um pouco do chocolate. Após finalmente apagar o fogo, a campainha tocou.

Olhei para o relógio na parede, Noah havia chegado na hora pontualmente como sempre.

Fui até a sala e abri a porta.

- Oi, entra. - meu melhor amigo sorriu antes de adentrar a sala. - Acabei de fazer brigadeiro, vem.

- Na hora do almoço, Millie? - ele perguntou, rindo, porém nada surpreso. Peguei sua mão e o arrastei até a cozinha.

Noah se sentou à mesa enquanto eu colocava o brigadeiro em um recipiente de vidro, com cuidado para não me queimar por causa da temperatura ainda quente do doce.

Deixei o mesmo sobre a mesa e peguei duas colheres, entregando uma para Noah após me sentar à sua frente, do outro lado da mesa.

- E então, quem começa? - Perguntou ele, sorrindo, após dar uma colherada no doce, assoprando o mesmo antes de colocá-lo na boca.

- Bom - Repeti seu ato, porém tentei disfarçar quando queimei minha língua quando coloquei a colher rápido demais na boca. -, acho que você pode começar.

Ele riu de nervosismo, mas assentiu.

- O que você quer saber?

- Tudo.

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