19. Ligação estranha
Vocês já devem estar imaginando o que provavelmente aconteceu dentro da direção, então vou tentar poupá-los o máximo dos detalhes, principalmente dos gritos da diretora, das desculpas esfarrapadas da Apatow, e de todas as discussões de modo geral. Basicamente, Iris quase foi expulsa. Isso mesmo, expulsa. Toda aquela confusão que ela arrumou, obviamente, era motivo mais do que suficiente. Como ter espalhado boatos mentirosos, criar confusão no corredor, praticado agressão física, praticado bullying, praticado agressão verbal e, principalmente, atrasar o horário escolar. Sim, ninguém liga para o último, mas a diretora logicamente é uma excessão.
Por que ela não foi expulsa? Simples. A família de Iris tem dinheiro. Simples assim. A diretora não pode expulsá-la por causa dos pais dela. Vocês sabem como isso funciona. Os pais dela vão pagar um preço MUITO MAIS caro para ela ficar e é isso. Obviamente que se fosse um garoto encrenqueiro bolsista, que não tem pais ricos para pagar esse tipo de problema, ele teria sido expulso em um piscar de olhos. São assim que as coisas funcionam neste colégio.
Mas, ah, não fiquem decepcionados. Iris pagará um pouquinho pelo o que fez. Oh se pagará. Ela irá ajudar na cantina no horário do intervalo. Agora imaginem aquela garota que vive com o nariz empinado, e se gabando por todo lado quem é, seu sobrenome, onde mora e quem são seus pais, com um avental e servindo o almoço POR UM MÊS. Ah, fala sério, isso é um ótimo castigo. Arrisco dizer que isso parece ser algo ainda melhor do que a própria expulsão. Não, eu sei. Não é. Porém...
Não que este trabalho seja motivo de vergonha. Longe disso. É um trabalho honesto como qualquer outro. Mas, Apatow claramente não pensa da mesma forma, pra ela é motivo de piada. E, por esta razão, qualquer um iria querer ver esta cena acontecendo.
Agora, o que aconteceu aos outros? Bem, não vou dizer que não houve discussão dentro daquela sala e que a diretora resolveu tudo na calma e tranquilidade, porque, acreditem, a diretora da minha escola está longe de ser Paz E Amor. Mas, claro, a regra sobre a expulsão vale para todos ali. Já que nenhum de nós é bolsista. Bem, Romeo levou uma baita bronca, pois havia acabado de chegar na escola e já estava "envolvido" em confusão. McLaughlin, Matarazzo e Finn levaram uma advertência. "Mas Millie, eles não fizeram nada!", vocês devem estar pensando. Aquela diretora é louca, gente. Ela estava MUITO brava na hora, estava possessa. Sério. Noah e eu levamos apenas lições de moral. Nada iria acontecer comigo. Além de eu ter sido a mais prejudicada, ainda era uma excelente aluna, "com um histórico perfeito", haha palavras da diretora. Por último, Sink. Bem, ela começou a briga. Apatow provocou e muito, mas foi ela que pulou em cima da loira e lhe acertou um soco. Ela terá que limpar toda a biblioteca por um mês. Ela não disse uma palavra até sairmos daquela sala, Apatow pareceu querer que ela reclamasse, como uma brecha para elas voltarem a brigar alí mesmo.
Mas aconteceu uma coisa estranha - okay, não tão estranha, mas ainda assim surpreendente - desde a briga. Sink parou de se sentar no fundo da sala. Sim, ela aparentemente saiu do grupo revoltado. Eu sinceramente não sabia dizer se isso é questão de tempo para que ela retorne, porque eles NUNCA se separaram. Dá pra perceber que ali é uma amizade de anos.
No dia da briga, foi compreensível ela se sentar longe deles. Até que isso se repetiu no dia seguinte.
Quando o grupo da Apatow entrou na sala de aula da mesma forma agressiva de sempre não foi surpresa, mas achei muito estranho quando percebi que haviam apenas quatro deles. Faltava algum. Faltava a Sink.
Eu sinceramente achava bastante improvável as coisas não voltarem ao normal do dia seguinte em diante. Mas não voltou.
Se aquilo não foi uma briga comum, porque é normal amigos brigarem às vezes, é porque há mais coisas envolvidas nessa história. E realmente havia. Sink nunca iria dar um soco na Apatow por nada pra começo de conversar. Ela simplesmente a atacou do nada...
"Para mim está mais do que claro o que há entre vocês dois. Me diga, quando vocês começaram a trepar?"
Não foi do nada. Sink defendeu Noah. Ela se virou contra o próprio grupo quando Apatow disse aquilo...
- O que foi? - Noah perguntou, percebendo que havia algo estranho em minha expressão.
- A Sink não está com eles. - comentei, em um tom de voz baixo.
Noah olhou para trás discretamente, e se voltou para frente outra vez.
- Tem razão... - sussurrou.
- Noh, preciso que você me diga uma coisa. Sink literalmente defendeu você ontem quando a Apatow disse aquilo sobre nós dois, preciso que me diga o que está acontecendo.
Ele corou antes de desviar o olhar, o que alimentou ainda mais minha curiosidade. Aquilo era estranho. Noah não era do tipo de esconder as coisas.
- O que você quer dizer? Millie, a Sad... Sink tem namorado.
- Eu sei. Eu sei. Não foi isso que eu quis dizer, mas vocês estão mais próximos desde as aulas de sociologia. Me desculpe, mas sinto que tem alguma coisa que eu preciso saber.
Ele abriu a boca para responder, mas a fechou quando nos viramos após ouvir o som da porta sendo arrastada bruscamente. Sink entrou, estava com suas roupas pretas habituais, mas por cima da camiseta de banda, usava uma jaqueta vermelha com capuz. Ela o puxou para cobrir a cabeça e abaixou o olhar para o chão, provavelmente no intuito de ser despercebida por todos ali, enquanto se sentava em um dos primeiros lugares, ao invés de se sentar no fundo da sala.
Voltei a olhar para trás. E eu vi. Vi pela primeira vez os olhares de ódio serem direcionados para alguém que dois dias antes andava com eles. Apatow e Matarazzo pareciam querer matar Sink apenas com o olhar. Já McLaughlin parecia definitivamente arrasado. Ele olhava para a ruiva e era perceptível a dor em seus olhos castanhos. Finn pareceu trocar um olhar breve com a ruiva antes dela se virar pra frente.
E aquilo se repetiu. Se repetiu durante uma semana. Sink se sentava sozinha em uma mesa mais afastada no intervalo também. Enquanto comíamos, Noah não parava de olhar pra ela, mesmo de longe. Eu percebia isso.
E eu continuei ignorando Finn. E parece que ele resolveu fazer o mesmo. Não disse mais nada. E muito menos tentou conversar comigo. Eu gostaria de dizer que aos poucos, a distância tornou isso cada vez mais fácil. E, na verdade, teria. Se não fosse o fato dos amigos dele não largarem tanto do meu pé como o de Noah, torna isso praticamente impossível.
Eles parecem ter ficado ainda mais agressivos depois da confusão do corredor.
- Ah, qual é, OLHA SÓ ISSO PESSOAL! - gritou McLaughlin, pegando o trabalho impresso de inglês do Noah. - Tinha que ser o nerdzinho pra fazer a tarefa de inglês que está marcada para entregar apenas mês que vem!
- Hahahaha, AÍ MEU DEUS. - debochou Matarazzo. - Aposto que a Brown também fez!
- Vamos apostar. Se ela fez, você terá que me dar dez dólares.
- E se ela já entregou, VOCÊ terá que me dar vinte!
- Isso!
- Hahahaha.
Mordo meu lábio inferior e fecho meus olhos com força. Eu não aguentava mais esses dois.
Finn havia parado de me perseguir desde que havíamos começado a estudar juntos, mas não fazia nada para detê-los. Na verdade, eu não sei porquê ainda esperava por isso de alguma forma, apesar de termos nos distanciado novamente.
Matarazzo e McLaughlin abriram o diário dos professores sobre a mesa ao lado da lousa e eu suspirei irritada pela infantilidade.
- Ela entregou! - exclamou Matarazzo, de forma vitoriosa. - Me deve os vinte dólares, parceiro!
- Ah, cara. Você tinha que ser bem nerd, né garota?! - McLaughlin ria, mas se dirigiu à mim como se eu fosse a culpada dele ter que pagar o amigo.
Senti Noah pegar a minha mão por baixo da mesa para me acalmar. Ele não queria que eu reagisse. E estava certo. Se eu reagisse tornaria aquilo pior. Aqueles dois poderiam fazer o que quisessem que no final, sempre sairiam em pune. Sempre foi assim e agora não aconteceria diferente. Eu odiava aquela situação.
Os garotos fecharam o diário, deixando ele exatamente do mesmo jeito antes deles o abrirem.
Quando os dois voltaram para seus lugares, Romeo entrou na sala. Após ele se sentar ao meu lado deve ter percebido que alguma coisa havia acontecido pela minha expressão e perguntou:
- Tá tudo bem, gente?
Ele não fazia ideia.
- Tá tudo sim, Romeo.
- Millie...
O professor de geografia entrou na sala, fazendo todos os alunos se calarem.
- Muito bem, hoje será a última prova deste bimestre. A minha. Todos em silêncio, por favor. Irei entregar as provas. Apenas uma caneta sobre a mesa.
Enquanto o professor distribuía as provas do outro lado da sala, Romeo colocou discretamente um papelzinho dobrado sobre a minha carteira. O encarei confusa. Ele gesticulou para que eu o pegasse e assim o fiz com curiosidade.
Desdobrei o papel e li o que ele havia escrito.
Você está bem?
Suspirei.
Eu estava? Nem eu mesma saberia responder à isso. Havia sido uma semana longa até mesmo para mim desde o que a Apatow havia aprontado.Eu não aguentava mais aqueles dois, eles pareciam pior a cada dia que passava. Mas apesar disso, eu não queria que Romeo tentasse consertar algo que não tinha, nem sequer, chance de conserto.
Ele estava acostumado a me defender, mas as coisas poderiam acabar muito mal para ele se se envolvesse com aquele grupo. Eu tinha que mentir.
Peguei a caneta sobre minha mesa e escrevi minha resposta antes de lhe devolver o papel, desenhando um emoji bem ao lado da resposta.
Estou. :)
Ele abriu um sorriso de lado, como se soubesse que eu mentiria para não preocupá-lo. Romeo me conhecia como a palma de sua mão.
Ele escreveu algo e voltou a colocar a pequena folha sobre minha mesa.
Foi aquela garota de novo?
Mordi o lábio inferior. Droga.
- Srta. Bobby Brown.
Levantei o rosto assustada.
O professor estava à minha frente, me encarando com uma expressão de poucos amigos.
- Posso saber o que é isto?
- A-a-ah...
- Guarde o material e vire-se para frente, por favor. - pediu friamente.
Guardei meu material e dei um sorri de canto para Romeo, indicando que estava grata por sua preocupação.
Virei-me novamente após guardar meus cadernos e anotações e iniciei a prova.
No intervalo, fomos para a fila da cantina pegar nossas bandejas, enquanto Romeo guardava nossos lugares em uma das mesas. Apatow estava ao lado de uma das cozinheiras, com uma touca de cozinha e um avental, sua expressão denunciava que ela mataria o primeiro que zombasse dela naquele momento. Eu tinha que admitir, sua expressão estava muito engraçada. Mas apesar disso, eu não ri como alguns alunos estavam fazendo. Eu sabia que eles estavam fazendo isso porque pensavam igual à Apatow. O que era ridículo.
- O que vão querer?! - sua voz saiu dura quando ela se dirigiu à Noah e eu.
Ela pensava que eu estava fazendo questão de ir até ali, para apenas humilhá-la. Mas estava totalmente enganada. Aquilo não era vergonha alguma. O que dificultava não rir, era o fato do quão aquilo era irônico.
- Carne, batata e um pouco do arroz, por favor. - pedi educadamente, querendo tornar aquilo o menos desagradável possível para ela.
- Dispenso sua ironia, Brown. - retrucou a loira, me fazendo corar.
- E-eu disse algo errado?
A garota bufou, fazendo a cozinheira ao seu lado chamar a sua atenção na minha frente. Ela colocou o que eu pedi em meu prato com certa rapidez e me entregou bruscamente. Coloquei meu prato sobre a bandeja e peguei os talheres que a mesma me entregou logo em seguida.
Dei dois passos pequenos para o lado, no intuito de esperar Noh. Após ele pegar seu prato, andamos lado a lado para a mesa onde Romeo já estava sentado.
- Ela parece pior, não é? - perguntou Noah, cortando a carne em seu prato.
- E está. Eu não estou aguentando mais...
- Estão falando daquela... Iris? - Romeo perguntou.
- Estamos. Mas deixa isso pra lá. Acham que foram bem na prova? - perguntei, mudando imediatamente de assunto.
- Eu acho que fui bem, não estava tão difícil... - disse Noh.
- Idem. Finalmente as provas acabaram.
- Eu não acho... - comecei, terminando de mastigar. - eu até gosto do período das provas. Daqui a pouco o bimestre termina, isso sim é triste.
Romeo sorriu nostálgico.
- Algumas coisas nunca mudam.
Após o intervalo, voltamos rapidamente para a sala. Assim que o professor de história entrou, pediu para alguém pegar os livros. Noah e eu levantamos a mão como de costume. Mas ele me surpreendeu quando escolheu Finn e eu. Olhei para trás, flagrando o Wolfhard com a mão levantada.
Levantei do meu lugar e rumei até a porta sem olhar para trás. No corredor, acelerei meus passos para continuar andando na frente dele. Mas obviamente que Finn é muito mais rápido.
- Millie! Ei, Millie! - gritou ele, correndo para me alcançar.
- Agora não, Finn, por favor. - pedi, sem perder o ritmo dos passos e tentando não encará-lo.
- Caralho, será que dá pra olhar pra mim? - ele me puxou pelos ombros, virando meu corpo para si. Não olhei para ele, continuei fitando o chão, eu só queria me afastar dele e retornar à sala de aula o mais rápido possível. Não poderia olhar para Finn, pois com o olhar certo, ele faria eu querer desistir de me manter longe. - Mills...
Era inacreditável a facilidade que ele tinha de desfazer toda a armadura que construí para me afastar dele. Parecia que apenas sua aproximação era o suficiente, para que eu voltasse a cair na dele outra vez.
- Mills, por favor, olhe pra mim. - sua voz tornou-se suave. Ele levantou meu queixo com o indicador, e eu cedi.
Foi um erro. Seus olhos brilhavam de tão intensos, pareciam tristes mas só o fato de fitá-los, me trazia um conforto que eu não conseguia explicar. As olheiras abaixo de ambos denunciavam suas noites mal-dormidas. E no momento, foi aquilo que me chamou a atenção.
Ele não estava conseguindo dormir?
- A quanto tempo você não dorme, Finn? - perguntei, deixando minha tentativa de me afastar dele de lado ao menos por alguns minutos.
Ele soltou um riso debochado.
- Está preocupada comigo, Brown? - revirei os olhos. Para Finn, tudo era motivo de piada, e eu estava cansada disso. Não sei porquê ainda tentava.
- Quer saber, esquece! - me afastei dele bruscamente, o assustando. - Cansei.
- Não, Brown. Espera. Desculpa, é que...
Dei as costas pra ele e continuei seguinte meu caminho até a biblioteca. A mesma estava vazia. Caraca, o que está acontecendo com a bibliotecária? Ele entrou logo atrás de mim. Fui até a segunda prateleira, onde ficavam os livros didáticos e peguei metade dos livros e entreguei para o cacheado, que estendeu os braços de prontidão.
- Será que podemos conversar agora?
- Não. - afirmei, me orgulhando pelo quão firme minha voz saiu. Peguei os livros que restaram e me virei para sairmos, mas Finn havia largado todos os que ele estava segurando sobre uma mesa ao seu lado. - O que está fazendo?! Temos que voltar!
Ele pegou os livros sobre meus braços e os colocou empilhados ao lado dos seus sobre a mesa.
- Eles podem esperar. - suspirei com raiva. - Millie, quem é aquele cara?
Céus, aquilo era sério?
- O quê?
Ele inspirou profundamente, como se falasse sobre aquele assunto fosse a coisa mais difícil do mundo.
- Aquele cara que acabou de chegar, o aluno novo, quem é ele? - questionou, era perceptível a irritação em sua voz.
Eu ri sarcasticamente, Finn só poderia estar brincando.
Era incrível a capacidade que Finn tinha de me deixar irritada. O que era difícil de acontecer, mas ele conseguia. Naquele momento, eu queria gritar com ele.
- Não é da sua conta, okay?! - exclamei, alterando meu tom de voz.
Ele socou a prateleira de livros atrás de mim, me assustando. Alguns livros caíram mas eu me mantive imóvel, Finn realmente havia conseguido me assustar.
- Droga, Millie, só me diz quem é ele! E não venha me dizer que não o conhecia porque eu vi vocês se abraçando no primeiro dia dele.
- Ele é meu amigo, caramba! - gritei, dando um passo em sua direção e deixando meu medo de lado.
- Não mente pra mim! - berrou, imitando meu gesto e dando um passo à frente também.
- Ótimo, ele é meu ex-namorado, satisfeito?! - afirmei sem pensar, sem abandonar o meu tom de voz.
Finn arregalou os olhos e se afastou de mim. Por um segundo, ele pareceu abalado. Mas eu não tinha tempo pra aquilo.
- Wolfhard, se você não sair da minha frente agora... - tentei sair dali, mas ele se colocou à minha frente novamente, colocando os braços ao meu redor, me prendendo contra a prateleira.
- O que você vai fazer? - murmurou, rouco. Ele estava me desafiando. Podia sentir seu hálito de menta por conta da aproximação, seu rosto estava tão próximo que era difícil não descer meu olhar para sua boca.
Concentre-se Bobby Brown...
- Você tem ideia do quão isso tudo é frustrante? Eu consegui me manter longe de você todos esses dias, será que dá pra você fazer o mesmo?
- ... É isso que você quer? - sussurrou. Eu não respondi. Pensei que seria fácil dizer que aquilo era óbvio, porque SIM. Aquele garoto não faz bem pra mim. Mas parte de mim não queria responder à aquilo. - Fala pra mim, Mills. Me diz pra ficar longe de você, que eu o farei. - continuou, aproximando ainda mais seu rosto do meu, se é que era possível. Minha respiração já não estava mais regular, muito menos a dele. - Você não quer fazer isso. Sabe por quê? Você está tão atraída por mim quanto eu estou por você e, pode acreditar, eu odeio essa merda tanto quanto você.
Soltei o ar pela boca em um riso sarcástico. Ele estava se ouvindo?
- Ah, é? Bom, se odeia tanto sentir isso, faça um favor para nós dois e fica longe de mim! - exclamei, empurrando o cacheado para longe com certa dificuldade, mas consegui.
- Tá bom. Eu vou fazer isso. Só me diz...
- Droga, Finn, eu não tenho que te dizer nada entendeu?! Não lhe devo nenhuma satisfação da minha vida! - agarrei os livros sobre a mesa e fui até a porta em passos largos.
Andei pelo corredor o mais rápido que pude. Quando entrei na sala, o professor reclamou pela demora. Distribui os livros enquanto Finn fazia o mesmo a contra-gosto assim que entrou na sala.
Estava ansiosa para a última aula, e não. Não é por causa do fato de que faltava apenas cinquenta minutos para irmos embora, se é o que está pensando. A última aula de hoje seria biologia. E sim, eu estava feliz da vida por isso.
- Pessoal, arrumem a sala, por favor, antes de saírem. A professora Mary não virá dar aula hoje. Vocês serão dispensados. - anunciou o coordenador, após adentrar a sala.
Quê?!
- O quê? Mais que absurdo!
Noah soltou um risinho ao meu lado.
- Vamos, Millie.
- Ela ainda é louca por biologia? - Romeo perguntou sorrindo enquanto guardava seu material, como se eu não estivesse presente ali.
- Você não tem ideia! Por quê? Ela já gostava antes?
- Você não tem ideia!
- Pessoal, eu ainda estou aqui! - afirmei rindo, enquanto andávamos juntos até a porta.
Fiquei estudando até às três da tarde após chegar em casa e limpar meu quarto. Dei uma revisada nas outras matérias antes de passar para matemática. Precisava aprender alguns problemas que ainda não havia aprendido a resolver. Mas acabei desistindo e peguei meu celular para mandar uma mensagem para noah e ele me explicar aquele troço. Fazer o quê? Não tem como saber tudo. Mas achei estranho quando peguei meu celular sobre o criado-mudo e vi que um número desconhecido havia me ligado quinze minutos atrás. Eu sempre deixava meu celular no silencioso quando começava a estudar, mas acabei supondo que poderia ser cobrança ou algo do gênero. Até que meu celular toca novamente. Reparo que é o mesmo número. Atendo a ligação e levo o aparelho à orelha.
- Alô?
"Millie?"
Achei aquilo estanho. Não pude reconhecer quem era, mas percebi que era uma voz feminina.
- Sou eu, quem é?
"Desculpe estar te ligando. Eu sou a governanta da casa dos Wolfhard. A srta. poderia vir aqui por favor?"
Fui tomada por um pânico estranho. A única coisa que pude pensar era que havia acontecido algo ao Finn. Aquela sensação cresceu tanto que esqueci de perguntar como ela sabia quem eu era.
Quando dei por mim, já estava zanzando pelo quarto em busca de uma blusa de moletom e meu all star.
- Aconteceu alguma coisa?! - minha voz saiu mais urgente do que eu queria, o que eu odiei. Não queria parecer grosseira.
"É o Finn.", arregalei os olhos. "Me desculpe, estou lhe pedindo isso porque acho que você é a única que pode acalma-lo. Eu explico tudo assim que chegar."
- E-estou indo.
"Lembra do endereço?"
- Sim! E-eu já estou indo.
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