Essa não sou eu
"Sinto saudades de quem não me despedi direito, das coisas que deixei passar, de quem não tive, mas quis muito ter."
Frestas do luar entravam por uma das janelas do quarto e algumas gotas de chuva podiam ser ouvidas batendo nas telhas fazendo uma melodia ideal para adormecer.
Mas eu não conseguia dormir...
Depois daquele sonho, ou melhor, pesadelo eu não conseguia pregar no sono, eu estava sentada na cama em silêncio já que eu não queria acordar Mariana que dormia ao meu lado ou algum dos garotos que dormiam nos colchões logo a frente da cama.
Meus pensamentos ficavam viajando enquanto meus olhos fixavam em algum canto do quarto, o sangue e a dor do sonho parecia tão real que depois que acordei precisei passar a mão inúmeras vezes pelo meu rosto para ver se tinha algum rastro do sangue.
Não tinha nada mas eu consegui sentir o sangue grudado na minha pele.
Levantei da cama mais agoniada de quando eu acordei e fui até o banheiro do quarto em passos leves e silenciosos, abri e fechei a porta bem devagar para que ninguém pudesse me ouvir.
Abri a torneira da pia e comecei a lavar minhas mãos e rosto para que aquela sensação de sangue duro saísse de uma vez, funcinou depois de algum tempo mas apenas quando já tinha limpado umas três vezes o meu rosto.
Levantei a cabeça e me olhei no espelho, ou melhor, olhei aquela aparência no espelho... Aquela sensação de não sentir que é você mesma, eu não me via como eu realmente era... Uma sensação tão grande mas que eu não conseguia descrever em uma palavra ou frase que eu sentia ao ver aquele reflexo.
Que eu sentia em mim.
Eu só queria que aquilo passasse.
Por que eu não podia ser eu mesma? Aquela não era eu, aquele não era meu corpo!!
Eu só queria ser eu mesma de novo...
Por que eu não podia ter a aparência que me pertencia? Essa vida nem era minha por que eu tenho que viver ela? Por qual motivo eu vim parar nesse mundo? Por que?
Tantas perguntas e nenhuma resposta.
Eu sentia lágrimas descerem pelas minhas bochechas deixando as mesmas quentes mas eu não me importava, eu queria que aquilo só passasse.
E chorar era o que tirava todo aquele peso das minhas costas.
Fiquei ali por um tempo, não sei quanto exatamente mas foi um longo tempo, depois lavei e sequei meu rosto notando minhas bochechas e olhos vermelhos pelas lágrimas que haviam descido momentos antes.
A dor ainda estava ali mas menor.
Não é como se eu não conhecesse aquela dor ou algo do tipo, eu sabia que uma hora era iria diminuir tanto que eu não sentiria mais nada.
Eu tentei sair do banheiro em silêncio, andei nas pontas dos pés até a cama e devagar sentei nela e me cobri com os cobertores. O sono não voltaria tão cedo então decidi apenas permanecer em silêncio esperando ele chegar e eu finalmente deitar nos braços de Morfeu em direção ao mundo dos sonhos, onde eu esperava não ter um pesadelo me esperando.
Talvez um sonho com alguma lembrança boa dessa realidade ou até mesmo da minha.
Era o que eu mais desejava.
Enquanto meus pensamentos viajavam mais uma vez meus olhos foram até o teto dessa vez, e por alguns segundos a pergunta que eu sempre fazia por brincadeira para meus amigos antes do acidente.
Por que as pessoas pintavam os tetos?
Era uma pergunta simples mas que deixava uma questão na minha mente e meus amigos sempre tentavam responder algo que não fosse apenas por “decoração”.
E bom, agora eu poderia conseguir uma resposta.
Quando você se perde em pensamentos seus olhos focam em um lugar aleatório para que você se concentre, para que você não se perca, fique confuso ou perdido entre tantas coisas que podem ficar rondando seus pensamentos.
Não era apenas algo por decoração para deixar o ambiente em harmonia, mas sim algo para ajudar a pessoa em não se perder em um turbilhão ou no próprio vazio em sua mente.
Acho que é uma resposta apropriada, espero que um dia eu possa compartilhar ela com meus amigos.
Espero talvez ver eles mais uma vez.
Eu veria eles mais uma vez... Não é?
Uma pequena faísca de esperança estava acessa no fundo do meu coração, mesmo pequena ela era uma das únicas coisas que me dava esperança porquê mesmo tendo pessoas aqui que me lembrem das pessoas do meu lar... Não era igual.
Logo os pensamentos que enchiam minha mente não eram mais aqueles sobre meus amigos ou minha família, era a dúvida sobre esse mundo mais uma vez.
Se as informações que eu optei estavam corretas, eu estou no anime que marcou minha vida e, talvez, ter esgotado minha saúde mental por causa do mangá mas enfim, isso poderia significar que os eventos podem ou não seguir a linha cronológica.
Pronto, vou enlouquecer fazendo essas teorias.
Eu deveria escrever isso em algum lugar para não esquecer nada, parecia que eu estava voltando a época que eu escrevia.
Era uma ironia.
Uma ironia do destino se eu pudesse descrever assim.
Pelo menos eu tinha um plano agora, e para isso eu precisaria de um caderno e caneta mas acho que deveria ter um caderno em branco nesse quarto.
E se não tivesse eu daria um jeito de conseguir, afinal um caderno era algo simples e fácil de conseguir.
Conseguir um caderno e escrever tudo o que eu descobrir nesse mundo.
Um simples plano mas muito útil na situação que eu estava.
E bom, eu poderia escrver para desabar também já que seria muito complicado chegar em alguém e falar que eu vim de outro mundo.
Eu provavelmente seria mandada para um manicômio no mesmo instante.
Escrever será minha única válvula de escape por enquanto nesse lugar...
Preciso procurar informações sobre algumas pessoas nesse lugar, talvez, apenas talvez, eu possa ter a chance de mudar a história desse lugar mas se eu existo aqui.
Alguém que não percente a história original.
A linha do tempo já não teria mudado? Pessoas novas tendo contato com a turma que mais tem problemas com a organização do cara que manipulou inúmeras pessoas não mudaria a linha do tempo desse lugar?
O que isso poderia causar, afinal, dependendo da teoria sobre linhas do tempo ou você pode mudar toda a história mudando uma coisa minúscula de lugar ou você cria uma nova linha do tempo que não interfere na linha original.
Teorias sobre linhas do tempo são as coisas mais complicadas do mundo.
Suspirei derrotada com meus pensamentos já que tudo isso seria muito mais complicado do que já era. Minha mente me autossabotava, tudo que eu pensava,tudo que eu via ao redor, começou a ser sufocante, meus pensamentos me matava lentamente, o desconforto começou a se espalhar por todo meu corpo, eu estava em um corpo estranho, uma vida estranha, algo que eu tanto admirava, mas, não do jeito que tudo esta se tornando realidade, sinto-me sufocada, o desconforto virou adrenalina, afinal eu ja estava me perdendo em meus pensamentos, haveria alguma coisa que ela escondeu?! Não é possível! Eu preciso saber mais da vida dela, meus pensamentos começaram a me deixa mais e mais nervosa.
Me levantei da cabeça rápido mas, ainda tentando ser silenciosa, e caminhei até a escrivaninha que tinha naquele quarto, passei bem devagar entre os meninos que dormiam tranquilamente e logo cheguei na escrivaninha.
Cheio de livros, cadernos e materiais de papelaria como inúmeras canetas e lápis entre outras coisas.
Me lembrava levemente a minha própria escrivaninha.
Tentando ser silenciosa eu comecei a mexer nos livros e cadernos em busca de alguma coisa, poderia ser apenas uma das minhas paranóias que estavam sendo causadas por aquele desconforto que existia no meu peito mas, eu também poderia estar certa.
Eu não tinha nada para arriscar do mesmo jeito.
Passando meus dedos pelos livros em busca de alguma pista eu acho um livro estranho, ele não tinha título, eu o puxei e examinei o livro que agora já estava em minhas mãos.
Com uma capa em roxo escuro com detalhes em dourado porém o livro não tinha nada escrito na capa da frente ou na de trás e possuía um pequeno lugar para colocar um código de três dígitos, aquilo estava mais estranho do que eu achava.
Ao procurar algo aonde estava o livro e tentar abrir o mesmo, um pequeno bilhete caiu de dentro do mesmo e tudo que estava escrito era alguns riscos, círculos e barras.
Mas o que?
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Depois de muitos meses sem conseguir escrever eu finalmente consegui passar o que eu queria para esse capítulo.
Agradeço a cada um dos meus amigos que me ajudaram a escrever esse capítulo, suas opiniões, idéias, suas palavras e toda a ajuda que eles me deram.
E aí, quais são suas teorias e opiniões sobre esse capítulo? Tentarei ao máximo escrever mais capítulos e os postar com mais frequência e peço desculpas por terem esperado tanto.
Obrigada por lerem e até o próximo capítulo.
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