Capítulo XXXVII
Eijirou
Fico paralisado ao ouvir o que Tetsu diz. Seu pai simplesmente o expulsou por algo assim? O quão ridículas as pessoas podem ser? Sério, isso me deixa irado, ainda mais vindo de adultos... já me acostumei até demais com adolescentes fazendo essas merdas, principalmente depois daquilo, mas adultos? É muita falta de maturidade...
É uma pena que não tenha muita coisa que possamos fazer, eu acho.
Vejo que Denki tenta arrumar algum outro assunto para deixar o ambiente descontraído. A presença deles não parece realmente ruim depois de tudo e estou fazendo o máximo para ser legal com o trio, quero poder confiar neles igual confio no Suki.
— Achou o que queria? — o loiro me pergunta enquanto os outros conversavam, o que me faz lembrar do motivo por estarmos aqui.
— Nada que eu já não tivesse — sorri, coçando minha nuca envergonhado por termos perdido tempo.
— Tudo bem. Onde quer ir agora? — ele pergunta novamente e arqueio as sobrancelhas surpreso. Meio que não estamos mais sozinhos e nosso encontro foi interrompido. — Não vou deixar ninguém nos interromper dessa vez — declara e olha com certa irritação para o trio, fazendo uma risada anasalada escapar por meus lábios. Aprecio essa persistência dele.
— Podemos ir comer alguma coisa então? — dou a sugestão e ele acena positivo, logo sinto minha mão ser envolvida pela sua.
— Vamos vazar agora, não apareçam do além de novo! — ele avisa ao grupo que nos encara e eu acabo por rir de toda essa irritação de Katsuki, apesar de eu também não ter gostado da interrupção, não foi de todo ruim. Agora tenho a informação do que houve com o Tetsu e vou tentar ajuda-lo de alguma forma depois.
— Bom encontro! — Sero diz com um sorriso e o trio se despede.
Agora já estamos fora da livraria, rumando a qualquer lugar que sirva lanches ou coisa do tipo. Katsuki segura minha mão sem receio nenhum das pessoas em volta – e isso faz eu me sentir mais seguro. Algumas nos encaram feio, mas nada que incomode. Ele também fica tímido quando estamos muito próximos, e isso o torna adorável. As coisas ficaram melhores depois dele finalmente ter aberto o jogo comigo e explicado a situação sobre com o Sero. Isso faz eu querer confiar mais ainda nele.
— Olha, se você quisesse ter ficado conversando com eles eu não me importaria também... — Ele declara e eu me surpreendo. — Não quis soar possessivo ou alguma merda assim.
— Eu sei que não. — sorrio, apertando sua mão — Vou poder conversar com eles em outros momentos, mas hoje eu quero ficar só com você! — falo sem pensar muito e sinto minha face queimar com minha última fala.
Ele me fita, a expressão surpresa não me passa despercebida, nem mesmo seu rosto levemente corado. Meu deus, acho que falei algo exagerado ou meloso demais, apesar de não realmente me incomodar, ainda tenho receio de dizer algo que possa fazê-lo querer se afastar de mim.
— Desculpa... — sussurro, olhando para baixo enquanto continuamos andando. Percebo que o loiro parou e quando me viro para fita-lo, sou surpreendido com um beijo na testa.
— Eu também quero. — ele responde a minha afirmação anterior com um pequeno sorriso no rosto e, meu deus, acho que posso entrar em combustão instantânea nesse exato momento. Meu coração está disparado e essa resposta tão mansa vinda dele me deixa extremamente alegre.
Não consigo segurar o enorme sorriso que surge em meus lábios e nós voltamos a andar.
***
Depois disso, nós finalmente chegamos a algum lugar que tem lanches e nos alimentamos. Minutos depois, nós passamos por uma sorveteria que acaba atraindo meu olhar. O loiro percebe isso e adentramos ela também. O sorvete é caro, mas Bakugou insiste que vai pagar. Ele é o quê? Burguês?
Eu escolho de morango, pois é o único que eu tenho certeza que gosto, visto que tem umas centenas de sabores que desconheço. Bakugou escolhe de menta e me pergunto como pessoas conseguem gostar de algo ardido assim.
Enfim, depois que ele pagou tudo – eu juro que insisti em ajudar, mas ele disse que não havia necessidade – nós continuamos andando e visitando mais lojas. Até agora, onde estamos passando por uma loja de roupas e ele parece ter se interessado em alguns dos ternos na vitrine.
— Eu adoraria te ver em um terno assim... — digo, quero que ele note que está tudo bem em ir nos lugares que quer também, assim como ele disse a mim no começo desse encontro.
— S-sério? — sua face cora e eu sorrio, concordando.
Adentramos a loja e algumas funcionárias vieram nos atender, porém, Suki disse já ter algo qual estava interessado e tratou de pegar até irmos ao provador. Estou sentado há poucos minutos esperando que ele se troque, até que ele surge e caramba, ele está lindo.
Vejo a figura loira com um terno vermelho e azul escuro com detalhes de flor nos lados, o que traz mais charme à vestimenta. Tem apenas o pequeno detalhe errado; ele está sem a gravata.
Estranho este erro e levanto da cadeira onde esperei, me aproximando do loiro, desfrutando de cada detalhe. Tanto o terno, quanto as calças estão colados em seu corpo, deixando-o mais esbelto e deslumbrante.
— Ué, mas e a gravata? — acabo deixando o questionamento escapar e vejo-o revirar os olhos antes de responder.
— Não gosto dessa merda. — ele declara e passa a mão pelo pescoço, massageando-o — Me sinto sufocado com aquilo.
— Ah, entendi. — digo e prossigo admirando sua beleza.
— Fico feio sem? — sua indagação vem quase como um sussurro e percebo que talvez meu comentário possa tê-lo afetado.
— Claro que não! — trato de ser sincero. Ele é simplesmente muito lindo, com terno ou sem ele, a falta da gravata de forma alguma seria capaz de estragar seu visual ao meu ver. — Você é lindo de qualquer jeito, Suki... — declaro. Ele já fez isso comigo, sempre me elogia mesmo quando não concordo com tal elogio, então ao menos vou retribuir e falar a verdade sobre ele.
— Olha quem fala. — ouço-o dizer e se aproximar. — Argh, odeio esses detalhes de flores — ele reclama e eu rio.
— Então por que escolheu esse?
— Pensei que ia ficar legal em mim.
— Mas ficou! — afirmo convicto e inconscientemente levo minhas mãos à sua cintura, onde está localizada uma das flores — Achei muito másculo. — comento e aperto minha mão sobre o lugar sem perceber o que faço.
Bom, até olhar para o loiro e vê-lo vermelho.
— Desc- — eu iria me desculpar, mas sinto sua mão segurar a minha na cintura e depois ele leva sua outra mão até meu ombro.
— E eu, você acha másculo? — ele pergunta e eu trato de balançar a cabeça freneticamente. As palavras se recusam a sair de minha boca, mas eu o acho um cara extremamente másculo — Porra, Eijirou... — ele xinga, sorrindo ladino e aproxima seus lábios dos meus, selando-os em um beijo casto. — Que tal vestir um terno também? — ele sugere e eu não consigo recusar quando ele pede algo de uma forma tão calma assim.
Minutos depois, saio do trocador com o terno que eu havia escolhido. É bem simples até, mas gostei bastante dele. É todo preto, inclusive a calça, tendo apenas a gravata com uma cor diferente; vermelho.
Encaro o loiro que me esperava sentado com certa expectativa. Não acho que tenha ficado tão bom assim em mim, quer dizer, eu gostei bastante, mas meu medo de opiniões alheias faz com que eu deixe a minha própria de lado.
Ele se levanta e se aproxima. Suas sobrancelhas estão arqueadas em surpresa, o que não sei definir se é bom ou ruim. Quando ele fica de frente para mim, eu cerro meus punhos, nervoso com o julgamento silencioso.
— Você tá lindo pra cacete. — ele declara e sinto o peso abandonar meu peito.
— Não é pra tanto. — rio de nervoso, imaginando que ele só diga isso por obrigação, como sempre, mas ele se aproxima e passa a mão por detrás de minha nuca, causando arrepios estranhos e me puxando para outro beijo de surpresa.
— Tá me chamando de mentiroso, é isso? — ele questiona e eu trato de esclarecer o mal-entendido.
— Claro que não! E-eu só... não acho que sou tão bonito como diz.
— Você é lindo, cacete. Não deixe ninguém te dizer o contrário. — ele diz e acerta diretamente o que me atormenta. Não consigo me achar bonito por pensar que estou sendo egocêntrico, ou de ter me acostumado a ouvir o contrário.
— Tá... — respondo sem muita convicção, mas acho que posso me esforçar para me achar bonito sem precisar que alguém me diga que sou.
— Vai levar? — ele pergunta e eu arqueio a sobrancelha em confusão — O terno. Você pareceu gostar dele.
— Não posso, meu dinheiro não é suficiente para pagar.
— Eu pago. — diz simples e essa ideia me deixa meio desconfortável. Parece injusto. — Não vai me prejudicar, porra. Se você se sente bem usando esse terno, acho justo ficar com ele.
Não tenho ideia de quando vou usar isso, mas é meio difícil negar quando ele diz algo assim, então trato de propor algo também.
— Que tal você levar o terno com flores também? — pergunto e ele nega na hora, dizendo que aquelas flores são broxantes — Tem certeza que não gostou delas? Você não pareceu tão incomodado assim...
Ele abaixou um pouco o rosto envergonhado com minha revelação e então apenas disse:
— Tsc, que seja
***
Saímos dessa loja com as sacolas onde estavam os ternos e andamos mais por aí. E bom, nesse exato momento eu vi algo incrível, magnífico e inacreditável em uma loja.
Isso é uma...
— Puta merda, não... — ouço o loiro protestar, olhando na mesma direção que eu.
— É uma crocs gigante, meu deus! — olho admirado para o objeto no meio da loja que serve apenas para chamar atenção até o local que vendia tais calçados que amo. — Suki, você entende o quão incrível é?
— Com certeza não. — ele afirma e solto uma risada anasalada enquanto ainda olho para a loja.
Tudo bem, eu estou usando uma crocs nesse exato momento, mas o que custa admirar outras cores desse calçado dos deuses?
— Você... quer ir lá? — ele pergunta hesitante e eu aceno freneticamente, não contendo minha empolgação. — Malditas crocs...
E depois desse xingamento às minhas amadas crocs, fomos até a loja.
***
Andamos para fora do shopping depois de algum tempo naquela loja. Carrego algumas sacolas a mais porquê... o Suki comprou um par de crocs para mim, sim, ele comprou crocs. Eu insisti que não precisava e estava bem apenas com as que eu tinha, mas ele comprou mesmo assim o calçado preto e eu fiquei sem jeito.
Estamos andando lado a lado e algumas vezes sinto seu olhar sobre mim. Acabo por me lembrar que não agradeci por nada do que ele me deu até agora e trato de concertar meu erro.
— Obrigado. — digo, fitando seus orbes escarletes — Muito obrigado por tudo isso, Suki — sorrio e mostro meus dentes pontiagudos.
— Você merece, idiota — ele responde e meu sorriso se intensifica.
— Não é só pelas crocs ou pelo terno. É por tudo mesmo, pela forma que me trata, por conseguir me suportar, pelos elogios...
— Eu já disse, você merece — ele responde novamente e sorri ladino. Sinto sua mão afagar meus fios ruivos e fico mais sem jeito ainda.
Quando chegamos na porta da minha casa, noto que o sol já está se pondo. Passamos o dia inteiro nos divertindo e isso me deixa muito feliz, quero passar mais dias assim com o Suki.
No fim, convido ele para entrar e ficamos aproveitando um pouco mais a presença um do outro por um tempo, seja conversando ou jogando em dupla.
— Hoje foi perfeito. — afirmo, deitado na cama depois de uma partida de videogame. Katsuki está ao meu lado, ouvindo minhas palavras com atenção — Eu amei, de verdade.
— Eu também amei — ele sussurra. Nunca imaginei algo assim saindo de sua boca — Apesar daqueles filhos da puta terem nos interrompido, foi bom pra caralho. O-obrigado por ter me convidado.
O sorriso em seu rosto é tão real que não demoro a sorrir também.
Foi o melhor encontro que já tive. Poder ver Katsuki com um terno, ouvi-lo me elogiando, me beijando com paixão, ter visto aquela crocs gigante. Óbvio, os presentes também me deixaram muito feliz e eu vou guardá-los para sempre, mas estou grato mais pela presença do loiro do que qualquer outra coisa material que este me deu.
Realmente, espero que haja mais dias assim.
[...]
************
Talvez já estejamos perto do final, sabem...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro