Capítulo XXXV
Katsuki
Depois de enrolar por dias, finalmente consigo dizer ao ruivo a merda que fiz, fiquei morrendo de preocupação com ele perto da ponta do terraço mas acabou dando tudo certo. Eu fiz de tudo para fazê-lo se sentir seguro, para enfim chegar o momento onde contei o que aconteceu com Sero. Senti o peso abandonar meu peito quando Eijirou me desculpou e ainda por cima, pediu para que eu o chamasse por seu nome. Me senti feliz pra caralho.
Depois que terminamos de lavar a sala por conta dessa porcaria de castigo, vou até a casa de Kirishima com ele, me despedindo rapidamente, pois me lembrei no meio do caminho que tenho uma consulta com o psicólogo daqui alguns minutos. Não posso perder a oportunidade quando o velho está pagando por isso e, apesar de eu não me sentir bem me expondo, achei aquele psicológico foda quando conseguiu irritar a velha maldita, então ele ganhou respeito comigo.
***
No fim, tudo deu certo e eu estive pela segunda vez naquele consultório. Não consegui falar muita coisa, até porque essa merda de orgulho não permite, mas aproveitei e falei um pouco das situações anteriores e como lidei com elas, ocultando alguns fatores como qual era o tal segredo que eu revelei ao Hanta. E bom, basicamente ele me explicou que não é bom ficar adiando este tipo de coisa, mas que foi bom eu ter sido honesto com meu namorado e tudo ter dado certo no final.
No dia seguinte – sábado – eu acordo normalmente, já pensando em como passar o dia; fazendo alguma merda de tarefa, porque esses professores filhos da puta passam listas enormes para o final de semana ou jogando algum jogo para me distrair um pouco. Talvez eu possa passar com Eijirou também? Essa ideia soa bem, mas não quero desperdiçar seu tempo com qualquer coisa. Levanto da cama, vou tomar um banho para acordar de vez, escovo os dentes e vou tomar o café da manhã. O velho está no sofá, lendo um jornal, enquanto a velha loira maldita está me encarando como se estivesse me repreendendo por algo. Talvez por estar existindo, eu imagino.
Ignoro seu olhar fulminante em minha direção e vou preparar meu café. Ela se recusa a prepará-lo para mim desde que descobriu sobre Eijirou e, mesmo que o velho idiota tenha insistido que poderia prepará-lo no lugar da mulher, eu só vi vantagem em não ser mais mimado e comecei a fazer tudo eu mesmo, não preciso dessa velha ridícula fazendo coisas tão simples como essas para mim.
Termino de comer, indo para o quarto e pegando o celular que estava carregando e vejo que há algumas mensagens de Kirishima. Desbloqueio a tela e quando estou prestes a acessar minha conversa com ele, o celular vibra e o som da minha música favorita toca, indicando que alguém me ligava, sendo esse alguém ninguém menos que o ruivo. Atendo, aproximando o celular do ouvindo e recebendo um bom dia animado desse idiota que soa simplesmente adorável apenas ao dizer uma mísera frase. Um sorriso não tarda a surgir em meus lábios e dou bom dia de volta, questionando o que ele quer tão cedo.
— Então... é que hoje é sábado né... — Ele diz de maneira arrastada e tímida, fazendo-me imaginar como ele estava no momento, podendo visualizar sua face totalmente envergonhada enquanto fala comigo.
— Não precisa ter medo de falar comigo, E-eijirou... — acabo por gaguejar ao chama-lo por seu primeiro nome com tanta naturalidade, fazendo o restante da minha frase parecer pura hipocrisia, visto que estou com medo de pronunciar seu nome.
Ouço um risinho do outro lado da linha.
— Tá bem... é que eu queria saber; você tá livre hoje? — ele pergunta, sua voz emitia tanta expectativa que assim fica difícil dizer "não". — É que, sei lá, a gente podia sair... mas é só se quiser, viu? — ele deixa isso claro e eu rio com a forma como fala.
Puta merda, fico muito feliz com um convite assim, ainda mais quando é um executado de um jeito tão fofo, logo por ele, esse anjo idiota que deixou seu cabelo estranho, mas com um grande charme.
— Estou livre e vou para aí agora mesmo. — não perco tempo, respondendo rápido e começo a buscar alguma roupa decente para um encontro... certo, não que seja realmente um, mas ainda assim, quero estar bem vestido, porra.
— Certo, Suki — ele responde, sua voz vibra em animação e sou capaz de imaginar o grande sorriso na cara desse idiota.
***
Após andar por algum tempo, chego à casa do ruivo e toco a campainha. Quem atende é o próprio Eijirou, que me fita com certa admiração no olhar, fazendo eu me sentir envergonhado com seu encarada descarada. Aproveito que ele está distraído e também olho seu visual, ele usa uma camisa vermelha, que combina com seu cabelo e uma jeans rasgada. É simples, mas charmoso e o torna adorável. Bom, exceto pelas crocs vermelhas em seus pés, que me trazem certa ânsia de vômito, mas trato de não reclamar, afinal, esse idiota ama muito esse calçado estúpido.
— Você tá lindo. — digo e seu olhar se fixa no meu. Sinto minha pele esquentar e vejo que não está muito diferente com ele. Porra, ser um jovem apaixonado é algo muito idiota, ficamos envergonhados por qualquer merda.
— Obrigado. — ele diz e mostra seus dentinhos pontiagudos em um sorriso — Você também está! — seu sorriso se intensifica ao me elogiar e me sinto cegado por esse sorriso.
Aceno positivo, como se eu estivesse dizendo um "obrigado" silencioso.
— Vamos? — pergunto e ele balança a cabeça positivo, se despedindo de sua mãe e fechando a porta, logo começando a andar ao meu lado.
Eu não tinha ideia de onde íamos, mas o ruivo não tardou a revelar que gostaria de ir ao shopping, então tratei de chamar um táxi para agilizar tudo e chegamos bem rápido, adentrando de mãos dadas o ambiente gelado, cheio de pessoas e lojas.
— Onde quer ir?
— Cinema? — ele diz, sua resposta parece mais uma dúvida, mas eu concordo, então começamos a procurar pelo lugar.
— Por que isso de repente? — acabo deixando minha dúvida escapar sobre essa saída que estamos dando.
— Eu... me sinto mal pelo nosso primeiro encontro ter acabado ruim, então quero recompensar, sabe? — ele explica e eu sinto meu peito pesar com as lembranças daquele dia. O dia em que eu descobri tudo foi bem conturbado graças ao Hanta que apareceu no meio do nosso encontro no aquário, mas foi quando acabei descobrindo sobre o que houve com Eijirou também. — Se você tiver algum outro lugar em mente que queira ir, eu vou, tá bem?
— Você também tem que gostar, porra — acabo rosnando enquanto explico — Nós também vamos aonde você quiser. — afirmo convicto e ele sorri, um sorriso mínimo, mas reconfortante.
Alguns andares depois, chegamos ao cinema e no consenso de dividir o pagamento para não gerar nenhuma injustiça. Depois finalmente vamos para a sessão do filme escolhido, que é um de romance. Eu provavelmente vou dormir com essa merda, mas se Eijirou quer ver ela, quem sou eu para ir contra?
***
Após a sessão, onde eu acabei dormindo e me apoiando no ombro de Kirishima, – e foi bom, pois quando eu acordei ele brincava com meus fios de cabelo, fazendo carinho na minha cabeça – nós fomos à uma livraria a pedido do ruivo. Entro junto ao garoto no local e vejo-o procurar incansavelmente pela estante desejada. Ofereço ajuda, mas ele diz que não quer me incomodar, me deixando um pouco irritado, mas acabo o ignorando e ajudando. Vejo seus olhos brilharem quando finalmente acha o que procurava, então me aproximo e identifico o "livro" que está em suas mãos.
É um mangá. Na verdade, nem me surpreende já que ele citou uma vez que veria animes, então não é uma notícia tão chocante, é apenas estranho. Nada que me incomode de verdade.
Ele fica sorrindo que nem uma criança enquanto passa os dedos pelas capas na estante e eu me apoio em uma delas, de braços cruzados e com um sorriso na cara, apenas apreciando a empolgação desse raiozinho de sol idiota enquanto procura por algo que lhe interessasse ali.
Adorável como sempre.
Arregalo os olhos ao ouvir uma voz conhecida, seguindo-a com o olhar e me deparando com... porra, de novo?
[...]
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