Capítulo XVIII
Katsuki
– O que quer dizer com namorado, meu filho? – Você sabe exatamente o que quero dizer porra.
– Que eu encontrei alguém que me suporta? – respondi meio confuso com sua pergunta idiota.
– Um homem? – o espanto era evidente.
– Sim, um homem, velha.
– Quando eu disse que deveria arrumar alguém para ficar eu quis dizer que deveria ser uma mulher, não uma praga dessas. – Ela resmungou – Eu sei que você não é uma, Katsuki, então por que está fazendo isso?
Como ela ousou se referir àquele anjo assim? Puta merda, agora eu tô puto.
– Como sabe que eu não sou gay? – faço questão de enfatizar a palavra que ela insiste em ignorar.
– Você não é, não te criei para ser uma dessas coisas abomináveis. – Suas palavras eram carregadas de nojo, e sua expressão só ajudava a reforçar isto. Velha desgraçada.
– Isso não depende de como você me cria, velha – explico tentando não deixar evidente minha fúria – Eu nasci assim.
– Você está doente então, vou agendar uma consulta no médico e no psicólogo – disse indo pegar o telefone.
– Não tô doente, cacete! – vocifero não aguentando mais – Não preciso de médico nenhum. Gostar de outro cara não é uma doença, porra.
– Meu deus, quem te disse isso? Seu... – contorceu sua cara em desgosto – “Namorado”?
– Não, isso é simplesmente óbvio. E mesmo que ele tivesse me dito, qual seria o problema? Ele só teria dito a verdade.
– Quem é o garoto? – desviou da minha pergunta – A mãe dele tem que saber sobre sua condição.
– Ela já sabe o que ele é, e ao contrário de você, ela faz questão de apoia-lo.
– Deus, é pior do que eu pensava... – murmurou com lágrimas nos olhos – Por que foi influenciado assim meu filho?
– Não fui influenciado. Eu simplesmente sou isso! Não é tão difícil de entender, porra!
E começo a subir as escadas furioso.
Nunca pensei que a velha fosse ser homofóbica, puta que pariu.
Ela teve a audácia de chamar a mim e Eijirou de doentes sem mais nem menos, apenas se baseando no que acha que sabe. Ridículo.
Sim, é ridículo, mas então por que estou chorando? Porra, isso dói.
Não ser aceito dói pra cacete.
Não que eu busque aceitação de qualquer um, mas é a porra da mulher mais importante pra mim nesse mundo não me aceitando por “não ser natural”. Querendo me levar no médico e chamando a mim e meu namorado de aberração.
Dói demais.
Corri para o meu quarto e tranquei a porta, me jogando na cama enquanto não era capaz de segurar a merda do choro.
Foi assim até eu pegar no sono.
No dia seguinte, ouço batidas na porta e vejo que meu alarme ainda não tinha tocado. Acordei mais cedo.
– Filho? – Ouço a voz do meu velho.
– Que foi cacete? – já rosno irritado, lembrando da noite passada. Meus olhos pesavam. – Vai falar que tenho que ir na merda de um psicólogo também?
– Não – ele pareceu sincero – Vamos conversar.
Então abro a porta e vejo a figura de cabelos castanhos me fitar preocupado.
– Você... chorou? – disse observando meus olhos.
– Não importa, cacete.
– Sinto muito pelo que sua mãe disse
– Quem tem que sentir muito é ela porra.
Ele suspira.
– Posso entrar?
Ele entra e senta ao meu lado na cama.
– Eu não concordo com o que ela pensa – diz fitando o nada – Mas ela parecia preocupada, sabe? Mesmo que fosse de um jeito ofensivo.
– Não sei – finjo não saber. Eu sei que, mesmo que ela tenha sido homofóbica pra cacete, ela provavelmente estava preocupada que eu estivesse doente de verdade. – Por quê caralhos ela acha isso?
– Lembro que seus avós tinham a mesma opinião sobre isso, então imagino que ela tenha sido influenciada por isso.
– Que merda – ele solta uma risada fraca.
– Vai me apresentar esse seu namorado algum dia?
– Só se for longe da velha – Nunca que eu iria trazer Eijirou para cá apenas para minha mãe ficar com essa merda de que somos doentes pra cima dele.
– Fechado então – Ele sorri, bagunçamdo meus cabelos e se levantando para ir trabalhar – Tenha um bom dia, filho. – sorrio tranquilo em resposta.
*
– E foi isso que aconteceu – Ainda estamos na enfermaria, quando termino de explicar o que aconteceu para Eijirou. Não era justo deixá-lo sem saber, ainda mais quando exijo que ele me diga seus problemas.
– Entendo... – Ele parece meio pensativo. – Desculpa... – por quê diabos está se desculpando?
Antes que eu tivesse chance de perguntar, a enfermeira chega e Kirishima se levanta, indo para a sala, provavelmente.
– Vamos juntos mais tarde? – questiono antes que ele saísse da sala, mas sem resposta. Ele não me ouviu? Ele me ignorou? Ele parecia assustado...
Puta merda, o que foi que eu fiz?
[...]
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