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ੈ♡‧₊˚ ❛ CHAPTER EIGHT, marte ⌇🥀!;#



001 — 4k de palavras nesse capítulo, uauuuuu.

002 — A meta de comentários para postarmos o próximo capítulo é 40 comentários.










 Avery Grace

Marte


HAZEL NÃO TEVE DIFICULDADE PARA encontrar um túnel para nós. Na verdade, era como se os túneis se formassem para atender às necessidades dela. Passagens obstruídas anos antes de repente se abriam, mudando de direção para levar Hazel aonde ela queria ir.

Seguimos devagar, nos guiando pela luz de Contracorrente, a espada reluzente de Percy. Na superfície, ouviam-se os sons da batalha: garotos gritando, o elefante Aníbal berrando de alegria, dardos explodindo e canhões de água disparando. O túnel estremeceu e um pouco de terra caiu sobre nós.

— Tem uma abertura logo à frente — anunciou Hazel. — Vamos sair a três metros da muralha leste.

— Como você sabe? — perguntou Percy.

Era uma ótima questão.

— Nem imagino — disse ela. — Mas tenho certeza.

— Podemos fazer um túnel por baixo da muralha? — perguntou Frank.

— Não — respondeu Hazel. — Os engenheiros foram espertos. Construíram as muralhas sobre fundações antigas que descem até o leito rochoso. E não me pergunte como sei disso. Eu apenas sei.

Frank tropeçou em algo e praguejou. Percy aproximou a espada para iluminar melhor. Era um objeto prateado reluzente. Ele se abaixou para pegar.

— Não toque nisso! — disse Hazel, parecendo um pouco desesperada.

A mão de Frank parou a alguns centímetros do pedaço de metal.

— É enorme — murmurei, olhando — Prata?

— Platina. — Hazel parecia apavorada. — Vai desaparecer em um segundo. Por favor, não toque. É perigoso.

Ele fitou Hazel.

— Como você sabia?

À luz da espada de Percy, Hazel parecia tão fantasmagórica quanto um Lar.

— Depois eu explico — prometeu ela.

Outra explosão fez o túnel estremecer, mas seguimos em frente.

Saímos de um buraco justamente onde Hazel havia previsto. Diante da gente erguia-se a muralha leste do forte. À esquerda, eu podia ver a fileira principal da Quinta Coorte avançando em formação de tartaruga, criando uma concha com os escudos sobre a cabeça e o corpo deles. Tentavam chegar aos portões principais, mas os defensores em cima da muralha os bombardeavam com pedras e disparavam dardos flamejantes com as balistas, abrindo crateras aos pés deles. Um canhão de água soltou uma descarga com um thrum de fazer tremer o queixo, e um jato cavou uma fenda na terra bem diante da coorte.

Percy assoviou.

— É muita pressão mesmo.

A Terceira e a Quarta Coortes não estavam nem avançando. Eles ficaram para trás e riam, observando seus "aliados" levarem uma surra. Os defensores se agruparam na muralha acima dos portões, gritando insultos para a formação em tartaruga que cambaleava para a frente e para trás. Os jogos de guerra haviam se tornado um "acabe com a Quinta".

— Logo que eu cheguei, era ainda pior — murmurei.

Jason e eu sempre acabávamos na enfermaria depois dos jogos, com ossos quebrados e machucados ruins. Durou alguns meses até eu cansar de ouvir os discursos de Jason sobre como não podíamos fazer qualquer coisa que manchasse nossa imagem de filhos de Júpiter perfeito e seguidores de regras.

Naquela noite, eu até fui parar na enfermaria, mas várias outras pessoas da Primeira e da Segunda Coorte também, muito piores do que eu estava.

— Vamos dar uma sacudida nas coisas — Frank murmurou.

Ele levou a mão à aljava e puxou uma flecha.

— O que isso faz? — perguntou Percy. — É um gancho?

— É chamado de flecha hidra — explicou Frank. — Você consegue inutilizar os canhões de água?

— Água é um ótimo condutor de eletricidade, sabiam?

Percy sorriu ao entender o que eu queria dizer.

— Aquele é o cano dos canhões.

Um defensor surgiu na muralha acima da gente, tirei meu brinco e ao invés de se transformar em um chicote, uma adaga apareceu. Finquei no cano o suficiente para abrir uma abertura por onde começou a vazar água.

— Ei! — gritou ele para os companheiros. — Olhem só! Mais vítimas!

— Percy — disse Frank — agora seria bom.

Mais garotos vieram aos parapeitos da fortaleza para rir da gente, o que me fez revirar os olhos. Alguns correram até o canhão de água mais próximo e giraram o cano na direção de Frank.

Percy fechou os olhos e ergueu a mão enquanto eu colocava a mão na parte do cano que vazava, ouvi o céu trovejar, no alto da muralha alguém gritou:

— Abram bem, manés!

Ca-bum!

O canhão explodiu em uma confusão de azul, verde e branco. Os defensores gritaram quando uma onda molhada de choque os lançou contra os parapeitos, os eletrocutando. Garotos despencaram das muralhas, mas foram apanhados por águias gigantes e levados para um lugar seguro. Então a muralha leste inteira estremeceu quando a explosão se espalhou pelos canos. Um após outro, os canhões de água nos parapeitos explodiram. O fogo nas balistas foi apagado. Defensores dispersaram-se no meio da confusão ou foram atirados ao ar, dando um baita trabalho às águias de resgate. Nos portões principais, a Quinta Coorte esqueceu a formação. Aturdidos, baixaram os escudos e ficaram olhando o caos.

Troquei um olhar satisfeito com Percy.

Frank disparou sua flecha. Ela subiu como um raio, levando a corda cintilante. Quando chegou ao topo, a ponta de metal se dividiu em uma dúzia de linhas que se enroscaram no que encontraram pela frente — partes da muralha, uma balista, um canhão de água quebrado e uns dois campistas defensores, que gritaram ao se verem puxados contra o parapeito e presos como ganchos. Da corda principal, suportes dispostos a intervalos de sessenta centímetros formavam uma escada.

— Vá! — disse Frank.

Percy sorriu.

— Você primeiro, Frank. Esta festa é sua.

Frank hesitou. Então pendurou o arco nas costas e começou a subir. Estava na metade do caminho quando os defensores se recuperaram o bastante para fazer soar o alarme.

Hazel seguiu em seguida e Percy sorriu para mim, apontando para a corda.

— Primeiro você.

Revirei os olhos e comecei a subir, ignorando a forma como minhas bochechas estavam queimando. Olhou para trás, para o grupo principal da Quinta Coorte. Eles nos fitavam atônitos.

— Então? ATAQUEM LOGO, SEUS LERDOS.

Gwen foi a primeira a se mexer. Ela sorriu e repetiu a ordem. Um grito soou no campo de batalha. Aníbal, o elefante, berrou de alegria.

Minha adaga se transformou novamente em um chicote no momento em que Percy apareceu do meu lado, brandindo sua espada. Nos colocamos ao lado de Frank e Hazel, sorri ao ver o terror dos defensores.

— Legal — disse Percy.

Juntos, a gente eliminou os defensores das muralhas. Abaixo de nós os portões se romperam. Aníbal entrou à toda no forte, flechas e pedras ricocheteando inutilmente em sua armadura de Kevlar.

A Quinta Coorte veio atrás do elefante, e a batalha passou a ser travada mão a mão.

Finalmente, da periferia do Campo de Marte um grito de guerra se elevou. A Terceira e a Quarta Coortes correram para se juntar à luta.

— Um pouquinho tarde — grunhiu Hazel.

— Totalmente tarde — concordei.

— Não podemos deixá-los pegar os estandartes — disse Frank.

— Não — concordou Percy. — Eles são nossos.

Não foi necessário falar mais nada. Nós quatro começamos a nos mover como uma equipe, como se trabalhássemos juntos havia anos. Descemos correndo os degraus internos e entramos na base do inimigo.

Depois disso, a batalha virou um caos completo.

Atravessamos as linhas inimigas derrubando quem estivesse no caminho. A Primeira e a Segunda Coortes — orgulhos do Acampamento Júpiter, máquinas de guerra eficientes e extremamente disciplinadas — sucumbiram ao ataque e à absoluta surpresa de serem o lado perdedor.

Parte do problema deles era Percy. Ele lutava como um demônio, rodopiando em meio às fileiras de defensores de um jeito nada convencional, girando sob seus pés, desferindo golpes em arco com a espada em vez de apunhalá-los à moda dos romanos, batendo nos campistas com a parte plana da lâmina e, de modo geral, causando pânico em massa. Octavian dava gritos esganiçados — talvez ordenando que a Primeira Coorte resistisse, talvez tentando cantar feito soprano — mas Percy pôs um fim a isso. Deu um salto mortal por cima de uma fila de escudos e acertou o cabo da espada no elmo do centurião, que desmoronou tal qual um fantoche de meia.

Era impressionante de assistir, Percy era lindo.

Enquanto isso, raios atravessavam o céu enquanto eu derrubava defensores, eletrocutava outros e usava meu chicote para arrancar armas das mãos deles. Frank disparou flechas até esvaziar a aljava, utilizando projéteis de ponta arredondada que não matavam, mas deixavam sérios hematomas. Ele quebrou o pilo na cabeça de um defensor, e então, com relutância, desembainhou o gládio.

Hazel montou em Aníbal e avançou para o centro do forte, sorrindo para os amigos.

— Vamos, seus molengas!

A gente correu para o centro da base. O torreão interno estava praticamente desprotegido. Era óbvio que os defensores jamais imaginaram que qualquer ataque chegaria tão longe. Aníbal arrebentou os portões gigantescos. Lá dentro, os protetores dos estandartes da Primeira e da Segunda Coortes estavam sentados a uma mesa jogando Mitomagia com cartas e estatuetas. Os estandartes encontravam-se escorados negligentemente em uma das paredes.

Hazel e Aníbal invadiram o cômodo, e os protetores dos estandartes caíram das cadeiras. O elefante pisou na mesa, e as peças do jogo se espalharam.

Quando o restante da coorte nos alcançou, Percy, eu e Frank já haviam desarmado os inimigos, pego os estandartes e subido no lombo de Aníbal, reunindo-se a Hazel. Nós saímos do torreão em marcha, triunfantes, ostentando as cores do inimigo.

A Quinta Coorte formou fileiras em volta da gente. Juntos, deixamos o forte em um desfile, passando por inimigos aturdidos e filas de aliados igualmente perplexos.

Reyna voava baixo em círculos com seu pégaso acima de nós, ela me enviou uma piscadinha orgulhosa que me fez rir. Aquilo seria o assunto por semanas no acampamento, a forma como a Primeira e a Segunda Coorte foram humilhadas pelos perdedores da Quinta.

— O jogo tem um vencedor! — falou ela, e soava como se estivesse tentando conter o riso. — Reúnam-se para receber as honras!

Aos poucos, os campistas se reorganizaram no Campo de Marte. Vi vários ferimentos leves — algumas queimaduras, ossos quebrados, olhos roxos, arranhões e cortes, além de muitos penteados interessantes criados por fogo, choques e jatos dos canhões de água — mas nada que não pudesse ser remediado.

Percy e Frank foram os primeiros a descer do elefante, eu fui a próxima e para a minha surpresa, o filho de Netuno pegou minha cintura e me ajudou a chegar no chão com uma facilidade impressionante. Era a melhor noite que tive nos últimos meses, todos estavam nos cumprimentando e por momento achei que Frank ia explodir de felicidade, estava incrível, até avistar Gwen, me fazendo congelar.

— Socorro! — alguém gritou.

Dois campistas saíram correndo da fortaleza, carregando uma garota em uma maca, eles a colocaram no chão, e outras pessoas começaram a correr até eles. Mesmo à distância eu conseguia ver que era Gwen, ela parecia mal. Estava deitada de lado na maca com um pilo cravado em sua armadura — quase como se o estivesse segurando entre o tórax e o braço, mas havia sangue demais.

— Gwen..

Empurrei Percy, que ainda estava me segurando e corri na direção dela, empurrando todo mundo que estivesse no meu caminho. Reyna me agarrou antes que eu pudesse chegar em Gwen.

Os paramédicos gritaram para que todos se afastassem e a deixassem respirar. A legião inteira ficou em silêncio enquanto os curadores trabalhavam, tentando aplicar gaze e pó de chifre de unicórnio sob a armadura de Gwen para estancar a hemorragia, tentando fazê-la beber um pouco de néctar. Gwen não se mexia. Seu rosto estava cinzento.

Enfim, um dos paramédicos olhou para Reyna e sacudiu a cabeça. Os braços da pretora afrouxaram ao meu redor.

Por um momento não se ouvia ruído algum além do barulho da água dos canhões destruídos escorrendo pelas muralhas do forte. Aníbal acariciou os cabelos de Gwen com a tromba

Reyna inspecionou os campistas. A expressão em seu rosto era tão dura e sombria quanto ferro.

— Será feita uma investigação. Quem quer que tenha feito isso privou a legião de uma oficial de valor. Uma morte honrosa é uma coisa, mas isso...

Finalmente consegui me aproximar o suficiente do corpo de Gwen, me ajoelhei ao lado e imediatamente reparei em algo, a gravação na haste de madeira do pilum: CRT I LEGIO XII F. A arma pertencia à Primeira Coorte, e a ponta se projetava da frente da armadura. Gwen fora atingida por trás — possivelmente depois de o jogo ter terminado.

Olhei ao redor da multidão à procura de Octavian. O centurião assistia à cena com mais interesse que preocupação, como se estivesse examinando um de seus ursos de pelúcia idiotas eviscerados. Ele não tinha nenhum pilo nas mãos.

Aquele maldito, filho de uma...

Gwen arquejou, quase me fazendo pular pelo susto. Ela abriu os olhos e a cor voltou ao seu rosto.

— O q-que foi? — Ela piscou, confusa — O que todo mundo está olhando?

Gwen parecia não ter percebido o arpão de dois metros de comprimento enfiado em seu tórax. Ouvi um paramédico murmurar em algum ponto atrás de mim:

— Não pode ser. Ela estava morta. Ela tem que estar morta.

Ela tentou se sentar, mas não conseguiu, imediatamente coloquei o braço ao seu redor, sem me importar se ia me sujar com todo aquele sangue.

— Gwen, calma — sussurrei, tentando soar calma — Está tudo bem agora.

— Havia um rio, e um homem pedindo... uma moeda? Eu me virei e vi que a porta da saída estava aberta. Então simplesmente... saí. Não entendo. O que aconteceu?

Olhei ao redor e meus olhos encontraram os de Frank, que rapidamente veio na nossa direção, se ajoelhando ao meu lado. Todos a encaravam horrorizados e ninguém se mexia para ajudar.

— Gwen. — murmurou, lentamente — Não tente se levantar. Só fique de olhos fechados por um instante, está bem?

— Por quê? O que...

— Confie em mim.

Gwen fez o que ele pediu. Frank segurou o cabo do pilo logo abaixo da ponta, mas suas mãos tremiam. A madeira estava escorregadia.

— Hazel, Percy! — chamei, enquanto me arrumava para segurar o corpo de Gwen.

Um dos paramédicos se deu conta do que a gente pretendia fazer.

— Não! — gritou. — Você pode...

— O quê? — vociferou Hazel. — Piorar as coisas?

Frank respirou fundo.

— Segurem bem firme. Um, dois, três!

Ele retirou o pilo pela frente. Gwen nem fez careta. O sangue estancou rapidamente. Hazel abaixou-se para examinar o ferimento.

— Está cicatrizando sozinho — ela falou. — Não sei como, mas...

— Estou me sentindo ótima — protestou Gwen. — Por que todo mundo está tão preocupado? Avy... Você está chorando?

Com o auxílio de Frank e de Percy, ela se pôs de pé. Eu nem tinha me dado conta das lágrimas escorrendo pelo meu rosto, forcei um sorriso para a garota e peguei sua mão, a apertando.

Gwen tinha cuidado de mim quando cheguei no acampamento, ela foi a pessoa que me deu todas as conversas que uma garota precisava. Era como a irmã mais velha de toda a Quinta Coorte, sempre cuidando de todos nós, puxando nossas orelhas quando necessário.

— Gwen — disse Hazel, delicadamente —, não existe um jeito fácil de dizer isto. Você estava morta. De alguma forma, você voltou.

— Eu... o quê? — Ela cambaleou e se apoiou em Frank. Sua mão comprimiu o buraco irregular na armadura. — Como... como?

— Boa pergunta. — Reyna virou-se para Nico, que assistia a tudo com uma expressão sombria na margem da aglomeração. — Este é algum poder de Plutão?

Nico fez que não com a cabeça.

— Plutão nunca permite que os mortos voltem à vida.

Uma voz estrondosa fez-se ouvir pelo campo: A Morte está perdendo sua força. Isso é apenas o começo.

Os campistas sacaram as armas. Aníbal bramiu, nervoso. Cipião empinou-se, quase derrubando Reyna que estava ao lado dele.

— Eu conheço essa voz — disse Percy. Ele não parecia muito feliz.

Do meio da legião uma coluna de fogo disparou para o céu. Os campistas encharcados pelos canhões perceberam que a água de suas roupas evaporara instantaneamente. Todos recuaram quando um soldado enorme surgiu do meio da explosão.

O soldado tinha três metros de altura e usava um uniforme das Forças Canadenses para camuflagem no deserto. Ele irradiava confiança e poder. Os cabelos negros tinham um corte reto, como o de Frank. Seu rosto era anguloso e cruel, marcado por antigas cicatrizes de ferimentos a faca. Os olhos estavam escondidos por trás de óculos de visão infravermelha que brilhavam por dentro. Usava um cinto com uma arma no coldre, uma bainha de faca e várias granadas. Em suas mãos um fuzil M16 gigantesco.

Tropecei para trás, mas alguém me agarrou. Olhei para trás, percebendo que tinha sido Percy.

Frank deu três passos e se ajoelhou, o resto do acampamento seguiu o exemplo, até mesmo a pretora se ajoelhou.

— Muito bem — disse o soldado. — Ajoelhar é bom. Faz muito tempo que não visito o Acampamento Júpiter.

Percebi que uma única pessoa não tinha se ajoelhado. Percy Jackson, com a espada ainda em punho, lançava um olhar furioso ao soldado gigante.

— Você é Ares — disse Percy. — O que quer?

Duzentos campistas mais um elefante tiveram um sobressalto ao mesmo tempo. O deus mostrou dentes brilhantes de tão brancos.

— Você tem fibra, semideus — disse. — Ares é minha forma grega. Mas para estes seguidores, para os filhos de Roma, sou Marte, patrono do império, pai divino de Rômulo e Remo.

— Nós já nos conhecemos — falou Percy. — Nós... nós lutamos...

O deus coçou o queixo, como se tentasse se lembrar.

— Eu luto com muitas pessoas. Mas posso garantir que você nunca me enfrentou como Marte. Se tivesse lutado, você estaria morto. Agora, ajoelhe-se, como convém a um filho de Roma, antes que eu perca a paciência.

O chão ferveu sob um círculo de fogo ao redor dos pés de Marte.

— Percy — chamou Frank. — Por favor.

Estava evidente que Percy não gostava daquilo, eu agarrei seu braço e o puxei para baixo, fazendo com que ele se ajoelhasse.

Marte olhou para a multidão.

— Romanos, prestem atenção!

Ele riu, uma risada estrondosa.

— Sempre quis dizer essa frase. Venho do Olimpo com um recado. Júpiter não gosta que falemos diretamente com mortais, ainda mais nos dias de hoje, mas abriu uma exceção, porque vocês romanos sempre foram um povo especial para mim. Só me foi permitido falar por alguns minutos, então ouçam com atenção.

Ele apontou para Gwen.

— Essa aí deveria estar morta, mas não está. Os monstros que vocês combatem não voltam mais ao Tártaro quando são abatidos. Alguns humanos que morreram há muito tempo caminham de novo pela Terra.

O mais louco daquela situação foi que por um momento, tive a impressão que ele lançou um olhar irritado para Nico.

— Tânatos foi acorrentado — anunciou Marte. — As Portas da Morte foram arrombadas, e não há ninguém tomando conta... pelo menos não imparcialmente. Gaia permite que nossos inimigos invadam o mundo dos mortais. Os gigantes, filhos dela, estão reunindo exércitos para enfrentar vocês, exércitos que vocês não conseguirão matar. A menos que a Morte seja desencadeada e volte a exercer suas funções, vocês serão derrotados. É preciso encontrar Tânatos e libertá-lo dos gigantes. Apenas ele pode reverter esse cenário.

Marte olhou em volta e viu que todos ainda estavam de joelhos, em silêncio.

— Ah, vocês já podem ficar de pé. Alguma pergunta?

Reyna levantou-se, apreensiva. Aproximou-se do deus, seguida por Octavian, que fazia reverências exageradas como um excelente bajulador.

— Lorde Marte — disse Reyna — estamos honrados.

Mais que honrados — continuou Octavian. — Muito além de honrados...

Revirei os olhos, ainda sentindo a fúria fervilhar dentro de mim, aquele loiro maldito tinha traído Gwen, ele tinha sido responsável pela quase morte dela.

— E então? — interrompeu Marte.

— Bem — disse Reyna. — Tânatos é o deus da morte, lugar-tenente de Plutão?

— Certo — respondeu o deus.

Olhei de um lado para o outro como se estivesse acompanhando uma partida de ping pong.

— E você está dizendo que ele foi capturado por gigantes.

— Certo.

— E com isso as pessoas vão parar de morrer?

— Não todas ao mesmo tempo — respondeu Marte. — Mas as barreiras entre a vida e a morte continuarão enfraquecendo. Os que sabem como tirar proveito disso vão explorar a situação. Já está mais difícil liquidar os monstros. Em breve será completamente impossível matá-los. Alguns semideuses também conseguirão achar o caminho de volta do Mundo Inferior... como seu amigo, a centuriã Shish Kebab.

— A centuriã Shish Kebab? — repetiu Gwen, fazendo uma careta.

— Se nada for feito — continuou Marte — até para os mortais será impossível morrer. Dá para imaginar um mundo em que ninguém morre... nunca?

Octavian levantou a mão.

— Mas, ah, Lorde Marte todo-poderoso, se não pudéssemos morrer, isso não seria bom? Se conseguíssemos viver eternamente...

— Não seja tolo, garoto! — retumbou Marte. — Carnificinas infindáveis sem desenlace? Massacres sem propósito? Inimigos que se põem de pé repetidas vezes e que não podem ser aniquilados nunca? É isso o que você quer?

— Você é o deus da guerra — manifestou-se Percy. — Não quer massacres sem fim?

O brilho nos óculos de visão infravermelha de Marte aumentou de intensidade

— Insolente, hein? Talvez eu tenha lutado com você mesmo. Posso entender por que sentiria vontade de matá-lo. Sou o deus de Roma, criança. Sou o deus do poderio militar utilizado em causas justas. Protejo as legiões. Fico feliz em esmagar inimigos sob meus pés, mas não luto sem motivo. Não desejo guerras sem fim. Você descobrirá isso. Você servirá a mim.

— Pouco provável — rebateu Percy.

Achei que Marte destruiria o garoto, mas o deus apenas abriu um sorriso, como se os dois fossem velhos amigos e estivessem apenas implicando um com o outro.

— Ordeno uma missão! — anunciou o deus. — Vocês seguirão para o norte e procurarão Tânatos nas terras que ficam além do alcance dos deuses. Vocês o libertarão e frustrarão os planos dos gigantes. Tenham cuidado com Gaia! Tenham cuidado com o filho dela, o gigante mais velho

Ao lado de Frank, Hazel disse com a voz esganiçada:

— As terras que ficam além do alcance dos deuses?

Marte a encarou, segurando com mais força o M16.

— Isso mesmo, Hazel Levesque. Você sabe do que estou falando. Todo mundo aqui se lembra das terras onde a legião perdeu a honra! Talvez, se a missão for bem-sucedida, e se vocês voltarem antes do Festival de Fortuna... Talvez então sua honra seja restaurada. Se fracassarem, não haverá acampamento para o qual retornar. Roma será derrotada, e seu legado se perderá para sempre. Por isso, meu conselho é: não falhem.

Octavian conseguiu de alguma forma fazer uma reverência ainda mais curvada.

— Hum, Lorde Marte, só uma coisinha. Missões requerem uma profecia, um poema místico que nos guie! Costumávamos obtê-las nos livros sibilinos, mas agora é o áugure quem precisa sondar a vontade dos deuses. Assim, se eu puder me ausentar rapidamente para buscar uns setenta bichos de pelúcia e talvez uma faca...

— Você é o áugure? — interrompeu o deus.

— S-sim, meu senhor.

Marte puxou um rolo de pergaminho do cinto.

— Alguém aí tem uma caneta?

Os legionários ficaram olhando para ele. Marte suspirou.

— Duzentos romanos e ninguém tem uma caneta? Deixem para lá.

Ele jogou o M16 nas costas e pegou uma granada. Vários romanos gritaram. Então a granada se transformou em uma caneta esferográfica, e Marte começou a escrever.

De olhos arregalados, Frank virou-se para Percy e perguntou, movendo os lábios sem produzir som: Sua espada consegue virar uma granada?

Percy respondeu, também sem emitir som algum: Não. Cale a boca.

Revirei os olhos com aqueles dois.

— Pronto! — Marte acabou de escrever e jogou o pergaminho para Octavian. — Uma profecia. Você pode incluí-la em seus livros, escrevê-la no chão, tanto faz.

Octavian leu:

— Aqui diz: "Sigam até o Alasca. Encontrem Tânatos e o libertem. Voltem até o pôr do sol do dia vinte e quatro de junho ou morram."

— Isso — confirmou Marte. — Não está clara o suficiente?

— Bem, meu senhor... Normalmente as profecias são pouco claras. Repletas de enigmas. Elas rimam e...

Marte tirou outra granada do cinto, como quem não quer nada.

— Sim?

— A profecia está clara! — anunciou Octavian. — Uma missão!

— Boa resposta. — Marte deu uma batidinha com a granada no queixo. — E, agora, o que mais? Tinha mais uma coisa... Ah, sim.

Virou-se para Frank.

— Chegue aqui, garoto.

Frank arregalou os olhos e deu um passo na direção do deus. Marte abriu um sorriso.

— Bom trabalho no assalto àquela muralha, garoto. Quem foi o juiz do jogo?

Reyna levantou a mão.

— Você viu o lance, juíza? — perguntou Marte. — Aquele era meu garoto. O primeiro a transpor a muralha, ganhou o jogo para o time dele. Só não vê que aquela foi uma jogada de mestre quem é cego. Você não é cega, certo?

Parecia que Reyna tentava engolir um rato.

— Não, Lorde Marte.

— Então não se esqueça de lhe dar a Coroa Mural — exigiu o deus. — Meu garoto, aqui! — gritou ele para a legião, caso alguém não tivesse escutado — Filho de Emily Zhang — continuou Marte. — Ela foi um bom soldado. Uma boa mulher. Este garoto Frank mostrou seu valor hoje. Feliz aniversário atrasado, garoto. É hora de você ganhar uma arma digna de um homem de verdade.

Ele lançou o M16 para Frank. A arma mudou em pleno ar, ficando menor e mais fina. Quando o garoto a segurou, ela havia virado uma lança. A vara era feita de ouro imperial e tinha uma ponta estranha que parecia um osso branco cintilando com um brilho fantasmagórico.

— A ponta é um dente de dragão — disse Marte. — Você ainda não aprendeu a usar as habilidades de sua mãe, não é? Bem... essa lança vai lhe dar uma folga até você aprender. Ela tem três cargas, então use-a com sabedoria.

Frank fez uma careta, mas Marte agiu como se o assunto estivesse encerrado.

— Bem, o meu garoto Frank Zhang aqui vai liderar a missão para libertar Tânatos, a menos que alguém se oponha.

Obviamente, ninguém abriu a boca. Mas muitos dos campistas encararam Frank com inveja, ciúme, raiva, ressentimento, particularmente eu me encontrava chocada, nunca imaginei que ele fosse filho de Marte.

— Você pode levar três companheiros — informou Marte. — Essas são as regras. Um deles tem que ser esse aí.

E apontou para Percy.

— Ele vai aprender a respeitar Marte nessa viagem ou vai morrer tentando. Quanto ao segundo, tem que ser a loirinha ali — ele apontou para mim — Juno determinou que sua campeã tinha que ir. Já o terceiro, não estou nem aí. Escolha quem quiser. Faça um daqueles debates no Senado. Vocês são ótimos nisso.

A imagem do deus tremulou. Relâmpagos cruzaram o céu.

— É minha deixa — disse Marte. — Até a próxima, romanos. Não me decepcionem!

O deus irrompeu em chamas e, em seguida, desapareceu. Reyna virou-se para Frank. A expressão em seu rosto era metade espanto, metade mal-estar, como se tivesse finalmente conseguido engolir aquele rato. Ela levantou o braço em uma saudação romana.

Ave, Frank Zhang, filho de Marte.

A legião inteira imitou o gesto.

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