•Fazer uma música é complicado.•
Maya on
Estava perto do horário de almoço e eu nunca tinha escrito e discutido tanto assim sobre uma música em toda a minha vida. Eu e o Bang Chan, que me pediu que o chamasse de Chris, ficamos um bom tempo ajustando, modificando e reformulando a letra.
Agora que tínhamos o conceito principal, bastava alterar a melodia, os sentimentos que ela trazia e a ideia de um possível M/V para melhor.
Como escolhemos o fator "sexy" Chris tratou de deixar, de certo modo, mais envolvente a batida da música e eu pensava em uma possível mudança para o refrão.
- Como está indo aí? - Me indagou, ainda mexendo no computador atentamente.
- Acho que bem, sou suspeita para falar sobre algo assim. Não tenho tanta prática e talento quanto você... - Soltei um riso fraco e continuei ajustando a letra.
Escrevia e apagava, escrevia e apagava. Estava se tornando um ciclo vicioso, que caso eu não achasse uma solução iria permanecer para sempre.
- Ah, não fala assim. Se o JYP te mandou aqui, tem algum motivo... - Se afastou do computador para se virar para mim. Sorri em forma de agradecimento e ele também.
Sim, eu espero que realmente tenha um bom motivo. Não estou tendo muita fé em mim mesma fazendo isso.
Fico pensativa de se isso tudo não seria apenas um teste para que depois ele diga que eu devo escolher realmente uma coisa para me concentrar ou não conseguirei prosseguir em nada. Bom, eu achei uma boa ideia tentar continuar assim e tomar essa decisão um tanto repentina que surgiu na minha mente. Dizem que as melhores escolhas são as que você não espera e eu até gosto disso, talvez como um possível lema.
- Hum... Só falta um toque final, mas não consigo pensar no que fazer... - Bati a ponta do lápis na escrivaninha em que eu estava sentada.
- Relaxa, você vai pensar... As vezes a resposta aparece ao longo do dia... Aliás, a minha resposta de agora seria comer, está quase na hora de almoço. - Brincou e rimos do que disse. É, eu também estava com um pouco de fome. Usar tanto a mente consome energia.
- Verdade, tenho que recompor as energias e quem sabe encontro a resposta que preciso? - Apertei os lábios e ele assentiu.
Quem sabe?
(...)
Eu precisava acelerar o meu passo ou chegaria em cima da hora como mais cedo. Fiquei aquele tempo todo no estúdio de Chris trabalhando na música e me esqueci que tenho outra responsabilidade também. Com mais pressa que as pessoas ao meu redor, eu chego na saída do prédio e logo me deparo com cinco deles me esperando. Ao menos eu não era a única que estava atrasada. Na realidade, eu não tinha me atrasado, pois ainda faltavam uns quinze minutos para realmente ser o horário de almoço.
- É, você se safou dessa... - Com alguns risos baixos, Jinyoung me garantiu. Vinquei a testa concordando e suspirando, enquanto buscava pelo meu celular na bolsa.
- Qual vai ser a boa de hoje? - Jackson questionou, mas como eu estava de cabeça baixa ainda atrás do meu aparelho telefônico não prestei muita atenção.
- Jaebeom hyung disse que não iríamos demorar muito, visto que não terminamos de discutir sobre o conceito que escolheríamos para o próximo comeback. - O rapaz de fios castanhos e vestido com sua blusa branca e sobretudo de estampa xadrez pronunciou.
- Sim, Youngjae está certo, ainda faltam algumas coisas para se conversar... - Assim que finalmente levantei os olhos, Park cruzou os braços e concluiu a sua fala.
- Ah, havia me esquecido disso... - Com seu boné preto e blusa de laterais abertas, Jackson assentiu.
- Aliás, nós demoramos um bom tempo conversando sobre isso. - Bambam entrou no diálogo, passando a mão nos cabelos avermelhados e por poucos segundos olhando para mim.
- Sim, quase a manhã inteira. - Yugyeom concluiu, num tom de voz interessante.
- Só não demoramos tanto quanto a noona, é isso o que querem dizer? - Youngjae exclamou após colocar as mãos nos bolsos e eu vinquei a testa.
- O quê? - Indago, com um sorriso pequeno e confuso no rosto.
- É que você tinha dito que iria apenas ter uma "conversa" com a "chefia" e de repente não apareceu mais. - Estendeu o lábio inferior depois de falar e eu semicerrei os olhos.
Como eu exatamente explicaria o acordo que eu fiz?
Não queria mentir, e nem devia já que não tinha nada demais. Mas de que maneira dizer que estou trabalhando numa música em conjunto com um outro Idol?
- Ah, é que... Eu estive ocupada trabalhando em... hum... -Busquei pela melhor palavra e cada segundo que passava, pareciam me olhar mais atentos. - Um projeto secundário... - Secundário? Que coisa mais idiota. Como assim?
- Sério? E... vai continuar com a gente? - Yugyeom perguntava como quem não quisesse nada. Sem motivo algum, murmurei um riso nasalado.
- Vou sim, mas vou trabalhar nesse projeto também. - Continuei com essa terrível ideia de omitir informações. Mas... Não tem problema, eu não estou mentindo, só omitindo.
Que é a mesma coisa! Droga, não tem jeito!
Puxa vida, minha mente não me ajuda! Tá, eu já falei e não tem volta. Em outra oportunidade eu explico melhor a eles...
- Ao mesmo tempo? - Bambam questionou a mim, com o sobrecenho franzido. - Você é multitarefa mesmo... - Ele ria bem baixinho e segurava o queixo com a mão direita.
- É das minhas... - Jackson apontou para mim com um sorriso ladino, balançando a cabeça e eu assenti.
- Bom, eu acho que não podemos deixar as oportunidades passarem... - Repentinamente falei isso e todos voltaram os olhos para o outro lado, visto que se aproximavam aqueles que estavam faltando.
Andavam mais tranquilamente, Mark e Jaebeom, se achegando a nós. O mais velho acenava e o outro mantinha os olhos no celular, nem levantava o rosto.
- Demoramos? - Tuan indagou a todos e antes que disséssemos algo, Bambam se manifestou.
- Não, imagina... - Debochou e Mark o olhou inclinou a cabeça, estalando a língua.
- Ah, é mesmo? Então, me desculpe, cabelo de ketchup... - O moreno passou por nós e foi em direção a van que os esperava.
- Aí! - O avermelhado resmungou.
- Cabelo de ketchup, essa foi boa... - Yugyeom disse baixinho, me olhando e também ri com ele.
- Deixem de confusão, tudo isso é fome. Vamos, vamos! - Jaebeom finalmente exclamou algo, fazendo um sinal para que entrassem no carro.
(...)
Ao chegarmos no local onde iríamos almoçar, os "esfomeados" foram logo atrás dos pratos e eu apenas esperei a poeira baixar.
Me sentei numa mesa separada, junto com o motorista da van, e bebericava uma lata de energético, após comer um pouco. Andava meio pensativa sobre a música e o refrão, visto que precisava mudá-lo sem o estragar.
Bufei, decepcionada comigo mesma. Não tinha ideia alguma do que fazer.
Estou até agora esperando a resposta chegar.
O motorista se levantou e disse que buscaria algo no carro, então fiquei sozinha olhando para algum ponto aleatório.
- Eu sou uma porcaria... - Sussurrei num desabafo, apoiando o queixo nas mãos.
- E por que você seria uma porcaria? - Me assustei com a voz repentina de Jaebeom. Ele me olhava com uma das sobrancelhas levantadas e inclinando a cabeça.
- Uh... - Minha voz por alguns segundos falhou e eu rapidamente consertei a coluna. - Não é nada, eu só... - Limpei a garganta, percebendo que ele ainda mantinha os olhos em mim. - É complicado... - Apertei os lábios.
- Posso me sentar aqui? - Ele apontou para a cadeira vazia na minha frente. Eu balancei a cabeça concordando e assim ele fez. - Bom, se quiser, pode tentar me explicar... - Apoiou as mãos na mesa e parecia transparecer um olhar compreensível.
Sem entender, me senti bem em contar o que eu estava pensando.
- É que eu estou trabalhando numa música. Na realidade, eu tinha duas opções: Ou deixar esse emprego, ou tentar ficar com esses dois trabalhos. E eu decidi tentar manter essas duas "coisas". Fui designada pra auxiliar em um... Projeto, que seria a produção de uma melodia com um teor meio romântico. E agora eu não sei o que fazer pois o refrão está incompleto e não faço a menor ideia do motivo de ter contado isso a você. - Soltei, não da melhor forma já que não sou essas maravilhas todas com palavras, mas fiz.
Quase como um trem desenfreado, pronunciei tantas palavras de uma vez que só depois percebi o quanto eu fui tagarela.
Por que eu falei tudo isso a ele? Que droga!
Ele demorou um pouco para responder, talvez não acreditasse, e provavelmente tentava encontrar a linha de raciocínio do que eu falei.
Espero não ter parecido uma louca ou desesperada para desabafar. Não é exatamente isso, eu só senti que não havia problemas em falar com ele.
E não sei o porquê disso.
- Sendo bem sincero com você, te entendo. As vezes nos cercamos de diversas situações, escolhas e responsabilidades, ficando sem saber o que fazer. Mas não tem problema algum, qualquer um tem o direito de se sentir assim... - Como num suspiro de alívio, notei como todas as hipóteses que fiz sobre a resposta que ele me daria desapareceram.
Suas palavras ressoaram de maneira tão amigável, que parei de pensar tanto no lado ruim.
Todos podem se sentir assim.
- E também, se não achar ruim, posso te ajudar nesse "projeto" e na "melodia". Não vou me intrometer, apenas dar aquela "luz" que você está precisando. Só que, claro, se você quiser... - Ele juntou as mãos e eu fiquei em silêncio por alguns segundos.
Tá, o que aconteceu agora?
Simples assim? Não tem problema algum? Você pode me ajudar? Certo, eu fiz algo de errado?
- Espera, o quê? - Exclamei e percebi como ele riu de leve. - Fala sério? - Completei e ele assentiu. - Tá... e é simples assim? - Cruzei os braços espontaneamente, franzindo as sobrancelhas.
- Sim, eu sei como é ter um bloqueio mental. Posso te ajudar nessas horas, talvez algumas dicas, conselhos... Você decide. - Terminou de falar e...
Bom, seria essa a resposta, Chris?
- A-Ah, claro... Obrigada. - Um tanto sem graça pelo quanto caótico aquilo me parecia, disse.
- Disponha, Maya. Boa sorte entrando no mundo musical... - Sorriu e se levantou.
Se eu queria uma "luz", consegui mais que isso.
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