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Capítulo VIII - Peças no Tabuleiro

O movimento da Rainha Negra

J-Hope não chegou ao Egito.

Na verdade, ele nem chegou a deixar o MGM Grand Las Vegas, porque, assim que se virou para dar o primeiro passo, Suga lhe deu um pescoção, agarrou-o pelas golas da camisa e do casado e o arrastou consigo para o interior do prédio mesmo sob veemente protesto do amigo e do Hagar da Esperança e da Alegria.

— Você não vai nem até a esquina sozinho depois do que aconteceu aqui, Hoseok-ah — disse Suga enquanto o puxava pelas escadas. — E pare de cacarejar e se debater que nem uma galinha querendo fugir do abate, que não vou te soltar!

Asha-Maiura deveria obedecer às ordens de seu general — Berat-Enira mandava que o soltasse com todas as letras —, mas se absteve dessa obrigação ao se deixar enredar pela grande determinação irritadiça de seu hospedeiro e lavou suas mãos. Concordava com o ponto de vista de Suga acerca dos atos do Senhor dos Hagar, e estava mais do que contente por um deles dois ter como fazer algo a respeito. Poder ser superado pela vasta gama de sentimentos dele e ter o controle do corpo retirado de suas mãos podia ser deveras conveniente de vez em quando...

O café que Jin pediu ainda deve ser digerível, Suga pensou, ao entrarem no andar de seus quartos, e arrastou J-Hope até o que dividia com o hyung da BTS.

— Me larga, Suga! Tem gente morrendo! — esperneava Hobi, chamando a atenção de vários hóspedes do hotel que, felizmente, não entendiam nadica de nada de coreano. — Eu tenho que ir!

— Não enche o saco e entra aí — resmungou Yoongi, abrindo a porta do quarto, pondo o outro para dentro com uma pesada na bunda (porque Hobi resistia, agarrando-se às laterais da porta) e olhando de cara feia para as pessoas que tinham vindo bisbilhotar o que ocorria (por sorte, havia se recordado de fazer as chamas em seus olhos regredirem antes de adentrar a área de convivência do hotel). — Vocês não têm nada melhor para fazer, não? Ah? — Apesar de seu inglês não ser dos melhores, todos entenderam bem o recado e começaram a circular, não sem reclamações. — Bando de fofoqueiros... — Hobi tentava fugir pela sacada. — Eu não faria isso se fosse você — aconselhou, fechando a porta. Por sorte, Hoseok lhe deu ouvidos antes de pegar no puxador da porta da sacada, que incandescia e pelava de tão quente. — Viu? Eu falei...

— Ah, qual é?! Por que está fazendo isso, Suga?!

— Porque eu me preocupo com você, mesmo detestando ter dor de cabeça — alegou, colocando os jasmins e o caderno de letras sobre a mesinha de centro e apanhou o celular do bolso, já digitando uma mensagem. — Tenho certeza que você nem comeu ainda.

— E pelo visto nem você — rebateu J-Hope, fitando o carrinho com o café da manhã claramente intocado.

— Faça o que eu digo, mas não o que eu faço. Sirva-se.

— Aish... — J-Hope se sentou no sofá, emburrado, e destampou uma das travessas sem muito interesse. Um aroma delicioso subiu da comida, fazendo seu estômago roncar de imediato. Engoliu em seco, destampando as demais travessas, muito tentado, e dirigiu uma quase súplica a Hagar'miresa. Talvez uma boquinha rápida não faça mal a ninguém, né? Né?

Golpe baixo... Isso foi golpe baixo e dos mais desfaçados, retrucou Berat-Enira, igualmente oprimido por aqueles manjares desconhecidos. Que Sua Excelência nos perdoe... Vamos comer, Hoseok!

Bateram à porta, Suga foi atender (Smile Hoya já enchia a boca). Era V, atraído pelo pouco dos gritos de Hobi que o haviam alcançado no closet.

— Quem está morrendo? — indagou ele, espiando por cima dos ombros do hyung com seus olhões curiosos.

— O pouco juízo de J-Hope — disse Suga, satisfeito com a aparição espontânea de Mongtae, porque não teria mais de se dar ao trabalho de chamá-lo. — Entra.

Dez minutos se passaram.

RM e Jin haviam visto a mensagem de Suga e vieram se juntar a eles, trazendo algumas guloseimas do restaurante do hotel para enriquecer o cardápio (Jungkook havia respondido que já estava até a testa com aquela história de espíritos e que não contassem com ele, e Jimin não dera nem resposta; Hobi relatou que ele não estava no quarto quando tinha saído para o terraço, e ninguém fazia ideia de onde ele tinha se enfiado). Graças às habilidades de Qenía-Araso, já tinham o endereço da família das almas dos pequenos jasmins e bolavam a melhor estratégia para devolvê-los ao lar e com a certeza de que não acabariam negligenciados.

Nesse meio tempo, V emprestou seu corpo a Khro-Yehath para que ele desse um jeito nas testemunhas das intervenções do Senhor dos Hagar (calma, nas memórias delas), e agora ambos se assentavam num dos sofás, um olho de breu e um normal, compartilhando sua terceira porção merecida de pudim e conversando à beça. Foi bem estranho para os outros no começo, porque parecia que V estava falando sozinho, lelé lelé, mas acabaram se acostumando.

— Ah... estou satisfeito — J-Hope suspirou após limpar os lábios com um guardanapo. — A gente pode ir andando, Yoongi-yah?

Jin se encolheu, e Rapmon sugeriu rapidamente:

— Não seria melhor a gente ir atrás dos Fragmentos de Ak'Mainor primeiro? Com Akisha sin-nim ao nosso lado, não só vamos poder salvar as pessoas que estão em risco, como as que já foram infectadas por Edoras.

— E deixar mais gente ser transformada em Filhos de Larhen? Namjoon-ah, mesmo que possamos reverter a infecção depois, não podemos fechar os olhos para o sofrimento deles. É desumano!

— E o que você pensa em fazer com os Edoras'sedoni? — J-Hope não respondeu à pergunta de Leader Mon, pois se deu conta de que não sabia o que fariam. O Senhor dos Hagar não havia lhe dito. RM continuou depois de dar uma breve espiada na expressão arredia de Jin. — Não pretende sacrificá-los, não é?

— Sacrificar? Claro que não! Credo!!! — Hobi bradou e questionou a Ak'houan-a-rae em seguida, terrificado pela ideia. Não vamos sacrificar ninguém, certo, Berat-Enira-nim? Sentiu a presença do Hagar cálida em seu peito, apaziguadora, e seus olhos voltaram a assumir aquele aspecto amarelo-ambarino translúcido. A resposta dele veio através de seus lábios, para que os demais também pudessem ouvi-la. — Não se preocupe, Kim Namjoon. Aquelas Crianças podem ter sido convertidas em Filhas de Larhen, mas permanecem vivas, e enquanto houver vida, há esperança. Irei selar o perímetro em que se encontram até que possamos reverter seu triste quadro.

— Mas a área deve ser imensa! — Jin se manifestou, espantado, e continuou em seu íntimo. E ontem aquelas pessoas estarem vivas não contou, mesmo eu tendo implorado para acharmos uma maneira de poupá-las...

Ontem Berat estava incapacitado, Seokjin, argumentou Qenía-Araso, condoído do sofrimento de seu hospedeiro e fustigado pelo seu próprio. Por favor, não comente nada disso com nosso senhor... O fardo dele já é grande demais para que tenha que lidar também com o peso das nossas decisões.

Não se preocupe, Araso seonsaeng-nim, não quero mal a ele, muito menos a Hoseok-ssi... Vou ficar quieto.

— Não será problema — disse Hagar'miresa, dando um sorriso suave a Princess Jin, alheio às preocupações que rondavam a mente dele, e J-Hope se voltou para Suga. — Yoongi-yah, e Jimin-ah?

— Quatro mensagens e duas ligações ignoradas. Eu não contaria com a ajuda dele.

— Então, quanto antes partirmos, melhor.

— Iremos acompanhá-los, Berat — En-Ephir se prontificou. — Viajaremos mais velozmente com meus ventos.

Assim logo retornaremos, e Berat vai poder se concentrar na busca pelos Fragmentos. Quando ele os encontrar, você não terá mais que temer pela vida das pessoas. RM dedicou seus pensamentos a Jin, sua mão recaindo sobre a que o amigo repousava no sofá e a apertando de leve. Pink Princess corou, anuindo com um sutil movimento de cabeça.

— Agradeço por isso. — Berat se virou para Jin. — Qenía, Kim Seokjin, posso deixar o destino dos jasmins ao seu encargo?

— Perfeitamente, meu general — respondeu o Hagar de Amor.

— E a gente? — perguntou V, ou Khro-Yehath (não dava para saber com aquele olhar meio a meio), mostrando que prestava atenção no assunto em pausa, apesar de sua conversa/seu monólogo paralela(o).

— Alguém tem que ficar tomando conta de Zaku-Zaoh e Jeon Jungkook — ponderou o comandante dos Hagar de Akasha —, para evitar que se matem ou sejam mortos pelos Shoa.

— Zaku não desobedeceria às ordens de Berat, Asha — protestou o comandante dos Hagar de Akisha.

— Claro que não, mas nada garante que ele não vá encontrar um modo de burlá-las. Não seria a primeira vez... — Suga abriu um sorriso maroto para V. — Meus parabéns, Taehyung-ah. Você vai ficar de babá do maknae.

V fez uma careta, com direito a bochechas infladas e biquinho birrento/desanimado, e J-Hope apanhou um biscoito amanteigado num dos pratos na mesa e o estendeu para Taetae (uma bandeira doce da paz ou um suborno crocante), que aceitou o biscoito e começou a roê-lo.

*     *     *

O movimento do Rei Branco

Natasha acordou suando frio.

Havia tido um pesadelo. Nele, todos os seus guardiões eram brutalmente assassinados bem diante de seus olhos sem que pudesse fazer nada para impedir. Nada. Os Ak'hagar eram poderosos demais, ainda mais quando unidos aos Fragmentos do Senhor do Caos, enquanto ela não era nada com a maior parte de seu poder selada no coração envenenado de Yggdrasil. Nada, não podia fazer nada para salvá-los, nada...

Ainda bem que foi só um pesadelo... Pensou a garota, aliviada, e quase que de imediato sentiu um forte aperto no peito. Não soube como, mas teve a nítida certeza de que aquilo era um sinal advindo do poder ancestral que a habitava. Nada, nada estava bem. Não podia ser ingênua ao ponto de achar isso. Mordeu o lábio inferior, encarando as mãos agarrando o lençol sobre as pernas e se recordou das palavras gentis de Kris. Ele havia pedido que deixasse tudo nas mãos dele, que os guerreiros de Ak'Mainor-Menora iriam pagar por seus atos vis. Ele havia dito. O aperto em seu peito voltou, mais forte do que antes, e seus olhos cresceram. Saiu dentre as cobertas e desceu da cama, já correndo para a porta sem se dar ao trabalho de pôr algum calçado.

Costumava haver um bocado de serviçais transitando pelos corredores da casa a essa hora da manhã, entretanto nesse dia estava tudo quieto e deserto. Isso se dava porque Kris havia dispensado a todos logo que chegara, para evitar que os Ak'hagar os usassem contra o Portal — mesmo que fossem boas pessoas, como Natasha supunha, como Frutos do Ódio que eram, se os emissários de Menora lhe dessem uma ordem, até mesmo para matar um ente querido, eles não teriam escolha a não ser acatá-la. Os Lirthua'shoa, seus guardiões, não eram suscetíveis a esse controle, por isso apenas eles a serviriam dali por diante.

Apesar disso, Natasha não encontrou nenhum deles no caminho para o quarto que designara para Kris. Tudo estava silencioso demais, só o som da própria respiração enchia seus ouvidos, até ela se aproximar do quarto. Uma réstia de luz escapava pela porta entreaberta, e com ela uma porção de ruídos. Com um susto, a menina percebeu que se tratavam de gemidos de dor. Ela ia abrir a porta quando a voz de Suho, enfraquecida e também advinda de dentro do recinto, a alcançou:

— Quanto tempo ainda vai demorar, Evanih?

— Isso não é como regredir um ferimento normal, Rune'miresa. A marca das trevas é persistente, e Khro-Yehath a fincou bastante fundo na carne de Ie. Queria neutralizá-lo e conseguiu. Ele não poderá agir enquanto não tivermos nos livrado dela por completo.

— Rine não vai aguentar muito mais...

— Estou fazendo o melhor que posso nas dadas circunstâncias.

Nada, nada estava bem. Absolutamente. É tudo culpa minha. Se eles não tivessem vindo para me proteger, não teriam de passar por esses infortúnios... Se eu não tivesse dito a Kris que queria que os Ak'hagar pagassem pelo que fizeram, ele não estaria entre a vida e a morte agora... Embora nunca tenha havido tão poucas pessoas naquela casa como agora, essa era a primeira vez que Natasha não se sentia sozinha ali dentro. Era a primeira vez que alguém no interior daquelas paredes estava olhando para ela de verdade, alguém por quem almejara desesperada e inconscientemente ser vista. Enfim, esse sonho era seu, e, em menos de doze horas, os servos de Ak'Mainor quase haviam estragado tudo duas vezes. Duas! Sim, a culpa é deles e da ambição sem limite de Menora, não minha. Nosso encontro estava predestinado. Deve haver algo... Algo que eu possa fazer para ajudá-lo. Ela ouviu mais um gemido esganiçado devido à tentativa falha de contê-lo. Eu sou o Restaurador da Ordem, aquele que criou esse universo, sou capaz de salvar uma vida! Sou capaz, tenho que ser capaz! Natasha levou a mão a maçaneta, e, antes que a pegasse, a porta foi aberta. Era Luhan.

— Senhorita Natasha, o que faz aqui? — perguntou ele, com as sobrancelhas franzidas. Nem a nota de nervosismo na voz dele nem o fato dele estar usando o próprio corpo para esconder o interior do quarto escaparam à garota. — Devia estar repousando.

— Kris mandou você ficar comigo, Luhan, mas você não ficou.

— Tive de cumprir outra obrigação, mas estava prestes a retornar para junto da senhorita — ele se justificou, se adiantando um passo e fechando a porta trás de si. — Permita-me acompanhá-la de volta ao seu quarto.

— Não estou com sono. Kris... Quero ver o Kris.

— Ele está indisponível no momento, senhorita. — Natasha tentou passar por ele, mas foi detida. — Por favor, senhorita. Meu senhor não quer que o veja nesse estado...

— Então, manterei meus olhos cerrados. Leve-me até ele. — Como ele não se moveu, a garota argumentou — Por favor, Luhan, no meu coração eu sei que Lay não vai conseguir ajudá-lo a tempo. Vamos perdê-lo se não me levar até ele.

Ele concordou com um aceno de cabeça e a pegou no colo, retornando para o interior do quarto. Como prometido, ela cerrou as pálpebras bem apertado.

— Vossa Excelência?! — Os Lirthua'shoa presentes se sobressaltaram com sua aparição, e os gemidos cessaram de imediato. Natasha sentiu os músculos de Luhan enrijecerem e soube que ele devia estar sendo alvo de uma repreensão silenciosa. Mesmo assim, ele não deteve seu avanço e, em instantes, a depositava sobre um colchão macio. Ela tateou às cegas em busca de Kris e não demorou a encontrar a pele dele exposta e ardendo em brasa. Não, aquela sensação apertando seu peito não estava enganada. Disse:

— Eu ainda não consigo fazer muito, mas nesse momento você precisa de mim, então, me deixe cuidar de tudo e durma tranquilo. Não vou permitir que nada de mal aconteça a você.

Após um breve instante, Kris respondeu baixo e devagar para mascarar o tom desvigorado:

— Me desculpe por isso, senhorita.

— Não há o que desculpar. — A garota sorriu, apesar da preocupação. — Vocês cuidam de mim, nada mais justo que eu cuide de vocês também. Confie em mim e durma sem medo.

— Sempre.

— Foram os Ak'hagar? — Quis saber ela logo que escutou Kris ressonar.

— Sim, Vossa Excelência, mas faremos com que eles paguem-

— Não, esqueçam os Ak'hagar por enquanto — Natasha interrompeu Suho. Embora ele não se mostrasse impávido como Kris, ela sabia que ele não hesitaria em cumprir qualquer promessa que lhe fizesse assim que estivesse recuperado, e essa ideia a apavorava. Seria como atirar carne fresca às feras selvagens para que a despedaçassem. Já bastava esse susto horroroso, já bastava. — Vocês ainda não estão fortes o suficiente para lidar com eles, só irão se ferir em vão se insistirem. Vamos deixar as batalhas de lado por hora e nos concentrar em ganhar a guerra de uma vez por todas.

— O que devemos fazer, então, senhorita?

— Tratemos esse assunto como se fosse um jogo de xadrez. Deem xeque-mate no rei, e a partida acaba, independentemente dos piões, cavalos, bispos, torres e da própria rainha ainda restarem de pé. Neutralizem o rei definitivamente, e nós vencemos.

*     *     *

O movimento do Cavalo Negro

Jungkook havia desistido de mexer no computador e embarcado na leitura de Divergente. Estava quase no fim, na parte em que toda a Audácia estava presa numa simulação criada por Jeanine Matthews, sonâmbulos armados, matando a torto e a direito na sede da Abnegação. Não pôde deixar de comparar a situação dos membros da Audácia com a em que ele e seus amigos se encontravam. Os Ak'hagar eram Jeanine, seus poderes e as artimanhas de que se valeriam para controlá-los, o Soro de Simulação, e eles, os malditos soldados prestes a serem controlados.

Não podia ter escolhido livro melhor.

Alguém bateu à porta, e Kookie relutou em atender. Na certa era um de seus amigos e não estava nem um pouco a fim de vê-los, porque sabia que iriam tocar naquele assunto. Mais uma batida. Bufou, enfiando o marca-página no livro e foi arrastando os pés até a porta com muita má vontade.

Era V com uma cestinha de biscoitos folheados polvilhados com açúcar nas mãos. Jungkook engoliu em seco, sua garganta raspando, aquilo parecia delicioso e aumentava sua sede. Contudo, fingiu indiferença e perguntou:

— O que foi?

— Os outros saíram e me mandaram ficar com você para ter certeza que nada de mal vai acontecer.

— Mas do que já aconteceu?

Taehyung deu de ombros.

— Maiura seonsaeng-nim acha que Zaku-Zaoh-nim pode achar uma forma de te ferir sem desobedecer às ordens do Senhor dos Hagar.

Ele já achou.

— Como se você pudesse fazer algo a respeito. — Blank Tae não disse nada. A expressão apoquentada de Jungkook ganhou traços de assombro. — Você... Não aceitou aquela aberração, aceitou?

— Não sei. Sua definição de aberração pode não ser a mesma que a minha.

O maknae suspirou, alimentar aquele assunto não iria levá-lo a lugar nenhum.

— Tá, entra.

Jungkook retornou ao sofá em que deixara o livro e o apanhou, se esparramando sobre o móvel e voltando a ler. V olhou em volta, à procura do Hagar do Orgulho, e como não o viu, se sentou numa poltrona que havia por perto do sofá em que o amigo descansava. Repousou a cestinha sobre as pernas, pescando um biscoito e passou a beliscá-lo. O maknae não conseguiu deixar de olhar, mesmo que de soslaio, para o hyung. Os farelos do biscoito, os grãos de açúcar caindo dos lábios dele... Estava quase salivando de tanta fome. Tudo por causa daquele espírito desgraçado. "Quem sabe se o que você ingere não pode acabar por matá-lo? Eu pensaria bem antes de comer ou beber de novo." Estas haviam sido as palavras dele. Caso cedesse, morreria depressa enquanto que por negar comida e bebida a seu corpo, definharia e morreria aos poucos. Era uma tortura de mão dupla, na qual só restava duas escolhas: morrer ou se submeter aos caprichos do Hagar ordinário. Não queria nenhuma delas, entretanto ainda não tinha conseguido pensar numa maneira de se livrar daquela terrível sentença.

Mongtae percebeu suas miradas discretas, porém insistentes, e lhe ofereceu um dos mil folhas. O Maknae de Ouro o olhou como se fosse o manjar dos deuses, mas recusou:

— Não, não precisa. Estou bem. — Para seu azar, seu estômago não concordou em participar daquela farsa, roncando em alto e bom som. V arregalou os olhos.

— Pode pegar, eu não ligo de dividir com você.

Kookie fez uma cara meio triste, meio medrosa, negando com um aceno de cabeça e voltando a fitar o livro. Sua atenção foi atraída de novo, dessa vez pelo o que V falou:

— Zaku é o responsável. Ele ameaçou Jeon Jungkook, e agora seu amigo não ingere nada por temer a morte. — Não, não foi V que disse isso, foi o espírito que entrara no corpo dele; o olho direito de Taehyung tinha a íris negra como a entrada lacerante de um buraco negro, sugando caminhos de estrelas despedaçadas. — Asha tinha razão em se preocupar e nos pedir para ficar aqui com ele.

Como se evocado por suas palavras, filetes d'água manaram do banheiro e plainaram até estarem próximos aos dois Bangtan Boys, então se despejaram, tomando a forma de Jungkook.

— Tanto se me dá a sua presença e a dessa Criança, Khro — disse o descarado com a maior petulância. — Não estou fazendo nada de errado, e ainda é pouco o que faço. Só estou ajudando esse fedelho a tomar a decisão correta, quando ele merecia era implodir por ser tão insolente.

— Credo! — Assustou-se V.

— Fique sabendo que eu prefiro morrer seco a aceitar você, embuste! — replicou Kookie, colérico.

— Serenem — pediu Khro. — Por favor.

— Terei prazer em assistir. — Zaku ignorou o Hagar da Amizade, seu olhar de ira líquida era todo do Maknae de Ouro.

Antes que Khro-Yehath mostrasse que sua presença ali podia fazer sim diferença — uma diferença de assustar —, o ar no meio do recinto tremulou e rachou como se fosse vidro, quebrando também a tensão que tomava conta do ambiente. Pequenos cacos desceram ao chão, deixando uma fissura aberta, da qual Jimin emergiu correndo e já dizendo nervoso e esbaforido:

— Gente! Ai, que bom que encontrei vocês! — Ele olhou em volta e franziu as sobrancelhas. — Onde estão os outros?!

— Namjoon-ssi, J-Hope e Suga hyung foram pro Egito selar os Edoras'sedoni, e Seokjin-ssi foi levar duas flores pra casa — contou V, sucinto. Muito sucinto.

— Bem... Vamos ter que cuidar disso sozinhos, então. — Jimin deu de ombros, aquela história de flores o havia confundido um bocado, e agarrou Blank Tae pela manga e Jungkook pelo braço, puxando-os para fora dos assentos, em direção à fissura aberta em pleno ar. — Venham!

— Espere aí, Jimin-ah! — O maknae resistiu, não iria a lugar algum sem saber "por que" e "para que", ainda mais daquele modo. — Cuidar de quê?!

— Dos Fragmentos de Ak'Mainor. Jiminnie e eu esbarramos neles, acreditam?! — declarou claro e evidente a coisa que se alojara em Dooly. Os olhos dele, o espaço convergindo para uma galáxia composta de um vórtice de raios, não deixavam dúvidas. Não, você também não, Jimin-ah! — E foi uma senhora sorte, porque ambos estão na mira dos Edoras'sedoni e é muito provável que dos Lirthua'shoa também!

— Me solta, isso não é problema meu!

— É problema de todos nós, benzinho. — O Hagar recém-chegado sorriu para Jungkook, nem dando bola para a carranca com que ele lhe encarava.

— Não, eu não aceitei Zaku-Zaoh! Eu o detesto e detesto tudo que tem a ver com ele, incluindo suas malditas batalhas!

— Sinto muito que tenham começado a relação de vocês com o mindinho do pé esquerdo, mas sugiro que deixe isso de lado e o aceite logo, porque ele é o único Hagar de Akisha entre nós e se ele não for socorrer Sua Excelência, podemos dar adeus às chances de salvar as pessoas que foram transformadas em Filhas de Larhen — dizia o Hagar da Confiança, arrastando o revoltado maknae. V ia com as próprias pernas, comendo outro biscoito. — Teremos de sacrificar a todas, e a culpa vai ser sua, Kookie. Sua e, é óbvio, de Zaku, por ser sempre tão desagradável. — O Hagar do Orgulho proferiu uma injúria, mas Hasa-Ithor o ignorou, atravessando a fissura. O espaço em que entraram parecia a superfície irisada de uma bolha de sabão chapada num manto negro coberto de nebulosas, as cores escorrendo, dançando e se misturando em ondas e espirais caóticas. — Não é justo? Não, não é, mas é o que temos para hoje. Então, vá se acostumando. — Jimin acrescentou, apiedado do amigo e culpado por tê-lo arrastado consigo — Nos perdoe por isso, Jungkook-ah. Mas só podemos confiar essa tarefa a você. Sei que consegue dar conta. Você sempre dá conta, não importando qual seja o desafio.

Jeon foi empurrado por Deva'seyire. O espaço se partiu quando ele tropeçou para frente no caminho de estilhaços brilhantes, e, ao cair no chão, se viu num lugar completamente diferente. Estava no meio de uma confusão, com jovens uniformizados correndo para todos os lados, seguidos por pessoas que eram mais sem expressão que Taehyung.

Edoras'sedoni? Não parecem tão maus assi- Seu pensamento ingênuo foi embotado pela visão de uma garota unhando as costas de um rapaz. Apesar de ser franzina, um único golpe dela bastou para rasgar o tecido da camisa dele, bem como a pele e a carne. O rapaz gritou e caiu. As feridas vertiam sangue, uma secreção verde-amarronzada repleta de nódulos negros se alastrava por elas, penetrando o corpo dele e fazendo as veias se enegrecerem e pulsarem sob a pele. Ele parou de gritar quando elas lhe alcançaram a cabeça, todos os traços de emoção abandonaram o rosto dele, e as veias escuras desapareceram, deixando restar na tez um aspecto azeitonado. Todos os Edoras'sedoni tinham peles assim. Ele se ergueu e se uniu à perseguição, como se essa fosse a coisa mais natural do mundo. Então, essa é a morte em vida?

Jungkook arregalou os olhos e se virou apressado, pronto para atravessar a fissura e retornar à segurança do hotel. Mas não foi possível. A passagem havia se fechado. Estava sozinho naquele lugar estranho com o maldito espírito de água, uma multidão desesperada e os zumbis mais silenciosos da História por companhia.

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