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Capítulo V - Ante a Realidade

MGM Grand Las Vegas, Las Vegas, Nevada. EUA.

Despertar em claro

— A apresentação! — gritou RM, abrindo os olhos e sentando, o peito subindo e descendo rápido. Estava numa cama.

— Terminou há umas oito horas — disse V. Ele estava sentado na cama ao lado, as pernas entre as cobertas. — Estamos no hotel.

— No hotel? Mas... Eu não me lembro de ter voltado pra cá, nem me lembro direito da apresentação!

— Nem eu. Estava cantando e de repente não estava mais. Quando me dei conta estava aqui deitado.

— Que esquisito... Já tentou falar com os outros?

— Não, tinha acabado de acordar quando você gritou.

— Bem, então vamos.

*     *     *

Despertar para o desespero

J-Hope acordou agarrando a camisa.

Em sua cabeça ainda estava no palco, forçando seu corpo a se mover apesar das dores que explodiam em seu peito, e não dava mais. Um infarto, estava tendo um infarto. Levou um instante para perceber que não sentia dor alguma, só um pouco de fadiga, e mais um para se dar conta de que não estava mais na MGM Grand Garden Arena, mas sim em seu quarto de hotel. A claridade que as cortinas deixavam antever indicava que já era um novo dia.

Passou os olhos ao redor e resmungou, totalmente confuso:

— O quê? O quê? Quando é que eu...? — Suas vistas toparam com a outra cama, o edredom dela tinha o ventre estufado. — Jimin-ah? Ei, Jimin-ah! — Ignorando o cansaço, esclarecer suas dúvidas era mais importante, saiu das cobertas, cruzou o espaço que separava as camas com uma passada e subiu na do colega de quarto, sacudindo-o. — Acorde! Vamos, acorde! Jimin-ah!

O embrulho se remexeu, e um rosto amarrotado emergiu dos panos com um gemido baixo e dolorido:

— Não grite...

— Oh, você estava acordado?

— Sim, mas minha cabeça parece que vai explodir... Então, fale baixo. Por favor...

— Ah, sim, me desculpe... — Hobi estava sem graça. — Você já tomou algum remédio?

— Não... Não consigo nem me sentar.

— Aish... E por que você não me chamou? Ah? — Segurou o edredom, impedindo que Jimin voltasse a cobrir a cabeça e checou a temperatura dele. Alta, estava alta demais. — Aigoo, você está ardendo em febre! — Não havia gritado, mas o pouco que sua voz se elevou foi o suficiente para que Dooly se encolhesse, agarrando os cabelos e gemendo de dor. — Remédio... Onde é que está o kit de primeiros-socorros...?

J-Hope foi correndo todo atrapalhado até o closet. Sempre levavam um kit na bagagem para qualquer eventualidade, pois não era raro que algum deles se machucasse. Era bem básico, gaze, band-aids, mas também tinha alguns remédios. Algum devia de servir para aliviar a dor e baixar a febre.

— Jimin-ah também reclamou de dores durante a performance. Será que está mal desde aquela hora? Ah? Devíamos ter ido para um hospital em vez de voltar pro hotel — Hobi resmungava consigo mesmo enquanto revirava as malas atrás do maldito kit. — Por que voltamos pra cá? Ah? O que a gente estava pensando? Aish, não consigo me lembrar de nada... Onde está? Onde está essa porcaria?

Enfiou a cabeça numa bolsa, estava vazia. Todo o conteúdo dela e das demais malas se espalhava ao seu redor pelo chão, e nada do kit. Esfregou as mãos no rosto de nervoso e enfiou as coisas de volta nas malas de qualquer jeito. Arrumaria tudo depois.

Ao retornar ao quarto, se deparou com Jin sentado na beirada da cama de Jimin. Suspirou, aliviado, e foi até ele, perguntando em baixo tom para não incomodar o amigo doente:

— Hyung, não consigo achar o kit de primeiros-socorros. Você sabe onde está?

— No quarto de Namjoon-ssi e Taehyung-ah — disse Jin, virando para lhe dar atenção. Smile Hoya o achou bem abatido, com os olhos meio inchados. Parecia ter andado chorando. Também estaria passando mal? — Pegaram emprestado ontem, depois daquele incidente com a jarra de vidro, porque o deles acabou ficando em Seul. Você mesmo o emprestou pra eles.

— É mesmo. — J-Hope estava tão cismado com o que tinha acontecido na noite anterior que tinha se esquecido completamente disso. — Eu... Eu vou até lá buscar.

— Não precisa.

— Mas, Jimin-ah está com muita febre.

— Eu sei. Estou aqui para cuidar dele. — Hobi franziu a testa, não via sinais de kit ou de qualquer remédio nas mãos de Jin, e o pijama dele não tinha bolsos. — Quanto a você, devia voltar para a cama, também não está cem por cento ainda.

— Eu tô legal. Só um pouquinho cansado...

— Como eu disse: não está cem por cento. Deite.

J-Hope achou a atitude do hyung estranha, mas fez o que ele mandou. Jimin se encolhia todo de tanta dor, não era hora para discussões bobas. Deitou de barriga pra cima, com as mãos cruzadas atrás da cabeça e mirou o teto, tentando ficar quieto para não atrapalhar ninguém — a última coisa que desejava era causar mais dor a Jimin com suas tagarelices —, no entanto não conseguiu se conter por mais do que alguns segundos. Jin sabia que Jimin não estava bem e dera a entender que também sabia sobre seu mal-estar da noite anterior. Então, ele sabe o que aconteceu depois que nos apresentamos? Será? Eram dúvidas demais a fervilharem em sua mente. Começou bem baixinho, sem saber direito se Jin de fato o ouvia:

— Hyung, ontem... O que acontece- — Seu olhar recaiu sobre a mão que Jin mantinha sobre a testa de Dooly; ela brilhava, um brilho branco. — Oh! Oh! O quê?!

Hobi acabou caindo da cama por conta do susto. Jiminnie gemia, a cabeça explodindo por causa do barulho. Omma Jin repreendeu de imediato:

— Shh! Faça silêncio, Hoseok-ssi!

J-Hope se sentou sobre o carpete, agarrando a ponta do colchão e protestou:

— Mas como-?! — Se encolheu pelo quase grito e tentou de novo, aos sussurros esbravecidos — Como pode me pedir isso? Sua mão está emitindo luz própria, hyung!

— Luz? — Dooly estranhou, estivera de olhos fechados por causa da dor.

— E isso não é nada depois do que houve ontem. Agora, silêncio!

— Depois do que houve ontem...? O QUE EXATAMENTE HOUVE ONTEM?

Deram duas batidas na porta. J-Hope rolou o olhar do rosto de Jin para ela depois de volta para ele, que fez uma careta, arqueando uma sobrancelha. Uma nova batida. Hobi se levantou e foi atender, mas sem perder o mais velho de vista nem por um instante sequer.

Era Rapmon com os outros logo atrás.

Quando ele e V saíram do quarto, deram de cara com Suga e Jungkook, que enfrentavam exatamente o mesmo problema de memória que eles, por isso os quatro estavam ali agora, despenteados e ainda metidos nos pijamas. Era uma situação insólita demais para que seguisse sem explicação por mais tempo.

— Bom dia, Hoseok-ssi — disse Leader Mon. — Foi mal, acordamos vocês?

J-Hope sacudiu a cabeça sem nem olhar pra ele, estava cabreiro demais com aquela "luminescência" para tirar os olhos de Jin, e Suga, percebendo toda a atenção que o amigo lhes dedicava, estalou a língua e passou por ele, entrando no quarto sem dar bom-dia ou pedir licença. Os outros o seguiram, murmurando "bom dia", "licença" e "tô passando".

— Ah. — Fez Motionless Min ao ver que seu colega de quarto sumido estava ali.

— Então, vocês se lembram do que aconteceu depois do show? — RM foi direto ao ponto. — Pode parecer loucura, mas é que estamos meio desmemoriados.

— Então — começou Hope. Kookie se aproximava da cama de Jimin —, era isso que Seokjin-ssi estava prestes a me contar.

— Que luz é essa na sua mão, hyung? — estranhou o maknae, mirando a luz entre a mão de Jin e a testa de Jimin.

— Falem baixo! Jimin-ah está com muita dor de cabeça.

— Estou, sim, mas também gostaria de saber o que é isso... — interveio Park Jimin, escondendo metade do rosto sob as cobertas; o olhar tão curioso quanto arredio.

— Ah... Está bem — Jin suspirou, dando o braço a torcer, a luz diminuiu em sua palma. — A verdade é que não terminamos de nos apresentar ontem.

— O quê? — Jungkook riu entre incrédulo e aflito.

— Terminamos — discordou Suga, recebendo um olhar interrogativo de Pink Princess. Ele cutucava o celular. — Aqui, olha. — Estendia o aparelho para o hyung.

Jin inferiu que devia ser o vídeo da performance deles que caíra na net e não se deu ao trabalho de apanhar o smarthphone.

— Não era a gente — disse simplesmente.

— Era a gente, sim — insistiu J-Hope, depois de dar uma espiadinha no vídeo.

— Cara, você tá bem? — Rapmon se preocupou.

— Me empreste seu celular, Taehyung-ah. — Jin estendeu a mão na direção de V, que entregou o aparelho sem objeções. Alguns segundos depois, Jin o devolveu com um dos arquivos do cartão de memória aberto. — Aqui, esse é o vídeo da nossa apresentação. Parece familiar?

— Constrangedoramente familiar... — comentou RM ao passo que viam o vídeo da apresentação. O erro em conjunto como se recordavam bem representado.

— Então, o quê? Creditaram o papelão que a gente fez ao nosso mal-estar e deixaram que nos apresentássemos de novo depois que melhoramos? — Jungkook cruzou os braços sob o peito. — Porque não tem como o vídeo que Suga hyung mostrou ser uma montagem.

— E o que a nossa apresentação tem a ver com essa luz na sua mão, hyung? — J-Hope recolocou o assunto que mais o mordia no momento em pauta.

— Só continuem assistindo. — Foi a resposta do hyung dos Bangtan Sonyeondan.

— Oh! Oooooh! Eu enfartei mesmo?! E Jungkookie teve um treco?! E vocês nem se mexeram pra ajudar?! — Jin não disse nada, a estupefação dos demais era clara. — Ei?!

— Cara, olha isso! — Leader Mon se espantou ao ver as demonstrações pirocinéticas de Suga, ao seu lado Mongtae tinha os olhos esbugalhados.

— Uooooooooooooooou!

— Para de gritar no meu ouvido, Hobi — bronqueou Dad. Estava chocado com o que via (eram as suas mãos que pegavam fogo, caramba!), mas exatamente por isso queria ver (e ouvir) tudo até o fim, para entender o porquê daquilo. J-Hope sussurrou um "me desculpe", os olhos arregalados para as imagens que o vídeo mostrava. Os outros também soltavam exclamações (não tão altas quanto as de Hope, mas soltavam). Jimin resmungou para todos calarem a boca.

— Você quer dizer que do nada ganhamos poderes? — O Maknae de Ouro não parecia convencido, aquilo sim parecia uma montagem e das mais descaradas.

— Fomos possuídos pelos espíritos dos Ak'hagar — corrigiu Seokjin em tom baixo. — Os poderes vêm deles. — O vídeo mostrava J-Hope com o Edor'sho da Terra aprisionado diante dele. — Ok, já chega. — Jin tomou o celular das mãos de V e deu pausa no vídeo. — Essas pessoas que nos atacaram... Foram possuídas pelos Lirthua'shoa, que por acaso são os inimigos dos Ak'hagar.

— Que história é essa? — V finalmente se pronunciou.

— É melhor se sentarem — aconselhou Omma Jin.

Todos o escutaram, dividindo-se pelas duas camas, e ele respirou fundo, a fim de se preparar, pois só havia uma forma de contar sobre os Hagar, os Shoa, Ak'Mainor-Menora, Larhen-Edriza e Edoras aos amigos sem lhes dar margem para atitudes céticas nascidas da racionalidade. Não podiam perder tempo com bobagens, não havia tempo. Nunca mais, nunca mais enquanto estivesse unido a Menora'orphia, Jin tentaria impor sua vontade às prioridades e à missão dele. As consequências da primeira tentativa já tinham sido terríveis o suficiente para uma vida.

— É complicado, mas ouçam com atenção e... tentem não se assustar, ok?

Apesar das expressões ressabiadas, os rapazes assentiram.

Jin fechou os olhos e ao reabri-los, o castanho-escuro de suas íris havia cedido lugar a um mosaico composto de cacos que emitiam e refletiam a luz um dos outros, formando um espelho semelhante a um céu fechado de nuvens brancas beijadas pelo sol. Trilhas de microscópicos prismas, reluzindo nas sete cores do arco-íris, corriam pelo branco de seus olhos. Entre assombro e admiração, ninguém conseguiu dizer nada.

— Sou Qenía-Araso, o Hagar do Amor e do Altruísmo. É uma honra conhecê-los, jovens Filhos de Menora.

— Hyung, não tem graça — disse J-Hope assustado. Como não se assustar, se se sentia dentro de um maldito filme de terror?

— Embora Seokjin tenha muitos sentimentos a respeito dessa situação, o humor não está entre eles. Concordamos que seria melhor se eu conversasse com vocês pessoalmente para evitar equívocos. Além de que será menos forçoso para mim explicar tudo.

— Tá, fala — Suga o intimou. — Quem são vocês? O que querem com a gente?

A mão que Jin tinha tirado da testa de Jimin, agora repousada em seu colo, voltou a brilhar intensamente, e ondas níveas saíram dela em espirais, indo rondear a cabeça de Dooly, que sorriu, passando as mãos pela névoa luminescente e sentindo sua calidez (apesar da dor que sentia e de estar grilado com toda essa história, Chim Chim não resistiu. Aquilo era lindo!).

Qenía prosseguiu:

— Antes de explicar quem nós somos, é importante dizer por que viemos para o seu universo, pois isso nos tornou o que somos agora e determinou todos os aspectos de nossa vida. Determinou o porquê de os termos escolhido.

"Esse universo é governado pelo contínuo espaço-tempo, entretanto, apesar de sua vida longa, ele nem sempre existiu. Foi criado, assim como muitos outros. Todos concebidos no seio de Verso, que é a Eternidade, o Cosmo Primal, Tudo, a Consciência Que Sempre Existiu e Existirá. Todos concebidos de uma centelha do poder Da Potência Que É, contra a vontade dela.

"Verso, lar dos seres eternos. Lá tudo era ordenado, lá todos tinham o seu lugar desde sempre, lá tudo era o mesmo, todos os dias o mesmo dia. Lá os seres eternos coexistiam em perfeita harmonia até que Larhen-Edriza, um dos Altos Seres encarregados de regar o Coração de Verso, viu nascer em si o desejo de dar fim a Ordem Eterna e cedeu a ele, furtando uma centelha Do Poder e a usando para criar. Seu povo a conhece como Big Bang. Um emaranhado de multiversos teve origem, quebrando a Ordem. Mas, o regozijo de Larhen-Edriza não durou, pois no interior de cada universo a energia da Eternidade deu origem a serem imortais, que logo fundaram suas respectivas ordens, sendo incorporados a Grande Harmonia e a restaurando. Isso aconteceu em todos eles, em todos, menos um. Este.

"Aqui a vida era finita e para se perpetuar dependia da geração de novos seres, semelhantes aos seus antecessores, porém sempre diferentes de alguma maneira. Isso, a geração incessante dessas diferenças, dessas individualidades, tornava a perversão da Ordem Eterna permanente. Era o que Larhen-Edriza desejava, por isso ele veio a este universo, para entender os pormenores dessa vida finita, a fim de implementá-la no restante dos multiversos, banindo, assim, de vez a Ordem.

"Para deter Larhen, Verso decidiu confiná-lo nesse universo e enviou Sua Excelência, Ak'Mainor-Menora, outro dos Altos Seres, atrás do Corte da Ordem para que não conseguisse fugir. Nós, os sete Ak'hagar, acompanhamos Sua Excelência para auxiliá-la em sua tarefa e abrandar sua solidão.

"Ao ter desvendado todos os mistérios da vida finita, Larhen-Edriza tentou retornar ao Macrocosmo e, se vendo impossibilitado, decidiu sacrificar esse universo. Pois como todo multiverso existe no interior de Verso, ao destruí-lo, ele retornaria e poderia completar sua demanda. Esse ainda é o objetivo dele e é contra isso que nós, os Ak'hagar, lutamos. A batalha de ontem foi por conta disso.

"Aqueles são os Lirthua'shoa, os entes primevos desse universo, as Doze Forças que nutriam Yggdrasil, a Árvore da Vida. Eles são os únicos seres imortais a terem nascido aqui, e a quem Larhen conseguiu converter em servos. Para eles, Ak'Mainor é a origem do Caos, pois a primeira medida que Sua Excelência tomou contra os planos de destruição do Corte da Ordem foi elevar o Coeficiente Caótico desse universo, resfriando sua temperatura e propiciando o surgimento de novas espécies. Todas essas espécies, incluindo a sua, são consideradas Filhas de Menora.

"Vocês se tornaram muitas, Crianças de Ak'Mainor, por isso Larhen é incapaz de destruir esse universo, porque provocar caos em um lugar no qual este reina, não fará grande diferença. Porém ao fazer isso em um lugar pacífico, conseguirá abalar suas estruturas e fazê-las ruir. Por isso, os Lirthua'shoa espalham Edoras, a praga das pragas, a morte em vida. Ela destrói a individualidade dos seres ao invadir seus corpos, os transformando em Filhos de Larhen, cujo único objetivo é transmitir Edoras para os que permanecem Filhos de Menora. Acabando com a diferença, o Coeficiente Caótico baixaria e restaria um universo ordenado, pronto para ser obliterado por Larhen.

"Para restringir o campo de ação dos Lirthua'shoa, e por conseguinte de Edoras, o Senhor dos Hagar, Berat-Enira, os amaldiçoou com a vida finita, selando seus espíritos nesse planeta. Mas para algo de tal magnitude, teve que dar algo em troca: nossa própria liberdade espiritual. Por isso, também somos forçados a habitar corpos físicos quando precisamos agir nessa dimensão. O mesmo se dá com Larhen e os Fragmentos de Ak'Mainor-Menora.

"Sim, Kim Namjoon. Fragmentos — o Hagar do Amor e do Altruísmo antecipou a pergunta que RM queria fazer. — A segunda medida que Sua Excelência adotou contra os planos destrutivos do Corte da Ordem foi rasgar seu próprio espírito, despejando no centro do universo, no coração da Árvore da Vida, o ódio que sentia por Larhen ter provocado seu exílio, fazendo com que esse sentimento se espraiasse para todos os cantos do cosmo, para o coração de cada ser, dando vazão à gênese dos demais sentimentos. O resultado disso foi um novo aumento significativo no Coeficiente Caótico, bem como o aprisionamento de Larhen-Edriza no coração de Yggdrasil, e ele ainda continua lá, só podendo externar seu poder através de um hospedeiro vivo, que chamamos de Portal.

"Foi nessa ocasião que nós, os Ak'hagar, nos dividimos em dois subgrupos: um destinado a guardar Akasha, o Alfa, e o outro a guardar Akisha, o Ômega, as duas existências nas quais Sua Excelência se fragmentou, e seus respectivos hospedeiros, os Fragmentos de Ak'Mainor.

"Por isso as escolhemos, Crianças. Precisamos de sua ajuda para proteger os Fragmentos e lidar com os Lirthua'shoa, assim como eles precisam dos hospedeiros deles para espalhar Edoras e proteger o Portal. Peço desculpas em meu nome e em nome de meus companheiros por termos invadido suas vidas dessa forma, mas foi necessário."

— Não.

— Jungkook-ssi! — ralhou RM com o maknae.

— Não! — Jeon pulou do colchão como se esse o mordesse, olhando do líder para o espírito que falava através de Jin. — Com tanta gente no mundo, por que eles tiveram que escolher a gente? Estávamos no meio de uma apresentação importante! Podiam ter causado um dano sério nas nossas reputações!

— Mas não causaram... — observou V. — E o que são-? — RM agarrou o braço do amigo, sinalizando para que guardasse o "...nossas reputações se comparado a tudo isso?" para ele mesmo, para não piorar ainda mais a situação.

Jungkook não se deixou apaziguar pelo comentário de V, ficou foi mais irritado.

— Não, porque eles se apresentaram no nosso lugar!

— Na verdade, apenas Zaku-Zaoh se apresentou, e depois de muita insistência — esclareceu Qenía-Araso, lembrando-se de como foi difícil convencer Eoir'miresa e os outros a concordarem com aquela farsa. Se pretendem encobrir o que houve aqui, devemos fazer parecer que a apresentação da BTS correu sem interferências, dissera a eles quando só o que desejava era não prejudicar mais ainda as vidas dos rapazes. — Os únicos seres vivos no palco eram vocês dois. Os demais eram mímesis criadas por ele.

— Legal... — disse Taetae, parecendo deslumbrado (cof, cof, otaku...). Jungkook o olhou como se fosse matá-lo.

— Apareçam, Ak'hagar — Suga exigiu com rispidez. — Se estiverem aí, apareçam.

Nada aconteceu por um momento, embora os olhos de Jin continuassem daquele jeito estranho. Min Yoongi sentiu uma pressão no corpo, e um calor emergiu de seu peito. O ar tremulou no centro do quarto, e surgiram fagulhas, depois um fogaréu que evoluiu para algo semelhante à superfície do sol, e logo Suga estava olhando para uma versão de si mesmo toda feita de chamas solares.

As janelas se escancararam com um baque, e um forte vento invadiu o quarto, um torvelinho se formou diante delas, sua ventania açoitando os corpos dos Bangtan Boys. Em alguns segundos, os ventos se suavizaram, pareciam se voltar para dentro de si mesmos e começaram a se modelar — a ventania sem parar de girar — até tomar a forma de uma pessoa, uma cópia perfeita de Kim Namjoon, criação de vento e de vácuo.

Sons de chispas foram ouvidos, a tomada na parede mais próxima expeliu faíscas elétricas, que se uniram perto da lareira artificial, causando um curto-circuito nela e apagando o holograma das chamas. As faíscas pipocaram de um lado a outro dentro de um espaço reduzido, e uma versão eletrizante de Park Jimin se acendeu.

Filetes d'água correram pelo ar, vindos do banheiro da suíte. Rodopiando em um turbilhão líquido, eles avançaram até a poltrona mais próxima das camas e sobre ela, como se despejados em um molde invisível, assumiram a aparência de Jeon Jungkook.

Kim Taehyung sentiu um repentino e crescente frio nas costas e virou para ver do que se tratava, deparando-se com um amontoado de ondas de puras trevas a se elevarem da pequena sombra que seu corpo fazia sobre os lençóis. Elas passaram ao redor dele, mais que fumaça a encontrar sua pele, e se reuniram no espaço entre as camas em uma silhueta de denso negror, a silhueta de Tae, salvo pela poeira de estrelas esfaceladas a marcar trilhas em seus olhos.

Um grande vaso de plantas a um canto explodiu, e tanto ele quanto a terra e a planta que continha flutuaram no ar, se misturando até se tornarem uma coisa só: um J-Hope de olhos amarelo-translúcidos, cabelos feitos de raízes, a pele de torrões de terra e um hanbok feito de folhas e cacos de barro — todas as demais imagens também tinham roupas tradicionais coreanas, cada uma tecida com seus elementos: flamas e anéis de plasmas dançantes, camadas e mais camadas de vento em rotação e nuvens cinzentas, faíscas elétricas pontilhistas e nebulosas a girarem e reluzirem como joias, água em fluxo corrente e pingentes de gotas nas orlas, névoa obscura esvoaçante.

— Aqui estamos, Crianças de Ak'Mainor, como solicitaram — disse o último a aparecer. J-Hope o olhava com olhos imensos. — Sou Berat-Enira, Hagar'miresa, Ak'houan-a-rae. — "Senhor dos Escudos" e "Buscador de Ak", todos os BTS compreenderam o significado daquelas palavras estranhas.

— É o líder deles, certo? — quis saber Jungkook, e a figura de terra anuiu com um suave movimento da fronte. — Então, pegue o seu grupo e vá para bem longe de nós.

— Quem pensa que é para querer dar ordens ao nosso general, Criança insolente? — questionou a figura de água com desdém, sua face semelhante a de Jeon não se mostrava nada amigável. Mesmo assim, o maknae não recuou, agora se dirigindo diretamente a ela:

— O dono desse corpo! E como tal quero você bem longe dele!

— Jeon Jungkook! — RM chamou a atenção do amigo, pondo-se de pé apressado, preocupado com as reações que a atitude dele poderia provocar. Céus, era com criaturas mais antigas do que o universo e capazes de dobrar os elementos da natureza (e sabe-se lá o que mais) que estavam lidando! Deviam ser para lá de orgulhosas. Gritar com elas era uma ideia mais do que péssima, poderia ser muito bem suicídio. Por que Jungkook não se tocava disso? Namjoon se voltou para o líder dos Ak'hagar e se curvou em sinal de respeito. — Perdoe-o pela falta de tato, seonsaeng-nim¹. Ele não quis afrontá-los.

— Ah, eu quis sim, hyung — disse Jeon, quase fazendo os olhos dos amigos saltarem —, porque eles nos afrontaram primeiro ao invadirem nossos corpos e nos envolverem na luta deles sem o nosso consentimento. Não faz ideia de como eu me senti ontem, não conseguia respirar! Foi um pesadelo. Para vocês também, não é? — Ninguém se pronunciou, e não era necessário. O fracasso da performance deles já falava por si mesmo. O maknae soltou um risinho seco. — O que não deve ter acontecido depois que apagamos... Por isso, Seokjin hyung não nos deixou terminar de assistir a gravação. Tem a ver com Jimin-ah estar se sentindo mal, não é? — Ele encarou Jin. — Não é? — O hyung da BTS, ou Qenía-Araso, ou ambos, abaixou a cabeça, e isso bastou. — Colocaram nossas vidas em risco ontem e já passaram da conta. Não vai se repetir. Então, se afastem de nós!

Com um rugido, o espírito da água literalmente jorrou na direção do Maknae de Ouro e só não caiu sobre ele porque a figura de vento e nuvens se interpôs em seu caminho. A silhueta de trevas também se adiantou, colocando-se à frente das camas.

— Basta, Zaku. — A figura de terra, Berat-Enira, o Senhor dos Hagar, enfim saiu de seu mutismo. Seu tom não se fizera imperante, permanecia calmo e até gentil, mas nem por isso deixou de angariar as atenções de todos no recinto. As águas a se agitarem no corpo fluído de Zaku-Zaoh se aquietaram. — Por mais que precisemos da cooperação deles, nossa missão é só nossa, e eles não tem obrigação alguma de nos ajudar com ela. Devia ser escolha deles nos aceitarem ou rejeitarem, e pretendo permitir que assim seja para todos que permanecem livres. Sendo assim, não toque em Jeon Jungkook até que ele o aceite, se aceitar. Do contrário, não será diferente dos Lirthua'shoa.

— Não vou aceitá-lo, então passar bem e bem longe de mim — atalhou Jeon categórico e rumou para saída, deixando o quarto, apesar dos protestos dos amigos.

— Ter de respeitar a vontade dessa Criança egoísta, enquanto os Lirthua'shoa caminham livremente... — Zaku-Zaoh disse entredentes, mirando a porta fechada. — Peço licença para me retirar, meu general, meu comandante. — Berat-Enira e a figura de vento e nuvens assentiram, então a imagem de Jungkook se desfez, e a água despencou, encharcando o carpete.

— Tudo bem mesmo em deixar que ele vá? Ele pode ir atrás de Jungkook-ah.

— Fique descansado, Jiminnie. — A figura feita de faíscas o tranquilizou, pode-se dizer até que sorria. — Zaku é intempestivo, mas nunca passaria por cima da vontade de Berat. Seu amigo está seguro.

Hagar'miresa, que parecera perdido em pensamentos, se voltou para os membros da BTS e perguntou:

— Ainda há algo que queiram nos dizer, jovens Filhos de Menora?

— Gostaria de pedir novamente desculpas pela atitude de Jeon Jungkook — disse Rapmon de cabeça baixa. — Ele está assustado com essa situação, todos nós estamos.

— Não há porque se desculpar, Kim Namjoon. — Berat-Enira sorriu. — Foi a brusquidão de nossas ações a causar isso.

— Falarei com Zaku, ele há de esquecer esse incidente — acrescentou a figura de vento e nuvens.

— Sim, obrigado, seonsaeng-nim. — Leader Mon ficou meio desconcertado por falar "consigo mesmo". — Nós... Nós compreendemos que precisaram se unir a nós para lidar com os Lirthua'shoa ontem, mas gostaríamos de saber se não haveria candidatos melhores aos seus propósitos do que nós. Como seus inimigos não estão nos atacando, acredito que estejam longe agora, sendo assim vocês poderiam se transferir para esses hospedeiros mais adequados com segurança, não?

— Logo se vê porque é o líder desse grupo — avaliou a figura de faíscas elétricas, aproximando-se alguns passos das camas, se inclinando para frente e colocando as mãos nas bochechas. — Tão jeitosinho para nos mandar embora, tão fofo...

— Hasa... — zangou a figura de miniexplosões solares.

— Desculpe, senhor — Hasa ajeitou a postura, mas soltou um risinho.

— Possíveis, sim, Kim Namjoon. Melhores, não — Berat retomou a palavra. — Vocês são uma unidade, como nós. Embora transbordem de sentimentos e emoções, aqueles que governam seus corações são compatíveis com os que governam nossas essências. Seus corpos são fortalecidos por seus muitos irmãos e irmãs que guardam fragmentos das suas almas dentro das deles. Sei que a seus olhos existem muitos seres nesse mundo e que lhes parece impossível não haver dentre tal multidão alguéns que poderiam nos ajudar mais do que vocês, mas não há. Vocês são únicos, e realmente esperamos que possam aceitar esse terrível privilégio. — Caras de assombro e pavor explodiram entre os Bangtan Boys, Ak'houan-a-rae prosseguiu — Sim, não vou mentir para vocês. Será terrível, no entanto nada se comparado ao que acontecerá se Larhen-Edriza lograr alcançar seu objetivo. Nós já os escolhemos, agora cabe a vocês decidirem o que fazer.

RM umedeceu os lábios duas vezes antes de parafrasear:

— O senhor disse antes que permitiria a escolha àqueles que permanecem livres. Isso significaria que existe aquele ou aqueles de nós que já não são livres? Se sim, quem?

— Esse é o tipo de assunto que será melhor tratado em particular, entre cada um de vocês e o Hagar que o escolheu — evadiu Berat-Enira, focando seu olhar de contas de âmbar em J-Hope. — Hoseok, podemos?

Os olhos de J-Hope pareceram querer saltar das órbitas de tanto que se abriram, a expressão paralisada, e ele apenas retribuiu o olhar do Senhor dos Hagar por um momento. Depois virou a cabeça para um lado, para o outro, fitando os amigos, o medo colorindo suas feições. RM fez um sinal de concordância, encorajando-o a ir com o espírito da terra, pois tinham que resolver aquela situação.

J-Hope se levantou e foi andando devagar, devagarinho, com passinhos curtos e arrastados até o closet, toda hora olhando por cima do ombro, para os amigos num pedido mudo de socorro. Berat-Enira foi flutuando atrás dele. Os olhos de Hobi pareciam ainda maiores quando a porta se fechou.

Notas finais:

1 - Seonsaeng-nim (선생님) significa "professor", mas também pode ser usado para demonstrar respeito, como "senhor/senhora" do português quando usados com alguém de maior posição hierárquica ou de status superior (ahjussi/ahjumma seriam os correspondentes de "senhor/senhora" usados com pessoas maduras, de 35 anos pra cima). Achei adequado os meninos chamarem os Ak'hagar dessa forma, porque, além deles serem zilhões de anos mais velhos e de serem basicamente deuses, têm e irão ensinar muito aos garotos daqui por diante. Outras vezes, os meninos usarão apenas o sufixo -nim junto aos nomes dos Hagar, pois os próprios nomes em si já seriam termos de respeito (equivalentes a títulos), dada a importância dos Hagar e tudo que representam. O -nim só estaria marcando o reconhecimento dessa importância.

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