Reencontro
20:42
Era mais um dia entediante na delegacia em que Jeon Jungkook atuava, essa a mesma que era bastante conhecida por ter sua localização no centro de Seul e, praticamente, bastante odiada pelos cidadãos que não agiam conforme o senso ético ou infringiam alguma lei no país.
As coisas por lá não estavam tão movimentadas, o que era o real motivo do tédio que pairava a sala em que Jeon dividia com o companheiro, Jung Hoseok, também conhecido como Jhope. O cômodo que dividiam há mais de dois anos na carreira policial não era lá uma coisa luxuosa de se apreciar, porém também não era algo tão simplório. Pelo fato de, na maioria das vezes, eles serem os escolhidos em fazer o monitoramento de vinte e quatro horas, tinham aquela sala em especial; assim como outros companheiros de trabalho com quem trocavam turnos algumas vezes.
A sala dali possuía duas camas, sendo mais organizada a de Hoseok, isso porque o mais velho sempre fazia questão de deixa-la bem forrada — tendo até a combinação da vestimenta do travesseiro com os lençóis — e pronta para quando ele fosse usar em dias de plantão. Isso era o oposto de Jungkook, que apenas forrava a cama com um simples lençol de cor branca, assim como também a fronha do travesseiro da mesma cor e nada mais.
Naquele momento apenas o mais novo se encontrava sentado na única cadeira dali, em frente ao notebook sobre a mesa. O silêncio também tomava conta do lugar. Fazia algumas horas desde que o policial estava daquela forma, analisando algumas documentações de alguns detentos que haviam passado por ali durante aquela semana.
— Jungkook.
A voz de Kim Namjoon — um dos policiais que também estava fazendo plantão naquela noite — tirou a atenção da íris negra e serena do moreno para si assim que abriu a porta do cômodo com rapidez.
Jungkook involuntariamente deu um pequeno pulo da sua cadeira por conta do leve susto que havia tomado. Namjoon claramente não tinha delicadeza quando colocava as mãos em algo material e as maçanetas de algumas das portas daquela delegacia poderiam comprovar isso.
— Porra, Namjoon, não sabe abrir esse caralho como uma pessoa normal? — Se referiu à porta. O Kim apenas riu, notando o nível de estresse acumulado no amigo.
Estava acostumado. Aliás, todos ali estavam acostumados com o mau humor do agente Jeon. Podia-se dizer que o de fios negros não era lá uma pessoa tão calma. Na maioria das vezes era sempre uma pessoa impaciente e grossa, talvez por conta da postura autoritária que deveria passar naquele lugar.
Um policial deveria ser sério e intimidante para com as pessoas que entrassem ali e era exatamente dessa forma que Jungkook agia. Curto e grosso.
Não era novidade para ninguém dali ver o rapaz de cabeça quente ao interrogar algum detento para fazer o preenchimento de uma ficha de acusação. Por muitas vezes, Jhope era quem salvava a pele daquelas pessoas de um policial puramente impaciente e irritado.
— Temos um acusado de furto que está dando o que falar lá na entrada. — Namjoon falou, esperando que o mais novo dissesse algo em seguida.
— Está dando o que falar? — Apenas se levantou de sua cadeira confortável e fechou o notebook sobre a mesa, este que até então estava usando.
— Sim, ele acabou de chegar com o próprio acusador que alega de ter sido roubado por ele. — Observou Jungkook tirar da tomada o carregador do aparelho que antes usava para fazer algumas observações sobre os detentos.
— Já fizeram a documentação dele? — Perguntou, parando seus olhos no mais velho ainda entre a porta quase totalmente aberta.
— Não, está uma confusão lá na frente. Ele disse que o cara que está acusando ele está mentindo só para prejudicá-lo.
— E você acredita em quem?
— Não faço ideia. — Respondeu simples. — Devemos esperar o delegado chegar para resolver essa questão.
— Hum, claro. — Cruzou os braços, encarando o mais velho. — Bom, se veio aqui é porque precisa de mim, certo? — Viu o outro apenas assentir com a cabeça.
— Preciso que faça a ficha do acusado enquanto eu tento descobrir mais coisas com o homem que fez a queixa. Os dois contaram versões diferentes da história, então algum deles está mentindo.
— Certo, me dê apenas dois minutos.
Namjoon assentiu com a cabeça e saiu logo depois, deixando o moreno sozinho novamente. Jungkook foi até sua cama não muito distante de onde estava e pegou seu celular em cima da mesma, desbloqueando a tela do aparelho e vendo no mesmo instante que havia recebido algumas mensagens de Hoseok há alguns minutos.
[Hobi 20:53] Tá com fome?
[Hobi 20:53] Parei para comprar alguns lanches aqui, vou levar pra você e pro Namjoon.
[Hobi 20:54] Como tá por aí? Movimentando?
[Hoje 21:06] A barriga tá roncando, nem eu e nem o Nam comemos nada. Qualquer coisa que você trazer a gente devora.
[Hoje 21:07] As coisas por aqui até que estão calmas, só tem dois indivíduos que deram entrada juntos e aparentemente estão contado histórias que não se encaixam. O Nam veio me chamar e pediu pra eu fazer a ficha de um deles, então tenho que ir.
[Hoje 21:07] Se tu chegar e eu ainda estiver fazendo a ficha, coloca minha comida em cima da minha cômoda e não deixa o Namjoon comer.
Assim que enviou a última mensagem, bloqueou o aparelho e o jogou contra o colchão da cama novamente. Se dirigiu até a porta do cômodo e assim saiu em direção à recepção da entrada, pronto para fazer a ficha de quem quer que fosse.
Passou por alguns corredores até finalmente chegar no seu destino, dando de cara com Namjoon e um homem — aparentemente com seus quarenta anos de idade — conversando em frente ao balcão da recepção. Namjoon fazia algumas perguntas de pé ao lado dele enquanto este anotava algumas coisas sobre uma folha de papel.
Olhou ao redor e viu, não muito distante, um dos seus colegas de trabalho, Kim Seokjin, acenar para si com a cabeça; apontando com o queixo em direção à segunda sala que ficava do outro lado de onde ele estava. O moreno apenas olhou na mesma direção e percebeu — entre a persiana pouco aberta — que tinha alguém lá dentro, obviamente o segundo indivíduo que havia dado entrada naquela noite e naquele horário.
Andou com passos calmos até a porta. Assim que colocou a mão na maçaneta, deu mais uma olhada para Namjoon, que apenas o olhou de volta e fez uma cara de como quem diz "mantenha a calma". O mais novo sorriu de canto e forçou a maçaneta, abrindo a porta e não demorando para entrar na sala, logo a fechando atrás de si novamente.
— Boa noite. — Ele falou sem ao menos olhar para quem estava ali. Foi direto para uma estante onde se guardavam os documentos básicos da delegacia, fazendo um trajeto reto desde a porta. — Vou fazer sua ficha e anotar o seu relato. O delegado ainda não chegou, então terá que esperar alguns minutos depois que terminar.
Por fim, ele se virou com um documento na mão e encarou surpreso a figura de um rapaz de cabelos tingidos de loiro. Estava algemado, usando uma roupa social exótica e um brinco longo na orelha direita. Nesse momento Jungkook franziu o cenho e inclinou a cabeça para o lado, se recordando daquele homem que, por sinal, era a definição do pecado em forma de gente.
— Jeon Jungkook. — Um sorriso ladino surgiu nos lábios do outro, isso faz o moreno engolir em seco e pigarrear a garganta, logo puxando a cadeira do outro lado da mesa.
Seria mentira se ele dissesse que a presença daquele rapaz não o deixou desnorteado.
— Está com os seus documentos? — Sentou-se, pegando uma caneta na gaveta e focando seus olhos na ficha ainda em branco na sua outra mão.
— Faz quanto tempo que não nos vemos? Dois anos?
— Preciso do seu nome, idade e o número do seu cadastro de pessoa física.
O rapaz inclinou um pouco a cabeça, analisando o rosto do agente.
— É impressão minha ou está me ignorando? — Eles se encararam. O moreno sustentando o olhar sério que sempre possuía naquelas ocasiões.
E então um silêncio de meros segundos se fez presente.
— Para vossa segurança, essa sala possui monitoramento por câmeras. Seus gestos e ações estarão sendo gravados e, caso tente algo estúpido como algumas pessoas que já passaram por aqui, isso será usado contra você. Isto ficou claro?
— Não entendi, pode repetir, senhor? — Falou ironicamente, mordendo de leve o lábio inferior.
O de fios negros soltou a caneta e em seguida o documento sobre a mesa. Suspirou e encostou as costas na cadeira, cruzando os braços ao que encarava os orbes intensos e castanhos do outro.
Jungkook se lembrava da última vez que o viu há aproximadamente dois anos. Perfeitamente. Cada detalhe.
O ambiente quente dentro do seu carro, mesmo com o ar condicionado ligado. Os gemidos que saiam pela sua boca em consequência das cavalgadas em seu pau que recebia no banco de trás. Aquele beijo afoito e ousado que tirou toda a sua sanidade.
O agente lembrava tão perfeitamente daquilo que pareceu reviver aquela cena ao simplesmente pensar nela.
Era aquele o efeito de Kim Taehyung em si. O deixava louco. Excitado. Enfeitiçado. Totalmente caído aos seus pés.
— Tá legal, Taehyung, o que você fez para aquele cara querer abrir uma queixa contra você?
— Ora, ora, lembra do meu nome. — Sorriu, se inclinando e colocando os braços com as mãos algemadas sobre a mesa. — É o seguinte, aquele babaca está obcecado por mim e não para de me seguir.
— Obcecado por você?
— É, ele é um idiota. — Revirou os olhos. — Só bastou me ver pela primeira vez dançando no palco, depois disso não saiu mais da minha cola.
— Ainda trabalha como stripper naquela boate?
— Eu vivo disso. — Piscou um dos olhos, sorrindo de lado. — Não precisaria me fazer essa pergunta se não tivesse parado de ir me ver.
Jungkook pigarreou a garganta, descendo os olhos para o documento até então esquecido na mesa. Voltou a pegar a caneta, apertando com o polegar o botão na ponta da mesma e ouvindo logo em seguida o clique emitido por ela.
— Bom, de qualquer forma isso não vem ao caso. Só preciso que colabore e preencha o que se pede aqui.
Taehyung pegou o documento ainda com as mãos algemadas e observou o que estava escrito, apenas passando o olho sem se preocupar em ler o que estava ali. Logo depois voltou a encarar por alguns segundos o policial que o olhava de volta.
— Perdeu alguma coisa?
— Acho que sim, senhor. — Inclinou a cabeça, estampando o seu típico sorriso ladino nos lábios. O agente apenas franziu uma das sobrancelhas. — Mas na verdade eu só ia pedir uma caneta mesmo.
— Ah, claro. — Jungkook logo entregou a caneta que segurava para o loiro, vendo-o erguer as mãos presas em seguida.
— Não vai me soltar?
— Se te algemaram é porque tiveram um bom motivo para isso.
— Sabe o que o babaca que está lá fora disse assim que chegamos? — Apoiou os braços na mesa e se inclinou de leve, olhando no fundo dos olhos em sua frente. — Ele disse que eu roubei todo o dinheiro da carteira dele por raiva de ter sido rejeitado, quando na verdade foi eu quem rejeitou esse imbecil que me implorou por uma noite de sexo e me ofereceu dinheiro.
Jungkook pensou por alguns segundos antes de falar.
— Então tentou agredir ele?
—Óbvio que sim, mas um dos seus amiguinhos me impediu e voilà, algemas. — Ergueu as mãos novamente.
— Se tivesse agredido ele, com certeza estaria bem mais encrencado agora. — Suspirou ao que se levantou, indo até a porta.
Taehyung apenas observou o policial chamar por alguém e receber um molho de chaves; e logo depois voltar em sua direção após fechar a porta. O de fios claros não fez questão de disfarçar a sua cara fechada depois de ter chegado a uma conclusão que ficou óbvia.
Jungkook parou de pé ao lado da cadeira ocupada e usou uma das chaves para tirar as algemas. Assim que teve os pulsos livres, Kim voltou a encarar o moreno novamente sentado em sua frente.
— Tirei as algemas, o que você quer agora?
— Você não acredita em mim.
— O quê?
— É isso o que você ouviu. — Disse de uma vez.
— E desde quando o que eu acho vai importar nisso?
— Vá se foder. — Falou rápido, suspirando pesadamente em seguida. Jungkook permaneceu em silêncio, porém erguendo as duas sobrancelhas em surpresa. — Quer dizer, eu me importo sobre o que você pensa, na verdade eu sempre me importei. Você fingindo que não sabe disso é completamente estúpido.
E novamente o silêncio se fez presente na sala, só que dessa vez durou mais que só meros segundos.
Jungkook sentiu algo em seu interior o sufocar, uma sensação ruim que ele já havia sentido antes. E com certeza ele já sabia o que era, porém aprendeu a controlar e esquecer. Ou então ele havia se convencido disso.
— Eu não me importo se você me acha estúpido ou qualquer outra coisa, apenas preencha isso logo. — Apontou para o papel esquecido sobre a mesa.
— Sabe o que acabei de reparar? — Fez uma pequena pausa. — Nossa relação era muito melhor, você não acha?
— Esse não é um bom lugar para–
— Mas aí você decidiu se apaixonar por mim e como viu que eu não largaria meu emprego para viver um conto de fadas com você, decidiu sumir de uma vez sem falar nada. — Jungkook até abriu a boca para falar algo, mas desistiu. — Se mudou, me excluiu completamente da sua vida e decidiu fingir que nada tinha acontecido.
— E não foi melhor assim? — Sorriu irônico. — Pensei que você ficaria feliz se o estúpido aqui parasse de te procurar e fosse embora de uma vez.
— Eu queria que você parasse de me amar e não de me foder.
— Ah, claro, falando assim até parece que eu era o único com quem você transava naquela época. Tenho certeza que não fiz falta.
—É, talvez não tenha feito mesmo.
— É, eu não fiz.
— Então ótimo. — Disse por fim e começou a escrever sobre a folha em silêncio.
Jungkook cruzou os braços, sentindo seu coração bater rápido. A perna direita mexia rápido por debaixo na mesa e seus pensamentos estavam confusos.
Ele só queria sair dali naquele momento.
Dois anos desde a última vez que tinham se visto e quando finalmente se reencontraram, acabaram discutindo por um assunto mal resolvido.
Aquela relação não poderia ter recomeçado melhor.
Três horas haviam se passado desde que Jungkook tinha feito a ficha de Taehyung. O loiro havia sido liberado após o delegado ter comprovado o seu lado da história como o verdadeiro, deixando-o com a opção de processar o outro homem por falsa acusação. Porém ele não seguiu com isso, dizendo que só realizaria o processo se aquele homem tentasse algo contra si de novo.
Jungkook estava escorado no balcão da recepção, de braços cruzados, observando Kim bem ao seu lado terminar de preencher mais um documento para então poder ir embora.
Assim que ele terminou, olhou nos olhos do moreno e esperou que ele falasse algo. Qualquer coisa. Mas ele não disse nada. E com isso Taehyung também decidiu não falar nada.
Deu as costas e se dirigiu até as portas que antes tinha usado para entrar na delegacia, saindo do local com uma sensação de incomodo em seu interior. Já o policial permaneceu parado no mesmo lugar, olhando para as portas já fechadas novamente. Seus pensamentos se expandiram e ele ficou dessa forma por alguns segundos, até sentir uma mão repousar sobre o seu ombro e o despertar do pequeno transe.
— Acho que deveria descansar um pouco. — A voz de Hoseok chamou a sua atenção. — Parece estar cansado.
— Eu já estive pior. — Respondeu simples, olhando o amigo. — Amanhã é o nosso dia de folga, vou poder descansar bastante.
Jhope o olhou por alguns segundos, analisando o rosto bonito do mais novo antes de voltar a falar.
— Acho que deveria ir vê-lo.
— O quê? — Disse no automático.
— O Taehyung. — O moreno arregalou os olhos. — Sabe, vocês têm uma coisa pendente e– — Ele não conseguiu finalizar sua fala já que teve sua boca tampada.
— Você é doido de falar isso aqui assim? — Olhou para os lados afim de checar se alguém ao redor havia prestado atenção na conversa. Aliás, apenas Hoseok e Yoongi, que inclusive não estava mais naquela base por ter sido promovido, sabiam do seu passado com Taehyung.
O mais velho tirou a mão que estava cobrindo sua boca e bufou, vendo o quanto o amigo se importava com o que os outros pensariam se o visse com outro homem. Ainda mais outro homem que era stripper em uma boate gay.
— Não deveria se importar tanto assim com o que os outros pensam, Jungkook.
— É, mas eu me importo. — Falou de uma vez. — E não vou vê-lo, claro que não.
— Olha só para você. — Bateu de leve na testa do mais novo. — Se passaram dois anos e você nem conseguiu superar ele, mesmo saindo com a Yuna.
— Yuna é diferente, eu não gosto dela a ponto de querer um relacionamento e você sabe disso.
— Você não tira a Yuna da sua vida porque sabe que ela não mexe com você dá mesma forma que aquela pessoa mexe. — Se referiu a Taehyung, o que tirou um suspiro do moreno na mesma hora. — Ah, e ela também não tem um pau.
— Meu Deus, será que podemos parar de falar sobre esse assunto?
— Só se você for comigo amanhã.
— Nem pensar.
— Mas eu nem disse o lugar que vamos. — Cruzou os braços.
— Não precisa dizer, é óbvio. — Riu sem humor. — E também é óbvio que eu não vou.
— E por que não?
— Primeiro que não quero encontrar aquela pessoa, e segundo que não tô afim de cuidar de você depois que beber todo o estoque de bebidas de lá.
— Não vai precisar se preocupar comigo, prometo que não vou exagerar.
— Sem chance. — Disse e Hoseok fechou a cara, vendo que não seria tão fácil convencer o amigo de ir. A não ser que apelasse um pouco.
— Está com medo de ir e não conseguir se controlar quando ver aquela pessoa.
— Você sabe que não é isso.
— Claro que é. — Falou, torcendo para que o lado orgulhoso de Jungkook se ferisse com aquela afirmação. — Você é um medroso, aposto que se fosse amanhã, não iria parar de olhá-lo e até iria babar. Até porque você não consegue esquecê-lo mesmo tentando.
— Eu posso muito bem ficar com outras pessoas se eu quiser, não estou preso a ele.
— Então prova e vai amanhã comigo, aproveita e pega alguém para aliviar esse seu mau humor em consequência da falta de sexo.
Jungkook esperou alguns segundos antes de responder.
— Acho que vou pensar.
— Mas é claro que vai. — Ele sorriu e socou de leve o peito do mais novo, fazendo-o revirar os olhos.
E foi exatamente como Jhope disse. É claro que ele pensou naquela proposta; e até demais para falar a verdade, só que ele nunca admitiria aquilo. Quando seu turno havia terminado — por volta das três da manhã — foi para casa, estacionou o carro na garagem, passou pelo corredor que ligava todos os cômodos da casa e foi direto para o chuveiro. Tirou toda a roupa e tomou um banho enquanto deixava seus pensamentos virem à tona mais uma vez.
Não era totalmente mentira quando dizia que poderia ficar com alguém se ele quisesse, porém, isso ainda poderia valer como algo parcial se ele ficasse com uma pessoa, mas com o pensamento em outra? Ou então ficasse com ela apenas para tentar esquecer alguém?
No fim ele sabia que Hoseok estava certo. Não conseguia esquecer Taehyung, mesmo se saísse com outras pessoas como estava fazendo naqueles últimos anos. Até mesmo Yuna, a garota com quem ele mais se encontrava para terem sexo casual.
— Talvez te conhecer tenha sido a pior coisa que eu fiz. — Jungkook suspirou, de olhos fechados, enquanto sentia a água morna cair por sua cabeça e escorrer por todo o seu corpo.
Logo depois desligou o registro e finalizou o banho, enrolando a toalha, que sempre deixava pendurada ao lado do box, na cintura. Depois disso escovou os dentes, quando terminou se dirigiu para o quarto. Trocou as roupas normalmente e não pensou duas vezes antes de se jogar contra a cama, sentindo seu corpo relaxar sobre o colchão fofo e os olhos pesarem. Depois de alguns minutos ele finalmente dormiu.
Quando abriu os olhos, já estava de manhã. Se espreguiçou gostoso e tratou de se sentar, encarando com os olhos caídos a parede em frente a cama. Ficou assim por alguns segundos, recobrando a consciência após o sono.
Depois que saiu da cama, se direcionou para o banheiro e tratou de fazer as suas higienes pessoais. Em seguida foi para a cozinha e então fez o café da manhã como de costume, checando o horário no relógio fixado na parede.
10:32
Poderia ter dormido mais um pouco, era o seu dia de folga e acordar mais tarde o deixaria mais disposto, mas não aconteceu. Talvez sua cabeça estivesse ativa, mesmo que dormindo, pensando em algo específico que veio em seus pensamentos naquele momento.
Claro, Kim Taehyung.
Jeon até chegou a se sentir como um idiota que não consegue controlar seus pensamentos sobre o loiro; enquanto terminava de passar o ovo frito da frigideira para o prato raso sobre a mesa.
Claramente a melhor forma de se livrar daquele pensamento vicioso era decidir se iria ou não com Jhope à boate Moon onde o Kim trabalhava, só que não era tão simples escolher quando os sentimentos e o orgulho se misturavam, o que deixava as coisas bem mais difíceis. E Jungkook havia se tornado uma pessoa complicada naqueles últimos anos.
Quando viu que não seria correspondido por Taehyung, se sentiu péssimo, incapaz de parar de amá-lo mesmo se tentasse, então foi aí que surgiu a decisão de se mudar e não ir mais para a boate como sempre fazia após largar do trabalho. Taehyung não saberia mais dele e também nem iria procurá-lo quando não o visse mais, e foi exatamente assim.
No fim, Jungkook conseguiu se habituar rápido no novo bairro, construiu relações com outros policiais da área e até conheceu Yuna por lá, a filha do dono da padaria que ficava na esquina da rua da sua casa.
E foi assim que ele vinha vivendo desde então. Morava sozinho há oito anos, decidiu sair da casa dos pais em Daejeon quando tinha apenas dezesseis anos, foi quando escolheu seguir a carreira de policial, tendo como inspiração o próprio pai.
Quando conheceu Taehyung, faltava poucos dias para completar seus vinte anos. Foi graças a isso que naquele dia em especial ele estava na boate Moon, bebendo com seus amigos mais próximos — Min Yoongi e Jung Hoseok — já que estariam ocupados demais nos próximos dias para comemorarem.
Quem sabe, se ele não tivesse cedido aos vários pedidos dos amigos de irem àquela boate naquele dia, talvez não estaria naquele exato momento encarando o café dentro da xícara em suas mãos, enquanto ainda se perguntava mentalmente se seria uma boa ideia voltar para aquele lugar que tanto evitou nos últimos anos.
— Isso é patético, toda essa situação não deveria mexer comigo desse jeito. Eu já o esqueci. — Dito isso, deu um bom gole no seu café e o ingeriu, dá mesma forma que acabou ingerindo aquela possível afirmação duvidosa que tinha feito. — Hoseok tem razão, eu preciso sair e ficar com alguém, não vou ligar se Kim Taehyung estiver lá, aliás, eu lembro que muitos caras frequentavam aquele lugar em busca de sexo sem compromisso.
Ele se levantou, indo até o cômodo do lado, pegando o celular que estava em cima do sofá e não perdendo tempo em abrir um dos chats de conversa.
[Hoje 10:44] Hobi, pensei no seu convite... Acho que realmente preciso me distrair um pouco, então eu topo.
A escolha finalmente havia sido feita.
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