Não deixe a porta aberta
NA MADRUGADA QUE SERIA O COMEÇO DO FIM, um débito de anos seria pago.
Uma mulher invadiu um distrito, destruindo tudo pela frente, até chegar no último quarto.
Lá ela encontrou um monstro patético, que já estava morrendo há muito tempo.
O monstro não se ergueu, de onde estava ajoelhado no tatame, sangue escorrendo por suas bandagens.
— Eu sempre quis proteger Konoha.
O monstro falou, sem erguer a cabeça. Ele sabia que iria morrer, e que não havia nada a ser feito. Que o Youkai que havia prendido dentro de si havia o corroído de dentro para fora por muito tempo.
Nunca foi sobre sobreviver, eles nunca entenderam isso.
Danzou Shimura iria morrer e levar o Youkai dentro dele junto, era algo que ele havia se certificado.
Foi a única coisa que Kushina não foi obrigada a fazer enquanto estava ali, algo que fez por vontade.
— Tudo o que eu fiz foi por Konoha.
Por Konoha ele havia se tornado um monstro. Por Konoha ele havia a escravizado por anos.
Por Konoha, nove anos atrás, dentro de uma cela em um dos túneis daquela cidade, tão perto e tão longe de sua família, Kushina Uzumaki havia dado a luz a única coisa que a manteve sã em todo o tempo escravizada por um homem que brincava de ser um deus, mas que não passava de um monstro.
Um monstro patético que não sabia no que estava se metendo quando arrancou seu filho de seus braços e fez o que fez.
— Eu dei as ordens, os meus conselheiros sabem o que fazer, mesmo que me mate. Se impedir, Konoha vai ruir. Seu filho vale mais do que Konoha?
Kushina queria ter tempo para fazê-lo sofrer mais, mas o Youkai parecia ter feito o trabalho por ela. Havia sangue saindo de seus olhos, negro e com odor de decomposição, que parecia permear o quarto.
Era o que dava como um homem achava que podia conter algo mais forte do que ele.
— Não. Konoha vai ruir por sua causa.
Falou, erguendo a Katana.
Danzou sempre foi um homem tentando brincar de deus.
No fim, ele sempre foi insignificante.
Mesmo assim, Danzou foi o fósforo.
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Na madrugada que iniciava o começo do fim, Minato acordou com o som de pequenas pegadas no quarto.
Não era a primeira nem a última vez que Naruto saia do futon sozinho em seu sonambulismo, mas de imediato notou que havia algo a mais errado. Algo que só poderia ser explicado por seu instinto que o mantivera vivo por tanto tempo.
Na noite anterior todos estavam mais alertas do que o normal ao ver que o selo havia mudado mais uma vez.
Seja o que for que fosse acontecer, já estava muito perto.
Olhou ao redor e viu que Kakashi também havia acordado, como de costume, e olhava para a porta de forma intensa.
Naruto estava lá, muito parado, a mãozinha tocando de leve o papel que os separava do corredor, murmurando algo incompreensível.
Se ergueu devagar, trocando um olhar com Kakashi.
— Naruto?
O garotinho não parecia o ouvir, mas se afastou da porta repentinamente, colocando as mãos nos ouvidos e dando grandes passos para trás, até esbarrar nas pernas de Minato.
Kakashi se ergueu também, mais alerta. Seu instinto ainda melhor do que o de Minato, parecendo tentar ouvir algo.
Se agachou e tentou fazer o olhar, mas Naruto não desgrudava os olhos da porta, grandes e vazios.
Apenas quando se aproximou mais pôde ouvir o que ele repetia, e o que ouviu fez os pêlos da sua nuca se arrepiarem.
— Não deixe ele entrar. Não deixe ele entrar. Não deixe ele entrar.
Virou-o pelos ombros em sua direção, mas ele nem mesmo parecia perceber os movimentos, tirando as mãos dos ouvidos e agarrando os próprios cabelos.
— Naruto? É só um sonho. Acorde.
— Não pode deixar ele entrar. Feche a porta, feche a porta.
— Naruto, está se machucando. Naruto. NARUTO!
Com o último chamado ele parou, os olhos ganhando vida se fixaram em Minato. Todos pareciam segurar a respiração, quando repentinamente Naruto a soltou em um grito estrondoso e aterrorizado.
Muito perto eles ouviram o som de uma explosão.
Estavam sendo atacados.
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Na madrugada que seria o começo do fim, Izuna percebeu que provavelmente aquela noite não seria uma das melhores.
Ele estava em campo, investigando a ameaça de uma bomba na avenida principal, quando foi atacado por alguns de seus próprios colegas enquanto tentava a desarmar.
Logo havia muitos corpos e era perseguido pelos becos de Konoha por homens que tinha certeza que eram de Danzou.
Eles não tinham ideia do quanto o homem havia se infiltrado dentro de Konoha, de verdade.
Depois de quase uma hora de fuga, ele foi encurralado dentro dos túneis abandonados depois do acidente há semanas atrás.
Ferido, olhou em direção aos homens que o cercavam, usando máscaras de animais.
Um deles, que parecia ser o líder, deu um passo adiante.
— Izuna Uchiha, seu irmão tem algo que não pertence a ele no momento.
A visão de uma criança desnutrida com o zigoma de Tobirama lhe veio à mente. Dos dedos finos em seu cabelo, da expressão distante.
"Mais um galho da árvore." Seu irmão havia lhe dito. "Que tentaram cortar."
— Eles não vão me trocar pelo garoto.
Ele podia ser o último irmão de Madara, mas desde o princípio, tudo o que eles fizeram, foram pelas crianças. Para ninguém passar pelo o que eles passaram.
— Isso não é uma troca.
O homem apontou a katana em sua direção, e Izuna lembrou de estar naquela mala de carro aos nove anos, sabendo que seus momentos estavam contados.
Ele odiava quando Tobirama estava certo.
Sorriu, relaxando o corpo.
— Imaginei que fosse assim.
Na mão, apertou o detonador da bomba que havia tentado desarmar naquela noite.
Se ele iria morrer naquela madrugada, irei fazer valer a pena.
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Na madrugada que seria o começo do fim, Tobirama acordou com sangue respingando em seu rosto e Minato Namikaze cortando a cabeça de uma homem no corredor.
Eles estavam preparados para um ataque direto, desde o começo.
Tobirama sabia que haveria a possibilidade de invadirem o compound, com a forma como Danzou se mostrava tão desesperado.
Os melhores deles estavam lá naquele momento, no entanto, por mais que eles tivessem tentado os separar com ataques na cidade.
Quando a invasão começou, as crianças estavam seguras com Mito e Karin e defender o distrito havia se tornado fácil.
— Onde está Danzou?
— Vocês não sabem o que estão fazendo. Não fazem ideia.
Um dos homens falou, cuspindo sangue enquanto torcia uma kunai em seu peito.
—Não foi isso que perguntei. Você vai morrer de qualquer forma, a diferença é se será rápido ou devagar.
De repente o homem riu, em tom desesperado.
— Se a porta for aberta, isso não vai importar mais.
Ao seu lado, Minato de repente parou, como se lembrando de algo.
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Na madrugada que seria o começo do fim, Karin não dormiu.
Por mais que quisesse lutar, ela sabia que seria mais útil onde estivesse, cercada pelos menores. Ela seria a última defesa, se preciso.
Quando Mito entrou, ela carregava Naruto, que se contorcia em seus braços, gritando.
As outras crianças começaram a chorar ao ver a cena, mas tentou não pensar nisso enquanto corria para ele, afastando sua roupa de dormir e vendo o selo agora vermelho.
As duas o colocaram na mesa que já haviam preparado para aquele momento, para conter o que quer que estivesse acontecendo. Ativou os selos ali, ignorando o que mais estivesse acontecendo ao redor.
Mais pessoas entraram na sala, Shisui levou as outras crianças, mas ela continuou no lugar, adicionando mais selos de contenção.
Os gritos de Naruto pararam bruscamente e sentiu seu coração batendo acelerado no peito, que subia e descia com dificuldade.
Olhou, confusa, como diante de seus olhos o selo de repente começou a se desintegrar, por baixo dele aparecendo outro, e mais outro. Todos sumindo com as camadas de uma cebola. Em símbolos que conhecia muito bem, por ter estudado a vida inteira com eles.
Ela conhecia aquele trabalho, mesmo sem ter conhecido a pessoa.
Mito arfou ao seu lado, como se compreendesse algo.
— Kushina.
Porque ela colocaria algo assim no próprio filho?
Na última camada, as velas ao redor começaram a tremeluzir, o rosto de Naruto ficando mais pálido.
E foi quando ela entendeu que estavam pensando de forma errada o tempo inteiro.
— Não é um selo para liberar algo, é?
—Não. — Mito falou com a voz estranhamente calma, como se estivesse confirmando algo que desconfiava desde o começo. — É para conter algo.
O peito de Naruto parou de se mover.
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Antes que Izuna pudesse apertar o detonador, um estrondo se ouviu acima deles no túnel e a terra cedeu.
Teve um vislumbre de cabelos vermelhos antes de ser soterrado.
Voltou a si apenas quando foi jogado no chão, abrindo os olhos ao sentir uma mão apertar seu queixo com força.
Na sua frente estava uma mulher dada como morta. Duas vezes.
— Izuna. Naruto está com Minato?
Izuna havia conhecido Kushina antes, como uma menina magrela e mais homem do que todo mundo.
Muito diferente dessa Kushina de agora, que carregava sangue no rosto e nas roupas, com a voz fria e inflexível.
Assentiu, ainda grogue.
Ela o levantou pelo braço com força, o arrastando pela rua em direção a um carro, claramente roubado.
A forma como ela mandava em todo mundo pelo jeito continuava intacta. Estava muito abalado para discutir, e claramente estavam indo para o mesmo lugar.
E ela havia salvo sua vida,
— Você o mandou pra ele, para o proteger. Poderia ter sido mais específica. — Falou, com mais força. — Danzou-
— Danzou está morto.
Parou de forma abrupta, a olhando assustado.
— Seus homens-
— Vão continuar pelas ordens do conselho dele. Não vão parar enquanto não eliminarem o problema.
Entrou no carro ao lado dela, vendo as armas no banco de trás e pagando uma.
— Seu filho. Por que querem capturar o garoto se Danzou está morto? Imagino que o problema com o Youkai esteja resolvido?
A mulher assentiu, seus olhos na estrada.
— Ele me fez o selar há anos. Se um morrer, o outro morre.
— Não sabia que era possível... — Izuna nunca tentou saber muito sobre a parte mais louca da família.
— Se o Youkai não for muito forte, se o mestre de selos for bom.
Não era hora de comentar sobre a modéstia dela, ainda estava em choque por quase se explodir.
— Por que querem Naruto, então?
Ela apertou a direção, virando abruptamente em direção a estrada que levaria ao distrito.
— Porque ele enfiaram a porra de um Nogitsune dentro dele, por isso. — Ela o olhou com olhos vermelhos vivos, sua voz retorcida e demoníaca que em outra situação o faria pular do carro. — E a porta já está aberta.
Notas finais.
Quase quatro anos depois, cá estamos. Eu disse que voltaria um dia!
E o plot twist da história: Danzou era só o fósforo, a explosão é Naruto.
E sim, aqui foi totalmente inspirado no Nogitsune de Teen Wolf. Void Naruto está aqui.
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