33. Euforia
Jeon Jungkook _ P.O.V
Existem muitas coisas que podem estressar um homem, milhares delas podem fazer alguns hormônios predominantes tornarem esses em completos seres agindo no impulso, alguns se tornam até mesmo idiotas. Acredite eu como homem tenho plena noção do que falo.
O que me faz questionar quais são os motivos de Jackson, porque olhando sua calmaria ou o fato dele ser sonso posso afirmar que ele caminha lado a lado com esses hormônios. Poderia ser a minha melhor constatação sobre ele de modo que não seria adequado citar as ruins.
Mas a mulher que amo obviamente viu algo nele, ele ganhou o amor dela em algum momento e pode ganhar pontos por isso. Entretanto ir embora não deixa meu julgamento melhor, os pontos se vão e voltamos a estava zero.
Quando era garoto achava que homens tinha uma parceria intacta se comparado a rivalidade feminina sem precedentes. Mas o jogo não é desse jeito, homens tanto como mulheres guardam desagrados e os temos em olhares. Um homem pode não estar conscientemente falando mas os olhos queimam.
Jackson me deixa parado em frente a cozinha enquanto serve dois copos com bebidas, não quero realmente beber mas posso fazer um esforço com a maravilhosa educação que meus pais me deram.
— Você bebe? — Ele me olha sorrindo presunçoso, logo abaixando a cabeça em balanceadas. — Claro que bebe.
Eu conheço um idiota quando vejo um, embora minha parte irracional goste de abaixar seu intelecto a bons degraus sei que não é verdade. O cara pode ser bem sorrateiro mas o desagrado aqui é recíproco.
— Bom, vamos direto ao ponto.
— Eu gosto de ser objetivo e nessa conversa não pretendo ser diferente. Mas antes diga-me você não estaria ocupado essa noite com a Nari?
— Sim estaria, mas ela ficou de castigo. — Um gole curto desce por sua garganta ao passo que ele aponta o copo para mim. — Cortesia sua na verdade, então, obrigada Jungkook. Tenho certeza que minha filha gostou.
O tom sarcástico e ácido dele me coloca como um grande culpado. Sei que minhas palavras não foram as melhoras porém não lhe oferece o direito de atingir a mulher que supostamente ele ama.
— Esse assunto felizmente foi resolvido, de modo que você não precisa se preocupar.
— Me preocupar com minha filha jogando coisas nos outros? — Pergunta e tenho vontade de socar ele. — Vamos ser realistas, nós sabemos que Nari tem excessos. Quando digo 'nós' me refiro a mim e Dyana caso se inclua.
— Exceto pela parte que não existe esse 'nós'. Cortesia sua na verdade, então, obrigada Jackson. Eu sei que com toda certeza sou um homem feliz devido a esse fato.
Os olhos dele me medem, porque a verdade não pode ser camuflada por nenhuma arrogância ou senso territorialista. Ele a deixou com uma filha para viver aventuras em qualquer outro lugar do que deveria realmente estar.
Eu não lamento embora saiba que fez ela sofrer, essa atitude me deu a oportunidade de ter algo com Dyana. Sou um grande sortudo por ser o homem que agora compartilha de seus segredos, se o futuro me concedesse compartilhariamos não somente isso mas a vida.
Todo motivo de lamento dele é minha alegria.
Talvez essa seja uma das milhares desigualdades do mundo, entretanto o que ele deixou eu trouxe para perto de mim.
— Você não faz bem para minha filha. Não quero você perto dela.
— Meio complicado desde que a mãe dela é apaixonada por mim. Além de tudo essa decisão não é sua, você foi embora não espere que faça igual.
— Não sabe nada sobre o que aconteceu.
— Sua ex-namorada sabe. — Comento amargo colocando as mãos nos bolsos. — Seu problema não é comigo, é com você mesmo.
— Jeon Jungkook um grande empresário, o que acha que sabe sobre mim, sobre minha filha ou a mãe dela? Você chegou a pouco na vida dela não se sinta tão presunçoso sobre sua permanência.
Eu me aproximo o suficiente para que veja a verdade em meus olhos, para que enxergue toda decisão que precisa para parar de tentar arruinar meu relacionamento.
— Ela deixou claro que não quer mais você, Jackson. Seja um bom ex companheiro e respeite a decisão dela. — Ele bufa passando os dedos entre os cabelos puxando-os para trás. — Sobre minha permanência não é preocupação sua, isso é comigo e a mulher que amo.
— Eu também amo ela.
— Tem certeza? Hoje ela simplesmente pensou ser uma mãe ruim por causa do seu egoísmo, o erro foi comigo mas você resolveu despejar tudo nela. Faça um favor pare de viver no passado Jackson, você foi embora ela não te ama mais, seguiu em frente e em algum momento precisa fazer o mesmo. Daqui a pouco você é apenas uma lembrança do homem que ela namorou, porque sinceramente se a amasse depois de tantas tentativas desejaria ser um bom pai e não prejudicar sua filha com essa estupidez.
A respiração dele acelera como um piscar de olhos, vejo o movimento ameaçador que realizada vindo para perto de mim. Os olhos queimam e aquele é exatamente o ponto para homens que a linha se rompe e somos apenas um monte de instintos primitivos, grande merda.
Eu realmente não pretendia brigar, mesmo que não planejasse criar mentiras bonitas para agradar esse babaca. Pouco importava que ele fosse uma parte da vida dela, para mim ele estava apenas dando a Dyana sentimentos de culpa desnecessários. O que me fazia questionar, quais detalhes a fizeram se apaixonar por ele?
Sinceramente eu não entendo.
— Sabe de uma coisa Jungkook? — Num movimento ele me soca forte o bastante para me fazer cambalear. — Vai se foder.
E nesse momento eu não sou mais tão racional quanto gostaria de ser. Odiaria que Nari ficasse com raiva de mim por acertar seu pai algumas vezes, porém em nome do bom senso coisas precisariam ser feitas.
Minha mão se move antes que eu possa deter — ainda que não o fosse fazer — consigo sentir o impacto que causa na derme dele e o som me satisfaz grandemente. Desde hoje cedo estou mentalizando esse momento e quando ele chega sinto alívio correr pela veias.
— Isso é por magoar a mulher da minha vida seu babaca.
Ele não reage.
O que me causa imediata estranheza. O polegar apaga o resquício de sangue escorrendo pelo canto da boca, a expressão não é menos ameaçadora mas acredito que as raivas foram demonstradas grandemente.
— Fora da minha casa, agora. — Ele rosna rangendo os dentes, eu sinto a tensão no lugar. — Ou você quer apanhar de novo?
— Acho que não o meu lábio sangrando, não é?
— Ele já falou que te ama, Jungkook?
Silêncio.
— Obviamente um não. Eu era imaturo, deixei ela mais voltei e eu sei que ela me amou porque me disse isso tantas vezes que ir embora foi bem complicado. Mas se você for vai doer apenas em você Jungkook.
— Sabe o que você faz de melhor? Querer causar discórdia na vida alheia por causa do erro que cometeu na sua, mas veja Jackson eu não sou você. — Digo abrindo um riso frouxo. — Eu me orgulho de quem sou, acredite, mesmo que ela ainda não tenha dito nada não tem problema. Eu posso conquistar ela todos os dias para ouvir quando estivermos juntos no final deles.
Meus passos ecoam pelo piso, o silêncio me permite ouvir cada respiração que tomo e quando o ar gelado das ruas chegam a meus pulsos sinto uma sensação nostálgica. Como um garoto reconhece o momento de transição as responsabilidades, algo libertador que a tempos incomoda e finalmente é solto.
Não posso negar que as palavras dele me atingiram, pretendo ser o mais sincero comigo mesmo sobre esse envolvimento. Realmente não importa que ela não diga para mim desde que seja comigo aos começos de dia e no fim deles, pois o meu coração é mais dela do que algum dia foi meu.
Sentindo a necessidade crescente eu adentro o carro seguindo pelas ruas desertas, como se toda fagulha destina ao amor dentro de um homem acendesse mas eu precisava da certeza de tê-la nos meus braços mesmo que por segundos.
Era quase uma da manhã, deveria seguir para casa embora sentisse que tentar dormir fosse perda de tempo, rolaria pela cama sem conseguir imergir no mundo de sonhos.
E quando estou na frente do apartamento não parece uma decisão tão inconsequente.
Quando a porta se abre meu coração palpita e se acalma, um sorriso cresce em mim e minha respiração se torna intensa demais para suportar ao peito. Ela me olha com os cabelos bagunçados sem entender minha presença, veste uma blusa que termina nas coxas e parece um tanto despreparada para o momento.
Ela é o mais perto que conheço de um anjo.
— Jungkook, tudo bem? — Pergunta mas não digo nada, apenas continuo olhando como um homem sem razão.
Eu a pego para mim sem deixar tempo para as palavras, ela fica na ponta dos pés correspondendo embora não chegue perto da força e necessidade que sinto. O cheiro dela é conhecido do meu corpo que responde aquecendo, desejando que esse momento seja para sempre.
— Hey, tudo bem? Aconteceu alguma coisa? — A forma como as mãos sobem e descem por minhas costas é reconfortante.
Essa sensação de casa.
— Jungkook, olha pra mim. — Eu olho colocando a mão nas bochechas e acariciando-as. — Oi, eu estou aqui, tudo bem?
— Não poderia estar melhor.
Então eu a trago para mim, sua boca se aproxima tocando calidamente para depois queimar em nossos corpos, descendo pela espinha e arrepiando todas as pequenas partes. O contraste é interessante enquanto minha boca é fria a dela vem quente, a língua adentrando o espaço reivindicando todo desejo.
Ela me guia descendo para se apoiar no chão embora nossa diferença fosse pouca, apenas o bastante para pegar firmeza e envolver seus braços no meu pescoço, as mãos puxando os cabelos ainda que o beijo seja tortuosamente lânguido.
A minha respiração se torna dela como uma única função, não consigo decifrar se sou ela ou eu quem sôfrega lentamente e depois volta para o beijo. Um imã que sempre volta para onde deve estar, eu perco meus sentidos no exato momento que a olho.
A boca avermelhada me é atraente, o rosto aparentemente inerte em algum lugar da minha boca, porque é para onde seus olhos se guiam. Nossas respirações são um completa bagunça, nós somos uma completa bagunça mas somos um do outro.
Isso me torna feliz.
— Você quer ser minha? — Digo.
— Como? — Ela sorri com o fôlego faltando.
— Ser minha, ser comigo, ser para mim, importa a definição? Eu quero estar com você, já sou seu. Fica comigo pra sempre?
Todos os meus nervos imploram para que não haja hesitação em seu olhar, correndo em minhas veias um tipo inusitado de adrenalina não controlada. É como se toda importância de uma vida fosse resumida a esse momento.
— Eu não venho sozinha, Jungkook.
— Não estou pedindo isso. Quero todas as coisas que envolvem você, aquela criança é maravilhosa, estar com vocês me mostrou novas possibilidades. — Eu respiro como se os pulmões não suportassem toda corrente de ar. — Fica comigo? Aqui, agora, daqui a vários anos, escolhe ficar comigo?
Um instante se passa.
Eu deixo todas as partes vulneráveis expostas.
Meu coração palpita, um batida errante aperta o peito e enquanto perco todo fôlego vagarosamente as expressões se moldam.
Ela me olha pela eternidade e sorri.
Então eu a tenho, ela me tem.
— Sim.
A respiração parece voltar quando nem mesmo sabia que estava prendendo-a, mas é como se meu coração saltasse batendo de forma descompensada. Tudo porquê a mulher que amo escolheu ser minha, escolheu estar comigo apesar de tantas eventualidades.
Deposito um beijo em sua bochecha. Um arrepio ultrapassou seu corpo com o choque dos lábios frios em contato com a pele febril. Amo seu sorriso, cada um deles pois todos possuíam uma infinidade de significados, dos sugestivos aos apaixonados. Em meus lábios dolorosamente calma e devagar usufruindo de cada milésimo de segundo possível.
Com o tempo aos nossos pés ou voando sobre nossas cabeças, ainda nós.
Tornou-se perfeito, pois não há nada melhor do que nossa reciprocidade.
Então seus lábios se encontram com os meus, sem pressa. O mundo não poderia acelerar essa fusão de almas, tínhamos uma eternidade naquele instante. Meus lábios fervecentes são feitos para a sua nevasca, bruscamente delicada.
A mão desce em sua cintura sem a possessividade que emito habitualmente, não. Somente um carinho para mantê-la perto e segura, juraria que sem esse sustento amoleceria como ferro em brasas quentes. Enquanto sua mão livre acaricia minhas bochechas rubras. A sensação é infinda mesclado a satisfação, desejo, não posso definir.
Euforia.
Sinto sua língua confundir-se com a minha mas logo se entrelaçam. Necessitando uma da outra calmamente, seu beijo tem gosto de pertencimento a qual sempre desejei sentir. Beijos e beijos todos que um dia distribuí para amores fajutos viraram pó, pois não conhecia os sentimentos transpassados através desses.
É isso que ela faz, torna todas as outras insignificantes. Só existe o agora.
— Me leve para o seu quarto. — Digo ofegante sentindo o sangue virar chama líquida numa paz inconfundível.
Mordendo o lábio inferior ela toma minha mão sendo sedutora como apenas ela consegue ser, me puxando para seu quarto, me guiando a passos tão cheios de intensidade que podemos quebrar a qualquer momento.
A noite passou em silêncios significativos, carícias ternas, palavras não ditas. Sob lençóis macios consumando o nós.
Sem palavras, risos, ou qualquer coisa dispensável. Somos nós, somos um, somos não a eternidade mas todos os momentos possíveis apreciados, momentos únicos. Somos átomos que se juntarem por cargas negativas e positivas em medida calculada, somos o início de uma longa estrada.
Somos reciprocidade.
— Meu amor, como posso deixar você algum dia? — Murmuro pensativo acariciando seus cabelos negros enquanto dorme. — Se eu te amo mais do que pensava ser possível?
Bom Deus, sou um homem grato pela vida.
— Eu te amo, meu amor.
Ao amanhecer meu corpo ainda sentia toda adrenalina, todas as emoções mas muito melhor que isso estava em paz, em casa. O aroma exala um tradicional desjejum coreano, levantando lentamente em minha preguiça coloco minha calça jogada no chão e me aventuro pelo apartamento.
Dyana parece ainda mais radiante de cabelos soltos e balançando seu quadril no mesmo ritmo da música baixinha que toca. O movimento é sucinto embora eu saiba exatamente toda manobra excitante que ela pode realizar se assim desejar.
— Bom dia amor. — Ela pula com o susto mas logo se achega em mim sorrindo.
— Bom dia, bebê.
— Preparando nosso café da manhã? Bem animada pelo que pude notar.
— O que posso dizer? — Deu de ombros. — Eu não tenho uma noite maravilhosa sempre, quero aproveitar cada segundo.
— Acredito que as coisas estão prestes a mudar.
— Eu não apostaria ao contrário. — A confiança em seus olhos me dizia muito, outro grande passo tinha sido dado. — Agora, ponha uma blusa descente porque minha filha chega em alguns minutos.
— Onde exatamente ela está?
— Você não pareceu muito preocupado ontem a noite, querido.
Ela aumenta o tom de voz comigo longe de sua vista, pego minha blusa onde a calça estava ontem, parecia que uma dança sensual tinha sido feita, comigo removendo lentamente cada peça jogando para longe sem me importar.
— Eventualmente você teria me repreendido se Nari estivesse perto, mas quanto mais você gemia...
— Tudo bem, acho que já entendi seu ponto.
— Hum, Jungkook? Estou saindo, vou na recepção pegar Nari não demoro muito prometo.
Ela realmente não demora, me pergunto se minha presença faz o encontro com sua mãe ser mais curto ou se apenas havia um compromisso urgente. Penso nisso no momento em que a informação me é dita, são segundos pequenos pois logo a pequenina está gritando meu nome, chamando toda atenção para si.
Nari aparece com um macacão preto com bolinhas rosas por todo tecido, sorrindo largo com bastante agitação. Não parece realmente uma criança de castigo.
— Junkook!
— Oi, pequena. — Me agacho ganhando um abraço, confesso que não estou acostumado com o tratamento amoroso de crianças.
— Também ficou de castigo Junkook?
— Ele bem que deveria, vocês dois deveriam na verdade mas aparentemente tenho um fraco discutível. — Dyana comenta ouvindo ao longe nossa conversa. Puta audição boa.
— Nossa plano não deu certo, tio. — O comportamento atrevido me lembra sua mãe e a forma como sussura é quase uma cumplicidade. — Me pegaram e a mamãe ficou bem brava.
— Tenho certeza que ficou, pequena. Mas como estive conversando com a sua mãe, ou com o seu pai... não tenho muitos filtros quando se trata de crianças.
— Você conversou com o papai?
— Uh, sim. Preciso pedir certas desculpas depois mas você provavelmente deve escutar sua mãe mais do que a mim, não brigue na escola. Nem jogue coisas de outros colegas.
— Mas a ideia era legal.
— Era mesmo, não é? — Concordo ganhando um largo sorriso contagiante, essa criança e seus poderes paranormais.
— Eu tenho duas crianças em casa agora.
O suspiro frustrado dela seria convincente se ao fim da frase seu sorriso não tivesse aparecido, estonteante e avassalador como tudo nessa mulher é. Pegando a pestinha nos braços caminho para a bancada colocando-a em seu banco alto, deixo um beijo em sua testa e aparentemente minhas bochechas ficam coradas.
Dyana continua sorrindo embora seus olhos estejam sobre sua menina, acredito que muito nessa forma de olhar completou o amor que sinto. Recepcionando-a com um abraço tenho a visão que nunca pensaria ter; e me apaixono outra vez por essa mulher.
Meu pai tinha toda razão.
— Eu tenho uma empresa também — Comento na conversa observando os olhos brilhantes de Nari. — gostaria de visitar um dia?
— Sim.
— Não. — Dyana responde na mesma hora me lançando um olhar decisivo.
— Eu queria sim mãe.
— Mas você não vai.
— A mamãe não me deixa ir na empresa dela.
— Não é lugar para crianças, querida. — Fala voltando-se a mim. — Obrigada pelo convite Jungkook mas prefiro que ela não se envolva nesse ambiente, Nari é pequena ainda.
— Eu sou uma mocinha.
— A mocinha felizmente ainda precisa de permissão, você não tem uma então a mocinha — Deu ênfase na última palavra. — vai continuar não podendo ir, estamos conversadas?
Ela resmunga, mas concorda.
Muito parecidas definitivamente.
— Eu preciso ir para casa.
— Poxa, Junkook eu acabei de chegar.
— Mas estamos de castigo não é? — Risonho eu brinco. — Prometo ver você mais tarde, podemos bolar uns planos de surpresa.
— Podem o que?
— Deixa pra lá. — Digo olhando a forma ameaçadora que Dyana nos observa. No entanto quando desvia estou piscando para a pequena.
— Vamos patinar mais tarde, Jackson vai nos acompanhar, como vocês conversaram acho que não preciso me preocupar. Você vem com a gente?
Eu não tinha comentado da briga, pretendia em um futuro próximo com a certeza de que Jackson obviamente faria seu trabalho como advogado do diabo. Essa manhã não me orgulhava muito de bater nele, não mesmo.
Ela presumiu que as coisas tinham terminado bem, um aperto de mão e velhos amigos que se respeitam vivendo em comunhão, porém, não tinha sido exatamente assim que as coisas correram entre nós. Seria realmente muito aparente afinal as pretensões dele esconder uma corte no lábio eram nulas, poderia jurar.
Sentia uma pequena dor no maxilar embora o soco dele não fosse tão potente quanto a frustração que carregava, ele era um babaca.
Mas ainda um babaca que tinha uma filha maravilhosa, com uma mulher maravilhosa e ter o amor das duas fazia o cara ganhar algum tipo de respeito — mesmo que muito se fosse quando abria a boca, ainda restava algo.
— Sim, eu vou, passo aqui para irmos juntos. Tudo bem por você?
— Certo.
— Tchau, pestinha — Aceno enquanto as bochechas cheias de arroz ficam ainda maiores com a tentativa de sorriso.
— Não a chame de pestinha, ela é um pouco teimosa demais e...
— Como a mãe.
— Você não estava indo trabalhar ou algo assim?
— Certeza que não vai sentir minha falta?
— Até a noite, Jungkook. — Ela diz rebolando caminhando para o outro lado em direção à filha.
É, eu realmente precisava consertar as coisas.
____
As luzes iluminando a pista dançavam sobre meus olhos, as árvores envolta acrescentavam um tom acolhedor embora eu as preferisse no inverno, enquanto as pessoas desfilavam em seus montes de roupas e a neve se firmava no chão.
Era uma melancolia gostosa que sempre gostava, certas épocas no ano vinha aqui ainda com meus pais e Junghyun para relembrar os bons tempos de crianças, agora éramos cinco com a esposa do meu irmão e sua energia contagiante. O que não me impedia de pensar que futuramente poderíamos ser sete pessoas, as coisas seriam diferentes.
É estranho nunca ter cruzado com Dyana, frequentavamos a mesma praça iluminada a lamparinas e regadas em trilhas de pedra onde todas resultavam na pista de gelo aberta ao público. Em todos os anos nunca a tinha visto, a teoria parecia verdadeira, aquele de momentos certos.
Antes delas, o acaso ou destino não existia.
— Segure em mim, você não cair, provavelmente podemos cair juntos mas logo você pega o jeito.
— Hum... Jungkook? — Suavemente rindo chama. — Nari sabe patinar então você poderia deixar ela ir, sabe?
— Mamãe, eu estava guiando ele — Resmunga e vejo minhas mãos um pouco firmes demais na criança. — Não se preocupe tio, se você não souber andar eu te ensino.
— Desculpe, pestinha. Eu sei andar pode ir.
Sendo libertada ela agradece patinando bravamente pelo meio das pessoas com total atenção de sua mãe.
— O que foi isso?
— Lembrei da minha primeira vez, eu estava morrendo de medo de cair e estava agarrado as pernas do meu pai. Acho que minhas pernas doeram por uns dois dias com minhas quedas.
— Ela vem aqui desde bebê, gosto de vir aqui.
— Por que?
— Me lembra o meu pai. Antigamente não nessa pista nós patinavamos juntos, sempre que estava me sentindo mal ele me levava, era perto de casa então se tornou meu lugar favorito no mundo.
Seus olhos brilharam, intimamente me perguntei como isso a afetava. Nossas conversas eram muitas, menções sobre família poucas mas com o tempo notei ser apenas seu jeito reservado.
— Jackson chegou. — Ela fala patinando em sua direção e logo pouso o olhar no lábio inchado.
Os olhos dela voam para mim e depois para ele, a normalidade continua forte em seus traços mas consigo sentir a fina camada de raiva subindo. Jackson parece atingido pelo repentino mau humor, fico feliz por não ser seu único alvo.
Impressionado com sua forma de disfarçar apenas continuo olhando-a sem muita vontade de patinar embora fosse um grande passatempo ou tivesse sido por um bom tempo. Espero quieto, mas nada vem então me conformo com seu estado raivoso de silêncio.
Ganho uma visão privilegiada das duas patinando, sorrindo enquanto brincam. É quase como uma câmera lenta a minha visão, uma previsão do que poderia ver por toda minha vida e o futuro nunca pareceu tão feliz.
Nem percebo quando estou sorrindo, acho que meus olhos sorriem plenamente.
— Ela provavelmente ainda não jogou o rojão em você.
— Não.
— Se prepare, ela vai com muita obstinação.
— A culpa não é totalmente minha Jackson, você me bateu primeiro estava apenas retribuindo. — Coloco as mãos no bolso com a lenta ventania.
— Não é legal invadir a casa das pessoas para gritar insultos, sendo assim você é mais errado do que qualquer outra pessoa.
Um suspiro de frustração irrompe da minha boca.
— Será que você pode parar com essa merda? Você tem duas pessoas maravilhosas na vida e consegue parecer um idiota sempre que abre a boca, mesmo que ela não seja exatamente sua. — Eu tento empurrando uma natureza agressiva goela abaixo. — Sinceramente não quero brigar, trocamos socos podemos considerar empate. Eu amo aquela mulher e estou descobrindo seu lado mãe, juntamente com uma criança esperta e maravilhosa. Podemos partilhar esses momentos como homens adultos fazem?
— Ela parece gostar de você, embora não goste muita da ideia a escolha não é minha. Apenas mantenha em mente que Nari não precisa de outro pai, ela tem a mim.
— Acredito que tanto mãe quanto filha sabem disso.
— Então basicamente isso é uma trégua.
— Sim.
Passamos um momento olhando para duas pessoas que unem nossas vidas, ele sempre estaria por perto compartilhando algo em comum em toda sua vida, eu esperava estar na vida delas por muito tempo daqui para frente. Eu não gostava mais do cara do que antes, mas não esperava estar sempre brigando em cada encontro, pelo que presumia seriam muitos.
— Só para esclarecer, ainda não gosto de você.
— Sabe Jungkook, em algo podemos ter reciprocidade.
— Meninos — Nenhum de nós parece muito surpreso com a voz mansa que chama, exceto pelo fato de estar realmente mansa. — Nari quer brincar com você, pode acompanhar sua filha? Preciso conversar um pouquinho aqui.
— Oh, claro que posso.
Ele me deixa sorrindo como se esperasse um morte lenta e dolorosa para mim, grande tratado de paz.
— Que merda foi aquela, Jungkook? Não acredito que você bateu nele, no pai da minha filha, sério?
— Em minha defesa, ele me bateu primeiro.
Ela coloca as mãos na cintura, raivosa. Acho impressionante a forma que ela caminha sobre os extremos, pulando de uma emoção para outra em uma intensidade precisa. Uma das coisas que me faz amar seus trejeitos ainda mais, mesmo que por alguns minutos assumisse um lado prepotente.
Mas até essa prepotência tornava ela atraente, essa forma eloquente de testar os limites e se vangloriar de suas conquistas mas sem ser desumilde nunca humilhando ninguém.
Porra, meu mulherão.
— Isso não o torna mais certo Jungkook, nem ele menos errado. Mas que droga vocês agem como crianças, eu viro minhas costas e estão brigando como adolescentes. — Ela bufa e tenho certeza que quer gritar. — Nem sei mais a fase de vocês.
— Querida, as coisas vão ficar bem.
— Desde quando? Vão continuar brigando como se não tivessem nenhum controle, porque se isso for acontecer se virem longe da minha filha. Sei que ele é um idiota frequente, você também tem momentos e...
Eu a beijo.
Preciso beijá-la.
Impedindo que as palavras compulsivas saiam, como tenho olhado sua boca durante toda conversa me parece bom. Beijar Dyana sempre me parece o certo a fazer, não importa o lugar.
Ela não resiste, me beija brevemente acanhada derrentendo em meus braços, assim como a manteiga faz sob uma montanha de panquecas quentes. Se agarrando a mim enquanto toda irritação se dissolve a minha língua, gosto da forma como isso soa, gosto mais ainda de como somos.
O toque se envolve tanto que sem perceber a tenho em meus braços numa proximidade insana, que me provoca pensamentos inadequados; e quando desvencilho nossas bocas resta apenas um som sôfrego e olhos fechados em fascínio. Amo essa visão, assim como seus olhos ficam quando sorri ou quando está tendo um orgasmo.
— Isso não é justo.
— Um homem precisa usar as oportunidades que tem, a sua boca é como uma chama. Eu sou apenas o combustível.
— Não seja literário comigo.
— Eu estava falando sério, vamos ficar bem, entramos num tipo de acordo.
— A sua boca tirou minha capacidade de pensar, porra Jungkook.
— Tudo bem. — Eu estou sorrindo como um bobo mas a sensação é tão quente que nada pode alterar esse momento, nada. — Fica comigo. Estamos bem?
— Já estou com você, é estamos bem. — A voz dela soa uma tanto quebradiça, um pouco embargada e não consigo compreender.
Aumento o aperto, ela se permite aconchegar deitando perto ao meu coração e posso jurar que ouve as batidas aceleradas do meu coração. Um riso breve rasga esse manto e ela me guia para a pista lentamente em direção à Nari.
— Seu coração está acelerado, Jungkook.
— Estava ouvindo?
— Sim.
— Então você deve saber por que. — Porque eu te amo Dyana.
— É eu sei. — Por um momento nossos olhos se cruzam em igual intensidade, o lampejo nos olhos dela quase me faz acreditar que ela sabe as palavras que quero dizer.
Que, ela sabe todas as coisas não ditas e todos os pensamentos que tenho mas nunca consigo expressar claramente. A parte que queima e volta para mim mantida acolhedora, porque não estou realmente dizendo, estou mostrando.
Ela sorri, ela realmente sabe.
— Pega minha mão. — Diz.
Você é a causa da minha euforia.
━━━━━━━༺۵༻━━━━━━━
Atualização!!! Demorei muito? Bem menos que a última vez, então resta perguntar, sentiram minha falta?
Estou oficialmente apaixonada nesse capítulo, avisando que esse é pelo ponto de vista do Jungkook mas nos próximos voltamos para nossa protagonista.
O capítulo saiu mais rápido do que provavelmente imaginava e isso me deixa feliz. Devo avisar que nossa história está caminhando para a reta final, sim, quase chorando de emoção e saudade antecipada.
Já comuniquei que pretendo dar continuidade às histórias mas quero saber se vocês querem ler e acompanhar. Então o que me dizem? Caso queiram vou postar daqui uma semanas o prólogo da história do Yoongi (irmão da Dyana no caso)
Gente tivemos uma briga mas tivemos também uma trégua, nada melhor que o equilíbrio certo?
Perguntinha: Querem saber algo sobre mim, sobre a história ou a continuidade?
Acredito que seja isso. Mas assim vocês se importam da história não ter uma reviravolta que faz o casal se separar para depois descobrirem que se amam e voltar fervorosamente?
Enfim é isso.
Beijinhos ❤❤
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