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᠉ Two.


- Como assim ele já vai daqui a quinze dias? – Mel indagou, sentando-se na cama de uma vez.

- Essas coisas são rápidas. Nós ficamos lá por mais de um ano, lembra? Treinando e tudo mais. Eu nem esperava que eles ainda poderiam ligar.

- E ele já deu certeza da ida?

- Nem precisou, né? – acomodei-me ao seu lado. – E eu não tive coragem de vê-lo desde ontem.

- Por falar em ontem...

- Não! Eu não quero mais tocar nesse assunto.

- Ah, então você vai deixá-lo ir embora sem dizer que está apaixonado? – ela arqueou uma sobrancelha.

- Eu não estou apaixonado, pelo amor de Deus!

- Jimin, até a sua tia percebeu...

- Ela pensa que é pela Amy e é o certo, não é? É assim que deve ser. Preciso colocar na cabeça que eu e Jungkook somos apenas amigos de infância. Talvez isso tudo seja uma confusão.

- Qualquer um que presencie você e Amy juntos, consegue sentir o desprezo da sua parte. É tão nítido que dói em mim.

- Você está exagerando. – rebati, indo até a janela do quarto e debruçando-me sobre a mesma.

- Chim Chim, eu sou sua melhor amiga e estou pedindo pra você fazer a coisa certa. Não vê a bagunça que isso se tornou? A Amy é insuportável, mas ninguém merece ser tapa-buracos. E quanto ao Jeon... Ele tem o direito de saber. Se tudo der errado, pelo menos ele foi embora e vocês não vão se ver tão cedo.

- Mel, eu sou um fracassado. Eu deveria ter sido chamado também, certo? Eu me saí bem, me esforcei tanto quanto ele. Teve até quem dissesse que nossas vozes completavam uma a outra. – sorri com a lembrança.

- Ah não! Não, não e não. Não vai começar a se menosprezar. Existem outras empresas e outras oportunidades, ok? Você é maravilhoso. – ela disse enquanto abraçava-me de lado. – Agora tenho que ir, certo? Resolva sua vida o mais rápido possível.

Levei Mel até a porta e ao fechá-la, tia Emily me esperava sentada no sofá. Fez sinal com a mão para que eu sentasse ao seu lado.

- Quando ia me contar? – perguntou-me enquanto eu deitava em seu colo.

- Contar o que?

- Que Jungkook foi chamado e você não. – ela acariciava meus cabelos, como costumava fazer em dias ruins.

-Tia, está tudo bem. – menti.

- Eu te conheço desde que você ainda era um bebê na barriga da sua mãe. Acha que vai me enganar a uma altura dessas? – ela riu.

- Pensei que por termos ido juntos e passado o mesmo tempo lá, poderíamos ter as mesmas oportunidades. Mas parece que as coisas não são bem assim.

- Ainda acho que você deveria esperar mais e com calma. – ela parou o carinho por um momento. – E a Amy?

- Como sabe o nome dela? – sentei-me imediatamente.

- Ela ligou há uns minutos. Dizendo que marcaram de se ver daqui a pouco, mas você não retornava as ligações. Pareceu muito contente em falar comigo.

- Essa garota é maluca. – suspirei, passando a mão no cabelo. – Eu não sei mais o que fazer.

- Se realmente não gosta dela, como diz, porque ainda dá esperanças? – tia Emily fitava-me séria.

- Não sei como desfazer isso. Estou nessa com Amy há oito meses e não consigo sentir nada. No inicio era legal, mas depois se tornou um fardo. Algo que eu não sei como me livrar... No fundo acho que sinto pena.

- Jimin, você conheceu outra pessoa? Porque se for, já está mais do que na hora de parar essa enganação com a garota.

- Não! Não tem outra pessoa, não tem ninguém, eu não gosto de ninguém, ok? Muito menos dela. – levantei rapidamente, dando um beijo em sua testa. – Vou resolver isso agora mesmo.

O céu estava escuro, o vento mais forte do que o de costume. Abracei a mim mesmo, enquanto caminhava até a casa de Amy, sentindo meus lábios ressecarem com o frio. Relembrei a conversa com Mel e questionei se realmente deveria contar a Jungkook o que sentia. Se valeria a pena, mesmo que agora ele estivesse indo para longe. Na melhor das hipóteses, continuaríamos amigos. Mas, e se eu apenas estiver confuso e estragar tudo? E se eu o afastar ainda mais do que meros quilômetros? Eu não quero ficar sem nada.

Cheguei à casa de Amy, ao som de trovões que anunciavam uma tempestade. Estranhei a presença de um veículo estacionado no jardim, visto que ela morava com a mãe e não costumava receber visitas. Além do mais, aquele carro parecia familiar. Toquei a campainha por duas vezes e ninguém atendeu. Percebi que a porta estava encostada e a empurrei lentamente. A casa estava escura, mas som de vozes vinham do andar de cima. Subi as escadas e ao chegar na porta do quarto, encontro-a em trajes íntimos na companhia de Dylan, seu ex namorado.

- Estou atrapalhando alguma coisa? – pergunto ironicamente.

- Jimin! – Amy diz quase num sussurro, enquanto corre para os meus braços. Desvio. – Jimin, não é nada disso que parece, ele...

- Vai negar agora? Vai fingir que nada aconteceu? Que você não ligou para que eu viesse até aqui curar a carência que seu namoradinho deixou? – Dylan rebateu confiante.

- Então é isso que você fala de mim por aí? – indaguei um pouco chateado.

- Não acredite nele! Você sabe, sabe que eu jamais faria nada que pudesse te magoar, sabe que eu... Eu te amo! Eu nunca te trairia, precisa acreditar em mim!

- Ótima forma de demonstrar amor, Amy. Eu preferia continuar duvidando. – o estrondo vindo de um trovão ecoou pela casa. – E pensar que eu vinha aqui consertar as coisas, tentar fazer as dar certo...

- Meu amor, eu te imploro! Confie em mim, eu nunca...

- É, cara... Parece que você não cuidou muito bem, por isso ela resolveu voltar pra mim. Ou talvez ela não faça o seu tipo, não é mesmo? – Dylan jogou-me um olhar penetrante. Seus olhos verdes denunciavam que ele insinuava o que eu temia.

- Pois faça bom proveito. – disse, finalmente, depois de hesitar pensando em uma resposta que não me complicasse ainda mais. – Adeus, Amy.

Dei as costas e desci as escadas o mais rápido que pude. Alcancei a porta e saí, fechando-a em seguida, deixando para trás os gritos da discussão que começava.

A garoa caía devagar e gradativamente se transformou em pingos grossos e pesados, que chegavam rápido e intensamente ao chão. Corri o quanto consegui, à procura de abrigo, sentindo o cabelo grudar em minha testa, indicando o quanto eu estava ensopado. Encontrei uma árvore e resolvi esperar que a tempestade melhorasse. Os trovões ecoavam mais alto e eu juro ter escutado o que parecia ser o som de um raio cair a alguns quilômetros dali. A chuva agora estava verdadeiramente pesada, eu mal conseguia enxergar metros à minha frente e o meu abrigo não impedia mais que eu me molhasse.

- Jimin? – ouvi o que parecia ser a voz de Jungkook a me chamar. – Jimin? Sou eu!

- O que está fazendo aqui? – perguntei quando finalmente consegui enxergar melhor.

- Eu estava indo pra casa e sabia que conhecia esse cabelo ensopado de algum lugar. – ele sorriu e eu não pude evitar retribuir. – Vamos, precisamos sair daqui! – falou num tom mais alto, após ouvirmos outro trovão se manifestar.

Não tive muito tempo para retrucar ou negar. Subi na garupa da bicicleta e descemos a ladeira que nos levava até a casa de Jungkook. Entramos em casa rapidamente, enquanto o mundo parecia cair ao lado de fora. Perdi totalmente a noção do tempo, me assustando ao olhar o relógio e perceber que já passavam das cinco da tarde.

Kook me emprestou uma toalha, roupas secas e enquanto ele se trocava no quarto ao lado, eu fazia o mesmo no banheiro. Minhas mãos estavam geladas e algo me dizia que não era por conta do frio.

- A camisa caiu melhor em você do que em mim. – Jungkook observava encostado na porta. – Se quiser ficar...

- Não é como se eu não tivesse roupas. – ri, jogando a toalha molhada em cima dele e saindo do banheiro. – Sua mãe? Não está em casa?

- Ela precisou sair, acho que ficou presa por causa da chuva.

- Entendo... Vou pra casa assim que essa tempestade passar.

- Não precisa ter pressa. – ele deu de ombros. – Quer comer alguma coisa?

Assenti e nos dirigimos até a cozinha. Estava nervoso demais para puxar qualquer tipo de assunto, então apenas observei Jungkook preparar o lanche para nós. A chuva ainda caía majestosa do lado de fora. Comi em silêncio, escutando atentamente o discurso dele sobre a sua ida para Seoul. Podia sentir a empolgação em sua voz.

- Você 'tá tão calado... Quer me falar alguma coisa?

- Não. – respondi rapidamente. – Eu vou ao banheiro, volto já.

Lavei o rosto. Uma, duas, três vezes. Olhei-me no espelho. Eu estava pálido. Tentei controlar minha respiração, mas era como tentar parar um furacão. Apoiei minhas mãos na pia e abaixei a cabeça. Eu não aguentava mais. Abri a porta do banheiro e caminhei lentamente até o sofá onde Kook estava sentado.

- Melhorou? – ele perguntou, demonstrando preocupação.

- Não, eu não melhorei. – fitei o chão por alguns minutos.

Não pense em nada, não diga nem uma palavra, apenas me dê um sorriso... ♪ 

- O que está acontecendo? – podia sentir seu olhar pesado sobre mim.

- Eu não estou à vontade... Com a ideia de... – hesitei. – Com a ideia de você ir pra Seoul, eu... – comecei a gaguejar e sentia que podia sufocar com minha própria respiração.

- Não estou satisfeito com isso também. – respirou fundo e proferiu as próximas palavras como um sussurro. – Eu queria que estivéssemos juntos lá.

Ainda não consigo acreditar, tudo isso parece que foi um sonho, não tente desaparecer... ♪ 

- Eu andei pensando muito em uma coisa nos últimos dias e sei que não deveria comentar nada sobre, mas...

- Sabe que pode falar sobre qualquer coisa comigo, não é? – seus olhos castanhos brilhavam intensamente.

- Kook, posso estar confundindo as coisas, mas acho que... – fui interrompido pelo forte som de um raio que fez com que a energia faltasse.

Isso é real? Isso é real? Você é tão lindo que tenho medo. Surreal, você... ♪ 

- Acha que está apaixonado por mim? – ele perguntou e eu posso jurar ter visto o sorriso em seu rosto quando um relâmpago iluminou toda a sala.

- Como? Quem falou essas coisas... – tentei perguntar, mas fui interrompido pelo toque das suas mãos que apalpavam as minhas na tentativa de entrelaçá-las.

Você vai ficar ao meu lado? Vai me prometer? Se eu soltar sua mão, você vai voar para longe, vai desaparecer, tenho medo disso... ♪ 

- Eu sempre senti. Eu nunca soube como demonstrar de volta, eu nunca quis acreditar que tudo isso estava acontecendo comigo, eu também...

Não consegui deixá-lo terminar. Usando a mão que não estava entrelaçada a dele, acariciei seu rosto a procura dos lábios, não hesitando em me aproximar e beijá-los. Sua boca encaixava perfeitamente na minha e eu distribuí selos por toda a sua extensão. Enquanto isso ele apertava minha mão contra a dele e um beijo tímido deu espaço a um mais intenso. Nossas bocas se movimentavam como se esperassem por isso há muito tempo. Sua mão livre alcançou minha nuca e fazia carinho em meu cabelo, enquanto a minha acariciava seu rosto, reconhecendo cada detalhe. Tinha certeza que nossos corações batiam no mesmo ritmo mesmo estando longe um do outro. Interrompemos o beijo e no exato momento em que outro relâmpago invadiu o cômodo, nossos olhos se cruzaram.

Você vai parar o tempo? Se esse momento passar como se isso não tivesse acontecido? Tenho medo disso, eu vou te perder... ♪ 

- Eu também estou apaixonado por você, Mochi. – ele completou a frase antes interrompida e colou seus lábios nos meus novamente.







Oi gente, tudo bom? Nem sei o que falar aqui, só queria mesmo agradecer a quem leu e dizer que algumas coisas da história não estarão 100% de acordo com a realidade da carreira dos meninos, pois levaria muito tempo pra história se desenrolar. É isso, espero que continuem acompanhando. Beijinhos xx

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